A voz do jornalista

Mariana Arantes FúlfaroMARIANA ARANTES FÚLFARO
Estudante de Jornalismo

Desde 2003, no dia 16 de abril, se comemora o Dia da Voz. A voz é um “acessório” que já vem “de fábrica” e que a maioria das pessoas possui, mas é na falta dela, que percebemos sua importância. O que seria do Brasil sem o simbólico “grito” de independência? E quem seguiria as idéias genocidas de Hitler se não fosse sua excelente oratória? E o que faria o jornalista se não pudesse contar o que sabe?

O jornalismo se realiza por diversas vias além da escrita. Através do rádio e da televisão a profissão utiliza a voz, mas também fala através de um texto, uma imagem, e até mesmo, através do silêncio. Houve muitos momentos em que a falta de liberdade de imprensa fez jornalistas calarem-se. Como no período da Ditadura Militar (1964 – 1985), em que o jornalista era impedido de publicar matérias que denunciassem políticos e o regime de governo, mesmo sendo verdade.

Para demonstrar tal censura, alguns jornais estampavam receitas de bolo no lugar das matérias vetadas, o que obviamente causava um espanto e curiosidade nos leitores. Alguns jornalistas (corajosos, diga-se de passagem) se arriscavam falando mal do governo e contando as “verdades proibidas”, mas estes audaciosos tiveram, em sua grande maioria, um fim trágico.

Vladmir Herzog, por exemplo, foi um grande jornalista da época da Ditadura Militar no Brasil. Até que foi chamado a depor sobre suas possíveis ligações com o Partido Comunista Brasileiro e não voltou do interrogatório. Na época foram divulgadas fotos que demonstravam que ele havia se enforcado, mas fotos divulgadas há pouco tempo sustentam a suspeita de que ele havia sido torturado e morto pelos “mandões” da ditadura.

Alguns casos nos mostram que ainda há censura nos dias de hoje, como em 2009 quando o jornal O Estado de São Paulo foi proibido pelo desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios de publicar reportagens da investigação da Polícia Federal sobre o Presidente do Senado José Sarney.

Embora a “censura judicial” seja presente no país, pode-se dizer que, atualmente, o jornalista tem muito mais liberdade para soltar a voz do que anos atrás, em que eles não eram somente proibidos de falar, ou eram processados. Eram mortos, espancados e torturados. Entre tantos que padeceram, vítimas da repressão contra a liberdade de imprensa brasileira, não podemos deixar de lembrar de Líbero Badaró que, em seu leito de morte (1830), preferiu as palavras (esperançosas, mas verdadeiras): “Morre um liberal, mas não morre a liberdade”.