Dr. House

Confesso que ainda não tenho uma completa opinião formada…

Já não é de hoje que ouço falar do seriado do “Dr. House”, esse mal-humorado médico que encanta pela sua genialidade e sarcasmo. Assisti a uns dois ou três episódios da primeira temporada e, ainda que tenha achado interessante, não posso dizer que me cativou de imediato (diferentemente de outras séries que acompanho desde o início). Mas me intriga o entusiasmo que lhe deferem aqueles que o acompanham!

Por um desses acasos da vida acabei encontrando um livro (bastante “instrutivo”, por sinal) que, de uma maneira bem-humorada, trata desse personagem: Dr. House: um guia para a vida (mais aqui). E, por um acaso maior ainda, acabei comprando-o. E – acaso dos acasos! – tive tempo suficiente para lê-lo de uma só tomada…

Pude compreender um pouquinho melhor o carisma desse médico que não quer medicar e muito menos clinicar – simplesmente quer curar. O curioso é que, do pouco que assisti, na minha mente tracei um paralelo com o personagem Sherlock Holmes, de Conan Doyle (do qual li toda a obra) – e esse livro deixa bem claro que não se trata de mera coincidência, mas existem vários pontos concretos entre ambos! Fora muitas das questões subliminares, em especial posso citar a arrogância, a genialidade, a preguiça que se lhes acometem quando não estão a investigar um caso que os motive, sua distância do mundo (exceto do melhor amigo), gosto pela música, a incrível capacidade de dedução apenas com uma rápida olhada para uma pessoa e o fato de passarem por cima de toda e qualquer norma para provar um ponto de vista.

E o tão especial sarcasmo do Dr. House pode ser encontrado em suas inúmeras “frases de efeito” espalhadas pelos diálogos que tem com outros personagens…

A seguir, algumas de suas pérolas:

Dra. Cuddy: Não se prescrevem medicamentos com base em palpites. Pelo menso não desde Tuskeegee e Mengele.
Dr. House: Está me comparando a um nazista? (Sorri com admiração.) Que amável…

Dr. Foreman: Acho que o seu argumento é duvidoso.
Dr. House: E eu acho que a sua gravata é feia.

Dr. House: Oh, merda. (Ao ver os pais de um paciente vindo em sua direção.) Outra razão pela qual não gosto de conhecer os pacientes. Se não souberem como é, não podem gritar com você.

Dra. Cuddy: Trabalhar com pessoas faz de você um médico melhor.
Dr. House: Quando foi que me inscrevi nesse curso?

Dra. Cameron: Você sempre tem razão e nós somos idiotas.
Dr. House: Não. Só não me considero um idiota e não acredito que todos vocês tenham razão.

Estudante de Medicina: Você está lendo história em quadrinhos!
Dr. House: E você está chamando atenção para os seios ao usar uma blusa tão decotada.
(A estudante fica surpresa.)
Dr. House: Oh, desculpe, pensei que era um concurso de observações óbvias. Sou competitivo por natureza.

Dr. Foreman: Leu o histórico dele?
Dr. House: Comecei, mas achei os personagens muito rasos.

Paciente: Não consigo tirar as minhas lentes de contato.
Dr. House: Tirar de onde? Não estão nos seus olhos.
Paciente: Mas eles estão vermelhos.
Dr. House: Isso é porque você está tentando arrancar suas córneas.

(Cuddy vai atrás de House, para dizer algo a ele.)
Dr. House: (Gritando no meio do hospital.) Nunca mais quero ir para a cama com você! A primeira vez foi lástimável; só porque é minha chefe não pode abusar do meu corpo!

Dr. House: Estou vendo. Tem sete anos, é bonita, não pode ter bactérias asquerosas que comem carne. Vamos curá-la com raios de sol e ursinhos de pelúcia!

Dr. Foreman: Você é viciado em conflitos.
Dr. House: (Olhando para o seu Vicodin.) Mudaram o nome?

Dra. Cuddy: Roubar o teste de outra pessoa? Não acredito que tenha autorizado isso!
Dr. House: Sério? Me parece o tipo de coisa que eu faria.

(A um familiar, antes de falar com uma paciente.)
Dr. House: Importa-se de esperar lá fora por um momento?
Familiar: Por quê?
Dr. House: Porque você me irrita.

(Discutindo com Cameron sobre um paciente.)
Dr. House: Comecem a dar imunoglobulinas agora. Se ele melhorar, eu ganho; se morrer, você ganha.

Dr. House: Acontece que as suas opiniões não dão bons resultados. Aconselho a usar as minhas.

Fada Ruiva

Seu olhar profundo e misterioso
Me deixou a pensar
Me passava tristeza
Me dava vontade de abraçar
Aquela fada ruiva
Ajoelhada em frente ao lago
A sua imagem a contemplar
Seus cabelos cor de fogo
Flutuavam no ar
Sua pele branca
Destacavam seus lábios cor de maçã
Tão pequena e indefesa
Ali, sozinha… Ai que tristeza
Tamanha beleza
Tamanha dor
Ela ali parada
Não via suas asas no lago
Viu que era apenas uma menina
No seu mundo de fantasia
Esperando o príncipe encantado.

Carolina Salcides

Cabelos Negros

Serenos cabelos de perene fulgor
S’ agitam em ti voluptuosos.
E os teus olhos garbosos
São a seiva do meu amor.

Por onde andas quando só penso em ti?
Onde estás nos dias que não te vejo?
Já a tua voz ao longe me aquece o coração
E eu penso…
Quando sentirei o calor dos teus lábios nos meus…

Sérgio O. Marques

Essa que eu hei de amar…

Essa que eu hei de amar perdidamente um dia
será tão loura, e clara, e vagarosa, e bela,
que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela,
trazer luz e calor a essa alma escura e fria.

E quando ela passar, tudo o que eu não sentia
da vida há de acordar no coração, que vela…
E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela
como sombra feliz… — Tudo isso eu me dizia,

quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro,
e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro
do poente, me dizia adeus, como um sol triste…

E falou-me de longe: “Eu passei a teu lado,
mas ias tão perdido em teu sonho dourado,
meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!”

Guilherme de Almeida

Saudade

A DOR QUE DÓI MAIS

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.

Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.

Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

Martha Medeiros

Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e que você que também está vendo estas linhas, provavelmente, está sentindo agora que acabou de ler…

Definições

Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue.

Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.

Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.

Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair de seu pensamento.

Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa.

Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.

Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.

Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.

Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.

Ansiedade é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja.

Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.

Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.

Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.

Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.

Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.

Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.

Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente mas, geralmente, não podia.

Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.

Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.

Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.

Paixão é quando apesar da palavra “perigo” o desejo chega e entra.

Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado.
Não… Amor é um exagero… também não.
Um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego?

Talvez porque não tenha sentido, talvez porque não tenha explicação,
Esse negócio de amor, não sei explicar.

Mário Prata / Adriana Falcão

O Laço e o Abraço

Você já reparou como é curioso um laço…
Uma fita dando voltas?

Se enrosca…
Mas não se embola,
vira, revira,
circula e pronto:
está dado o laço

É assim que é o abraço:
coração com coração,
tudo isso cercado de braço.

É assim que é o laço:
um laço no presente,
no cabelo, no vestido,
em qualquer lugar que se precise enfeitar

E quando a gente puxa uma ponta,
o que é que acontece?

Vai escorregando devagarinho,
desmancha, desfaz se o laço.

Solta o presente,
o cabelo, fica solto no vestido.

E na fita, que curioso,
não faltou nem um pedaço.

Ah! Então é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento?

Como um pedaço de fita?
Enrosca, segura um pouquinho,
mas pode se desfazer a qualquer hora,
deixando livre as duas bandas do laço.

Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.

E quando alguém briga, então se diz
– romperam-se os laços.
– E saem as duas partes,
igual os pedaços de fita,
sem perder nenhum pedaço.

Então o amor é isso…

Não prende,
não escraviza,
não aperta,
não sufoca.

Porque quando vira nó,
já deixou de ser um laço!

Maria Beatriz Marinho dos Anjos