Você só consegue perceber que REALMENTE está de férias quando a vida à sua volta está dentro da normalidade do dia-a-dia, exceto você.
E somente agora, nesta primeira segunda-feira após o Carnaval, é que o ano começou de verdade… Criançada na escola, Dona Patroa enfrentando novos desafios de volta ao velho trabalho, meu povo ralando lá no meu trabalho, e, ainda que não vá viajar para lugar nenhum, posso ficar aqui, totalmente relaxado, descansando, pronto para…
– Mieko ligou Terefônica?
– Oi?
Era meu sogro. Com uma conta de telefone na mão e um olhar inquiridor pra mim, pois faz dias que o telefone dele está mudo…
– Então. Mieko ligou Terefônica. Quando arruma, né?
Péraê. Deixa eu matar esse negócio no ninho. Liguei pra Dona Patroa pra saber o que é que estava pegando.
– Ah, eu já liguei lá e eles já vieram fazer uns testes. Parece que o problema não é pra lá do poste, mas do lado interno da casa mesmo…
Taquiôspa!
Olho para aquele bondoso velhinho nipônico, com um acolhedor sorriso interrogativo – e surdo como uma porta de carvalho.
– Pode deixar que eu vou dar uma olhada…
– Eh?
– EU! VOU! VER! O QUE TÁ! ACONTECENDO!
– Ah, tá.
E lá se foi ele e cá fiquei eu sabendo que estava fudido…
Bem vamverssaporra. Peguei um aparelho telefônico e fui na caixa de entrada da casa. Conectei os fios descascados. Com sinal. Fui até o ponto onde fica o aparelho dele e desmontei a caixinha. Conectei os fios descascados. Sem sinal. Fudeu. O ponto de desconexão estava em algum lugar no meio do caminho. E, por caminho, entenda-se a fiação que vem desde a frente da casa, passando por todo o tétrico emaranhado de fios que fica no forro até o ponto do telefone dele. Merda. E vai o jamanta aqui entrar na porra do forro da casa, andando agachado por cerca de uns 30 metros, com o sol literalmente cozinhando as telhas – e eu junto. Muito próximo de espanar os parafusos do meu joelho, consegui achar o defeito: havia rompido um dos fios numa emenda entre a fiação interna e a da rua. E por um acaso eu estava com as ferramentas pra consertar isso? Nããããããooo… Volta, pega o necessário, sobe de novo, nova maratona, refaz a conexão e pronto! Telefone funcionando perfeitamente!
Feliz da vida, suado, cansado, empoeirado e cheio de teias de aranha cobrindo meu corpo, fui lá contar pra ele que agora o telefone estava funcionando.
– Ah, tá.
Toda vez que ele responde com esse “Ah, tá”, num tom extremamente peculiar, significa que ele não ouviu absolutamente nada do que a gente tenha falado. Paciência.
Aproveitei que estava com a mão na massa – e já fudido mesmo – e resolvi consertar uma das arandelas de frente de casa que estava lá, toda desmilinguida, pendurada somente pelos fios. Muito provavelmente algum vento forte deve ter feito isso. Mas isso é só para me enganar. Muito mais provavelmente ainda deve ter sido alguma bolada de algum dos filhotes…
Após desmontá-la, limpá-la e avaliar o tamanho do estrago (tinha rompido o fundo que a prende à parede), para solucionar o problema nada como um bom e velho trabalho feito de improviso com peças alternativas e com design informal. Isso mesmo. Uma gambiarra!
Mas péra lá! Comigo não é assim não! Gambiarra tem que ter classe e não pode aparecer! Consegui adaptar uma arruela de bicicleta na parte desmilinguida da rosca da arandela e tudo certo. Como é? Não entenderam? Não se preocupem. O que importa é que está lá, firme e provavelmente melhor que antes!
E, como dizia um antigo estagiário, “já que está no inferno, abraça o capeta”. Então resolvi dar uma checada no registro da pia da cozinha que estava vazando. Até porque a Dona Patroa também já estava pegando no meu pé para consertar esse vazamento. Acho incrível isso! Vocês mulheres são todas iguais! Quando nós, homens, dizemos que vamos consertar alguma coisa, nós vamos consertar essa alguma coisa. No nosso tempo e no nosso ritmo. Não tem a mínima necessidade de vocês ficarem nos cobrando a cada seis meses…
Bem, como eu dizia, uma vez que a cozinha faz parte da ala nova da casa, pós reforma, tive que descobrir onde ficava o registro geral dela. Adivinhem onde ficava? Isso mesmo! No forro, junto da caixa d’água. O que significou também uma nova incursão ao abafado mundo das teias de aranhas…
Uma vez desmontado, avaliado, sopesado, registrado, carimbado, rotulado e seja lá mais o que for, pude chegar a duas conclusões. A boa notícia é que o registro estava perfeito. A má notícia é que continuava vazando.
Mas como? O problema é que a parte possível de se desmontar de um registro, onde estão as borrachas, roscas, travas, etc, estava em perfeitas condições. De modo que ao checar mais detalhadamente percebi que o vazamento vinha da parte de baixo do registro. Algo mais ou menos assim:
Perceberam o tamanho do enrosco? Somente quebrando a parede é que vai ser possível encontrar o vazamento…
É… De fato minhas “férias” começaram bem. Isso porque, fora inúmeras outras pequeninas coisas da casa que clamam por minha atenção, ainda vou ter que pintar a garagem!
Isso fora o novo sofá que eu fiquei de criar, desenhar e construir.
Mas essa já é uma outra história… 😉