Na terça, uma foto

Tá.

Eu sei.

“Mas é quinta…”

Tô meio corrido, tá bom?

Mesmo assim, vamos lá. Nessa foto de São José dos Campos – dá pra ver a Igreja Matriz lá no fundo – apesar de estar escrito “Béla Vista” (esqueçam, por favor, as atuais regras ortográficas), a coisa talvez seja um pouquinho diferente. É que hoje o chamado bairro Bela Vista, na realidade, fica à esquerda de quem passa pelo “Viaduto de Santana”, sobre a estrada de ferro, que liga o bairro ao Centro.

Já deu pra perceber que o viaduto ainda não existia quando a foto foi batida…

Apesar de na época ter o nome de Rua Paraíba, trata-se da hoje conhecida Av. Rui Barbosa (aquele morro lá na frente é o ponto onde ela chega na Rodoviária Velha) e a foto deve ter sido tirada perto de onde atualmente está o carrinho de lanches Pascoaleto’s, de meu amigo Edilson (roaylties, please).

Ali à direita, uns cinquenta metros adiante de onde está aquela casinha com um arco na entrada, hoje fica o CooperRhodia Coop, lá de Santana (e eu aqui, sem cobrar nada dessa propaganda gratuita para meus milhares de leitores).

Aliás, essa mesma casinha ainda existia até pouco tempo atrás e foi uma das residências da Dona Victória, uma senhora já idosa quando da minha adolescência, mas com um bom humor insuportável. Ela fazia salgadinhos para vários bares da região e um de meus primeiros empregos foi justamente entregar, de bicicleta e ainda de madrugada, esses salgadinhos – os quais muitas vezes eu mesmo ajudava a fazer…

Kevin Hideaki Miura Andrade

Sim, meu filho. Este é seu nome. E não se iluda, pois é um nome forte, com bons presságios, escolhido carinhosamente por mim e por sua mãe. Todos os detalhes foram pensados, desde a preservação de sua herança japonesa, a continuidade dos nomes de nossas famílias, passando pela numerologia e até mesmo prevendo uma facilidade de pronúncia e comunicação em qualquer parte do mundo.

E tudo isso bem antes de seu nascimento, que se deu no dia 13 de maio do ano de 1.999, exatamente às 13 horas e 2 minutos – como se para homenagear os dias do aniversário de sua mãe e meu…

dez anos atrás.

Me parece que foi ainda ontem, quando corremos para o hospital, todo o nervosismo e insegurança de nosso primeiro filho. Nosso primogênito. E lá veio você, lindo, perfeito, saudável. Não sei se ainda lembra do hemangioma, uma espécie de “manchinha” que você tinha na perna e que acabou sumindo com o tempo. Já naquele momento foi nossa primeira preocupação com sua saúde. Outras vieram. Sustos e correrias. O maior desespero de minha vida quando, por causa de uma febre muito forte, você teve convulsões. Parou de respirar. Não sabia o que fazer. Não sabia o que seria de minha vida sem você. Mas, graças ao bom Deus, passou.

Tudo passa. As broncas, os castigos, as manhas. Só não passa minha preocupação. Nunca. Sempre me preocuparei com você. Sempre pensarei em você. Sempre. Todo o tempo, o tempo todo.

E, dentre tantas surpresas, lá se vão dez anos. Quase um adolescente. Novas descobertas, novos interesses, novas aventuras, novas metas. E quero participar de tudo isso com você. Quero compartilhar. Quero viver e continuar vivo através de você, de seus olhos de seus pensamentos.

Mas também tenho trabalho a fazer. Longe. De avião e o dia inteiro. Não sei se conseguirei voltar a tempo para, ainda hoje, lhe dar o merecido abraço pelo seu aniversário. Mas tenha certeza de que estarei presente em espírito, assim como você estará presente em meus pensamentos. Como sempre está.

Te amo, meu filho.

Mais do que você possa supor ou imaginar.

Deste seu velho pai, que sofre por estar ausente,

Adauto de Andrade

Em 13 de maio de 2.009.


E este sou eu, antes mesmo de meus dez anos…

Na terça, uma foto

Tá, e por que não duas?

Em primeiro lugar uma boa e velha foto de um dos núcleos mais antigos da família Andrade: Seu Bento, vulgo meu pai, que – firme e forte – ainda ontem completou seus 72 anos. Nessa foto, creio eu tirada por volta de 1970, ele aparece juntamente com meus dois irmãos mais velhos e tendo no colo este que vos escreve (sim já fui bem mais gordinho e – pasmem! – loiro)…

A seguir temos o mesmo Seu Bento com sua adorável moto – alguém saberia a marca? Eu sempre me esqueço… Naquela época, quando a sociedade ainda não estava engessada como nos dias de hoje em prol do “politicamente correto”, a moto era o veículo da família, de modo que meu pai seguia pilotando, com meus dois irmãos no tanque e eu no colo de minha mãe, na garupa. Eu era bem pequeno, mas ainda me lembro que a cada vez que ele ligava essa moto a casa – literalmente – tremia toda…

Na terça, uma foto

Na realidade, “algumas” fotos…

São três momentos da antiga estação ferroviária Martins Guimarães, de São José dos Campos – sendo a foto mais antiga datada de cerca de 1928, logo abaixo.

Essa estação, situada na atual Estrada Municipal Martins Guimarães (lá pras bandas da Vila Industrial), foi inaugurada em 1921 e quatro anos depois reconstruída a cerca de 2,5km do ponto original, em função da abertura da variante da linha férrea em São José dos Campos.

O seu nome homenageia o engenheiro José Francisco Martins Guimarães Filho, chefe de tráfego em 1892 e depois chefe de linha e diretor (isso me lembra que tem uns “Guimarães” perdidos em minha árvore genealógica, vindos lá do interior de Minas…).

Por volta de 1948 a estação foi desativada devido à construção de uma variante muito próxima a ela, mas que a deixou fora da linha. Uma nova foi construída (a uns cem metros da original) com o mesmo nome na variante, mas foi demolida – a nova – no início de 2004.

Apesar de abandonada, a estação ainda está de pé e é tombada pelo Patrimônio Histórico Municipal desde 1996, como se vê pelo “perfeito” trabalho de preservação e manutenção a seguir…

Segundo notícias (internetísticas), ainda que pertença ao espólio da RFFSA, essa construção logo vai acabar caindo, pois as colunas tiveram tijolos retirados e estão muito desgastadas e finas. Na prática, o que mais protege a estação neste momento é o alto matagal que dificulta o acesso a ela…

Apesar de uma decisão judicial em primeira instância – movida pelo Ministério Público Federal – que obrigaria o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) a realizar obras de restauração nessa estação, a mesma foi suspensa após a atuação da Procuradoria Regional Federal da 3ª Região, pois foi alegado que não teriam sido cumpridos os procedimentos do Decreto-Lei nº 25/37 (isso mesmo, 1937, ainda da época do Getúlio!), de modo que o tombamento estaria irregular.

Enquanto dura a pendenga, cada vez mais há menos da construção. Na minha opinião, o dinheiro que já foi consumido processualmente entre horas de trabalho de procuradores e serventuários da justiça de um modo geral já garantiria a reforma da estação – que nem é tão grande assim!

Mas, “com sorte”, quem sabe o prédio já não cai primeiro? Na prática não seria isso que acaba sempre acontecendo nessas quedas de braço? Daí, segundo aquele velho fluxograma que já rodou centenas de vezes pela Internet, você puxa uma seta desviando de todos os quadros que imputam responsabilidades até conseguir chegar ao input final onde está escrito “não há problemas”

Na terça, uma foto

Pois é, atravessamos uma semana direto sem nenhum post.

Tá complicado manter esse cantinho atualizado…

Mesmo assim, vamos tentar manter o compromisso!

Essa foto abaixo é de meus bisavós pelo lado materno de meu pai. O que é que isso quer dizer? Que são os avós de meu pai pelo lado da mãe dele. Temos o ilustríssimo senhor Alcindo de Paula Maia (*1898/+1942), lavrador, nascido no Turvo, RJ, e a senhora Laura de Casaes Santos (*1898), natural de Santa Rita de Jacutinga, MG. Inclusive uma dessas crianças deve ser minha avó Sebastianna (*1920/+2000) – provavelmente a criança mais velha, no chão, pois meus bisavós se casaram em 1919, em Santa Rita de Jacutinga, MG.

Duas curiosidades. A primeira é que o nome “Laura” acabou atravessando mais uma geração, pois foi o mesmo nome que minha avó deu à sua filha caçula (a décima-segunda da linhagem) – que inclusive é uma tia mais nova que meu irmão mais velho. Coisas de família grande. A segunda curiosidade é a forma pela qual meu pai costuma referir-se à indumentária usada por seu avô para a foto. Segundo ele, trata-se de um “terninho de cagar em pé”