Veredas da Vida – II

O primeiro registro (só que não)

Estávamos agora no ano de 1986. Dezessete anos nas costas, tendo passado pelo curso de Mecânica na ETEP e de Contabilidade no Olavo Bilac, mas sem concluir nenhum…


Carteirinha de Estudante da ETEP.

Aliás, conforme já contei por aqui outro dia, nessa época também comecei a fazer Magistério no Maria Luiza, mas foi só de farra! Faltando apenas um ano para me alistar não era nada fácil arranjar alguém que resolvesse contratar o marmitão aqui!

Mesmo assim consegui uma vaga na Serralheria Teixeira, no cargo de “Serviços Gerais” cuidando de toda a parte administrativa e de recepção, lugar onde trabalhei por cerca de uns três meses. E, lógico, sem registro. Infelizmente para o dono da serralheria baixou uma fiscalização trabalhista por lá e ele foi obrigado a me registrar, o que, como diziam na época, só serviu para “sujar a carteira”… Ainda assim esse acabou sendo o meu primeiro “emprego formal” – mesmo que o registro tenha sido feito somente em 6 de agosto e acabei saindo logo em seguida, poucos dias depois, e já foi dado baixa, em 25 de agosto de 86.


Finalmente teve seu primeiro registro…

Exatos cinco dias depois, em 30 de agosto de 86, eu viria a conhecer a Evanilda, que também viria a ser minha primeira esposa…


Namoradinhos!

Como informalidade gera informalidade – e uma vez que eu estava “namorando firme” – precisava ter um trabalho para pagar as contas que ainda não tinha. Já não me lembro como, mas acabei conhecendo o Jorge Chang, proprietário da Chang Assessoria & Marketing, uma microempresa familiar (no começo funcionava na sala da casa dele), com quem trabalhei de novembro de 86 até junho de 87. Na função de “Agente de Marcas e Patentes“, caçar empresas e providenciar o registro de suas marcas e/ou patentes junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) era o meu trabalho – se bem que de vez em quando eu também ajudava um bocadinho na área de publicidade… Foi quando comecei a construir uma rede de contatos, de gente que trabalhava na área e que seriam bastante úteis mais tarde. Reuniões de negócios em restaurantes pomposos eram constantes nessa era pré-cataclísmica anterior ao advento da informática, quando sequer celulares existiam e era indispensável ter sempre algumas fichas telefônicas na carteira. Foi bom enquanto durou.


O primeiro cartão pessoal a gente nunca esquece…

Já tendo passado o “fantasma” do alistamento militar, mas ainda sem uma formação e numa época de hiperinflação galopante, passei o mês seguinte à minha saída trabalhando como Vendedor de Cotas de Consórcios, na Autorama Administradora de Consórcios, de propriedade do Demico, um daqueles contatos da rede que citei. Ganhei MUITA grana no mês de julho de 87, pois a cada cota de consórcio que vendia, de imediato eu recebia 20% do valor do veículo em espécie, ali, na hora. Era um bom dinheiro e que tinha que ser utilizado bem rapidinho, pois no dia seguinte ele já estaria bastante desvalorizado. Foi nessa época que aprendi que eu não gostava de vendas, principalmente se eu não acreditasse naquilo que estava vendendo. A cada novo consorciado que saía dali feliz eu pensava: “Pobre coitado… Não tem a mínima noção da enrascada em que se meteu…”.

Foi também nesse mês, exatamente em 8 de julho de 87, que eu e a Evanilda ficaríamos noivos…


Noivinha!

Mas não deu. Não, não com relação a ela, com relação ao emprego. Mesmo sem registro, mesmo ganhando uma boa grana, até mesmo já estando noivo, aquele negócio de vendas me deprimia – ainda mais sendo de consórcio e, pior, numa época de hiperinflação! Eu tinha acabado de chegar à maioridade e pretendia me casar. Era preciso arranjar alguma coisa mais concreta. Mal completei um mês por ali e caí fora. Já com algumas reservas no bolso resolvi pagar para ver para onde os ventos me levariam.

Mal sabia eu o que teria pela frente…

(Continua…)