“– Mr. Isaac Newton…?
– Pois não.
– Essa obra que o senhor acaba de apresentar para publicação, “Optkis”… Lamento, mas a Royal Society não poderá validá-la.
– Como assim?
– Sua teoria de que a luz, atravessando um prisma, se decompõe em vários espectros coloridos…
– Não é teoria. É experiência.
– Que seja, Mr. Newton… Mas trata-se de ideologia de gênero, também.
– Como assim?!?
– É uma insofismável defesa da bandeira LGBT, Mr. Newton. Infelizmente nossa instituição não pode compactuar com essa afronta aos valores familiares.
– Que afronta? É um estudo empírico sobre a velocidade de cada espectro da luz após a refração, onde a decomposição cromática explica a…
– Por favor, Mr. Newton. Não insista. Sua obra anterior, a “Principia”, nós até deixamos passar, e…
– Até deixaram passar?!?
– Sim. Aquele estudo sobre atração universal dos corpos, sem distinção de gênero, já foi ousadia suficiente, mas fizemos vista grossa porque pelo menos lá o senhor reforçou o dogma do Criacionismo, e…
– Reforcei?!?
– Sim… Aquela maçã que caiu em sua cabeça… Não era a de Adão e Eva?”
Nelson Moraes