E eis que nossa heroína de hoje havia marcado um encontro pelo Tinder!
Para os incautos que não conheçam o atual estado da tecnologia de pegação, saibam que “Tinder” nada mais é que “um aplicativo que apresenta pessoas que estão próximas a você. Através do programa, você poderá conhecer outros usuários que também estão registrados no aplicativo, com o objetivo de marcar encontros.” Ou seja, dá uma olhada na foto, troca umas mensagens, vê se rola um clima e marca uma ponta… Simples assim.
E o local do encontro marcado foi um belo de um barzinho aconchegante…
Apesar de não gostar nem um pouco de se adiantar, curiosamente nesse dia ela acabou chegando antes que o moçoilo. Resolveu mandar uma mensagem pra saber por onde ele andava. “Já estou entrando” – foi a resposta dele.
Nisso, eis que ela levanta os olhos e vê o sujeito vindo porta adentro enquanto guardava o celular no bolso. Seus olhares se cruzaram e ambos sorriram. Ele, de contentamento. Ela, de mais puro nervosismo.
E não, não era nervosismo pelo encontro em si. É que o caboclo não tinha NADA a ver com a foto. Sabem “nada”? Nothing? Niente? Zero? Então. Que enrascada! E agora, como sair dessa? Enquanto isso, ele veio caminhando em sua direção. Ela esboçou o sorriso mais congelado que se pode imaginar para alguém, olhos levemente arregalados e tascou-lhe um “ooooooooooooooooiiiiiii” próximo do interminável…
Ele aproximou-se, ela beijou-o no rosto (ainda com aquele sorriso sardônico travado em seu próprio rosto), entreolharam-se – aquele momento meio de vazio quando duas pessoas não sabem bem qual o próximo passo. Ela começou:
– E aí?
– E aí? Tudo bem?
– Tudo!
– Ahn… Você já pediu alguma coisa?
– Não, não. Também acabei de chegar.
– Que tal um choppinho pra ir quebrando o gelo?
– Ah, tá. Acho legal!
Deu uma olhada sobre o ombro, parecendo que estava meio que medindo o local. Fixou um ponto ao longe, sorriu e garantiu:
– Vou providenciar, então. Só um minutinho e eu já volto!
“Só um minutinho”? Cumassim? Podia levar todos os minutos que quisesse! E um só chopp não iria dar conta de enfrentar essa noitada. Ou melhor, essa roubada! Um porre era o mínimo que ela tinha que esperar agora… Que sacanagem, isso! Como podia ter se enganado tanto com alguém? E a conversa dele até que era legal, bem descolada, inteligente, bem humorada… Bem, como dizem por aí, “já que está no inferno, abraça o capeta”. E que capeta, viu? O negócio agora era tentar descontrair um pouco, olhar o movimento, o lugar, as possíveis rotas de fuga…
Foi então que ela o viu.
Um outro sujeito.
Parado, na porta, conversando.
Seus olhares se cruzaram.
E ele sorriu. E acenou.
E ela, tímida, parva, também acenou…
ESSE é que era o rapaz da foto, do Tinder, das conversas, de tudo!
Mas, mas, mas… E o outro?
Nisso, ela virou-se e o viu voltando para a mesa.
Com o chopp.
Era o garçom…