Valorizando seu dinheiro – X

De volta ao Real

Real
(R$1,00 = CR$2.750,00 = US$1.00)

Com o dragão da inflação devidamente sob controle (e que, diferente dos anos anteriores, quando grassavam índices inflacionários usualmente de 4 dígitos, no decorrer dos vinte anos seguintes raramente extrapolariam a 1 dígito) e após quase quinhentos anos de história e de mudanças de moedas, meio que fechando um gigantesco ciclo, voltávamos às origens: tal qual o antigo Real Português da época da colonização, a moeda oficial do Brasil passaria a se chamar Real.

Em 1º de julho de 1994, ainda durante o governo de Itamar Franco, foi instituída como nova moeda brasileira o Real (R$), em conformidade com a Lei nº 8.880, de 27 de maio de 1994 (decorrente da MP nº 482/94), sendo que 1 Real equivalia a 2.750 Cruzeiros Reais (que foi também o último valor atribuído à URV, nessa mesma data), assim como a 1 Dólar Americano, ao qual ficou de início atrelado – ao menos até o começo de 1999, pois, em decorrência dos reflexos das crise financeira asiática de 97, a partir de então o Banco Central do Brasil abandonou esse modelo e passou a deixar o câmbio flutuar livremente.

Com a implantação do Real em 94 foi determinado o recolhimento de todas as cédulas do Cruzeiro Real, bem como quaisquer outras remanescentes dos padrões monetários anteriores, sendo que todas estas perderiam totalmente seu valor a partir de agosto daquele ano.

Ainda que tradicionalmente as cédulas costumassem homenagear personalidades da história nacional, cumpre lembrar que sempre era necessária a negociação e autorização das famílias do homenageado. Ora, uma vez que essas novas cédulas precisariam ser cunhadas muito rapidamente, sem tempo hábil para tal negociação, optou-se pela utilização de animais da fauna brasileira.

Isso mesmo: desta vez nada de carimbos, nada de reaproveitamento dos padrões anteriores. Tinha que ser pra valer!

A Primeira Família de notas de Real, todas com dimensões de 140 x 65mm e com a face contendo a efígie simbólica da República, interpretada sob a forma de escultura, era constituída pelas seguintes cédulas:

R$ 1,00. Lançada em 01/07/1994 e retirada de circulação em 2005, possui no verso a gravura de um Beija-Flor (Amazilia lactea), pássaro típico do continente americano e com mais de cem espécies no Brasil.

R$ 2,00. Lançada em 13/12/2001, possui no verso a gravura de uma Tartaruga Marinha (Eretmochelis imbricata ou tartaruga-de-pente), homenagem a uma espécie que estava em extinção e que, graças ao trabalho desenvolvido pelo Projeto Tamar, agora é preservada no litoral brasileiro.

R$ 5,00. Lançada em 01/07/1994, possui no verso a figura de uma Garça (Casmerodius albus), ave pernalta (família dos ardeídeos), espécie muito representativa da fauna encontrada no território brasileiro.

R$ 10,00. Lançada em 01/07/1994, possui no verso a gravura de uma Arara (Ara chloreptera), ave de grande porte da família dos psitacídeos, típica da fauna do Brasil e de outros países latino-americanos.

R$ 20,00. Lançada em 27/06/2002, possui no verso a figura de um Mico-leão-dourado (Leonthopitecus rosalia), primata de pelo alaranjado e cauda longa nativo da Mata Atlântica, que é o símbolo da luta pela preservação das espécies brasileiras ameaçadas de extinção.

R$ 50,00. Lançada em 01/07/1994, possui no verso a figura de uma Onça Pintada (Panthera onca), conhecido e belo felídeo de grande porte, ameaçado de extinção, mas ainda encontrado principalmente na Amazônia e no Pantanal Matogrossense.

R$ 100,00. Lançada em 01/07/1994, possui no verso a gravura de uma Garoupa (Epinephelus marginatus), peixe marinho da família dos serranídeos e um dos mais conhecidos dentre os encontrados nas costas brasileiras

A Segunda Família de notas de Real foi lançada visando deixar as cédulas mais modernas e protegidas; ainda que com as mesmas estampas, passou a possuir um novo projeto gráfico e novos elementos de segurança capazes de dificultar as tentativas de falsificação, além de promover a acessibilidade aos portadores de deficiência visual. Outra característica marcante é que passaram a possuir tamanhos diferenciados. Em 13/12/2011 passaram a circular as notas de 50 e 100 Reais; em 27/07/2012, as de 10 e 20 Reais; e em 29/07/2013, as de 2 e 5 Reais. A cédula de 1 Real já havia deixado de ser produzida desde 2005.

121 x 65mm

128 x 65mm

135 x 65mm

142 x 65mm

149 x 65mm

156 x 65mm

E esta é a nossa atual moeda. Já vem se mantendo razoavelmente estável há mais de 26 anos. Se não considerarmos o Real Imperial – uma moeda que nem era nossa e muito menos se manteve estável (ainda que tenha circulado por mais de 400 anos) – em termos de longevidade e estabilidade da moeda brasileira, o nosso Real superou até mesmo o Cruzeiro, criado em 1942 e que permaneceu circulando por aproximadamente 25 anos…

E, apesar de não estarmos mais numa inflação galopante, de modo a facilitar os saques em caixas eletrônicos em plena época da pandemia deflagrada pelo Novo Coronavírus, em 2020 foi lançada a nota de Duzentos Reais.

R$ 200,00. Lançada em 02/09/2020, possui no verso a figura de um Lobo-Guará (Chrysocyon brachyurus), canídeo típico do cerrado que pode ser encontrado na região central do Brasil e de outros países sul-americanos.

142 x 65mm

O advento dessa nova nota está mais relacionada à ocorrência de entesouramento observado pelo Banco Central desde que começou a pandemia do que com um eventual descontrole da inflação. O termo entesouramento refere-se ao fato de que as pessoas passaram a guardar o dinheiro em casa em vez de deixá-lo nos bancos ou mesmo colocá-lo em circulação. Suas possíveis causas seriam: saques para formação de reservas (tanto por pessoas quanto por empresas); diminuição no volume de compras no comércio em geral em decorrência do isolamento social; e valores pagos em espécie aos beneficiários de auxílios emergenciais e que não voltaram a circular na velocidade esperada.


(Início da Saga)

(Continua…)

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