Tudo por uma anotação

Os dias têm sido meio frios e trabalhar à noite não ajuda muito essa situação. Principalmente quando falamos de raspar e lixar, bem como usar tinta, Thinner (não, não me falem de “removedor” ou coisa que o valha – Thinner é Thinner e pronto), etc. Mas, como já dizia a música, “The Show must go on”!

Aqui começamos a dar o fundo na parte interna do veículo. Pode não parecer, mas o acesso ao lado de dentro do local onde fica o porta-luvas é uma coisa que tem um quê de impossível. Ainda mais se considerarmos o nobre porte de 1,90m deste humilde escriba que vos fala…

Mesmo assim, toda a lata substituída PRECISA receber sua camada de tinta de fundo, então… Paciência! Nessa proximidade dá pra se notar bem (como já lhes disse váriras vezes) que não foi simples questão de colocar uma chapa e pronto. Parte por parte, dobra por dobra, curva por curva, o que estava podre deu lugar ao novo. Tá bom, se não ao novo, pelo menos ao inteiro…

Sim, essa é a “traseira denotada”. No que essa foto difere daquela do último post? Quase nada. Até o ângulo parece ter sido milimetricamente estudado para ser o mesmo. Massss… se prestarmos bastante atenção veremos que, neste jogo (real) dos sete erros existe um pontinho ali à esquerda que já dá pra se perceber uma grande diferença!

Exato! A diferença é que não tem pontinho à esquerda! Aliás, não tem esquerda… Mais uma parte que foi recortada para dar lugar a outro “implante”, pois a lata que corresponde a esse pedaço eu consegui encontrar nova.

O mesmo local, mas agora de um ângulo interno, de dentro do porta-malas.

E de um ângulo externo, bem de chapada, com todos os pedacinhos de reconstrução. Sabem essa anotação que Seu Bento (vulgo meu pai) colocou aí? Então, é importantíssima. Tão importante que ele resolveu anotar na própria lata, pois num pedaço de papel poderia se perder. Essencial para reconstrução e solda posterior dessa lateral. Só falta a gente lembrar o que mesmo ela significa…

Percebam que – finalmente – começamos a chegar do lado esquerdo do carro. Adivinhem o que encontramos? Exato! MAIS MASSA. Olha, eu já estou achando que o peso global do carro vai diminuir em pelo menos uns cem quilos, de tanta, mas tanta, mas TANTA massa que já foi retirada…

Outro ponto de ferrugem “característico” nos Opalas. A parte inferior do vidro traseiro. A situação não difere da geral: estava tão podre que foi mais fácil arrancar o pedaço “contaminado” e construir um novo “enxerto” para esse lugar.

Este é o lado direito do vidro traseiro, já devidamente “enxertado”

Não, não houve nenhum trabalho nesse pedaço, não. É só uma questão de paixão, mesmo. Ainda que sem as grades, pára-choques, faróis, lanternas, etc, etc, etc, esse danado não possui umas linhas pra lá de imponentes? De fato. Quem passa a gostar de Opala, gosta mesmo…

Traseira detonada

Dando continuidade à “obra”, segue uma longa sequência das fotos referentes às últimas atualizações do bom e velho Opala…

Sei, sei, essa aí de cima parece a mesma da semana passada… Mas os detalhes é que importam: a coluna até o teto já está recuperada, assim como parte da lateral, por onde passa a caixa de ar, próxima à porta.

Daqui temos um ângulo mais legal, inclusive mostrando as soldas internas do assoalho, praticamente prontas. Bem, nesse pedaço estão praticamente prontas…

Olha, garanto que é total e completamente ingrato lixar essas regiões internas do carro. Tudo bem que estava sem a roda, mas, ainda assim, foi difícil. Falta posição e sobra mau jeito. Chega um momento que não tem mais condições de se ficar sentado, em pé, deitado, esticado, curvado, ou seja lá o que for. Mas o fundo precisa ser dado!

Continuação da foto anterior, essa é a parte interna traseira da roda direita. Ideia boa foi a que vi outro dia: arrancou-se tudo do carro (sim, eu disse TUDO) e a carcaça foi posta em cima de alguns tambores. Muito legal. Não só dá altura para lixar como também concede uma boa liberdade para trabalhar.

A foto que deu origem ao nome deste post: uma traseira detonada.

A caixa de estepe, agora concluída, mas com algumas soldas a mais em suas proximidades.

E esse é o outro lado, a parte esquerda da traseira, que também demandou de uma boa “atualizada”. À esquerda da imagem dá pra se perceber a solda que tivemos que fazer de ponta a ponta do veículo.

O “buiaco” do tanque, que também não escapou da restauração. A maior parte dos podres estavam próximos dos parafusos que prendem o tanque

A parte interna da traseira, vista de dentro do porta-malas, totalmente remendada, de ponta a ponta, como acabei de falar.

Então. Já há alguns dias eu mostrei esse trecho, o qual demandaria de uma nova lata para sua recomposição. Pois bem, a lata foi feita – ou melhor: refeita!

Aqui temos a parte reconstruída, com um pouco mais de detalhes. É o ponto onde passa a borracha do porta-malas.

Vocês não têm noção da quantia de de massa que encontramos nessa traseira. Provavelmente deveremos arrancar, senão toda a massa, talvez toda a traseira…

Mais detalhes do lado esquerdo (toda a curvatura da lata era pura massa)…

E agora do lado direito (massa, massa e mais massa)!

Fugindo da cronologia

Um comentário totalmente “atemporal” nessa sequência de atualizações que venho fazendo: curioso como temos Opaleiros, literalmente, nos quatro cantos do país! Esse link aí do lado (tá lá na página principal) com um mapa-mundi nada mais é que o ClustrMaps e mostra o local onde se encontram os leitores deste blog, ou seja, de onde ele foi acessado no mundo (sim, eu disse “no mundo”). Quanto maior a bolinha vermelha, maior o número de acessos daquela região. Dá pra perceber uma certa concentração em São Paulo, mas também temos acessos no Sul, Sudeste, Norte, Nordeste, Centro-Oeste e até mesmo uma solitária bolinha lá em cima, nos Estados Unidos!

Haja Opaleiro, véio!

(Em tempo: esses números não só são “zerados” a cada ano como também foram “reiniciados” com a mudança do blog para o atual endereço…)

Voltando à (dura) realidade

Muito bem. Após esse leve devaneio do final de semana, onde pude admirar belos exemplares da família Opalística existente por aí, voltemos à nossa boa e velha reforma…

Restaurada não só a parte inferior, como também a superior, devido ao excesso de ferrugem, cracas, colas e outros materiais e corpos estranhos que não consigo nem supor ou imaginar como foram parar ali, acabei por lixar toda essa parte, de ponta a ponta (ou do teto à base) para aplicar o competente fundo.

Sei que essa lateral interna já tinha sido mostrada, mas o detalhe anterior mostrava somente a solda na base. Então advirto-lhes: não se iludam! Quanto mais se mexe, mais ferrugem (e furos) aparece! Aliás, até onde pude perceber são pontos também comuns de se encontrar podres em Opalas, de modo que, se alguém resolver fazer uma reforma desse tamanho, já vai poder conhecer de antemão alguns pontos costumeiramente críticos onde pode procurar por podreiras…

Não, não pegou fogo no carro não. Apenas voltas e voltas de soldas de modo a preencher as partes inaproveitáveis e (tentando) respeitar as linhas originais da carroceria.

Mais um detalhe interno do pára-lama, onde diversas chapas tiveram que ser soldadas uma ao lado da outra para manter o molde do desenho original, ali, próximo da caixa de ar.

A parte inferior da caixa de estepe, onde, além da peça enxertada, foi possível aproveitar uma pequena parte da lata original, mas também necessário construir uma “meia lua” para completar o buraco.

Em tese aqui deveria haver um friso para borracha do porta-malas. Mas tudo estava tão, mas tão, mas TÃO podre que, sob o risco de comprometimento da parte boa, foi necessário arrancar toda a extensão desse trecho. Dentro em breve uma nova lata, devidamente medida e moldada , será colocada em seu lugar.

Interlúdio

Como nem só de oficina vive o ser humano, aproveitei o domingão (meio nublado, quase chuvoso) para dar um pulo no Distrito de São Francisco Xavier, aqui mesmo em São José dos Campos, para uma exposição de carros antigos que tinha sido anunciada há alguns dias.

A criançada adorou ver aquelas novas velhas máquinas todas expostas. A começar desta criança mais velha que vos escreve… Tirei muitas – MUITAS – fotos, até para servir como referência na reconstrução do meu 79. Aliás, por questões de espaço e largura de banda, as que seguem estão reduzidas, mas caso alguém queira uma cópia em “tamanho natural”, basta me avisar que eu mando.

Essa primeira sequência mostra as várias marcas expostas devidamente perfiladas para o deleite do público:

A seguir temos os mais variados Opalas dos mais variados anos:

Aqui temos uma figura curiosa, quase um “intruso” no meio das antiguidades:

E, por fim, não podia deixar de tirar uma foto desse carrinho aí embaixo. Explico. O sobrenome da Dona Patroa, por parte da família de seu pai, é nada mais nada menos que Miura

Primeiros enxertos

O trabalho é lento, mas – com certeza – persistente! Nem sempre consigo tempo suficiente para sair do trabalho e já ir para casa de meu pai para executar minhas tarefas de auxiliar, mas vou tentando. Trabalho de manhã à noite numa Prefeitura (sim, eu disse “noite”) e a distância é relativamente longa. Mas, como aquele velho filme, “retroceder nunca render-se jamais!”

Esse pedaço tá quase que completo. O fundo já foi dado em todos os pontos de substituição de chapas e de emendas de latas. Continua sendo foda chegar naquele pedacinho de solda atrás da roda…

Eis, pois, o primeiro “enxerto”. Essa ponta de lateral já comprei pronta numa loja de auto peças. Apesar de ter sido vendida como sendo para o ano específico desse Opala (79), deu uma substancial diferença no encaixe das pontas. Como já me disseram que eram as últimas do estoque, nem adiantava voltar à loja para tentar alguma troca. O negócio foi “adaptar”, cortando e moldando partes da peça, ou seja, a boa e velha gambiarra! Mas, como costuma dizer meu pai do alto de sua experiência e sabedoria, fazer uma gambiarra não quer dizer fazer uma porcaria, mas sim adaptar e muitas vezes até melhorar alguma coisa para que funcione direito…

Lembram do “buraco” de uns dias atrás? Então. Eis outro enxerto. Também outra peça que já encontrei pronta e que também precisou (minimamente) ser “adaptada”. Dá para perceber, no fundo, a qualidade da solda que Seu Bento faz. Não tem esse negócio de “dar uns pontinhos”, com ele é a verdadeira fusão das chapas numa só, sem que reste buraquinho nenhum para contar história.

Brincando de colorir

Não, ainda estamos longe – bem longe – da fase de pintura. Apenas um pequeno interlúdio para um desses inúmeros arquivos passíveis de serem encontrados nessa coisa fantástica que é a Internet.

Fiz o upload de uma página que pode ser acessada aí do lado, no painel “Jogado no Assoalho”, que é onde eu venho guardando esse achados. Aliás, essa seção é como o porta-malas de um Opala, pois ainda que ele já seja excepcionalmente grande, no nosso caso temos aqui um verdadeiro porta-malas virtual, cujo tamanho seria limitado apenas pela capacidade em disco… Ou seja, ainda devo colocar muita tranqueirada por aqui!

Mas voltemos à página em questão. Trata-se da Tabela de Cores da Chevrolet. Se você tinha alguma dúvida sobre a codificação original da cor do seu bom e velho Opala, seus problemas acabaram! Basta consultar essa tabela! Mas o que seria realmente interessante é se conseguíssmos reproduzir, do lado de cada código, o tom exato da cor à qual ele se refere… Quem sabe num futuro não muito distante não possamos fazer algo nesse sentido? Ainda não gostei da formatação dessa tabela, portanto devo mexer nisso, mas é como dizem: “o ótimo é inimigo do bom”. É melhor primeiramente compartilhar a informação e depois, aos poucos, vamos lapidando o visual…

Enfim, ainda que eu não tenha certeza de qual será a cor futura do meu Opala, ao menos agora posso categoricamente afirmar qual é sua cor passada: Bege Ipanema, código 122, ano 1979.