Quem fala o que quer…

E eis que, pouco antes do almoço, o caçulinha, do alto de seus oito anos, deu início a uma de suas habituais tagarelices. Desta vez teve como alvo os super-heróis…

E lá foi ele, morro abaixo, falando sobre suas conclusões, sobre o que achava de cada um, descrevendo com detalhes alguns deles, seus superpoderes e como eles fariam nesta ou naquela situação. Mas eis que ele me arremata da seguinte maneira:

– Mas isso é só de mentirinha, né pai? Pois na realidade não existem superpoderes!

– Como não? Lógico que existem!

– Eu tô dizendo no mundo real, com pessoas de verdade…

– Então! Tá cheio de superpoderes por aí! Basta procurar. E quem não tiver, de repente arranja algum…

Nesse ponto a Dona Patroa resolveu intervir e, meio que fazendo uma ponte da fantasia para a realidade, perguntou-lhe:

– E qual seria o superpoder de seu pai?

E ele, sem titubear:

– Ser sacana!

( Acho que vou parar de deixar ele assistir House à noite… )

Eu escolho você!

E então o filhote nº 1 solta uma pérola de sarcasmo à mesa. Impossível não rir. Até porque eu “sutilmente” o incentivei… Após o acesso (de todos), a Dona Patroa, bem-humorada:

– Tá vendo? Você criou um monstro!

Antes que pudesse me justificar, ele próprio já se manifestou em minha (nossa) defesa:

– Não, mãe. Monstros se criam sozinhos. Ele só me evoluiu!

Ponto de vista

– Sabia que seu filhote do meio tá lá com seu celular?

– E?…

– E sabia que ele já fez vinte e sete mil pontos naquele joguinho da bolinha?

– Hmm? É? Nada mau. Mas ainda muito longe dos SESSENTA E SETE MIL que eu fiz!

Kodomô! Você não tem vergonha de ficar disputando com as crianças, não?

– Nenhuminha, desde que EU esteja ganhando…