PT x PSDB – colocando na balança

Apesar de ter gostado – e MUITO – do trabalho do Bruno, um designer gráfico que voltou sua criatividade para desmentir parte do que rola nestas eleições, eu estava sinceramente em dúvida se replicava isso por aqui ou não…

Não pela qualidade do material, mas simplesmente porque este, por não ser, digamos, um “blog político”, já tem falado por demais de eleições. Sim, é claro que eu continuo querendo compartilhar todos os outros perrengues pelos quais eu costumo, passar – em especial nas categorias que envolvem direito, informática, a criançada de casa, música, curiosidades, etc. Mas no meu dia-a-dia eu praticamente respiro política e, por isso mesmo, não consigo simplesmente passar ao viés disso tudo.

Mas, nem bem isso passou pela minha cabeça, li o texto do Tiago Dória sobre “Por que compartilhar notícias?” – que também faz referência a este aqui.

E pronto!

Minhas dúvidas acabaram!

E segue o panfleto, o qual recomendo recortar-e-colar, imprimir, divulgar, distribuir – enfim, passar pra frente, certo?

Tweets aos jovens eleitores

Esse texto é do Túlio Vianna, recortado-e-colado lá do blog dele

Achei bastante interessante, pois, se pensarmos um pouquinho, a maior parte dos jovens de hoje em dia sequer tem noção de como foi o governo anterior. Aqueles que hoje contam com seus dezoito, vinte anos, há oito anos ainda eram crianças (alguns quase-adolescentes) que não tinham a mínima preocupação com a política. Mas agora se vêem na condição de eleitores e que conheceram apenas o atual o governo, sem saber do nefasto passado que bate à porta (não acredito que escrevi isso).

Pois, antes, política era tarefa para os mais velhos.

Que, convenhamos, também não se preocupavam lá muito com tudo isso.

Mas sofriam na pele.

Particularmente ainda guardo bem vivas na memória as agruras da época do apagão tendo um bebê em casa!

Aliás, sem muito esforço, é possível aumentar – e muito – essa lista abaixo…

Muitos jovens não entendem por que Serra e o PSDB são reaças, simplesmente porque não viveram a era FHC. É preciso contar pra eles como foi.

Ei, aluno da universidade federal, sabe como era a universidade pública no governo FHC? Leia aqui: http://cynthiasemiramis.org/2010/08/17/lembrancas-vida-universitaria-no-governo-fhc/

No governo do professor FHC, não havia PROUNI e, se pobre quisesse fazer curso superior, só lhe restava tentar vestibular nas federais.

Ei, jovem de 20 anos, vc sabia que FHC doou a Vale (2ª maior mineradora do mundo) pro capital privado? Ideia do Serra: http://www.youtube.com/watch?v=35K5Mp4Qzos.

Só a doação da Vale por Serra-FHC causou mais prejuízo aos cofres públicos que todas as acusações NÃO PROVADAS de corrupção do governo Lula.

Ei, jovem, de 20 anos, você sabia que no final do governo FHC-Serra o salário mínimo era de U$63,88 ? Hoje é de U$293,77. Bom, né?

Ei, jovem de 20 anos, sabe quantas universidades federais o professor FHC criou? Nenhuma! Sabe quantas o torneiro mecânico Lula criou? 12.

Ei, jovem de 20 anos, sabe qual a diferença pros miseráveis entre o governo FHC (1995-2002) e o governo Lula (2003-2010)? http://www.fgv.br/cps/Pesquisas/miseria_queda_grafico_clicavel/FLASH/.

Ei, jovem de 20 anos, sabe quantos empregos FHC criou? 800 mil . Sabe quantos empregos Lula criou? 11 MILHÕES!

Ei, jovem de 20 anos, que zoa o Lula por ser “analfabeto”, bom providenciar umas aulas de matemática pro economista Serra: http://www.youtube.com/watch?v=UiRNvK95438.

Ei, jovem de 20 anos, que zoa o Lula por ser “analfabeto”(2), aula de biologia pro ministro da saúde Serra: http://www.youtube.com/watch?v=_z97MhLvWsI.

Ah, jovem de 20 anos, no tempo de FHC, ministro das relações internacionais tirava até os sapatos pra entrar nos EUA: http://epoca.globo.com/edic/20020304/brasil4.htm

Quer saber mais sofre as diferenças entre o governo do PSDB e o do PT? Visite: http://lulavsfhc.tumblr.com/. (via @narcelio).

Ei, jovem de 20 anos, faltou essa: que tal viver num país com racionamento de energia elétrica? Governo FHC teve APAGÃO: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/2001-crise_energetica.shtml

Eleições 2010

Bem, chegamos ao final (desta etapa) das eleições…

Antes de mais nada cabe dizer que estou insuportavelmente feliz com a eleição do Marco Aurélio de Souza como Deputado Estadual! Em sua primeira disputa conseguiu emplacar com 69.485 votos, sendo um dos 24 deputados estaduais a compor a bancada da Assembléia Legislativa de São Paulo (antes o PT tinha apenas 20 cadeiras). Tanto a cidade de Jacareí quanto todo o Vale do Paraíba estarão muito bem representados por lá!

Isso se o TSE não mudar de idéia – o que transformaria essas eleições no maior balaio de gatos políticos jamais visto…

Ainda falando de São Paulo, que tem um colégio eleitoral de mais de 30 milhões de pessoas, alguns números impressionam: tivemos aproximadamente 16% de abstenção, 8% de votos nulos e 7% de votos brancos – o que nos deixa uma conta com mais ou menos nove milhões de eleitores. É muita gente. Isso me faz questionar (mais uma vez) a eficácia do voto obrigatório…

Bem, voltando ao povo eleito, outro que também merece o posto – e também em sua primeira disputa para esse cargo – foi o Carlinhos de Almeida, eleito Deputado Federal com 134.190 votos. O caboclo é bão, conhece do traçado e, com certeza, será um Deputado do Vale do Paraíba que enxergará a existência de outras cidades na região…

A Marta vai para o Senado, graças aos seus 8.314.027 votos, de modo a ajudar a bancada petista em seus projetos. Pergunto-me intimamente se não haverão rusgas com o Senador Suplicy, devido ao meio que conturbado histórico conjugal de ambos. The answer, my friend, is blowin’ in the wind…

A Dilma, no final das contas, não foi eleita já no primeiro turno, eis que até o momento (com 99,99% de votos apurados) conta com 46,90% de votos. Não terá como chegar aos 48,6% que o Lula obteve no último pleito presidencial, mas, se considerarmos o histórico de um e o de outro para uma eleição desse porte, é indubitável que ela se saiu muito bem. Agora é aguardar um mês de baixarias e pseudo-escândalos que a mídia nativa vai nos bombardear para tentar reverter esse quadro. Haja paciência para aguentar veja, folha, globo et caterva.

Mas a notícia triste fica por conta do governo do Estado de São Paulo. Não foi desta vez, Mercadante! Eu torci bastante para, ao menos, que se chegasse a um segundo turno – daí a disputa seria mais acirrada. Entretanto, em que pese mais de 8 milhões de pessoas optarem pela mudança, um número ainda maior (aproximadamente 11,5 milhões) preferiu deixar tudo do mesmo jeito. Ou seja, continua a multiplicação das praças de pedágio, a falta de segurança, o embate com funcionários públicos estaduais, a invisibilidade do interior paulista, etc – mas, sobretudo (e o pior de tudo) permanece a progressão continuada (ou “aprovação automática”, se preferirem). Ninguém merece…

13 razões para votar em Dilma Roussef

Mais uma vez recortado-e-colado lá do sempre lúcido Idelber:

1. Dilma é a continuação do governo Lula. Esta é a mãe de todas as razões. O governo Lula é aprovado por mais de 80% dos brasileiros e acumula, em todas áreas, uma coleção de números de fazer inveja a qualquer outro governo da nossa história republicana. A pobreza caiu pela metade. Mais de 30 milhões de brasileiros se juntaram à classe média. O salário mínimo subiu 74% sobre a inflação. Mais de 14 milhões de empregos foram criados. Dilma Rousseff foi parte deste governo desde o primeiro minuto e é a legítima herdeira desse legado (pdf).

2. Dilma continua a política de fortalecimento do patrimônio público. Uma das razões pelas quais o PSDB foge da figura de Fernando Henrique Cardoso como o diabo foge da cruz é a categórica opção, feita pela esmagadora maioria da sociedade brasileira, contra o privatismo, a desregulamentação e a venda do patrimônio público na bacia das almas. Somos um país de centro-esquerda, neste sentido. Nada foi privatizado no governo Lula e empresas como a Petrobras deram um salto gigantesco, de combalida candidata a ser “desmontada osso por osso” à condição de quarta maior empresa do mundo, responsável pela maior capitalização da história da humanidade. É Dilma, não nenhum outro candidato, quem representa a continuação desse fortalecimento.

3. Com Dilma sabemos que nossos irmãos mais pobres continuarão a ter acesso ao Bolsa-Família. Mais de 12,6 milhões de famílias foram beneficiadas pelo maior programa de transferência de renda do mundo. Não somente nós, de esquerda e centro-esquerda, mas também economistas liberais e instituições como o Banco Mundial concordam que o Bolsa-Família é parte essencial da redução da desigualdade. O principal candidato da oposição, José Serra, não conseguiu unificar sequer sua campanha ao redor de uma posição sobre esse tema. Chegou-se, inclusive, à bizarra situação de que enquanto o candidato prometia dobrar o BF, seus correligionários e sua própria esposa davam declarações que associavam o programa à “vagabundagem”. Com Dilma não tem erro: continuaremos a reduzir a desigualdade no Brasil.

4. Dilma representa uma política externa altiva, soberana e baseada no diálogo. A política externa é um dos grandes êxitos do governo Lula. Passamos de uma situação subordinada, em que discutíamos a entrada numa órbita estritamente controlada pelos EUA, que trouxe consequências tão desastrosas para os nossos irmãos do México, à condição de país internacionalmente respeitado, ouvido nos fóruns mundiais e líder incontestável da América Latina. A campanha do principal candidato da oposição foi marcada por desastrosas declarações, cheias de insultos aos nossos vizinhos. Traduzidas em política externa, seria uma fórmula certa para que o Brasil perdesse o lugar que conquistou no mundo. A opção pelo diálogo, pelo respeito às instâncias multilaterais e pela autodeterminação dos povos foi um sucesso no governo Lula e está em sintonia com as melhores tradições do Itamaraty. É Dilma quem representa essa opção.

5. Dilma provou ser uma verdadeira democrata. Nenhuma candidata à Presidência no período pós-ditatorial—nem mesmo Lula—sofreu bombardeio midiático comparável ao que foi lançado sobre Dilma Rousseff nesta campanha. Acusações falsas sobre seu passado; grosseiras infâmias sexistas; falsas notícias; manipulação de declarações suas; mentiras sobre suas contas; fichas policiais adulteradas: tudo foi lançado contra ela. Em nenhum momento Dilma moveu um dedo para calar ou censurar qualquer jornalista. Por outro lado, José Serra, tratado de forma infinitamente mais dócil pela imprensa brasileira, demonstrou amplamente que não é confiável no quesito democracia. Exigiu cabeças de jornalistas nas redações; confiscou fitas de vídeo; deu-nos uma patética coleção de pitis. Mostrou que não convive bem com a crítica. É com Dilma, não com Serra, que garantiremos a continuação da nossa condição de um dos países com mais ampla liberdade de expressão do mundo.

6. Dilma dá show de conhecimento numa das áreas mais importantes da atualidade, a energia. Em 2003, quando Dilma assumiu o Ministério das Minas e Energia, o Brasil vivia uma situação periclitante. Acabávamos de viver um vergonhoso racionamento. Dilma arrumou a casa, garantiu a segurança no abastecimento e a estabilidade tarifária. Participou diretamente da implantação do Luz para Todos, cuja meta original era 2 milhões de ligações, mas que em abril de 2010 já havia realizado 2,34 milhões de ligações, beneficiando 11,5 milhões de pessoas. Nossa produção de petróleo passou a 2 milhões de barris por dia. O pré-sal, descoberta possibilitada pelo trabalho de Dilma, dobrou nossas reservas de petróleo. Além de tudo isso, Dilma já provou ser conhecedora profunda das fontes limpas e renováveis de energia. Faça uma enquete entre os engenheiros da Petrobras. As intenções de voto em Dilma, entre eles, deve andar em torno dos 90%. Eles sabem o que fazem.

7. Dilma é a mais equipada para expandir e melhorar a educação no Brasil. Neste quesito, a comparação entre o histórico petista e o histórico tucano é uma surra de proporções inomináveis. Enquanto em São Paulo, alunos e professores sofrem com a falta de investimento e, acima de tudo, com a falta de respeito, emblematizada nas frequentes pancadarias policiais a que são submetidos, o Brasil criou, durante o governo Lula, 16 novas universidades, mais de 100 novos campi, mais de 200 novas escolas técnicas, mais de 700.000 novas vagas para pobres, a maioria negros e mulatos, através do ProUni. Os professores da rede federal saíram da situação de arrocho salarial em que viviam e agora tem um plano de carreira digno (que ainda pode e deve melhorar, sem dúvida, mas que representou um salto gigantesco em relação ao governo FHC). Se você é aluno, professor ou funcionário do ensino, ou tem filhos na escola, basta olhar para o histórico dos dois principais candidatos e você não terá dúvidas sobre em quem votar.

8. Dilma não criminalizará os movimentos sociais. O histórico tucano na relação com os movimentos sociais é péssimo. Professores espancados no Rio Grande do Sul e em São Paulo; o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra tratados como criminosos durante o governo de Fernando Henrique Cardoso; o funcionalismo público submetido a arrocho salarial e a uma total recusa ao diálogo em Minas Gerais. Sem misturar movimento social com governo, sem transigir na aplicação da lei, quando de aplicar a lei se tratava, Lula e Dilma estabeleceram com as manifestações políticas da sociedade brasileira uma relação de respeito e diálogo. É assim que deve ser. As declarações de José Serra sobre, por exemplo, o MST, são profundamente preocupantes. É com paz e negociação que se resolvem os embates entre movimentos sociais e governo, não com porrada. Dilma é a garantia de que essa política continuará sendo seguida.

9. Dilma representa um novo reencontro do Brasil com seu passado. Notável na sua capacidade de falar sobre um passado traumático, admirável na tranquilidade com que se refere às torturas a que foi submetida, Dilma teve o dom de não transformar o rancor e o ressentimento em arma política. O Brasil está anos-luz atrás dos seus vizinhos do Cone Sul naquele processo para o qual os alemães cunharam essa belíssima palavra, Vergangenheitsbewältigung, que poderíamos traduzir como o dom de acertar as contas com o passado. É Dilma quem nos pode guiar na revisão desse pretérito ainda tão recente e tão pouco saldado. Sem rancor, sem revanche, sem ódio, mas sem transigir na aplicação da lei.

10. Dilma tem com quem governar, tem equipe. Este blog respeita o voto verde e respeita Marina Silva. Mas a afirmativa, tantas vezes feita por Marina nesta campanha, de que governaria com “os melhores do PT e do PSDB”, como se não existisse um pequeno detalhe chamado política, só se explica pela ingenuidade ou pela manipulação da ingenuidade. Um político governa com a equipe política que conseguiu montar, e é a equipe de Dilma quem botou Brasília para funcionar de acordo com os interesses dos mais pobres durante os últimos oito anos. Com todos os seus problemas, é o PT, não o PV, quem tem quadros experimentados o suficiente para a gestão de um país complexo como o Brasil. Isso não é por acaso. Mais de 50% dos brasileiros que têm alguma opção partidária preferem o PT. Por volta de 30% da população escolhe o PT como o partido de sua preferência. PMDB e PSDB seguem de longe, muito longe, com 6%.

11. Dilma é mais internet para todo mundo. O principal candidato da oposição, José Serra, pertence a uma força política que já demonstrou não ter compromissos com a expansão da internet para as camadas mais pobres da população. Expressão privilegiada dos grandes conglomerados midiáticos do país, o tucanato é responsável por desastres como o AI-5 Digital, uma coleção de inomináveis asneiras destinadas a cercear, censurar e controlar a liberdade da internet. Sob o governo Lula, o acesso à rede mundial de computadores aumentou muito e é Dilma, não qualquer outro candidato, quem tem histórico e compromisso com a implementação do Plano Nacional de Banda Larga, uma verdadeira carta de alforria informativa no país. Quanto mais gente tiver acesso à internet, mais democrática e bem informada será a nossa sociedade. Os pobres sabem disso e estão com ela, em sua esmagadora maioria.

12. Dilma tem uma bela, impecável história de vida. Representante da geração que correu risco de morte para lutar contra a ditadura com os recursos que tinha, Dilma jamais renegou seu passado. Com serenidade, ela sempre explica que o contexto mudou, que o mundo é outro, e que agora ela luta com outros instrumentos, dentro da normalidade democrática. Mas ela nunca fez as penitências meio patéticas, as autocríticas confortáveis a que nos acostumamos ao ouvir, por exemplo, Fernando Gabeira. Representante também da geração que acompanhou Leonel Brizola na recomposição do legado varguista na pós-ditadura, ela jamais renegou a herança do trabalhismo. Dilma Rousseff é a ponte entre o que de libertário e popular havia no trabalhismo brasileiro e o que de novo e transformador trouxe o Partido dos Trabalhadores. Sua presença já na administração Olívio Dutra em Porto Alegre mostrou que ela estava consciente de que essa ponte era possível. Muitos petistas—este atleticano blogueiro incluído—adotaram, especialmente nos anos 80, posturas sectárias e intolerantes ante o trabalhismo, incapazes que fomos de ver qualquer característica positiva no movimento que conferiu cidadania à classe trabalhadora pela primeira vez. Dilma é a possibilidade de aprofundamento desse diálogo entre o lulismo e tradição trabalhista que ele transforma. Essa bela história de vida está bem narrada em seu primeiro programa de TV:

 
13. Dilma representará uma vitória inesquecível para as mulheres brasileiras. Ainda somos um país muito machista. A violência doméstica é uma realidade cotidiana para milhares, talvez milhões de mulheres, especiamente as mais pobres. As mulheres ainda recebem bem menos que os homens pelo mesmo trabalho. A maioria da população feminina ainda acumula uma dupla jornada de trabalho. Não só por ser mulher, mas também por pertencer a um projeto político que já demonstrou ser aliado das mulheres na luta, Dilma pode contribuir a mitigar essa situação e nos fazer avançar nessa área tão urgente. Não é desimportante, claro, o fato de que ela é mulher: da mesma forma como a vitória de Lula, por si só, representou imenso ganho para a autoestima dos trabalhadores, que agora sabiam que podiam chegar lá, da mesma forma como a vitória de Obama trouxe enorme esperança para muitos negros jovens, que agora tinham a prova de que alcançar o topo era possível, a vitória de Dilma representará um enorme salto para a autoestima, as possibilidades, as aspirações de milhões de mulheres e, especialmente, de crianças e adolescentes do sexo feminino.

É por tudo isso, e muito mais, que eu voto Dilma Rousseff.

E EU TAMBÉM.

A legítima militância ainda existe!

Recentemente tenho falado aqui do suicídio midiático, de pesquisas eleitorais de um modo geral e de sua manipulação em particular. E, ainda, tenho reiterado a minha plena, total e convicta falta de credibilidade em charretes veículos de comunicação tais quais folha, veja, globo et caterva.

Entendam que não se trata de soberba e muito menos de puro, simples e cego posicionamento político. O negócio é que considero um desrespeito essa falta de decoro – lamento, não arranjei palavra melhor (ou pior) – na maneira de tratar a notícia. Manipulação de números, manchetes fabricadas (o Zé Luiz que o diga!) e tentativas em geral de emplacar algum escândalo só tendem a diminuir ainda mais a parca credibilidade que (talvez) ainda exista.

Na minha opinião esta talvez seja a última eleição em que ainda tentam utilizar em larga escala tais ferramentas de destruição de opinião em massa. O eleitor de hoje, de um modo geral, é MUITO mais qualificado. E a Internet em especial veio a servir de vacina contra esse onda virótica de manipulação. Ou seja, chega dessa vida de gado.

Mas não, isso não vai acabar. Nada no mundo acaba assim de uma hora para outra. Mas que esses dodôs midiáticos estão fadados à lenta extinção, não tenho dúvidas! E esse tom de fatalidade se estende também em termos políticos, pois com seu maior pilar de sustentação em São Paulo sendo severamente abalado, entendo que a tendência do PSDB é trincar e gradativamente rachar de forma irreversível. Basta olhar para a história recente, pois isso já aconteceu antes. E seu substituto deverá incorporar o que sempre deveria ter havido: uma oposição responsável e até mesmo – por que não? – saudável.

Sonho distante? Utopia? Delírio?

Talvez.

Mas, na minha opinião, é para onde parece que caminhamos…

Pois bem. Mas vamos ao que interessa. A militância era o tema. Eis o texto, recortado-e-colado direto lá do Vi o Mundo, do Luiz Carlos Azenha:

Confronto na Globo pode definir segundo turno em São Paulo

Fui ao sambódromo paulista ver o comício final da campanha de Aloízio Mercadante. Não fui propriamente para ouvir os discursos, já que poderia tê-lo feito pela rede. Eu queria dar uma olhada no público, conversar com as pessoas, sentir o clima.

Havia muita gente, que não arredou pé apesar de ter chovido canivete. Em seu discurso, Lula parece ter vacinado Dilma antecipadamente contra ataques de última hora a respeito da participação da candidata na resistência ao regime militar. Se chover bala de prata nos momentos finais da campanha presidencial, depois do debate da Globo, quando não haverá mais horário eleitoral gratuito para responder…

O presidente da República anunciou que, além do comício de encerramento da campanha de Mercadante, na noite de quinta-feira (quando Dilma estiver nos estúdios da Globo, debatendo), em São Bernardo, no sábado haverá uma caminhada silenciosa pelas ruas do ABC.

Duvido que Lula faria isso se não houvesse nenhuma possibilidade de segundo turno em São Paulo. Por tudo o que aconteceu ao longo desta campanha eleitoral e no passado, eu não confio no Datafolha, nem no Ibope. Simplesmente perdi qualquer confiança nos dois institutos. Portanto, prefiro trazer aqui os números da pesquisa mais recente do Vox Populi:

De acordo com a pesquisa do Vox Populi, Alckmin caiu de 49% para 40%. Mercadante cresceu 11 pontos percentuais, passando de 17% em agosto para 28% neste levantamento. Celso Russomano (PP) obteve a preferência de 7% do eleitorado, Paulo Skaf (PSB) de 3% e Fábio Feldmann (PV) tem 2%. Votos em branco e nulo somaram 7%, enquanto 13% dos eleitores disseram-se indecisos. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais. A pesquisa, encomendada pela Band e pelo iG, foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número 31.704/10 e ouviu 1.500 pessoas entre 18 e 21 de setembro.

Segundo o Vox, há uma clara curva descendente de Alckmin e ascendente de Mercadante. Acredito que o teto do petista deve ficar entre 30% e 35% dos votos. As chances disso levar a eleição paulista para segundo turno, portanto, são reais.

Tudo vai depender, é lógico, de uma performance superior de Mercadante no debate desta noite, na TV Globo, que costuma ter uma audiência mais alta, embora já não seja mais aquela Brastemp do passado. Ontem, depois do comício, Celso Russomano declarou apoio a Dilma Rousseff. Ou seja, tudo indica que esta noite os dois farão dobradinha contra Alckmin.

E o que constatei no comício do sambódromo? É lógico que a militância do PT já não é mais a mesma de 1989, por exemplo. Mais de vinte anos já se passaram, o partido ganhou muitas eleições, comandou o Brasil, vários estados e centenas de prefeituras. O partido se profissionalizou.

Porém, para minha surpresa, além dos cabos eleitorais contratados — especialmente dos candidatos a deputado do partido –, notei a presença de centenas de militantes que foram ao comício pelo prazer da politica. Gente de toda parte de São Paulo. Muitas bandeiras do MST, do PCdoB e das centrais sindicais. O cartaz “A Folha Mente” estava lá. E havia centenas de pessoas com as tradicionais estrelinhas e camisetas do PT, como nos velhos tempos.

Acredito que a polarização proposta por Lula na fase final da campanha parece ter dado resultado. Eu não desprezaria a militância digital, como muita gente faz. Mas ainda acredito que, na hora agá da eleição, a militância em carne e osso faz toda a diferença. Muita gente chega ao dia da eleição indeciso ou com o voto não consolidado e, em geral, os eleitores confiam muito mais na opinião de parentes e amigos do que nas manchetes dos jornais ou no que diz o comentarista no rádio.

Em 2008, na eleição para a Prefeitura de São Paulo, fui a um evento do PT e constatei a ausência da militância tradicional e a presença quase exclusiva de militantes profissionais, pagos para acenar as bandeiras e sair na propaganda da TV. Desta feita, no entanto, o que me surpreendeu foi ver e conversar com gente que atravessou a cidade para participar de um comício sob tremenda chuva. Apesar do aguaceiro, foi um bom augúrio para Mercadante.