Maldito Erro 0x80070570

Doze horas.

DOZE HORAS praticamente ININTERRUPTAS!

Acontece que consegui uma boa placa, já com processador, memória, ventuinha e o escambau, a um bom preço para atualizar o bom e velho (mais velho que bom) computador da Dona Dete, também conhecida como “Senhora Minha Mãe”. É, filho que é filho tem que fazer dessas coisas de vez em quando…

Desconecta aqui, reconecta ali, troca isso, aquilo, aqueloutro, põe pra rodar o CD de instalação do Windows 7 (uma daquelas famosas “cópias para avaliação perpétua”), vai indo tudo muito bem até que… BUM!

Não, a bagaça não explodiu não. O que eu quis dizer é que deu pau. Um tal de “Erro 0x80070570”. Toca a buscar na Internet (Santo Google, Batman!): depois de vários fóruns, páginas de curiosos e até mesmo um vídeo que a cada gerundismo (e não foram poucos!) parecia me soar um gongo na cabeça, ficou claro que esse tipo de erro estaria vinculado a alguma falha na mídia de instalação, no próprio HD, ou, ainda, na memória RAM.

Ainda me restou a vã esperança de tentar crer piamente que fosse alguma questão de configuração específica. Talvez até mesmo por conta da tentativa de instalação direta. Com algum custo (também surgiram vários outros erros) consegui instalar um Windows XP SP3 na máquina. O suficiente para tentar rodar alguns diagnósticos.

Nada.

O erro teimava em se repetir.

Desacelerei a BIOS, alterei a velocidade de escrita e leitura tanto do disco rígido quanto da memória, xinguei¹, chutei², rezei, acendi vela, quase chorei, mas o máximo que consegui foi que em algumas das tentativas a mensagem de erro fosse alterada para “Erro 0xc0000005”. Depois de uma pesquisada rápida descobri que isso seria problema de configuração mínima da máquina, falha no HD ou na memória RAM. Grande porcaria. Basicamente a mesma coisa.

O negócio então seria ir por exclusão até descobrir o verdadeiro fator de erro que estava bugando minha instalação.

Primeiro ponto. A configuração da máquina era mais que o suficiente para instalação do Windows 7, que exige no mínimo 1 GHz para o processador, 1 GB para memória RAM e 16 GB de espaço livre no HD. Nada aqui.

Segundo ponto. A mídia de instalação estava em perfeito estado – tanto é que tentei com mais de um CD diferente, e até mesmo através de pendrive (não precisa ser “bootável”, basta copiar os arquivos do CD para ele). Nada aqui também.

Terceiro ponto. O HD foi verificado através do bom e velho CHKDSK, via prompt de comando, tendo rodado de cabo a rabo sem nem um pontinho de erro. Nadica de nada.

Quarto e último ponto. A memória RAM. Como testar esse negócio? Através do programa certo, é óbvio. E qual seria? Dos vários disponíveis pela Internet o mais recomendado foi o Memtest86+, que, inclusive, em uma de suas últimas versões transforma um pendrive para que o sistema seja inicializado por ele (o tal do pendrive “bootável”…) e automaticamente execute o programa de diagnóstico.

E qual foi o resultado?

Bem, confesso que ainda não acabou o diagnóstico, mas após mais de quarenta minutos rodando e já tendo acusado – até agora – 12.544 erros, por exclusão só me resta incluir a memória como a culpada, muito culpada, tão grande culpada…

Mèrde.

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P.S.: Segundo o profundo conhecedor do mundo da informática, Bob Charles, em seu livro best-seller interplanetário “Como não enlouquecer com seu computador”, temos que:

¹ Software é aquilo que você xinga;

² Hardware é aquilo que você chuta.

Quem é vivo sempre desaparece

Mariliz Pereira Jorge

Teve o Renato, a gente se falava sempre, me mandava mensagem o dia inteiro, coraçãozinho, dava bom dia, boa noite, bom trabalho, boa academia. Fomos ao cinema, saímos para jantar, me apresentou aos amigos. Daí, desapareceu. Sem mais nem menos.

Teve o Marcio, saímos por dois meses, passamos um fim de semana incrível na praia, ele postava fotos nossas nas redes sociais, planejávamos viajar juntos no Réveillon. Um dia ele parou de responder minhas mensagens e logo depois me bloqueou no Facebook e no WhatsApp. Sem mais nem menos.

Teve o João. Uma amiga em comum nos apresentou, foi paixão, tesão, tudo desde o primeiro encontro. Cheguei a conhecer seus irmãos num almoço. Então, ele viajou a trabalho e nunca mais respondeu minhas mensagens. Sem mais nem menos.

Teve o Flávio. Nos conhecemos por um aplicativo. Conversamos por um mês até nos encontrarmos. Ao vivo, foi ainda melhor. Era leve, divertido, quando vi tinha uma escova de dentes dele na minha casa. Numa segunda-feira de manhã, ele foi trabalhar e toda hora estava ocupado, trabalhando demais. Desisti de procurar e ele saiu da minha vida assim. Sem mais nem menos.

Teve o Tico, o Vicente, o Joca, o Rubão, o Marquito, o Felipe, o Diogo.

O fenômeno não é novo, mas parece haver uma epidemia de homens com síndrome de David Copperfield. O cara está ali, faz marcação cerrada, é gentil, sedutor, manda coraçãozinho, dorme de conchinha, compra ingresso para ver Radiohead em Amsterdã daqui a seis meses, fala que vai na esquina comprar cigarro e desaparece.

Não, os homens não são todos iguais. Mas esse comportamento mezzo cafajeste, mezzo bundão acomete até mesmo os caras mais sensíveis, que já entenderam que “não” é “não”, que nem toda mulher se apaixona quando tem um orgasmo, que a gente não vai se jogar no chão se você disser que não é namoro.

O enredo se repete com homens de todos os tipos, do ogro ao grudento, que vestem a carapuça de babaca quando resolvem, sem mais nem menos, tomar Doril e desaparecer para sempre.

A gente coloca atenção, energia, carinho e tempo. Não é expectativa. Isso vem depois. Não estou com o enxoval pronto, nem com a igreja reservada para 2018, e não sou a louca do relógio biológico apitando. Está tudo sob controle. Eu cuido das minhas neuras. Você cuida da sua parte. Que é só dizer não quero mais, não vai rolar, não estou a fim.

Quero só uma resposta. Um ponto final. Um adeus. Depois eu me viro.

Já me perguntei muito por que fulano ou sicrano sumiram. Tenho bafo? Sou chata? Pegajosa? Insuportável? Amigas, conhecidas e leitoras se perguntam por que João, Flávio, Marcos, Renato, Marcio desapareceram de uma hora para outra sem deixar vestígio. Por que, sim, a gente acha que tem alguma coisa errada com a gente quando isso acontece uma, duas, cinco vezes. Só bem depois é que a gente se dá conta de que você é só mais um que engrossa as estatísticas dos homens-idiotas-que-encontramos-pela-vida.

E não me venha com o papo de que não quer se envolver. Se não quer se envolver, não ligue, não mande duzentas mensagens, não me adicione nas redes sociais, não me apresente para o porteiro, não seja romântico, não me convide para fazer constelação familiar. Eu não sou sua amiga. Não sou sua parça de balada.

E não me venha com o papo de que não quer machucar meus sentimentos. O que machuca é história inacabada, é história que nem começou e foi interrompida sabe-se lá por que. O que machuca é passar dias tentando entender o óbvio que naquele momento não é tão óbvio.

Não interessa se nos conhecemos pouco, se não temos compromisso, se você acabou de sair de um relacionamento sério, se você está traumatizado por causa da sua última namorada, se você quer comer metade da cidade. Apenas diga! Você faz o que quiser com a sua vida, com o seu pinto e com sua falta de maturidade. Apenas não me envolva em suas canalhices.

Não interessa que você não aguenta ver mulher chorar. Tem algumas que choram mesmo, mas a maioria hoje chora de raiva de ter que lidar com homens mimados, babacas e covardes, que acham mais fácil bloquear no WhatsApp, deletar das redes sociais e fazer de conta que morreu. Tão mais honesto simplesmente dizer “não estou a fim”.

Não, eu não tenho bola de cristal, nem obrigação de adivinhar que pela manhã eu era a coisa mais gostosa da face da terra e à noite você decidiu que prefere que eu caia num poço sem fundo. Não, eu não entendi as pistas. Isso não é um maldito jogo de detetive, em que tenho que decifrar as suas mensagens ou a falta delas.

Basta estar vivo para desaparecer. Mas basta ser só um pouquinho decente para conseguir dizer o bendito de um adeus.