Grogueadas oníricas

Situação recorrente que costuma acontecer comigo e a Dona Patroa é a de nos perdermos nos shoppings da vida. Isso porque eu só costumo entrar num shopping para comprar o que quero e já sair, enquanto que ela faz questão de entrar em cada uma das 1.469 lojinhas de promoções de dérreal que existirem por lá…

Pois bem.

Eis que hoje eu SONHEI que havíamos nos desencontrado num shopping. Procura daqui, procura dali, pergunta pra um, pergunta pra outro e nada.

Então decidi que já era hora de pegar meu celular e ligar para descobrir onde ela estava.

Ainda meio grogue, LEVANTEI DA CAMA, procurei meu celular pela casa e então liguei pra ela.

– Oi, amor! Onde é que você está? Já te procurei por tudo quanto é lugar!

E ela, também meio grogue, LEVANTOU DA CAMA e com o celular na mão veio até onde eu estava e me respondeu:

– Que é que você quer, seu louco?

Só então me caiu a ficha.

Só então eu percebi o que estava fazendo, o que já tinha feito e o quanto eu estou ferrado, pois ela vai fazer questão de me lembrar disso e tirar um sarro da minha cara – no mínimo – pela semana inteira!

Sósifôdo…

O Spider-Man Mexicano e a Gwen Stacy que não morreu

O Spider-Man Mexicano nunca deveria ter existido, mas por obra do Destino tornou-se uma curiosidade muito mais interessante que suas próprias histórias.

Carlos Cardoso, em 30/09/2019 às 18:16, no meiobit.com.

Ok, não ESSE Spider-Man Mexicano.

Se você nunca ouviu falar do Spider-Man Mexicano, não se sinta excluído. É um dos lados mais obscuros do personagem, mas um dos mais divertidos e inacreditáveis. Nas imortais palavras do Lito, senta que lá vem história:

Se você pegar um pacote de revistas da Marvel hoje, publicadas nos EUA, vai perceber que a cronologia é uma zona, personagens aparecem em títulos diferentes vivendo momentos diferentes de suas vidas, mas isso já foi bem pior. No Brasil na década de 80 a editora Abril publicava títulos da Marvel que às vezes estavam dois ou três anos defasados uns dos outros.

Quando em 1984 foi lançada a saga Secret Wars, a Gulliver comprou os direitos para vender brinquedos associados à série, e pressionou a Abril a lançar as 12 edições, començando naquele ano mesmo. Para cumprir o contrato a editora criou um verdadeiro Frankenstein.

Alguns uniformes foram redesenhados, personagens foram apagados da existência, e até o final foi mudado.

Alterações menores são normais, tipo o A da mesa dos Vingadores ser invertido e virar um V, ou quando rebatizaram um personagem de Magnum (com um bigode ele tinha uma remota semelhança com o Tom Selleck), ao invés de manter o nome original, afinal se Wonder Man virasse “Homem-Maravilha” os leitores achariam que ele era mais gay que o Robin mordido por um Liberace radioativo.

O que era mais que incomum, mais que raro era a criação de histórias inteiras por parte das editoras locais. Não era o estilo da Marvel. A Disney, sem problemas, respeitando as regras de conduta, cada país tinha suas histórias próprias, e por isso o Zé Carioca conhecia tanto do gingado brasileiro.

Entra o Spider-Man Mexicano

O Aranha apareceu pela primeira vez em 1962, e já no começo de 1963 estreou em revista própria, a Amazing Spider-Man #1. O sucesso foi imediato, com o personagem atraindo leitores de todos os cantos. A Marvel, sempre disposta a faturar um trocado, licenciava as revistas que eram traduzidas, adaptadas e impressas nos mercados locais.

Em três meses El Sorprendente Hombre Araña chegava às bancas, publicado no méxico pela Prensa. O público adorou, as vendas foram incríveis mas surgiu um problema: Excesso de demanda. As pessoas queriam mais histórias.

Outros títulos foram importados e traduzidos, mas os Avengeiros (ou seja lá como for Vingadores em espanhol) não atraiam tanta atenção.  As pessoas queriam o Aranha.

A editora começou a catar histórias de outros títulos do Spider-Man, mas como as edições americanas eram mensais e depois de oito números as mexicanas se tornaram quinzenais, logo o material acabou, mas na mais nobre tradição mexicana, disseram aos fãs: “Todo o problema acabou, La Prensa chegou”.

Com Raúl Martinez escrevendo e José Luis González Durán desenhando, histórias locais do Hombre Araña começaram a ser publicadas. A Marvel não gostou, não eram histórias autorizadas, mas como a Casa das Idéias sempre foi meio casa da luz vermelha, e a regra era calcinha na mão dinheiro no chão (ou algo assim) e a Prensa mal ou bem continuava pagando royalties, fizeram vista-grossa.

Spider-Man Mexicano e a edificante Gwen Stacy.

No começo as capas eram kibadas do John Romita Jr, entre outros, e as ilustrações internas eram quase colagens, mas com o tempo Durán foi pegando jeito e se soltando, se soltando até demais. Ele nutria uma obsessão quase patológica pela Gwen Stacy, ela aparecia em quase todas as histórias, e, digamos assim, Durán a desenhava em um estilo bem… latino. Nenhuma americana loirinha do Queens teria essa… saúde.

As muitas “faces” de Gwen Stacy.

As capas chegavam a ser constrangedoras mesmo pros padrões de quadrinhos, onde homens vestem cueca por cima da calça e a mulherada ia pro combate de maiô. A arte de Durán era excepcionalmente boa pros padrões locais e da época, ele pecava por kibar muito material alheio, usava outros quadrinhos como referência o tempo todo, mas era uma necessidade. Ele tinha que trabalhar no dobro da velocidade dos artistas gringos, e ainda acumulava as tiras do Araña para publicação em jornais.

Seja por seu caráter ou suas tuberosidades calipígias, Gwen Stacy era extremamente popular, e por causa disso a Prensa começou a encher linguiça publicando histórias próprias, para não chegar ao fatídico The Amazing Spider-Man #121, quando (spoilers!) Gwen morre nas mãos do Duende Verde. Ou melhor, nas mãos de Peter Parker, o que é melhor ainda pra deixar a vida dele mais desgraçada ainda.

Mais de 45 edições foram produzidas, adianta a morte de Gwen Stacy, com direito a uma muito especial:

El Casamiento de Pedro Prado.

Como casar os dois daria muito trabalho e teriam que reescrever todo o material de fora, o casamento todo não passou de uma alucinação do Parker, mas deu aos leitores o que eles queriam, um momento final de telenovela para o casal número um dos quadrinhos, depois de Batman e Robin.

Quanto à Prensa, no melhor estilo dramalhão mexicano a má-gestão fez com que a editora se endividasse e fechasse as portas em 1974, mas como vitória final, eles nunca chegaram a publicar a morte de Gwen Stacy!

Mais tarde os direitos foram comprados pela OEPISA, que mantendo a tradição de transformar a cronologia da Marvel num samba do crioulo doido, publicou a revista Arañita (Spidey, no original) e entre histórias prontas e inventadas localmente, fizeram até um desautorizadíssimo crossover entre o Homem-Aranha e… Planeta dos Macacos.

versão 2.0 do Spider-Man Mexicano – Agora com mais kibe

Agora o final feliz que você não esperava: José Luis González Durán está vivo e bem, tem uma página no Facebook e mal acreditou quando sua arte (que era ótima, diga-se de passagem) foi redescoberta, e tanta gente foi atrás do homem que não deixou Gwen Stacy morrer.

José Luis González Durán, el padre del spider-man mexicano.

A FLIP está certa: a literatura é inútil

Edson Aran

O escritor Hilaire Belloc (1870-1953), um anglo-francês amigo de G.K. Chesterton, disse: “Metade do que escrevemos é prejudicial; o resto, inútil”.

Belloc foi poeta, político, ensaísta, católico fervoroso e esquizoide. Eu acho, pelo menos. Um “anglo-francês” é uma esquisitice tão grande quanto um “argentino-brasileiro”. Um ser imaginário que não faz sentido algum aos olhos de deus e dos homens. No entanto, Belloc está certo quando diz que escrever é uma atividade ridícula e desprezível. Pra quê serve a literatura, afinal? Pra nada. Absolutamente nada. Fez muito bem a FLIP em se transformar numa feirinha de ativistas. A turba bolsonarista que tentava impedir a palestra de Glenn Greenwald é a imagem que vai ficar do encontro. O resumo.

Livrarias fecham, editoras agonizam e só funcionários públicos podem se dedicar à literatura no Brasil, mas está tudo bem. Afinal, pra que serve a literatura? Pra nada. O que os dramas burgueses de Machado fizeram pela emancipação do proletariado? Nada. O que o indeciso príncipe dinamarquês de Shakespeare fez pela restauração do catolicismo na Inglaterra? Nada. O que Euclides fez pelo banimento dos canudos? Acertou: nada. Eu poderia comentar ainda o papel de Cervantes na emancipação da mulher negra (nenhum) ou de Mário de Andrade na demarcação de terras indígenas (zero), mas acredito que o argumento esteja claro. A literatura é uma atividade inútil e é uma absoluta perda de tempo se ocupar com essa bobagem. Ativismo, sim! Essa é a glória que fica, eleva, honra e consola.

Afinal, pra que serve a literatura? Só pra uma coisa, que é, no entanto, desprezível, desnecessária e dispensável: criar o imaginário de um povo. Uma ideia de nação. Uma ideia de país. Uma ideia de cultura. Uma ideia de futuro. Uma ideia de passado. Mas quem precisa disso? Não o Brasil, muito obrigado.

Passamos da barbárie à decadência sem fazer escala na civilização. Ficamos reduzidos a duas tribos políticas antagônicas que só se encontram no atraso. De um lado, a corrupção corporativista primitiva e cínica comandada por uma triste figura sebastianista endeusada por padres sem fé. De outro, o fascismo ignorante violento e tosco liderado por uma patética figura endeusada por pastores com fé apenas no dinheiro. Em 500 anos, foi isso o que conseguimos produzir. Quer dizer, 500 não, que isso é de um eurocentrismo pra lá de abjeto. São 13.500, a contar da chegada de Luzia na nossa horta. Luzia, o fóssil mais antigo das Américas. Aquele que quase virou cinzas quando o Museu Nacional pegou fogo, lembra?

Diante desse abissal tempo perdido, para que serve a literatura? Para construir um imaginário diferente desse que está aí? Para unir as tribos belicosas numa cultura comum? Ah, fala sério. Quem precisa disso? A Terra é plana, a cabeça é oca e a FLIP está certa em se encher de lobbystas em vez de autores.

Afinal, se todo mundo bater bumbo o tempo inteiro, ninguém vai ouvir o brasileiro gritando: “O horror! O horror! O horror!”

Ugur Gallenkus

Ugur Gallenkus é um fotógrafo que nasceu e vive na Turquia, cujo trabalho combina imagens de conflitos com cenas cotidianas e fotografias famosas, numa tentativa de evitar a banalização das imagens das guerras que beiram as fronteiras de seu país.

Treze de Maio: Kevin

Treze de maio.

Vinte anos!

Tanto tempo faz…

E vinte anos atrás?

Exatamente às treze horas e dois minutos – como se para homenagear os dias do aniversário de sua mãe e meu…

Pesando 3.370g e cravados 50cm de altura.

Meio metro.

Kevin Hideaki Miura Andrade.

Kevin. Um nome de origem celta, cujo significado é “Rio Estreito”. Nesse caso, uma alusão ao estreito caminho do meio, em que se navega entre o bem e o mal… Todos os detalhes foram pensados, desde a preservação de sua herança japonesa, a continuidade dos nomes de nossas famílias, passando pela numerologia e até mesmo prevendo uma facilidade de pronúncia e comunicação em qualquer parte do mundo.

Descendente de samurais.

Décima segunda geração a partir da matriarca da família Andrade, de 1629.

Nascido em São José dos Campos, SP, faz parte da sexta geração de legítimos joseenses.

Me parece que foi ainda ontem, quando corremos para o hospital, todo o nervosismo e insegurança de nosso primeiro filho. Nosso primogênito. E lá veio você, lindo, perfeito, saudável. Não sei se ainda lembra do hemangioma, uma espécie de “manchinha” que você tinha na perna e que acabou sumindo com o tempo. Já naquele momento foi nossa primeira preocupação com sua saúde. Outras vieram. Sustos e correrias.

Mas tudo passa. As broncas, os castigos, as manhas. Só não passa minha preocupação. Nunca. Sempre me preocuparei com você. Sempre pensarei em você. Sempre. Todo o tempo, o tempo todo.

E, dentre tantas surpresas, lá se vão vinte anos. Já é praticamente um adulto. Mas sempre com novas descobertas, novos interesses, novas aventuras, novas metas. E, se me permitir, quero participar de tudo isso com você. Quero compartilhar. Quero viver e continuar vivo através de você, de seus olhos e de seus pensamentos.

Te amo, meu filho.

Mais do que você possa supor ou imaginar.

Mas vamos ao que interessa: o momento em que o pai coruja expõe fotos de uma vida inteira para plena vergonha do filhote aniversariante!

😀


1999
No dia em que nasceu.


Uma de nossas primeiras fotos…


Com cerca de seis meses e já tinha a carinha de hoje.


2000
Primeiro aninho. Sempre é de palhacinho!


2001
Lembra do chapéu do Mickey?


2002
A prova de que o magrelo do seu irmão um dia já foi gordinho…
É aquele ali no colo da Márcia!


Na escolinha…


Seu irmãozito! De bochechas altamente mastigáveis!


Aos três anos já cantava como ninguém. Literalmente.


2003
Acho que foi a única vez que fizemos uma festa completa
lá na casa do seu avô Bento…


Aos quatro, nos primeiros movimentos do xadrez.


2004
Pikachu!


A Tropa completa!


2005
Incrível. Nossa família – não o tema. Tá, também…


2006
Amigos e primas.
As duplas (nada sertanejas) César & Daniel e Sara & Sabrine.


2007
Olha aí a turminha Incrível de novo…


2008
Nessa época sua paixão era Jedi.


2009
Começo da paixão por mangás…


2010
Aos onze, bolo branco e muito morango, como gosta (ao menos a sua avó acha que sim).


2011
Meu pequeno adolescente…


2012
Já com o começo da carinha de adulto que virá a ter!


2013
E a partir de então foi cada vez mais difícil conseguir tirar uma foto com uma carinha, digamos, “normal”…


2014
E também foi ficando cada vez mais sério…


2015
Mas sempre vai depender do momento, do estado de espírito e do delicado e variável humor que lhe é característico…


2016
Com seus melhores amigos do segundo grau – e a tradicional cara de louco na foto…


2017
Dezoito anos de idade!



No finalzinho do ano, cabeludo como ele só!



E no início do ano seguinte, reco. A reencarnação do Recruta Zero!


2018
Aos dezenove, comemorando com o núcleo da família…


2019
E agora, há pouco tempo, numa das fotos mais recentes… Crash & Eddie, os irmãos Gambá!
😀