Amor é amor

Oxímoro…

A pergunta que desde já não quer calar é: “por que começar um texto sobre amor, palavra tão sonoramente fértil, com outra de uma esterilidade auditiva extrema, como oxímoro?”

A pergunta em si já encerra a resposta…

Oxímoro é uma figura de retórica em que se combinam numa mesma expressão elementos linguísticos semanticamente opostos. Como exemplos, conforme se dê a construção de um texto, poderíamos ter as expressões “estridente silêncio”, “futuro arcaico”, “falsamente verdadeiro”, “simpatia assustadora”, “sofisticada simplicidade” e tantas outras mais.

A palavra oxímoro é formada de dois termos gregos” oxýs, que significa “agudo”, “penetrante”, “inteligente”, “que compreende rapidamente”, e morós, que quer dizer “tolo”, “estúpido”, “sem inteligência”.

Como se vê – e essa eu aprendi hoje – o vocábulo é formado de dois elementos contraditórios, o que significa que a própria palavra “oxímoro” é um oxímoro…

E cadê o amor?

Está neste soneto de Camões a seguir, um excelente exemplo poético totalmente carregado de oxímoros, que começa e se encerra em si mesmo:


Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
um nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É um querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?


Familiares os versos?

Sim, vocês já ouviram isso antes (ao menos aqueles tão “clássicos” quanto este que vos tecla…) em Monte Castelo, música do Legião Urbana lá do final dos anos oitenta.

Então basta aumentar o som e clicar no play aí embaixo!

Girls just want to have fun

E dentre as incríveis e dangerosíssimas atividades radicais a que tenho me lançado nos últimos dias, eis que hoje resolvi dar uma arrumada nos poucos milhares de arquivos MP3 que tenho aqui nas catacumbas de meu computador…

E eis que (re)encontrei uma boa parte das músicas que costumava curtir naquela década perdida (pero no mucho) de minha vida – a de oitenta -, quando para nós, adolescentes da época, o futuro simplesmente não existia, éramos imortais e o mais próximo que chegávamos de algum planejamento era para o próximo final de semana!

E no meio de tantos bits, bytes, notas, tons, letras e o escambau, não é que também estavam lá umas e outras músicas da Cyndi Lauper? Sem entrar no mérito – qualquer que seja que queiram escolher – ela simplesmente fez um baita dum sucesso à época…

Não sei a quantas anda nos dias de hoje (não, não quis fuçar no Google Images), mas que eu achava ela muito (mas MUITO) linda naqueles bons tempos, ah, eu achava!

Música do Dia

Diazinho chuvoso e eu no volante vindo para o trabalho.

Como de praxe, com o som ligado.

No pendrive, rodando aleatoriamente, uma música que teria tudo a ver com o mênstruo dia que se descortinava lá fora. Six cold feet, com Hugh Laurie (sim, aquele cara do House). Também, como de praxe, a mente começou a divagar sobre o que escrever por aqui sob a batuta dessa música…

Mas então percebi que não precisava ser assim. O dia lá fora não tinha necessariamente que refletir meu estado de espírito. Ou o contrário. Meio MIB II isso… Avancei para a próxima música. Desta vez Um blues, com Bruna Caram. Mesma situação. Vamos pra próxima.

Ah, agora sim! Uma música alegre, pra quebrar essa rotina! Essa em especial nunca consegui ouvir sem pensar no tom quase circense que ela traz. Assim, independentemente da letra (até porque praticamente TODAS as letras desse conjunto seguem a mesma regra romântico-cataclísmica), com vocês Los Hermanos e sua contagiante Descoberta!

(Sim, basta clicar no botãozinho “Play” aí embaixo…)