Genealogia – III

(até a décima geração)

Pois bem. Joaquim Theodoro de Andrade era filho de Francisco Theodoro Teixeira (+1870) e de Maria Emerenciana de Andrade (*1800 +1868) – e aqui quebra-se a linha de varonia, pois o nome Andrade segue pela linhagem materna. Também pode parecer estranho nos dias de hoje, mas não naquela época. Como dizemos em direito: “a maternidade é um fato, a paternidade é uma hipótese”… Maria era filha de Manoel Joaquim de Santana e de Venância Constância de Andrade (*1780), a qual, por sua vez, era filha de Lauriana de Souza Monteira (*1762 +1833) e de Manoel Joaquim de Andrade (*1750 +1828). Manoel teve por pais Maria de Morais Ribeira (*1711 +1794) e Antonio de Brito Peixoto (+1750), sendo que o nome Andrade simplesmente não apareceu nessa geração, tendo vindo dos pais de Antonio, Clara de Brito e Inácio de Andrade Peixoto – sendo este o “Andrade” mais antigo ao qual pude chegar, natural da Freguesia de São João de Souto, Comarca de Braga, Minho, Portugal. Mas a nossa árvore continuará por intermédio de Maria de Moraes Ribeira, minha septuavó. (continua…)

Genealogia – II

(até a sexta geração)

José Bento, filho de Sebastianna dos Santos, a qual descende das famílias Magalhães, Casaes e Maia, e de Antonio de Andrade (meu avô, não cheguei a conhecê-lo). Já Antonio de Andrade foi filho de Iria Rita de Bem, que também se liga à família dos Novaes, e de João Agnello de Andrade, todo esse pessoal de Minas Gerais. Aqui começa o nó. João Agnello era filho de Maria da Glória Teixeira (Guimarães), que foi casada com seu tio, Joaquim Theodoro de Andrade. Hein? Tio? Sim. Tio. Ele era um dos mais novos de uma família de onze, e ela era uma das filhas de seu irmão mais velho, Antônio Teodoro de Santana. Pode parecer inusitado nos dias de hoje, mas há que se lembrar que em meados do século XIX essa prática era muito comum. Até esse ponto as informações vieram de minhas próprias pesquisas, daqui em diante baseiam-se nas pesquisas de outrem, ligando-se ao meu trisavô, Joaquim Theodoro de Andrade. (continua…)

Genealogia – I

(Ou “Passo a passo como a linhagem de minha família chega até o primeiro Rei de Portugal”)

Kevin, Erik e Jean. Um taurino, um sagitariano e um ariano. O primeiro do milênio passado e os demais já desse milênio. Filhos de Mieko e Adauto, uma pisciana e outro taurino. Ela filha de Satiko, uma descendente direta de samurais, e de Sussumu, do clã Miura. Ele filho da dona Bernardete – dos Antunes, Moraes e Nunes, famílias centenárias em São José dos Campos – e do seu Zé Bento, mais um taurino, dos tradicionais Andrade vindos de Santa Rita de Jacutinga, em Minas Gerais. (continua…)

Eras Japonesas

Sistema de contagem dos anos no Japão, baseado no período de cada um dos Imperadores.

IMPERADOR MATSUHITO
ERA MEIJI
(08/09/1868)
IMPERADOR YOSHIHITO
ERA TAISHO
(12/07/1912)
IMPERADOR HIROHITO
ERA SHOWA
(25/12/1926)
IMPERADOR AKIHITO
ERA HEISEI
(08/01/1989)
 
 
 
 
 
 
 
 
1868 – 01
1869 – 02
1870 – 03
1871 – 04
1872 – 05
1873 – 06
1874 – 07
1875 – 08
1876 – 09
1877 – 10
1878 – 11
1879 – 12
1880 – 13
1881 – 14
1882 – 15
1883 – 16
1884 – 17
1885 – 18
1886 – 19
1887 – 20
1888 – 21
1889 – 22
1890 – 23
1891 – 24
1892 – 25
1893 – 26
1894 – 27
1895 – 28
1896 – 29
1897 – 30
1898 – 31
1899 – 32
1900 – 33
1901 – 34
1902 – 35
1903 – 36
1904 – 37
1905 – 38
1906 – 39
1907 – 40
1908 – 41
1909 – 42
1910 – 43
1911 – 44
1912 – 01
1913 – 02
1914 – 03
1915 – 04
1916 – 05
1917 – 06
1918 – 07
1919 – 08
1920 – 09
1921 – 10
1922 – 11
1923 – 12
1924 – 13
1925 – 14
1926 – 15
1927 – 01
1928 – 02
1929 – 03
1930 – 04
1931 – 05
1932 – 06
1933 – 07
1934 – 08
1935 – 09
1936 – 10
1937 – 11
1938 – 12
1939 – 13
1940 – 14
1941 – 15
1942 – 16
1943 – 17
1944 – 18
1945 – 19
1946 – 20
1947 – 21
1948 – 22
1949 – 23
1950 – 24
1951 – 25
1952 – 26
1953 – 27
1954 – 28
1955 – 29
1956 – 30
1957 – 31
1958 – 32
1959 – 33
1960 – 34
1961 – 35
1962 – 36
1963 – 37
1964 – 38
1965 – 39
1966 – 40
1967 – 41
1968 – 42
1969 – 43
1970 – 44
1971 – 45
1972 – 46
1973 – 47
1974 – 48
1975 – 49
1976 – 50
1977 – 51
1978 – 52
1979 – 53
1980 – 54
1981 – 55
1982 – 56
1983 – 57
1984 – 58
1985 – 59
1986 – 60
1987 – 61
1988 – 62
1989 – 01
1990 – 02
1991 – 03
1992 – 04
1993 – 05
1994 – 06
1995 – 07
1996 – 08
1997 – 09
1998 – 10
1999 – 11
2000 – 12
2001 – 13
2002 – 14
2003 – 15
2004 – 16
2005 – 17
 


Giri

O conto dos Quarenta e Sete Vassalos Leais

Alexandre Nuernberg
Adaptado do mangá “Lobo Solitário” (Kozure Okami),
de Kazuo Koike (argumento) e Goseki Kojima (desenho).

Era uma época insana. O menor capricho do Shogun tornava-se lei posta em vigor pela pena de morte. Ensinamentos de Buda, que condenavam a violência e a crueldade, foram deturpados em mandamentos contra a morte de animais de toda a espécie, decretando a fome e a peste aos outrora férteis campos do Japão. Caçadores enchiam as ruas, voltando-se para a mendicância e o crime.

Era uma época de decadência moral, regida por ridículas cerimônias. Um tempo de mortes estúpidas e sofrimento sem sentido.

Lorde Asano era jovem e tinha pouca paciência para com a etiqueta de corrupção do shogunato. Ele recusou-se a pagar propina a um oficial da corte. O funcionário, para se vingar, ludibriou Asano, levando-o a vestir-se erroneamente numa cerimônia onde o menor deslize era causa de humilhação pública. Enfurecido, o samurai atacou seu inimigo. Antes de ser subjugado, arremessou sua espada através de um corredor do castelo Tokugawa, a moradia do Shogun. Errando o alvo, o katana perfurou uma porta corrediça, adornada em ouro. Por ter causado dano ao lar de seu soberano, Asano foi sumariamente sentenciado à morte por ritual de suicídio.

Seus quarenta e sete vassalos juraram vingança e não tiveram sucesso. O Shogun então concedeu-lhes o privilégio de seguirem o exemplo de seu mestre, morrendo por harakiri. Quarenta e sete guerreiros samurai (um número grande demais para ser mantido num único pátio ou templo) levaram suas adagas a seus ventres e tombaram no exato momento em que as lâminas ceifavam seus pescoços.

O conto dos “Quarenta e Sete Vassalos Leais” é um estudo sobre o conflito entre a ética samurai e a burocracia do Shogun. Para o samurai, a devoção a seu senhor transcendia qualquer outra paixão na vida.

Essa obsessão em obedecer e servir seu mestre de maneira inquestionável e destemida era a pedra angular do código samurai.

Chamava-se “Giri”.

Giri também significa uma extrema lealdade ao nome da família e aos amigos, inclusive a estranhos a quem se sentisse simpatia ou afeição. Obrigação, honra, decência, cortesia, dívida de gratidão e responsabilidade.

Imigração Japonesa

O sonho de enriquecimento em terras brasileiras

Antonio Alves da Fonseca
Texto enviado para os participantes da Lista Gentree ( genealogia ).

Os japoneses também imigraram de sua pátria por motivos semelhantes aos dos italianos e dos alemães: a desintegração do sistema feudal após a “restauração Meiji” (1868), bem como a política de industrialização e urbanização.

O Estado japonês passou a taxar fortemente a propriedade rural e a produção agrícola, para poder financiar o desenvolvimento industrial, o que trouxe o empobrecimento aos proprietários rurais, que ficaram à margem do processo de modernização, forçando-os a emigrar.

Foram para Honolulu (Havaí) trabalhar com o açúcar e para as Ilhas de Guam (possessão alemã). Foram, ainda, para os Estados Unidos em grande número e também para o Canadá, trabalhar na indústria madeireira. Na América do Sul, estabeleceram-se no Peru, dedicando-se à indústria pesqueira; no Brasil, vieram trabalhar na lavoura do café.

O Japão tinha uma enorme população num território exíguo. A emigração do “excedente populacional” foi estimulada pelo governo para aliviar as tensões sociais e a explosão demográfica, de sérias consequências, como o desemprego, a miséria, a indigência…

Foram formadas as companhias de imigração, semelhantes àquelas formadas para a imigração italiana. Eram empresas privadas que se beneficiavam dos estímulos que o governo oferecia à imigração.

Os japoneses radicaram-se principalmente em São Paulo, já no início do século XX. Foram trabalhar na “frente de expansão” da lavoura cafeeira. Chegaram quando a imigração italiana sofria forte redução, no momento em que a procura por mão-de-obra para as fazendas de café era muito grande; maior do que a oferta.

Em 1907, o governo japonês e o paulista fizeram um contrato com a Companhia Imperial de Imigração, subvencionando parte dos gastos com o transporte de 3000 japoneses (mil por ano). Atendia-se assim aos interesses dos fazendeiros paulistas e aos do governo japonês.

Em 1908, chegam os primeiros japoneses (800), distribuídos por diversas fazendas do Estado de São Paulo. A relação entre os imigrantes japoneses e os administradores das fazendas foi muito conflituosa. Entre os próprios imigrantes eram frequentes os conflitos. As péssimas condições de trabalho, moradia e remuneração causavam constantes atritos, fazendo com que a maioria dos imigrantes abandonasse as terras já nos primeiros meses de permanência. Apenas 25% conseguiram ficar nas fazendas por mais de um ano.

O governo paulista tentou, diante dessa situação, cancelar os contratos. Para que isso não fosse feito, as companhias prometeram selecionar melhor os imigrantes, impedir as greves, as fugas ou o abandono das fazendas antes do prazo estipulado. Mesmo assim, em 1912, cerca de 60% dos japoneses já haviam abandonado as fazendas para as quais emigraram.

O sonho do enriquecimento

Os japoneses vinham para o Brasil com o objetivo de juntar um bom dinheiro e depois voltar para a sua terra. Trabalhavam como contratistas, diferentemente dos alemães e dos italianos, que eram parceiros. Assumiam a empreitada de cuidar de 4 mil a 8 mil pés de café por “família”, por um período de 4 a 6 anos. Poderiam intercalar o cultivo de café com agricultura de subsistência. Trabalhando dessa forma, alguns conseguiram realizar uma poupança, passando a pequenos proprietários. Era o sonho de todos aqueles que vinham com a família. Para isso, chegavam a dobrar a jornada de trabalho. Os que conseguiram adquirir uma pequena propriedade não retornaram para o Japão.

A partir de 1920, a emigração japonesa passou a ser politicamente orientada, principalmente após 1924, quando os Estados Unidos proibiram a entrada de japoneses no país, temendo o “perigo amarelo”. O governo japonês passou, a partir de então, a subsidiar integralmente a emigração para o Brasil. Fornecia capital para os projetos de colonização e para a produção de matéria-prima para o mercado japonês, atendendo a uma necessidade básica desse país, carente em recursos naturais.

O Japão começou a encarar o Brasil como um mercado potencial para os seus investimentos. Mensalmente, 1500 imigrantes chegavam ao Porto de Santos. Para termos idéia do crescimento dessa imigração, vejamos estes números: de 1908 a 1924, chegaram ao Brasil cerca de 35 mil japoneses; depois, em apenas 10 anos, de 1925 a 1935, foram 141 mil japoneses. A partir de 1936, essa imigração começou a cair, entrando no Brasil, no período de 1936 a 1950, somente 14.600 japoneses. Em 1942, o fluxo foi interrompido devido à Segunda Guerra Mundial.

Getúlio Vargas, com o “Estado Novo”, considerava os núcleos de colonização japonesa como “quistos raciais”. Os japoneses passaram a ser perseguidos, discriminados, falava-se no “perigo amarelo”, como nos Estados Unidos. Mesmo depois de restabelecidas as relações entre Brasil e Japão, no pós-guerra, a política de imigração por parte do governo japonês não foi retomada.

O Brasil também não tinha mais interesse numa política de imigração estrangeira.

Isoroku Yamamoto

Filho de samurais, o militar que arquitetou o ataque a Pearl Harbor gostava dos Estados Unidos e estudou em Harvard

Roberto Navarro
Artigo publicado na revista Super Interessante
ano 15, nr. 07, Julho de 2001.

A história do almirante Isoroku Yamamoto está cheia de ironias. Para começar, esse homem, que planejou e lançou o ataque contra Pearl Harbor, era justamente o maior opositor a uma guerra do Japão contra os Estados Unidos. Não que fosse pacifista. Isoroku nasceu em 1884 numa família de guerreiros, os Takano, e seu pai, um samurai aposentado de 56 anos – daí o nome Isoroku, escrito em japonês com os ideogramas do número 56 -, ganhava a vida forjando espadas. Acontece que seus primeiros professores foram missionários americanos, que lhe ensinaram inglês e lhe apresentaram o cristianismo e a cultura ocidental. Começou aí sua admiração pelos futuros inimigos.

Aos 17 anos, Isoroku foi admitido na Academia Naval Imperial, onde se destacou não só pelo brilho acadêmico, mas também por seu interesse pelo Ocidente numa época em que era intenso o sentimento antiocidental entre os militares japoneses. Em 1905, um ano depois de formado, Isoroku participou da batalha do Estreito de Tsushima, vencida pelo Japão e decisiva na guerra russo-japonesa, o primeiro conflito em que um país asiático derrotou uma potência ocidental, o Império Russo. Na batalha, Isoroku perdeu dois dedos da mão esquerda e ganhou fama de herói. Mesmo assim, continuou a enfrentar discriminação, no meio militar, por sua simpatia pelo Ocidente. Na época, crescia no Japão um ressentimento contra os Estados Unidos, por causa da atuação americana na Conferência de Portsmouth, que encerrou a guerra com os russos mas negou ao Japão o direito a indenizações.

Em 1916, o almirante Gonnohyoe Yamamoto, sem filhos e último descendente de uma tradicional família de samurais e líderes militares, adotou Isoroku para garantir a continuidade de sua linhagem. Amparado agora pelo sobrenome Yamamoto, Isoroku foi escolhido para uma temporada de dois anos de estudo na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, com a missão de aperfeiçoar seu inglês e descobrir o que pudesse sobre o poderio militar americano. Lá, o militar consolidou sua convicção de que desafiar os ianques era impraticável diante dos recursos da potência ocidental e da fragilidade da economia japonesa.

Depois da promoção a almirante, Yamamoto foi nomeado diretor do Departamento de Aeronáutica da Marinha. Suas idéias moldadas nos Estados Unidos determinaram a revolução na tecnologia militar que ocorreu no período. Entre várias outras inovações, sua gestão levou à criação do avião bombardeiro Mitsubishi G4M (conhecido como “Betty” pelos Aliados). Mostrando estar pelo menos uma década à frente dos estrategistas ocidentais, o almirante desenvolveu a idéia da “frota aérea”, uma força de aviação independente capaz de atacar alvos navais a partir de bases em terra, mas que podia ser rapidamente convertida para operar em porta-aviões.

Em julho de 1941, diante do crescente domínio dos militaristas sobre a política japonesa e dos embargos econômicos impostos pelos Estados Unidos, Yamamoto entregou os pontos: não havia mais nada a ser feito para evitar a guerra. Então, começou a planejar um ataque-surpresa que fosse devastador o bastante para arrasar de um só golpe as forças americanas no Oceano Pacifico e forçar os Estados Unidos a assinar um armistício. O resultado é o bombardeio de 7 de dezembro de 1941 à base de Pearl Harbor, no Havaí. Os aviões desenvolvidos por Yamamoto brilharam no ataque, mas a vitória arrasadora que ele buscava não aconteceu graças a um erro fatal – os porta-aviões americanos escaparam da destruição por estarem em treinamento. Resultado: os Estados Unidos entraram na guerra decididos a vingar o “dia que viverá para sempre na infâmia”.

Vingança que, no caso de Yamamoto, se concretizou na manhã de 18 de abril de 1943. Os americanos prepararam uma emboscada aérea sobre as llhas Salomão e derrubaram o avião em que o almirante viajava, matando-o. Ironia final: nessa última viagem, Yamamoto era passageiro de um bombardeiro Mitsubishi G4M “Betty”, sua criação.