Me, Myself and I

É curioso como pequeninas frases – invariavelmente sem maiores intenções ou complicações – têm o condão de nos incomodar…

Eu costumo dizer que “de todas as ofensas que alguém possa lhe proferir, a que mais dói, a que mais cala fundo na alma é simplesmente a VERDADE”!

Há não muito tempo me disseram que eu vivo numa “bolha”, criada há cerca de quinze anos e que, desde então, parei de evoluir. Congelei no tempo-espaço e fiquei com as convicções e visão de mundo estacionadas desde então. Tudo o que ocorreu em termos culturais, musicais, literários, cinéfilos, televisísticos e afins simplesmente resvalaram neste neandertal que vos tecla sem sequer afixar uma mínima taxa de reconhecimento ou sequer de lembrança…

E, pensando bem, posso convictamente dizer: isso está errado!!!

Quinze anos é muito pouco.

O “congelamento” provavelmente se deu há muito mais tempo.

Não sei precisar quando. Mas tenho certeza absoluta de que minhas convicções atuais têm a ver com esse momento perdido no passado.

No fundo, no fundo, ainda que a pecha de “complicado” paire sobre minha pessoa eu sou um cara extremamente simples. Transparente. Nuances com certeza virão, mas, na prática, sou o mesmo indivíduo que aparento ser nos primeiros cinco minutos de conversa com quem quer que tenha me conhecido.

Mas, com tal característica à parte, de onde isso vem?

Esse “travamento”?

Qual foi o momento que me “prendeu” nessa personalidade?

Talvez, lá atrás, no primeiro beijo? Não, creio que não. Eu era novo demais para entender as sequelas daquele momento. Estávamos no começo dos anos oitenta e sei somente que, do alto de meus doze anos, aquela menina mais velha com ânsia de se envolver com o rapazinho que “aparentava ser bem mais velho”, invadiu minha boca com um beijo entregue e declarado ao qual eu não tinha muita certeza de como corresponder e do qual, digamos, não guardo lá muitas boas lembranças. Foi uma espécie de “batismo de fogo” na tribo da qual eu participava e, naquele momento, estava tudo certo. O que era verdadeiramente um verdadeiro beijo só fui compreender mais tarde…

Mas, de onde então veio essa paralisação?

Da primeira paixão? Creio que também não. O tempo passou, relacionamentos-relâmpagos também (naquela época ainda não existia o termo “ficar”), mas nada que fosse realmente relevante. A primeira pessoa que me impressinou a tal ponto (agora já com “experientes” quatorze anos) simplesmente descartou o tão preparado, ensaiado e planejado primeiro pedido sério de namoro que eu tive coragem suficiente de externar. Fiquei frustrado pelo resto da vida. O que durou mais ou menos umas duas semanas.

Então ainda não chegamos no cara que agora vos tecla…

Talvez então essa suspensão temporal tenha vindo com o primeiro amor? Bem, antes de mais nada, já cansei de explicar aqui neste nosso cantinho virtual o que eu considero como diferença entre amor e paixão. Basicamente enquanto aquele é perene, esta é vivaz. Um é brasa, outra é fogo. Um permanece, outra dilacera. Mas não se ama sem se apaixonar antes. Não se constrói sem destruir. E, depois que se ama, nunca mais se deixa de amar. Talvez você possa deixar de gostar, de conviver de estar juntos. Mas o amor? Este fica. Então aqui nada há também.

E onde ficamos? Num cara que acredita piamente nas pessoas. Que espera o melhor de cada um. Que releva todos os pecados (menos os próprios) e consegue enxergar o mais espetacularmente fantasticabuloso melhor de cada indivíduo!

É.

Creio que talvez este seja eu.

Talvez fadado ao eterno fracasso.

E congelado no tempo.

Num tempo de ingenuidade, de esperança, de fé.

No próximo.

Já li certa vez acerca de um infeliz ao qual foi senteciado que “enquanto a felicidade dele dependesse de outrem ele teria um sério problema a resolver”. Algo assim. Hoje entendo muito melhor essa frase.

O meu “problema” não é que eu parei no tempo. Mas, talvez, que o meu “caráter” tenha parado no tempo. E ele é como se define ser. E, de lá pra cá, nada o estimulou a avançar. Quer seja em termos culturais, musicais, literários, cinéfilos, televisísticos e afins. Nada disso importa. É lógico que não me tranquei para novas experiências, conhecimentos e aprendizagens – mas, na prática, dentro de minha singela e infantil simplicidade, ou se é certo ou se é errado. Tons de cinza certamente tendenciam a uma coisa ou outra. Mas, no final, a verdade é essa.

E o dia a dia?

Como ficamos com o mundo que nos cerca?

Irrelevante.

É óbvio que não sou essa “máquina de lógica” que pinto nos parágrafos acima. Dr. Spock continua sendo um personagem de ficção. Assim como Holmes. Mas o fogo que forjou minha personalidade certamente bebeu do combustível dessas figuras. Profundamente analíticos. Extremamente solidários. Insuportavelmente dedicados. Desesperadamente apaixonados.

E não há como ser atemporal nesse sentido…

O cravo não brigou com a rosa

Recortei e colei lá do Boteco Escola – como sempre, muito antenado em questões ligadas à educação. Me fez lembrar uma “discussão” recente sobre Monteiro Lobato ( que está aqui)…

Mas vamos ao texto.

Chegamos ao limite da insanidade da onda do politicamente correto. Soube dia desses que as crianças, nas creches e escolas, não cantam mais O cravo brigou com a rosa. A explicação da professora do filho de um camarada foi comovente: a briga entre o cravo – o homem – e a rosa – a mulher – estimula a violência entre os casais. Na nova letra “o cravo encontrou a rosa/ debaixo de uma sacada/o cravo ficou feliz /e a rosa ficou encantada”.

Que diabos é isso? O próximo passo é enquadrar o cravo na Lei Maria da Penha. Será que esses doidos sabem que O cravo brigou com a rosa faz parte de uma suíte de 16 peças que Villa Lobos criou a partir de temas recolhidos no folclore brasileiro?

É Villa Lobos, cacete!

Outra música infantil que mudou de letra foi Samba Lelê. Na versão da minha infância o negócio era o seguinte: “Samba Lelê tá doente/ Tá com a cabeça quebrada/ Samba Lelê precisava/ É de umas boas palmadas”. A palmada na bunda está proibida. Incita a violência contra a menina Lelê. A tia do maternal agora ensina assim: Samba Lelê tá doente/ Com uma febre malvada/ Assim que a febre passar/ A Lelê vai estudar.

Se eu fosse a Lelê, com uma versão dessas, torcia pra febre não passar nunca. Os amigos sabem de quem é Samba Lelê? Villa Lobos de novo. Podiam até registrar a parceria. Ficaria assim: Samba Lelê, de Heitor Villa Lobos e Tia Nilda do Jardim Escola Criança Feliz.

Comunico também que não se pode mais atirar o pau no gato, já que a música desperta nas crianças o desejo de maltratar os bichinhos. Quem entra na roda dança, nos dias atuais, não pode mais ter sete namorados para se casar com um. Sete namorados é coisa de menina fácil. Ninguém mais é pobre ou rico de marré-de-si, para não despertar na garotada o sentido da desigualdade social entre os homens.

Dia desses alguém (não me lembro exatamente quem se saiu com essa e não procurei a referência no meu babalorixá virtual, Pai Google da Aruanda) foi espinafrado porque disse que ecologia era, nos anos setenta, coisa de viado. Qual é o problema da frase? Ecologia, de fato, era vista como coisa de viado. Eu imagino se meu avô, com a alma de cangaceiro que possuía, soubesse, em mil novecentos e setenta e poucos, que algum filho estava militando na causa da preservação do mico leão dourado, em defesa das bromélias ou coisa que o valha. Bicha louca, diria o velho.

Vivemos tempos de não me toques que eu magoo. Quer dizer que ninguém mais pode usar a expressão coisa de viado? Que me desculpem os paladinos da cartilha da correção, mas isso é uma tremenda babaquice. O politicamente correto é a sepultura do bom humor, da criatividade, da boa sacanagem. A expressão coisa de viado não é, nem a pau (sem duplo sentido), ofensa a bicha alguma.

Daqui a pouco só chamaremos o anão – o popular pintor de rodapé ou leão de chácara de baile infantil – de deficiente vertical . O crioulo – vulgo picolé de asfalto ou bola sete (depende do peso) – só pode ser chamado de afrodescendente. O branquelo – o famoso branco azedo ou Omo total – é um cidadão caucasiano desprovido de pigmentação mais evidente. A mulher feia – aquela que nasceu pelo avesso, a soldado do quinto batalhão de artilharia pesada, também conhecida como o rascunho do mapa do inferno – é apenas a dona de um padrão divergente dos preceitos estéticos da contemporaneidade. O gordo – outrora conhecido como rolha de poço, chupeta do Vesúvio, Orca, baleia assassina e bujão – é o cidadão que está fora do peso ideal. O magricela não pode ser chamado de morto de fome, pau de virar tripa e Olívia Palito. O careca não é mais o aeroporto de mosquito, tobogã de piolho e pouca telha.

Nas aulas sobre o barroco mineiro, não poderei mais citar o Aleijadinho. Direi o seguinte: o escultor Antônio Francisco Lisboa tinha necessidades especiais… Não dá. O politicamente correto também gera a morte do apelido, essa tradição fabulosa do Brasil.

O recente Estatuto do Torcedor quer, com os olhos gordos na Copa e 2014, disciplinar as manifestações das torcidas de futebol. Ao invés de mandar o juiz pra putaqueopariu e o centroavante pereba tomar (…), cantaremos nas arquibancadas o allegro da Nona Sinfonia de Beethoven, entremeado pelo coro de Jesus, alegria dos homens, do velho Bach.

Falei em velho Bach e me lembrei de outra. A velhice não existe mais. O sujeito cheio de pelancas, doente, acabado, o famoso pé na cova, aquele que dobrou o Cabo da Boa Esperança, o cliente do seguro funeral, o popular tá mais pra lá do que pra cá, já tem motivos para sorrir na beira da sepultura. A velhice agora é simplesmente a “melhor idade”.

Se Deus quiser morreremos, todos, gozando da mais perfeita saúde. Defuntos? Não. Seremos os inquilinos do condomínio Cidade do pé junto

Luiz Antônio Simas
Mestre em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
e professor de História do ensino médio

Nota: Esse texto foi publicado originalmente em 28/12/2010 no blog do autor – Histórias Brasileiras – mas foi deletado. Entretanto ainda pode ser encontrado no cache do Google…

Nonsense…

Que o seu afeto me afetou é fato
Mas agora faça-me o favor

Os opostos se distraem, os dispostos se atraem.

De ontem em diante serei o que sou no instante agora.

Sem horas e sem dores, respeitável público pagão
Bem vindo ao teatro mágico, sintaxe a vontade…

“O Teatro Mágico”

Solidão e Liberdade

O que é solidão?

O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) afirma em “Ser e Tempo” que estar só é a condição original de todo ser humano. Que cada um de nós é só no mundo. É como se o nascimento fosse uma espécie de lançamento da pessoa à sua própria sorte. Podemos nos conformar com isso ou não. Mas nos distinguimos uns dos outros pela maneira como lidamos com a solidão e com o sentimento de liberdade ou de abandono que dela decorre, dependendo do modo como interpretamos a origem de nossa existência. A partir daí podemos construir dois estilos de vida diferentes: o autêntico e o inautêntico.

O homem se torna autêntico quando aceita a solidão como o preço da sua própria liberdade. E se torna inautêntico quando interpreta a solidão como abandono, como uma espécie de desconsideração de Deus ou da vida em relação a ele. Desse modo não assume responsabilidade sobre as suas escolhas. Não aceita correr riscos para atingir seus objetivos, nem se sente responsável por sua existência, passando a buscar amparo e segurança nos outros. Com isso abre mão de sua própria existência, tornando-se um estranho para si mesmo, colocando-se a serviço dos outros e diluindo-se no impessoal. Permanece na vida sendo um coadjuvante em sua própria história. Você já pensou nisso?

Sendo autêntico você assume a responsabilidade por todas as suas escolhas existenciais, aceita correr os riscos que forem necessários para atingir os seus objetivos, e passa a encontrar amparo e segurança em si mesmo. Com isso, apropria-se da existência, torna-se indivíduo, torna-se autônomo, torna-se dono da sua própria vida, dono da própria existência, torna-se senhor de si mesmo. Você se percebe sendo o senhor de si mesmo?

Angústia

A angústia provocada pela solidão é o sentimento que muitas pessoas experimentam quando se conscientizam de estarem sós no mundo. É o mal-estar que o ser humano experimenta quando descobre a possibilidade da morte em sua vida, tanto a morte física quanto a morte de cada uma das possibilidades da existência, a morte de cada desejo, de cada vontade, de cada projeto.

Cada vez que você se frustra, que você não se supera, que você não consegue realizar seus próprios objetivos, você sente angustia. É como se você estivesse morrendo um pouco.

Muitas pessoas sentem dificuldade de estarem a sós consigo mesmas. Não conseguem viver intensamente a sua própria vida. Muitas vezes elas acreditam que o brilho e o encantamento da vida se encontram no outro e não nelas mesmas. Sua vida tem um encantamento, um brilho, algo de especial porque é sua, apenas sua. Independentemente do que você esteja fazendo, sua vida pode ser intensa, prazerosa, simplesmente pelo fato de ser sua e por você ser único. Cada um de nós pode ser uma pessoa especial para si mesmo.

Solidão: a Condição do Ser

A solidão é a condição do ser humano no mundo. Todo ser humano está só. Esta é a grande questão da existência, mas não significa uma coisa negativa, nem que precise de uma solução definitiva. Ou seja, a solução não é acabar com a solidão, não é deixar de sentir angústia, suprimindo este sentimento. A solução não é encontrar uma pessoa para preencher o vazio existencial, não é encontrar um hobby ou uma atividade. A solução não é se matar de trabalhar e se concentrar nisso para não se sentir sozinho. Também não é encontrar uma estratégia para driblar a solidão. A solução é aceitar que se está só no mundo. Simplesmente isso. E sabendo-se só no mundo, viver a própria vida, respeitar a própria vontade, expressar os próprios sentimentos, buscar a realização dos próprios desejos. Quando se faz isso, a vida se enche de significado, de um brilho especial.

O objetivo não é fingir que a solidão não existe, não é buscar a companhia dos outros, porque mesmo junto com os outros você está e sempre será solitário.  O outro é muito importante para compartilhar, trocar. O outro é muito importante para a convivência, mas não para preencher a vida, não para dar sentido e significado à uma outra existência. A presença do outro nos ajuda, compartilhando, mostrando a parte dele, dando aquilo que não temos e recebendo aquilo que temos para dar, efetivando a troca. Mas o outro não é o elemento fundamental para saciar a angústia ou para minimizar a condição de solidão.

Cada um de nós nasceu só, vive só e vai morrer só.

A experiência de cada um de nós é única. O nascimento é uma experiência única, pois ninguém nasce pelo outro. Da mesma forma que a morte é uma experiência única, pois ninguém morre pelo outro. E a vida inteira, cada momento, cada segundo da existência, é uma experiência única pois ninguém vive pelo outro.

Trechos do livro Solidão e Liberdade, de Jadir Lessa.

Sucker Punch

Sucker Punch – Um Mundo Surreal…

Surreal mesmo!

Fazia muito tempo que eu não assistia um filme assim. Em termos de animação me fez lembrar de fimes antigos, tais como Submarino Amarelo e outro, bem mais recente (ali da década de oitenta), American Pop. Ambos musicais. Talvez por isso que, ao final do filme, saí com a impressão de ter assistido um longo videoclipe…

Ei, não é que o filme não seja bom! É… Digamos… Diferente. A trama é bem básica. Babydoll (Emily Browning – essa aí do cartaz, com jeitinho de ter escapado de um hentai), é uma garota que foi parar em um hospício e sua mente cria um mundo fantasioso onde tem que escapar de alguém que quer violentá-la. Para isso, cria um mundo fantasioso (dentro desse mundo fantasioso) onde tem que encontrar cinco objetos que lhe garantirão a liberdade.

Meio confuso, bem a La Tarantino, mas na realidade de Zack Snyder, que também foi diretor de Watchmen e de 300 – o que explica um pouco o ótimo visual de quadrinhos do filme…

Mas, além do visual, outro ponto que me prendeu foram as músicas!

Gostei delas!

Em especial a que abre o filme, uma versão neo-remixada (não acredito que escrevi isso!) de Sweet Dreams, uma saudosa banda (também não acredito que escrevi isso!!!) também lá da década de oitenta, Eurythmics.

Enfim, play no play e ouçam a música original!

English Project

E eis que o filhote nº 1 fez seu trabalho de inglês e pediu para que eu corrigisse. Não pude deixar de rir com as figuras que ele resolveu arranjar para ilustrar sua tarefa referente ao “Present Continuous”

Ah, e sim: o nº 4 aí embaixo também é o nº 4 da casa, ou seja, o Nimbus!

1. He is playing the guitar.

2. He is cooking.

3. She is singing.

4. He is sleeping.

5. He is flying.

6. She is reading the newspaper.

7. He is jumping.

8. He is swimming.

9. They are eating.

10. He is taking pictures.

11. She is climbing.

12. He is riding a horse.

13. He is playing the piano.

Decidindo decisões

Já sei que não vai ser fácil.

Garanto-lhes que o espírito é forte, mas a carne é fraca…

Contudo já passou da hora de resolver isso. Parar, parar, parar assim? Não sei. Difícil. Diminuir drasticamente o consumo de tudo isso a curtíssimo prazo? É minha primeira meta.

Isso vai dar um trabalho…