As origens do Super-Homem

Não se dorme mais nesta casa?

Podem me chamar de ingênuo. De cafona. De infantil. Sei lá, do que quiserem. Não me incomodo – sério! Mas eu REALMENTE gosto de histórias em quadrinhos – as famosas HQs.

É paixão antiga, que virou mania, que virou hobbie, que virou coleção. Leio quadrinhos já há muito tempo (alguém aí se lembra das antigas revistas de super-heróis da Editora Ebal?) – mas coleção mesmo eu tenho desde 1984. Heh… Tenho amigas que NASCERAM nesse ano…

Mas, apesar do bom humor do Homem-Aranha, do heroísmo e loucura do Lanterna Verde, do ar soturno do Batman, da cafajestice do Arqueiro Verde, apesar de todas as qualidades e defeitos de todos os heróis de quadrinhos, de longe o que mais me agrada é o Super-Homem.

É um personagem com mais de meio século e que ainda tem muito fôlego em suas histórias. Eu sempre costumo dizer que o importante não é a história em si, mas a maneira de se contá-la é que a torna realmente interessante. E diversos argumentistas, roteiristas e artistas vêm recontando a história do Homem de Aço com brilhantismo, sempre explorando novas nuances que jamais foram imaginadas.

O que me cativa é a eterna figura de bom-moço, de escoteiro, de um cara que poderia ter tudo o que quisesse mas que prefere ajudar o próximo. Tá, eu sei que de vez em quando exageram com as ameaças espaciais, invasões intergalácticas e riscos de acabar o mundo. Mas as melhores histórias são exatamente aquelas em que nada disso existe. Aquelas em que se explora o lado humano do personagem, as suas paixões, os seus medos e receios, a sua necessidade de se provar. Até porque – é bom lembrar – o herói é a ficção, mas o homem é a realidade. Seu caráter foi formado pela criação numa fazenda do Kansas; foi Clark Kent quem cursou o ginásio, se apaixonou na adolescência, estudou jornalismo e ganha a vida como repórter. Essa é sua verdadeira personalidade. O herói, ou melhor, o super-herói, é que é a ficção, pois somente existe dissociado de seu alter ego.

Por que falar sobre isso? Simples. Eu estou com algumas cópias para avaliação perpétua das três primeiras temporadas de Smallville, assistindo um pouquinho por noite. Não tem como não se identificar com um adolescente que tem lá seus segredos e não sabe como lidar com a paixão recolhida que tem pela linda Lana Lang. Aliás, a atriz é MESMO muito lindinha…

Para aqueles mais curiosos sobre o assunto, basta dar uma olhada nas entranhas aqui do site, especificamente no link do Ctrl-C, que fala sobre “As Origens do Super-Homem”.

Aos que se aventurarem, boa leitura!

Alguns personagens famosos (e outros convencidos)

Glory days!

Com um pouco de esforço de pensamento, e um tanto mais de criatividade, cheguei à conclusão que aqui no meu trabalho temos um rol da fama: sósias de pessoas das mais diversas origens pertencentes ao mundo do cinema, televisão, quadrinhos, literatura, etc. Vejam só a galeria:

  • Shrek
  • Dolores Umbridge
  • Woody Allen
  • Noel Rosa
  • Groucho Marx (se bem que lhe falta o bigode)
  • Senhor Incrível
  • Capitão Caverna
  • Comandante de Espaçonave Klingon (Jornada nas Estrelas)
  • Clark Kent (ao menos quando resolve usar óculos)
  • Barbie
  • Tintin (aquele, do desenho belga ou francês)
  • Meninas Super Poderosas
  • Guzzula
  • Katana (das revistas DC Comics)
  • Lois Lane (já saiu, mas era a do seriado Lois & Clark)
  • Michael Knight
  • Castrinho

 
Pelo menos são esses os que me lembro de cabeça. Aceito sugestões…

Tirinha do dia:
Desventuras de Hugo...

Homens e mulheres que fazem a DC Comics

Karen Berger

Antes de trabalhar na DC, Karen Berger nunca foi fã de quadrinhos. Isso não a impediu de ser uma das mais respeitadas editoras do meio. “Bem, fiz o tipo de quadrinhos que eu gostaria de ler. Felizmente, muitas outras pessoas também gostaram!” Ela ficou com a edição das revistas da área de horror e fantasia.

Karen foi essencial para transformar o Monstro do Pântano num dos títulos mais premiados, e seus esforços em sofisticar o horror continuam ainda hoje. Mesmo os títulos de heróis que edita não seguem a regra – Mulher-Maravilha e Homem-Animal são aclamados por não serem comuns. “Uma coisa que aprendi com os argumentistas talentosos com quem convivi foi trabalhar por uma outra perspectiva situações já muito exploradas”.

Karen gastou muita energia para se tornar a ligação britânica oficial da DC. “É incrível a quantidade de talentos que existe lá”. Ela descobriu que, vindos de uma cultura diferente, os ingleses trabalham HQs de modo diferente. “Alan (Moore) nos mostrou que quadrinhos de terror não precisam ser violentos e assustadores”.

Perguntada sobre qual o lançamento mais excitante que está preparando: “É duro responder. Um editor é como um pai. Tenta amar todas as revistas igualmente. Até estremeço ao pensar no que Grant (Morrison) e Dave (McKean) fizeram com o Asilo Arkham. É de assustar!”.

Mike Carlin

“Algumas pessoas dizem que nasci para editar as revistas do super-herói mais famoso do mundo! Bem… na verdade, só a minha mãe disse isso”, admite Mike Carlin. Ele foi apresentado aos quadrinhos pela sua mãe, grande fã do Super-Homem. “Enquanto estive na Marvel, ela nunca foi me visitar. Mas, assim que fui pra DC e comecei a editar o Super-Homem, ela apareceu”!

O amor de Mike por super-heróis se expressa na grande quantidade de títulos antigos que edita. “Trabalhar com o Super é legal, mas também é muito bom lidar com os personagens criados pelo Kirby”.

Mike ajudou a relançar os Novos Deuses em Odisséia Cósmica e no título mensal Novos Deuses. Sua linha de publicações inclui Doc Savage e Rapina & Columba. “R&C decolou mesmo! Isso é gratificante, já que a dupla vinha sendo pouco publicada”. Ele também gosta de trabalhar com personagens menos tradicionais, como Sombra, Justice Inc. e Adam Strange.

De tudo o que fez desde que entrou na editora, Carlin se orgulha mesmo é de manter fortes os vários títulos do Super-Homem. “Trabalhar com gente como o Ordster (Jerry Ordway), Sterno (Roger Stern) e Gammilmeister (Kerry Gammil) tem sido um sonho”. Mike impôs uma aproximação consistente e variada do herói, criando uma superequipe para tanto. A mais recente aquisição é George Pérez. “Aí está um cara que conhece o Super! Ele se encaixa como uma luva na equipe”.

Quando elogiado por sua superfaçanha, Carlin responde: “Manter os supertítulos na linha não é nada… tirar um argumento de Andy Helfer… isso é um problema!”.

Mike Gold

Um dos trabalhos mais gratificantes que Mike Gold faz é por trás dos cenários. A maioria deles são esforços como diretor de desenvolvimento da DC. “Basicamente, a equipe de desenvolvimento da DC deve descobrir novas áreas onde a editora possa atuar. Tentamos expandir o material que fazemos, e isso inclui desenvolver propriedades dinâmicas em outras áreas e meios de comunicação”.

Como editor, Gold é responsável por alguns dos títulos mais famosos da DC. “Tenho sorte de estar trabalhando com pessoas muito criativas no mundo dos quadrinhos, de Denny O’Neil e Denys Cowan no ‘Questão’ até Mike Grell, Dan Jurgens e Ed Hannigan em ‘Arqueiro Verde’, fora o projeto Swamp Angel, de Grell”.

A ressureição do Gavião Negro é outro sucesso de Mike na revitalização dos personagens mais venerados da DC, incluindo o Arqueiro Verde e o Flash. Outra grande obra do editor foi selecionar histórias para as coletâneas “Melhores Histórias do Batman” e “Melhores Histórias do Coringa”. Entretanto, é a estréia de novas séries que mais agrada a Mike. “Considero cada lançamento um grande projeto. A criação de um título é a parte mais gostosa do negócio”. Ele e e seu grupo têm várias propostas interessantes em mente, incluindo adaptações de tiras de jornal e de grandes filmes de cinema.

Andy Helfer

Se comparássemos a edição de quadrinhos a crianças brincando na praia, você não poderia deixar de notar um garoto construindo os castelos de areia mais incríveis que já viu. Andy Helfer atribui seu sucesso como editor ao fato de que permaneceu criança em seu coração. “Se não é legal, por que fazer?”. O amor que dedica aos livros, quadrinhos, brinquedos, jogos, filmes, música e tudo o que for colecionável transmite frescor e atualidade às revistas por ele editadas.

O sucesso da revitalização da Liga da Justiça é uma evidência. “Quando os ‘cabeças’ me disseram que eu poderia fazer o que quisesse para a revista vender, pensei: ‘Vamos fazer exatamente o contrário do que o pessoal vem fazendo!'”. Embora a lógica não pareça muito clara, a teoria de Andy se mostrou correta. “As outras publicações estavam sérias demais. Então, pensei: ‘Por que não fazer revistas engraçadas de novo?’ Aí veio o sucesso. Parecia que todos queriam gostar da liga, mas não havia muito do que gostar nela”.

Ele trabalhou para montar uma equipe de heróis que hoje aparecem em duas revistas mensais e em diversos cross-overs (interligações de histórias de duas ou mais revistas). “Vamos encarar os fatos: se houvesse super-heróis no mundo, todos eles se conheceriam. Talvez até se agrupassem. Como os astros de rock, sabe?”

O atual trabalho de Andy inclui vários livros, nem todos engraçados ou de jogos. Há uma bela edição de luxo (de capa dura), Enemy Ace, de George Pratt, mini-séries de ficção em “prestige format”, Twilight (feita por Chaykin e Garcia-López) e a volta de Lanterna Verde, uma revista que ele já fez famosa um dia. “Ei, não esqueça a ‘seríssima’ Caçadora (Huntress) do Joey (Cavalieri) e Joe (Staton)! É até engraçada… a seu modo!”

Denny O’Neil

Denny O’Neil é um daqueles caras que viraram lenda na indústria dos quadrinhos, “o que não rejuvenesce nada!”. Entretanto, é sua maneira jovem de editar as revistas que as deixa modernas e interessantes. “Não esperava passar minha vida nos quadrinhos, mas, olhando pra trás, valeu a pena. Fiz várias histórias de que me orgulho. Como editor, pude melhorar muitas”.

Denny começou sua carreira como jornalista e ficou famoso pela produção de boas histórias em quadrinhos no final dos anos 60 e começo dos 70. “Não queríamos mudar o mundo, mas achávamos que as HQs, como qualquer outro meio, poderiam expressar idéias e valores importantes – além de divertir”.

E os leitores se divertiram (na verdade, se deliciaram) quando Denny passou a editar Batman com um realismo impressionante, o que popularizou ainda mais o herói. Essa aproximação do personagem é hoje mais importante do que nunca, e ninguém melhor que Denny para editá-lo. “O Batman é um herói de quadrinhos mais complexo que os outros. Os aprofundamentos psicológicos me mantiveram por perto. As pessoas estão gostando muito dele assim”. Denny ainda tem vários planos emocionantes para o Cavaleiro das Trevas, incluindo mini-séries inteiras às revistas mensais, graphic novels e cross-overs. “Com o filme atraindo tanto interesse para o personagem, sinto uma grande responsabilidade em fazer alguma coisa nova e diferente com ele. É uma pressão positiva. Do tipo que deixa você atento e sua mente ativa”. Uma ótima atitude para a lenda mais jovem da indústria dos quadrinhos.


Texto publicado na revista DC 2000 nr 02

  (Publicado originalmente em algum dos sites gratuitos que armazenavam o e-zine CTRL-C)

Bem-vindos ao mundo do Xeque-Mate!

O conceito de organizações governamentais ultra-secretas que nos protegem do mal reverte às próprias raízes das histórias em quadrinhos. Antes de existirem as revistas em quadrinhos, havia os pulps – revistas de contos policiais e de terror, editadas em papel de preço muito baixo, que apresentavam todo tipo de combatentes do crime, os encapuzados, os do governo e outros (Sombra e Doc Savage são os que mais se destacaram nesse tipo de publicação). Mas, antes dos pulps, já existiam os chamados penny-dreadfuls (misto de romance e conto nascido na Inglaterra que, depois, levado aos Estados Unidos, acabou dando origem aos pulps). Os penny-dreadfuls eram revistas semanais e quinzenais da virada do século que apresentavam ficções heróicas mais violentas. Uma forma de entretenimento carregada de ação, com aventuras bastante romanceadas de mitos da história, como Buffalo Bill Cody, Jesse James e até Teddy Roosevelt, ou de personagens totalmente fictícios como Nick Carter. As revistas em quadrinhos, portanto, evoluíram indiretamente dos penny-dreadfuls (um aparte: o título de uma das revistas mais populares da DC nos anos 60 e 70, The Brave and The Bold, originalmente era usado como nome de um penny-dreadful.

Esses três tipos de publicação apresentavam como tema aventuras heróicas. Parece que nós queremos ter certeza de que alguém lá fora está nos protegendo. E muita gente acredita que o governo deveria se esforçar para fornecer essa proteção. Pense nisso: James Bond, o agente secreto X-9, Nick Carter, Napoleão Solo… nossa cultura popular está abarrotada de agentes do governo que são superpoliciais.

Mais recentemente, tivemos muitas histórias mostrando como o governo lida com tais elementos. Você já leu sobre isso em aventuras do Capitão Átomo, Esquadrão Suicida, Lendas e muitos outros títulos (o exemplo mais famoso é a influência do governo sobre Super-Homem em O Cavaleiro das Trevas).

Assim como o Esquadrão Suicida representa os esforços do governo em recrutar criminosos para realizar o serviço que lhe cabe (isto é, proteger a sociedade), Xeque-Mate representa os esforços do governo em recrutar heróis. Para os membros do Xeque-Mate, as missões são só um serviço (mas um serviço que precisa ser feito), onde cada agente realiza suas aspirações pessoais a fim de transformar o mundo num lugar melhor.

Vai ser um trabalho bem duro para essas pessoas, mas para nós, leitores, será, no mínimo, emocionante. Você encontrará muitas referências ao Vigilante (Adrian Chase), o ex-juiz que trabalhava para a agência de Harry Stein antes de sucumbir às pressões de sua própria vida.

O policial reformado da cidade de Nova Iorque, Harry Stein, dirigia uma agência federal sem nome, encarregada de neutralizar terroristas internacionais que se infiltrassem no território nacional. Atuava como seu braço direito, Harvey Bullock, um veterano do departamento de polícia de Gotham City. A organização já empregou muitas pessoas, incluindo dois agentes uniformizados de estabilidade emocional questionável: o já mencionado Vigilante e Christopher Smith, mais conhecido como Pacificador. Dizer que eles tinham uma “estabilidade emocional questionável” é eufemismo: o Pacificador é um louco comprovado, e o Vigilante entrou em profunda depressão e acabou se suicidando.

Como você pôde ver na história Jogada de Abertura (no Brasil publicada em DC 2000 nr 01), a agência conseguiu uma chance de entrar nos eixos. Agora, há uma nova superestrutura. A popular Amanda Waller, do famoso Esquadrão Suicida, um dos braços da Força-Tarefa X (o outro é o Xeque-Mate), está nos bastidores, de olho em tudo. Há uma equipe de agentes de campo totalmente diferente e até uma perspectiva mais urbana: a agência não ficará limitada à luta contra o terrorismo internacional.

Há, entretanto, uma peça atrapalhando o jogo. A personagem Espinho Negro não trabalha com Stein, porém, ela tem uma forte vinculação com a equipe: é compelida a prosseguir com a missão de Adrian Chase, ou seja, caçar criminosos. Nós sabemos muito pouco a respeito da Espinho Negro, mas, em edições posteriores, conheceremos mais fatos que explicam por que Stein e Bullock se preocupam tanto com ela.

A Equipe de Criação do Xeque-Mate

O argumentista Paul Kupperberg nasceu no dia 14 de junho de 1955, no Brooklin, Nova Iorque. Como a maioria dos jovens, Paul era um voraz leitor de quadrinhos. Quando conheceu Paul Levitz no Ginásio Meyer Levin, os dois se tornaram muito amigos, e essa amizado os lançou no caminho da fama. Os dois Pauls começaram editando e publicando fanzines, logo assumindo as rédeas da já consagrada revista mensal The Comics Reader. Por ser a mais importante e mais lida publicação dos bastidores de quadrinhos, ela levou o nome dos dois jovens ao conhecimento das grandes editoras americanas.

Paul Kupperberg deixou de ser fã para se tornar profissional da área quando vendeu sua primeira história à Charlton Comics em 1975 (publicado em Scary Tales nr 3, com arte de Mike Zech). Meia dúzia de histórias depois, ele recebeu um convite do editor da DC, Denny O’Neil, para escrever uma história para a série O Mundo de Krypton, na revista Superman Family (desenhada por Marshall Rogers). Ele passou a fazer roteiros para Asa Noturna (não confundir com o atual Asa Noturna, ex-Robin) e Pássaro Flamejante (que também não tem nada a ver com a Pássaro Flamejante das aventuras do Nuclear) e escreveu também várias histórias de mistério e guerra. A partir daí, Kupperberg fez uma tonelada de outros trabalhos. Seu primeiro título regular foi Aquaman, depois tornou-se o escritor de Showcase (a série da Patrulha do Destino e da Poderosa, bem como o famoso crossover gigante da Showcas nr. 100) e ganhou do editor Julius Schwartz toda a família de personagens do Super-Homem: Super-Homem, Superboy, Supermoça, a tirinha de jornal do Super-Homem e a mini-série do mundo de Krypton.

Mais tarde, Paul roteirizou a Tropa dos Lanternas Verdes (na revista Lanterna Verde), Vigilante e a mini-série do Pacificador. Fez também alguns trabalhos para a Marvel Comics, incluindo o Capitão América, a revista Crazy (uma concorrente da Mad) e dois romances do Homem-Aranha. Além de Xeque-Mate, escreveu a Patrulha do Destino, a mini-série da Poderosa e as histórias do Vingador Fantasma na revista Action Comics.

O desenhista Steve Erwin nasceu em 16 de janeiro de 1960, em Oklahoma. Ele foi praticamente autodidata, embora tenha estudado arte comercial na Escola Técnica Estadual do Oklahoma. Depois de se formar, entrou para o ramo da arte comercial, tendo vários trabalhos publicados. Estreou nos quadrinhos em 1985, na revista Grimjack, da First Comics. Ainda na mesma editora, ele usou seu talento para a graphic novel parcialmente gerada por computador chamada Shatter. Steve passou para Epsilon Wave antes de vir para a DC desenhar o Vigilante.

O arte-finalista Al Vey nasceu em 22 de abril de 1955, em Milwaukee, Wisconsin. Como Steve, Al é um autodidata, e os dois são realmente novos no ramo. Al Vey começou fazendo alguns trabalhos para fanzines e acabou conseguindo um emprego de assistente num estúdio de Milwaukee, o mesmo onde atuavam Jerry Ordway, Mike Machlan e Pat Broderick. Ele colaborava virtualmente em todos os trabalhos desses desenhistas.

Com mais experiência, Al passou a arte-finalizar as revistas DC, Os Renegados, Centurions, Corporação Infinito, Gladiador Dourado, Teen Titans Spotlight (edição que traz aventuras solo dos Novos Titãs), Super-Homem IV (o filme) e a Legião dos Super-Heróis. Também arte-finalizou Nexus, Psychoblast e outros títulos para diversas editoras. Xeque-Mate é a primeira série de histórias em que Al trabalhou regularmente.


Mike Gold
Texto publicado na revista DC 2000 nr 01

  (Publicado originalmente em algum dos sites gratuitos que armazenavam o e-zine CTRL-C)

Lanterna Verde

“No dia mais claro, na noite mais densa, o mal sucumbirá ante nossa presença!”

Alan ScottA história do Lanterna Verde também tem início na década de 1940, assim como todos os super heróis. Assim sendo, foi criado um personagem de muito sucesso: o Lanterna Verde. A fórmula era simples : Uma pessoa usava um anel verde que a cada 24 horas deveria ser carregado numa bateria elétrica que ele carregava consigo. Porém o primeiro Lanterna Verde era totalmente diferente do que conhecemos hoje. Seu nome era Alan Scott, era loiro, usava uma camisa vermelha, uma calça verde e uma capa amarela e preta. O sucesso das aventuras de Alan Scott (à esquerda) duraram até a década de 1950, quando em meio de uma crise no gênero de vendas de quadrinhos obrigou a DC Comics a cancelar a revista.

Hal JordanA volta do Lanterna Verde teve início no fim da década de 1950, quando vários heróis foram reformulados. Agora, existia um outro Lanterna. Seu nome: Harold Jordan, piloto de testes de uma companhia aeronáutica. A origem de Hal Jordan aconteceu quando ele ouviu um estrondo de um avião caído perto da companhia onde trabalhava. Ele foi correndo até lá e encontrou Abin Sur, um Lanterna Verde que protegia a Terra, desconhecido até então. Abin Sur, muito ferido, entregou a Jordan o seu anel e a bateria para recarregá-lo. Assim que Hal Jordan virou Lanterna Verde, Abin Sur tombou. Seu corpo foi sepultado no memorial dos Lanternas Verdes em OA (um planeta existente, sede da Tropa dos Lanternas Verdes, governado pelos Guardiões do Universo). Neste planeta, haviam muitos Lanternas alienígenas de vários planetas, todos com uma só missão: Proteger o Universo (ou Multiverso) das forças do mal.

Porém, um Lanterna Verde se rebelou e virou ditador de seu planeta natal. Seu nome: Sinestro. Ele foi alijado de seu anel, e mandado para Quard (um planeta onde regem as forças do mal). Lá ele virou o Governador do planeta e ganhou um anel amarelo com os mesmos poderes do anel verde (detalhe: a cor amarela é o único ponto fraco das forças do anel verde). E com esse anel, Sinestro aterrorizou e jurou destruir a Tropa dos Lanternas Verdes.

John StewartVoltando a nossa história, Hal Jordan sempre foi um Lanterna exemplar, cumpridor do seu dever, ao mesmo tempo em que conciliava as atividades da Tropa e da Liga da Justiça. Porém, ele resolveu abandonar o grupo em nome de um grande amor (que depois acabaria perdendo para o mal), bem perto do início da “Crise nas Infinitas Terras”. O seu sucessor passou a ser John Stewart, arquiteto, escolhido pelos guardiões e que ganhou a batata quente de assumir a responsabilidade de ajudar a contornar a Crise. Stewart cumpriu bem o seu papel durante a Crise e mesmo depois do fim dela, continuou a usar o anel por muito tempo ajudando na Tropa. Jordan voltaria a usar o anel após a Crise, depois que um Lanterna Verde alienígena morreu, ficando com o seu anel. Nesta Crise, os guardiões resolvem também escalar Guy Gardner. Sua história teve muito a ver com o início de carreira de Hal Jordan.

Guy GardnerGuy Gardner era um professor de Educação Física. Quando Abin Sur estava prestes a morrer, este viu dois candidatos ao seu anel: Guy Gardner e Hal Jordan. Abin Sur escolheu Jordan porque estava mais perto dele. Assim sendo, Gardner continuava a sua vida normalmente até que foi ferido ao salvar uma criança que corria perigo. Gardner foi salvo por Jordan e mais tarde convidado a participar da Tropa. Gardner aceitou e recebeu o anel das mãos de Jordan. Mas Jordan advertiu-o para ir até OA e consertar o anel que recebeu porque segundo ele estava com problemas na hora de carregar. Gardner esqueceu este detalhe no primeiro dia em que teve que carregá-lo. Quando viu, o problema não era no anel, mas na bateria que explodiu e levou ele ao estado de coma.

Guy Gardner ficou assim até o dia em que os guardiões tiraram ele do coma e lhe deram o anel. Mas sua mente foi afetada. Antes, gentil e humilde, virou arrogante e convencido. Eram hilárias as discussões de Gardner com Jordan e Stewart. Mesmo assim, Gardner conciliava suas atividades da Liga da Justiça e da Tropa dos Lanternas Verdes. Até que chegou ao ponto em que Jordan ocupou o lugar de Gardner na Terra. Com isso, houve uma briga entre os dois. Quem perdesse na porrada, perderia o anel. E Gardner perdeu. Ele teve que entregar o seu anel para Jordan.

Guy Gardner ficou pouco tempo sem poderes. Ao lembrar que Sinestro foi morto pelos Lanternas, ele foi atrás do anel amarelo de Sinestro e depois de descer porrada nos guerreiros de Quard, ele roubou o anel do túmulo de Sinestro e passou a usá-lo, salvando OA de uma invasão de Quard. Gardner passou a lutar com este anel por muito tempo.

ParallaxMas a partir daí, as coisas começaram a mudar radicalmente. Primeiro, com a destruição de Coast City, cidade natal de Harold Jordan, vários amigos de infância dele acabaram morrendo. Jordan, então, pede para os Guardiões conferirem a ele mais poderes para desfazer a tragédia e ressuscitar os habitantes. Pedido negado porque um Lanterna jamais pode usar o anel para benefício próprio ou recriar a vida.

Jordan perde a razão e completamente insano, mata numa só tacada TODOS os Lanternas Verdes (cada Lanterna morto tinha seu anel arrancado por ele) e também todos os Guardiões. Também destruiu o anel amarelo de Gardner, arrancou o pescoço do corpo de Sinestro e para deixar o serviço “perfeito”, destruiu a bateria central de OA, absorvendo seu poder e se tornando Parallax, um super vilão. Esta se tornou uma das maiores atrocidades cometidas com um super herói depois da morte de Flash II.

Kyle RainnerNeste mesmo momento, Kyle Rainner, um desenhista de quadrinhos, recebeu o anel de John Stewart e passou a se tornar o quinto Lanterna Verde da cronologia. Jordan e Rainner se enfrentaram, onde Jordan queria os poderes dele de qualquer jeito. Rainner venceu Parallax e a partir daí passou a fazer parte da Liga da Justiça.

Hoje, o que fazem os Lanternas predecessores de Kyle Rainner:

Alan Scott (o precursor) – é aposentado, e tem dois filhos: Jade (uma heroína de pele verde) e Manto Negro, ambos da Corporação Infinito (equipe composta pelos filhos da Sociedade da Justiça). Participou da série “O Reino do Amanhã”, onde se tornou Presidente de New OA, um planeta com tecnologia de ponta dos Guardiões.

Harold Jordan (o eterno) – completamente insano, assumiu uma nova identidade, com o nome de Parallax. Mas o que fica na memória de todos os fãs é o Lanterna Verde que ele sempre foi e não o Parallax.

John Stewart (o substituto) – foi comandante dos Darkstars depois que perdeu a esposa, morta por Safira Estrela (ex-namorada de Jordan) e licenciou-se da Tropa. Hoje voltou a trabalhar como arquiteto e se tornou conselheiro de Kyle Rainner.

Guy Gardner (o anti-herói) – Depois que perdeu o anel de Sinestro, ganhou novos super poderes, virou dono de restaurante temático sobre Lanternas Verdes e hoje atua como Warrior, entrando em casos de emergência.


Vanderson Castilho Munhoz

  (Publicado originalmente em algum dos sites gratuitos que armazenavam o e-zine CTRL-C)

Gilgamesh II – A volta da mais antiga das lendas

Gilgamesh foi um lendário rei da Babilônia, cuja saga data de aproximadamente 2.000 a.C., que é para muitos o mais antigo texto literário até hoje encontrado (mais velho que a Bíblia).

Agora Gilgamesh também é o mais novo membro da galeria de personagens cósmicos do grande Jim Starlin editado nos EUA pela DC Comics e que a Editora Globo lançou no Brasil.

É curioso que uma lenda tão famosa como essa, que explora temas como amizade, lealdade e aventura entre outros, só tenha aparecido nos quadrinhos agora. Segundo Starlin, a adaptação deste épico é uma idéia antiga dentro da indústria dos quadrinhos. Contudo, o trampolim editorial para o lançamento dessa série talvez seja a notoriedade que a lenda alcançou em 1988 com sua adaptação para o teatro, The Forest, de Bob Wilson, auxiliado por David Byrne dos Talking Heads (essa peça quase foi encenada no Brasil, mas o projeto foi cancelado devido aos altos custos de produção), e a possibilidade de se tornar um filme sob a direção de Win Wenders. Por coincidência, a Marvel também apresentou uma versão do personagem, criada por Walter Simonson para a revista Avengers (Vingadores). Diferente da Marvel, que o transformou em um personagem de “linha”, Starlin desenvolveu seu projeto como uma adaptação livre da lenda num todo, apresentada na forma de uma minissérie de luxo em 4 edições totalmente desvinculadas do universo DC.

A Lenda

Em linhas gerais, a história original é a seguinte: Gilgamesh, o poderoso tirano da cidade de Erech, na Mesopotâmia, incomodava os deuses com sua opressão sobre o povo. Eles criam, então, um bárbaro chamado Enkidu para ajudar a dar bom senso a Gilgamesh. A princípio, os dois se confrontam, depois tornam-se amigos, e saem pelo mundo atrás de aventuras. Em algumas versões, eles matam um dragão conhecido pelo nome de Humbaba. Impressionada com tais feitos, Ishtar, deusa guardiã de Erech, se apaixona por Gilgamesh, mas é rejeitada por ele. Irritada, ela envia o Touro do Céu para destruir Erech, mas Gilgamesh e Enkidu o matam. Irritados, os deuses sentenciam Enkidu à morte por causa de tamanha afronta. Ver a morte do amigo inspira Gilgamesh a procurar o segredo da imortalidade.

Ele enfrenta inúmeros obstáculos na procura do Utnaphishtim, o único mortal que sobreviveu ao Grande Dilúvio (citação semelhante e contemporânea da Bíblia) e a quem foi assegurada vida eterna. Achando-o, ele obtém o segredo, uma planta que jaz no fundo do mar, mas, logo depois, a perde enquanto tomava banho.

“É uma das histórias mais niilistas já escritas”, comenta Starlin, que preferiu transformá-la numa história de ficção científica bem-humorada. Um dos pontos principais, a busca da vida eterna passa a ser uma busca para trazer alguém de volta à vida. A história básica está mantida, apesar dos vários pontos apresentarem uma nova perspectiva. Tudo começa em 1988, com a chegada à Terra de dois alienígenas recém-nascidos. Gilgamesh é adotado por um casal de hippies e o “Outro” (como Enkidu é chamado na série) cresce sozinho no meio da floresta amazônica. Outros personagens também foram incorporados á série, só que disfarçados por nomes e formas diferentes. Humbaba passa a ser um monstro mutante batizado de Sombra Noturna; o Touro do Céu é apresentado como um ninja cibernético chamado Frank (e é engraçado notar que a fisionomia dele lembra bastante Frank Miller); os deuses são substituídos por uma corporação que agora governa a Terra, e assim por diante.

Mesmo o sucesso de vendas proporcionados pelo nome de Starlin não fará com que GILGAMESH II venha a ser uma série contínua ou tenha uma continuação qualquer. Segundo Starlin, a maneira com que ele fecha a história deixa pouca ou nenhuma margem para tal.

O Criador Mítico

Para quem não sabe, Jim Starlin foi um dos artistas de maior destaque na década de 70. Sua passagem por vários títulos da Marvel conquistou inúmeros fãs. Entre os trabalhos de maior destaque, que o colocaram na vanguarda junto com artistas de calibre como Berni Wrightson, Barry Windsor-Smith, Frank Brunner e Neal Adams, temos sua passagem pelas revistas Captain Marvel e Warlock. Nestas séries ele também se firmou como um dos primeiros artistas/argumentistas e um dos primeiros “exterminadores” de personagens da atualidade. A soma de sua arte vigorosa com argumentos intrincados e recheados de filosofia provaram ser um sucesso, inspirando artistas como Frank Miller e John Byrne. Por falar em filosofia, é curioso lembrar que foi Starlin o primeiro a desenhar um personagem marcado pelo emprego da filosofia oriental: o Mestre do Kung Fu, uma série que acabou durando bem mais do que a moda das artes marciais, e do que seus editores pudessem imaginar. Também são de Starlin algumas das primeiras experiências das grandes companhias com formatos de luxo: a controvertida Morte do Capitão Marvel (lançada pela Editora Abril), em que o antigo personagem morre de câncer e Dreadstar (a primeira Graphic Globo, de outubro de 88).

Perspectivas

Dreadstar, a série (também pela Globo), tem muitos pontos em comum com GILGAMESH II: drama e humor se alternando em meio aos muitos comentários e críticas sociais. Temas que variam entre a ideologia capitalista, política, ecologia, religião, estupro de menores, manipulação de massas, etc… A série que era publicada pela Epic, extensão da Marvel, passou para First Comics devido a um desacordo contratual. Depois que a revista se firmou na nova editora, Starlin depositou os cuidados de seus personagens nas mãos de uma nova equipe de criação.

Ultimamente, Starlin vem se dedicando mais à função de escritor/roteirista. nesta nova fase, já desenvolveu vários projetos para a DC, como The Cult (O Messias) e The Weird, ambos com os desenhos de Berni Wrightson, Cosmic Odissey, com arte de Mike Mignola, e uma sequência de histórias para a revista Batman, dentre as quais as minisséries internas As Dez Noites da Besta e a polêmica Morte de Robin. Atualmente, passou a escrever a série Silver Surfer (Surfista Prateado) para a Marvel e não sabe se voltará a ser o roteirista regular da revista Batman, pois julga que o personagem tornou-se muito instável por causa do sucesso cinematográfico e a excessiva atenção depositada sobre ele. Além desses projetos, existe o contrato com uma editora para a publicação de 2 romances de sua autoria.

Para Starlin, GILGAMESH II é provavelmente o último trabalho que desenha, pois julga o trabalho de arte “longo e solitário”, e escrever “divertido”, além de dar maior vazão às suas idéias.

GILGAMESH II não é apenas uma série para quem gosta de Jim Starlin, por sintetizar bem seu estilo e ser representativo dentro de suas obras, nem apenas para os fãs de quadrinhos, que poderão apreciar um trabalho que harmoniza mutio bem texto e arte de primeira qualidade, GILGAMESH II é uma série para todas as pessoas que admiram uma grande história contada com o talento e a imaginação de um dos melhores artistas dos quadrinhos americanos das últimas décadas.


George Andolfato

  (Publicado originalmente em algum dos sites gratuitos que armazenavam o e-zine CTRL-C)