Artigo enviado por e-mail para publicação
Cláudia Vieira Maciel
Acadêmica do 10º Período de Direito do
Instituto Luterano de Ensino Superior de Ji-Paraná, RO
José foi condenado.
Seu destino: a casa de detenção.
Já nos primeiros dias descobriu uma triste realidade:
Que o cárcere é uma escola,
escola para a marginalização.
José que conhecia apenas o revólver,
Descobriu que tudo pode ser uma arma,
– depende da situação;
E que no submundo carcerário,
Quem faz a lei é o ladrão.
Descobriu também que sem qualquer ato,
Pode-se “puxar” mais anos de prisão;
Pois em troca da própria vida,
Cria-se uma confissão.
E de um crime que José nem sabia,
Nem viu a consumação…
Antagônica realidade a de José.
Prejudicado na lide judicial,
(José agora é reincidente)
Mas, favorecido na sociedade artificial.
– Agora ele é da gente!
Dizem os cabeças da organização.
E José que teria iniciado sua pena,
Sob o fundamento do duplo objetivo:
Castigo e ressocialização,
descobriu que lá se aprende,
é viver mais tempo dentro da prisão.
José nunca foi homem de muitos planos;
E até mesmo dizia, que um dia abandonaria
essa vida de “roubação”;
Que tinham razão os doutores:
“O crime não compensa não.”
– A gente vive roubando, e quando nos pegam,
perdemos o respeito e a própria consolação;
O dinheiro acaba ligeiro e os sonhos são trancafiados
Junto as grades da prisão.
José sabe que vai passar mais sete anos,
Isso com os benefícios da progressão;
Mas desconhece o seu futuro,
Pois seu receio, é quando tiver que encarar de frente,
A sociedade e os reflexos da estigmatização.
José se preocupa com seu egresso
Pois desde que vem puxando cadeia
Só viu os muros e a segurança aumentarem
Como repressões à fuga e a rebelião.
E com isso vão distanciando,
A tão almejada ressocialização;
Pois esquecem que os atos devem ser primados em favor
do apenado
E não da instalação.
José soube que com a LEP,
Apresentaram uma grande inovação;
Instituíram a assistência ao egresso,
Com apoio e orientação para reintegrá-lo à liberdade
E ainda se necessário, alojamento e alimentação.
Mas como a letra é fria, é morta,
Precisa que não só o governo, mas toda a sociedade
A coloque em ação.
Pois o artigo 78 prevê o “patronato”,
Que poderá ser integrado por membros
De qualquer entidade, grupo ou religião.
Então José faz uma apelo, para toda população;
Para que todos se preocupem com os egressos
em favor da própria segurança,
Pois o Brasil está cheio
De quem voltou a ser ladrão,
Por falta de oportunidade
e excesso de discriminação.
E ainda arrisca uma dica,
que vai além dos cursos de profissionalização:
que para as empresas que admitam ex-detentos
seja oferecido um incentivo
nos tributos com o leão.