Sobre debates e pesquisas eleitorais

Um trecho bastante interessante de um dos últimos textos do Pedro Doria:

Uns dez anos atrás, aprendi algo cobrindo a eleição (…): jornalistas têm imensa dificuldade de avaliar debates enquanto eles acontecem. Tudo que achei como um repórter de política foi negado pelas pesquisas. Quem gosta muito de política tem a mesma dificuldade. E o motivo é o seguinte: somos (…) gente que presta atenção demais. Não é assim que eleitores que ainda não decidiram em quem votar vêem debates. Estes eleitores simplesmente não ligam muito para política. (Se ligassem, já teriam feito sua escolha.)

Tá certo que a matéria trata das eleições nos Estados Unidos, mas a experiência descrita foi em solo tupiniquim. Aliás, uma dos detalhes interessantes nessa leitura é a descrição do comportamento referente à “linguagem corporal” dos candidatos – parece que não, mas é um fator que pode acabar influenciando a decisão de quem assiste sobre em quem vai votar.

Mas uma grande verdade contida no texto é a de que os eleitores são – e estão – muito mais atentos do que os políticos usualmente imaginam. Subestimar a inteligência e a capacidade de percepção dos eleitores é, na minha opinião, uma grande bobagem – o que, infelizmente, continua sendo feito por diversos políticos, principalmente os “da velha guarda”. Não pensem que nós não sabemos o que vocês fizeram no verão passado… Nossa memória coletiva pode até ser curta, mas as falcatruas e atrocidades políticas cometidas enquanto detentores do poder (ou a ele ligados) continuam bem frescas em nossa memória, obrigado.

E um outro detalhe, sobre o qual já falei aqui. Uma boa parte da imprensa, assim como os políticos aos quais me referi, também continua a subestimar a capacidade de raciocínio do povo. No início das eleições suas pesquisas geralmente mostram o quadro que mais lhe aprouver – ainda que totalmente diferente daquilo que você vê nas ruas – e seus números vão mudando, mudando, se “afinando”, até que, às vésperas das eleições, quase mostram a realidade – afinal de contas nenhum veículo de comunicação gostaria de assumir que suas pesquisas estariam erradas, sem refletir a realidade…

Mas e que vantagem levam nisso? Pra que mascarar os números desse jeito? Até onde posso compreender, entendo que é para tentar arregimentar o que chamo de voto útil. É o caboclo que não sabe e nem se interessa em quem vai votar – só o faz porque é obrigado. Não costuma ter comprometimento nenhum com a sociedade em que vive. E esse distinto não gosta de desperdiçar seu voto. Lá pela véspera das eleições ele vai dar uma conferida nas pesquisas e vai votar em quem em tese estiver ganhando. Simples assim. Idiota assim.

E esse é o real perigo dessas pesquisas encomendadas.

Números que apontam empate técnico podem até ser lidos favoravelmente por especialistas, mas o povo mesmo só tem olhos para quem está na frente. Muitas vezes sequer se importam se o candidato é deste ou daquele partido, pois neste Brasilzão a grande verdade é que pessoas votam em pessoas – raramente em partidos. E assim deixam de votar em quem talvez até escolhessem numa outra situação meramente para que seu voto seja o daquele que teoricamente irá ganhar.

Assim, repito o que já disse antes: vote consciente. Saiba em quem vai votar. Não vá por tendências ou modismos. Descubra qual foi o papel de seu candidato no passado, o que ele efetivamente já fez ou deixou de fazer em prol do interesse público, quais seus méritos, quais suas máculas.

E mande as pesquisas para o inferno!

Mania de crise

O título foi descaradamente copiado deste post lá do Lente do Zé, de onde também recortei e colei essa deliciosa crônica que segue…

A BOLSA OU O BODE
Xico Sá

( Da crônica publicada semanalmente nos jornais O Tempo (BH), Diário de Pernambuco e Diário do Nordeste – Distribuição agência BrPress )

Toda vez que escuto falar em quebradeira nos mercados, só penso na galinha da terra com pirão de parida do mercado da Encruzilhada, no Recife, só penso no bode com cuscuz do mercado da Madalena, na mesma invicta cidade, só penso no fígado com jiló do mercado Central de Belo Horizonte, só penso no Shop-chão, como é conhecida a venda de coisas tantas na calçada ali nos derredores do mercado também central de Fortaleza, só penso no Ver-o-peso, o mercado de Belém, estes sim, entre outros nucleares, são os mercados centrais da existência, o resto é boato de playboy brincando com dinheiro dos outros como a gente brincava na infância com cédulas feitas de carteiras de cigarro, você se lembra?.

Nunca leio sobre o assunto, essa jogatina de banco quebrado não me interessa, mas mesmo sem querer nos buzinam nos ouvidos, no rádio, na tv, no noticiário, sem falar nos chatos pobres que se acham os magnatas, os lascados que enricam durante as bebedeiras, os fazendeiros imaginários e toda essa gente que dana-se a fazer fortuna nas nossas oiças.

Foi o que aconteceu esta semana logo assim que anunciaram mais uma vez o fim do mundo, a quebradeira da banca capitalista, coisa igual ao juízo final de 1929 norte-americano, crash, um alarde, uma gritaria dos diabos, valha-me Santa Edwiges, padroeira dos devedores, pior do que o anúncio do apocalipse no gramofone dos Borboletas Azuis, a seita que começou a estocar arroz, feijão, vela e farinha de Juazeiro do Norte até as encostas da Serra da Borborema, na Paraíba, na virada dos 1999 para os anos 2000 –uma gente fanática mas, convenhamos, muita mais honesta do que os idiotas do mercado financeiro.

Não sei se na hora que o amigo e a amiga lêem esta crônica o mundo já está arrombado, duvido muito, apesar dos galeguinhos americanos tenham feito tudo para nos mandar para os piores atoleiros da humanidade –a desgraça é que mesmo sem querer muita gente daqui é sócia invisível deles e quer continuar sendo mais ainda. Bem feito. Quero ver a quebradeira pegar gente como nós que aplicamos 100% na vida, nos gastos essenciais e nas celebrações merecidas nos bares, batizados, casamentos, bodegas, quintais em festas e mercados centrais.

Sim, não somos burros, é óbvio que se a merda virar boné se lasca até quem está fora desse baralho, todo mundo, uma avalanche dos infernos, mas por isso que defendemos o fim dessa brincadeira de playboy com o dinheiro honesto de quem cai nessa lorota. Amigo, se gosta de jogar, melhor entrar na liga de dominó do Alto Zé do Pinho, melhor jogar baralho, truco, porrinha, melhor correr da ciranda financeira que não tem nada a ver com Lia de Itamaracá, essa diva, essa gênia, melhor correr da arriscada jogatina, mesmo sabendo que a economia brasileira nunca foi tão forte em toda a história, nunca segurou tanto a onda e os seus tubarões monetários mais famintos do que as feras do mar de Boa Viagem. O meu dinheirim mesmo não dá tempo nem de esquentar debaixo do colchão, gracias, aplico todinho nos boxes mais alentados dos mercados centrais e nos seus derredores, seja em São Paulo seja na tapioca com nata ali perto da estação ferroviária do Crato.

Que o mundo globalizado se quebre até as juntas, mas, faz favor, não venha com essa ventania dos infernos para cima de quem nunca colaborou com essa mentira. Se você nunca entrou nesse jogo, amigo, vá à justiça cobrar a mordida. Ciranda, brother, só de Lia de Itamaracá, o resto é fraude e suspeita.

Prefeitura é lugar de despacho?

Antes de mais nada, não, não é onde eu trabalho.

Acontece que participo de uma lista de discussão de opaleiros na qual o autor das fotos as encaminhou por engano – inclusive desculpou-se pelo equívoco. Mas o (hilário) estrago já estava feito.

Aliás, não tenho a mínima idéia acerca de em qual Município foi feito o tal do “despacho”. Mesmo assim já deu pra ter uma idéia do nível da disputa eleitoral por lá!

Por fim convém lembrar que qualquer espécie de magia é tão forte quanto a crença que se tem nela…

😉

Secando a Lei

Opinião do Sérgio Leo que vai ao encontro de tudo aquilo que eu sempre disse desde o começo desse imbróglio todo de “Lei Seca”:

A imprensa comtinua atribuindo à Lei Seca o que é função da maior fiscalização no trânsito: a queda de acidentes. Foi a fiscalização relaxar e os índices já começaram a subir, sem que se tenha notícia de aumento ou queda no consumo de bebidas nos bares.

É esperar agora começarem as notícias sobre achaques aos cidadãos que bebem socialmente e dirigem sem ameaçar ninguém.

Mais do mesmo lá no Copoanheiros

Politiquês ferrenho

Eis algumas das frases ditas por um candidato a prefeito (PSOL) em uma cidade do interior de São Paulo durante um debate num programa de rádio.

As crianças são tratadas como ‘mercadoria’ (??)… não há vagas, terceirizaram as ‘mão-de-obra’; se nóis não educar o povo…

Como os ouvintes podem tá assistindo (sic), ouvindo as mentira…

Como ser humano avalio a falta de incompetência, de humanização.

Sem comentários…

Cidade digital

No início deste ano já falei um pouco sobre o tema, como dá pra rever bem aqui.

Mas com toda essa balbúrdia que tenho visto nas cidades da região em função das eleições municipais, com farpas trocadas e dedos em riste, achei que seria melhor deixar uma coisa bem clara. O projeto Cidade Digital é uma realidade. E uma realidade factível. Já vem “acontecendo” aqui no Litoral Norte e – bem mais próximo – na cidade de Jacareí, SP. E que não me venham falar que seria uma questão meramente política! Aliás, o próprio Sérgio Amadeu – de quem empresto as palavras – já fez uma boa análise, que está aqui. Em seu artigo cita diversas cidades no Brasil e conclui:

Temos ainda os casos de Sud Menucci (SP), Quissamã (RJ) e Tapira (MG). Todos fornecem sinais gratuitos reduzindo o ‘CUSTO BRASIL’ de comunicação e contribuindo para a inclusão digital. Nenhuma dessas prefeituras é governada pelo PT. Defender cidades digitais não é uma questão partidária. Trata-se de uma questão pública.

Eleições no Vale

Bem, no tocante às eleições municipais em grandes capitais o Idelber já traçou um quadro bem claro, inclusive de seu apoio, bem aqui.

Mas e as eleições municipais no Vale do Paraíba, terra deste hidromineiral escriba, como ficam?

Eu seria cínico se dissesse que minha opinião é isenta de um certo partidarismo, mas – de verdade – em cada caso creio que teríamos a melhor opção para cada uma das cidades. Conheço pessoalmente cada um deles, bem como o trabalho que já desenvolveram, e sei que a população de cada Município só teria a ganhar com sua eleição. Por isso o Legal (sim, eu) declara seu apoio aos seguintes candidatos:

Em Jacareí, Hamilton.

Em Caçapava, Paulo Roitberg.

Em São José dos Campos, Carlinhos – e, é lógico, com Ângela para vereadora.

E, de quebra, convém destacar que eu não acredito em pesquisas jornaleiras jornalísticas (para mim estão no mesmo patamar do Coelhinho da Páscoa, Monstro do Lago Ness e Nota Fiscal Paulista). Não, não é “querer tapar o sol com a peneira”, como alguns já me disseram. Mas dá pra levar a sério e basear seu voto em pesquisas onde 60, às vezes 70% não opinaram? Aliás, alguém algum dia já foi pesquisado? Não eu nem ninguém que eu conheça…

Enfim, seja qual for seu candidato ou candidata, quer seja para o cargo maior ou para a vereança, procure saber quem realmente é a pessoa em que você depositará seu voto. Veja seu histórico, seus trabalhos, suas realizações. Se está preparado(a) para lidar com a máquina político-administrativa de sua cidade – o que, posso garantir de cátedra, não é nem um pouco fácil. Ou seja, vote consciente. Só assim você terá quatro anos para se orgulhar!