Ainda que sob o sério risco de ser linchado em praça pública pelos meus pares, antes de mais nada tenho que admitir: os homens são todos iguais; só mudam de endereço.
No último final de semana estava eu em casa e meio que gripado. Bom, pra falar a verdade eu estava MUITO gripado! Vi toda a minha vida passar, como num filme. Não tinha mais forças para nada; a cada uma das tossidas (cada vez mais profundas) doíam minhas têmporas e passei a ter vertigens, com pequenos pontos prateados bruxuleando pela minha vista…
Na certeza de que não veria outro dia pela minha frente, passei a mentalizar como seria dividida minha parca herança cultural pelos meus três filhos, em que situação ficariam os bens que não tenho, e ainda fiquei matutando se existiria algum tipo de “disk-extrema-unção” para atendimento domiciliar…
Ainda bem que a Dona Patroa, do alto de sua sapiência (e paciência) oriental, não deu muita trela para o dantes moribundo que agora vos escreve. Além de me ENTUPIR com um coquetel de anti-gripais, expectorantes e descongestionantes, ela ainda fez aflorar seu lado Morgana, e como verdadeira Hecatae, cuidou de mim assumindo concomitantemente as personalidades da donzela, da mãe e da velha, o que resultou numa “poção” (também conhecida como chá) que levava desde alecrim, passando por tanchagem, até gengibre (argh!).
Bão, enfim, sobrevivi…
Já no decorrer da semana, conversando com minhas amigas e colegas de trabalho, numa vã tentativa de arrebatar um mísero olhar de compreensão, fui rechaçado com a indelével constatação delas: “realmente, vocês homens são todos iguais; basta pegar um resfriadinho à toa que já ficam manhoooooosos…”
Que putz. O pior é que elas têm razão…