B1. I – História e Evolução do Computador

O COMPUTADOR VAI À GUERRA

As máquinas existentes até então já tratavam de cálculos complexos, sendo o parque industrial formado por máquinas mecânicas e eletromecânicas, entretanto o grande salto se daria com o advento da guerra. A indústria bélica, sem dúvida, foi responsável por um grande avanço na área científica.

A Segunda Guerra Mundial acelerou os projetos de máquinas capazes de executar cálculos balísticos com rapidez e precisão. Tais cálculos eram necessários em virtude das armas utilizadas à época, que precisavam de tabelas que relacionavam o ângulo de inclinação à distância do alvo e à munição. Dessa maneira a utilização de computadores, ao invés de uma equipe com calculadoras mecânicas, seria capaz de decidir o desfecho de uma batalha.

Na Alemanha, em 1941, Konrad Zuse concluiu a primeira máquina de calcular eletromecânica que trabalhava sob o controle de um programa, o Z3, o qual infelizmente foi destruído em Berlim, durante a guerra. Era utilizado para codificar mensagens para os países do eixo. Como resposta, a Inglaterra, através de Alan Turing, criou em 1943 uma série de dez máquinas denominadas Colossus, cuja principal tarefa era justamente decifrar tais mensagens.

Com a ajuda financeira da IBM, em 1944 a equipe do professor Howard H. Aiken, da Universidade de Harvard, concluiu a maior máquina de cálculo eletromecânica jamais construída: o Mark I. Com sua tecnologia baseada em relés, possuía cerca de 760.000 peças, 800.000 m de fios, media 17 metros de comprimento por 2 metros de altura, pesando cerca de 70 toneladas, realizava uma operação de soma em 0,3 segundos, multiplicação em 0,4 segundos e divisão em cerca de 10 segundos. A entrada de dados se dava através de unidades de cartões e fitas perfuradas.

Desde então a evolução dessas máquinas de calcular programáveis – desses computadores – passou a acompanhar a própria indústria eletrônica. O número de máquinas que surgiu a partir daí tornou-se cada vez maior e sua evolução pôde então ser analisada dividindo-as em famílias ou Gerações de Computadores.

A PRIMEIRA GERAÇÃO (1942 – 1958)

Utilizava Válvulas como componente eletrônico básico. Além de grandes e pesados consumiam muita energia, causando super aquecimento em pequeno espaço de tempo, além de o processamento ser demasiado lento. Sua linguagem de programação era a linguagem de máquina e a única memória para armazenar informações eram os cartões perfurados.

Antes do primeiro computador eletrônico propriamente dito, em 1942, John Vincent Atanasoff, professor da Iowa State University, juntamente com seu colaborador Clifford Berry, ambos participantes do projeto ENIAC, construíram uma máquina eletrônica que operava em código binário, seguindo a idéia de Babbage. Deu-se à máquina o nome de ABC (Atanasoff Berry Computer), sendo esta, verdadeiramente, a primeira máquina digital de calcular.

Temos como exemplo clássico da primeira geração de computadores o E.N.I.A.C. (Electronic Numerical Interpreter And Calculator), o primeiro computador inteiramente eletrônico, projetado com finalidades militares pelo Departamento de Material de Guerra do Exército dos EUA, na Universidade da Pennsylvania em 1946. Fazia parte de um projeto desenvolvido por John von Neumann e possuía 18.000 válvulas, 500.000 conexões de solda, pesava cerca de 30 toneladas, com um volume de 111 m³ e sua velocidade de processamento era de 0,1 MIPS (Milhões de Instruções Por Segundo). Seu consumo era tão grande (100.000 a 200.000 watts) que, quando em funcionamento, a cidade de Filadélfia sofria uma grande queda na iluminação.

Desde aquela época Neumann já advertia que a maior conquista dos cientistas com os primeiros computadores seria “obter informações confiáveis de estruturas não confiáveis”…

Apesar de tudo o ENIAC não foi explorado comercialmente, devido, principalmente, às suas exageradas proporções. Outros projetos levados a cabo em 1949 foram o EDSAC (Electronic Delay Storage Automatic Computer) e o EDVAC (Electronic Discrete Variable Automatic Computer), que serviram não só para aprimorar o projeto original como também para diminuir o tamanho das máquinas.

Em 1951 foram anunciados os primeiros computadores digitais capazes de armazenar programas e disponíveis comercialmente: UNIVAC I (Universal Automatic Computer), construído por John Mauchly e John Presper Eckert Junior, UNIVAC II, MANIAC I, MANIAC II, EDVAC II e IBM 701.

É dessa época, também, que foi encontrado o primeiro bug de computador. Explica-se: em 1945 um dos inúmeros operadores, Grace Hopper, encontrou um inseto (bug) morto e preso a um relê, causando assim um erro durante a execução de um programa. Desde então, quando a máquina parava de funcionar e tentava-se corrigir o problema, começou-se a dizer que se estava fazendo o debugging do computador. Mais tarde este termo foi incorporado na área de software, para indicar erros de programação…


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O passado bate à porta (III)

E eis que ocorre uma daquelas situações mais prosaicas que costumam acontecer: encontrar um velho amigo na fila do supermercado. Dos advogados que conheço, o Doni é um dos que mais amam a profissão, chegando quase a um sacerdócio. Nunca deixou de ser um bon vivant, lá do jeito dele, e atualmente trabalha e vive numa cidadezinha idílica ao pé da serra, a meio caminho de Campos do Jordão. Tem umas quatro ou doze histórias muito divertidas sobre esse caboclo que ainda preciso contar por aqui…

Cinquentão, ex-professor de história (será que a gente realmente deixa de sê-lo?), socialista convicto (daqueles de já ter ido até Cuba para conhecer Fidel), pai de dois filhos e com um bom humor a toda prova, lá estava ele, cabelos lisos e compridos já tocando o colarinho, barba grisalha no melhor estilo Raul Seixas, calça de agasalho e camisa preta (dos Beatles). E seguiu-se o proseio. Perguntou da vida, da patroa e da criançada, ao que lhe disse que estava tudo bem, graças a Deus, e com você como vão as coisas? Tudo bem, tudo tranquilo, meu filho mais velho fez dezoito anos hoje, que legal, fiquei sabendo que sua filha também está estudando direito, pois é, não tem juízo igual ao pai, e a conversa foi fluindo enquanto caminhávamos até o estacionamento.

Falamos ainda mais um pouco sobre a vida, sobre os filhos, sobre os amigos, sobre trabalho, e – lógico – mal da vida alheia. Já nos momentos finais, quase indo embora, o mardito tinha que dar uma alfinetada…

– Puxa, enfim cara, foi muito bom ver você. Não envelheceu nada, tá igualzinho, só um pouquinho mais “encorpado”…

Seguiu-se um pequeno momento de silêncio dramático, enquanto ele com um olhar divertido – quase que numa expectativa – avaliava e aguardava minha reação.

– Porra, Doni. Isso foi uma maneira gentil de dizer que engordei?

– Hmmmm… É.

E foi embora pra terrinha, rachando o bico de dar risada.

Fiadaputa.

Todos os Olhos

Sabe aquelas situações em que você acaba explodindo de dar risada? Às vezes nem é nada tão engraçado assim, mas – sei lá por qual conjunção de motivos – a gente acha determinada coisa de tal forma hilária que não consegue se segurar e ri, ri, ri, ri até doer o estômago e lágrimas saírem dos olhos. Hoje aconteceu isso comigo. Estava lendo uma matéria de autoria de Tiago Cordeiro na revista Superinteressante (out/2006) sobre a censura na época da ditadura militar, onde se contava como os artistas faziam para burlar o crivo dos censores. A pérola que me fez ter esse ataque de riso eu transcrevo abaixo…

No caso da música, a censura podia cortar não só letras, mas também as capas. (…) Naquele mesmo ano (1973), Tom Zé lançava o disco Todos os Olhos. Depois de discutir com o poeta Décio Pignatari a melhor imagem para a situação política e cultural do Brasil naquele momento, os dois tiveram uma idéia: fotografar um ânus com uma bola de gude presa a ele, de forma que o resultado final parecesse um olho. Os militares caíram na artimanha e a capa foi liberada. Só 20 anos depois o cantor revelou a origem da imagem.

Halloween com Saci!

Dentro do rol de temas que aguçam minha curiosidade, juntamente com o tema “história”, sou também um fissurado em estórias, contos, lendas, causos, e folclore em geral. Recentemente ganhei do amigo Bicarato (sempre ele!) um livro chamado O que se conta daqui… Nas palavras das autoras, Érica Turci e Tatiana Baruel, trata-se de um reencontro com o fascinante imaginário do jacareiense, através dos “causos” da cidade, num livro que mistura fatos verídicos e ficção, personagens históricos e seres sobrenaturais.

Fiquei surpreso ao ver causos ali contados – como o do “corpo seco” – que eu mesmo ouvia de minha bisa quando era pequeno. O que para mim comprova que toda essa região está definitivamente ligada com o sul de Minas, e também com a herança cultural deixada pelos bandeirantes que por aqui passaram.

Ainda assim é curioso que, mesmo com tanta riqueza cultural, a molecada de hoje (leia-se crianças e adolescentes) tenham mais afinidade com o norte-americano halloween que com as tradições da terrinha…

Apesar da bem-humorada figura ali de cima, tenho que esclarecer que não, não sou adepto da xenofobia, até porque tem muita coisa divertida e interessante além do nosso próprio quintal. Porém sou da opinião que há espaço para todos – afinal de contas que mal faria para as escolas e outras entidades, ao comemorar o Dia de Todos-os-Santos, fazer uma saudável mescla de ambas (ou mais) culturas? Creio que, culturalmente falando, somente teríamos a ganhar com isso! Ademais o folclore é (e realmente deve ser) dinâmico, ou seja, não temos que nos prender somente em tradições estáticas do passado: elas devem evoluir como todo o restante do mundo. É saudável e recomendável que guardemos suas raízes e origens, mas não podemos manter nossas tradições estagnadas.

Tem gente que já percebeu isso e vem fazendo o possível para demarcar esse território. Por exemplo: pra grande alegria da turma da SOSACI – Sociedade dos Observadores de Saci, temos que foi oficialmente criado o Dia do Saci. Segundo a Wikipedia:

O Dia do Saci é um evento criado pelo governo do Brasil em 2005, de caráter nacional, elaborado pelo então líder do governo Aldo Rebelo (PCdoB – SP) e Ângela Guadagnin (PT – SP) com o objetivo de resgatar figuras do folclore brasileiro, em contraposição ao “Dia das Bruxas”, ou “Halloween”, da tradição cultural dos Estados Unidos da América. Por isso é celebrado em 31 de Outubro. Anteriormente, o projeto de lei já havia sido aprovado na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo e na Câmara Municipal de São Paulo.

E, só por curiosidade, também segundo a Wikipedia, o Halloween – chamado de “Dia das Bruxas” nestas terras tupiniquins – tem suas remotas origens nas tradições celtas, quando se comemorava o fim do verão. Entre o pôr-do-sol do dia 31 de outubro e o amanhecer de 1º de novembro, ocorria a noite sagrada, ou seja, a Hallow Evening, palavra que através dos tempos deve ter sido deturpada para Hallowe’en, e, finalmente, Halloween.

Enfim, particularmente acho que há espaço pra todos. Afinal trata-se do imaginário popular, ou seja, do folclore, do saber do povo – do inglês folk (povo) e lore (saber) – que, repito, deve ser dinâmico.

De minha parte, juntamente com os filhotes, nesse feriado quero ver se consigo ir até São Luiz do Paraitinga pra tentar encontrar algum saci…