Da série INDEFINIÇÕES: “FÁCIL – Diz-se da mulher que tem a moral sexual de um homem.”
Nada como entrar neste novo ano de 2006 com o pé direito… Até porque toda a perna esquerda ainda está avariada e sob observação… Mas já melhorou! Do inchaço inicial que quase me impossibilitava de andar passei agora apenas à dor (só quando eu respiro). Aquela já citada sensação morceguífera (de ficar com as pernas sempre para o ar) vem dando lugar a outra, mais de acordo com a pancada. Tenho me sentido meio que Curupira, com a impressão de ossos invertidos onde não deveriam estar. Argh!
Mas não comecemos o ano com sentimentos negativos. A chuva fina que caía agora de manhã veio a dar uma sensação de frescor a esse ano que inicia. Os passarinhos cantam lá fora (de verdade), as contas estão pagas e minhas crianças vão muito bem, obrigado.
Errr… Quase.
O Jean, meu caçulinha conseguiu levar um hipersuperultramegatombo ontem, que lhe deixou com um galo na testa do tamanho aproximado de um ovo. Grande. De granja.
Ante o desespero deste pai que, se não de primeira viagem, mas que ainda tem muito a aprender com a vida, a Dona Patroa me tranquilizou: “Não se preocupe. O dr. Amin (o pediatra das crianças) já me avisou que quando o galo é assim, para fora, é até bom. Pior se fosse pra dentro. Mesmo chorando, ele não desmaiou nem está com sono fora de hora, então é só ficar na base de Hirudoid (pomada pra pancadas) e gelo.”
Ainda que ressabiado e um tanto quanto ressaltado, tive que me render à calma e sapiência oriental ali presente.
É LÓGICO que, à noite, numa brincadeira entre as crianças, adivinhem quem foi que bateu a cabeça de novo e no mesmo lugar? Pois é. Já vi ovos de avestruzes menores que aquele galo. Mas, como de praxe em nossa casa, basta dar um beijinho que sara. E Hirudoid. E gelo.
Faz parte do pacote paternal passar por essas e outras piores…
Mas o que importa é que está tudo bem. Ano novo, vida nova, problemas velhos. Não é simplesmente pelo fim cronológico de um ciclo solar que TUDO na vida irá se resolver – continuamos na luta! Apesar das promessas que foram feitas, das portas que se abrem, das que se fecham, dos novos desafios, ainda assim somos a soma de tudo aquilo que já vivenciamos e que certamente utilizaremos para vencer os obstáculos que se nos apresentam.
Não, isso não é ceticismo. É constatação. Quem me conhece pessoalmente com certeza também conhece aquele ditado que adoro citar: “O diabo não é sábio porque é diabo; é sábio porque é velho.” E, creiam-me, o passar do tempo acaba nos deixando mais preparados para o que vem pela frente. Surpresas existirão – com certeza – e serão bem-vindas. Quaisquer que sejam. Afinal é justamente esse monte de surpresas e situações inesperadas que ocorrem enquanto existimos que chamamos de VIDA. E fico feliz de estar vivo. Sendo quem eu sou, tendo o que tenho e estando onde estou. O resto são palavras, que, de quando em quando, despejamos por aqui para aqueles que têm paciência de nos ouvir…
Bão, é isso. Por fim, como eu dei uma sutil alterada mínima na página principal, passando a fazer agora citações do “Barão de Itararé”, cumpre esclarecer quem foi essa personagem ímpar do cenário nacional, guerreiro sarcástico da palavra, dotado de um senso de humor cáustico:
Apparício Torelly, (o “Barão de Itararé”), que também usou o pseudônimo de “Apporelly”, era gaúcho de Rio Grande, nascido em 29/01/1895. Estudou medicina, sem chegar a terminar o curso, e já era conhecido quando veio para o Rio fazer parte do jornal O Globo, e depois de A Manhã, de Mário Rodrigues, um temido e desabusado panfletário. Logo depois lançou um jornal autônomo, com o nome de “A Manha”. Teve tanto sucesso que seu jornal sobreviveu ao que parodiava. Editou, também, o “Almanhaque — o Almanaque d’A Manha”. Faleceu no Rio de Janeiro em 27/11/71. O “herói de dois séculos”, como se intitulava, foi um dos maiores nomes do humorismo nacional. Outros títulos que lhe foram dirigidos, na maioria por ele mesmo: “o Brando”, “campeão olímpico da paz”, “marechal-almirante e brigadeiro do ar condicionado”, “cantor lírico”, “andarilho da liberdade”, “cientista emérito”, “político inquieto”, “artista matemático, diplomata, poeta, pintor, romancista e bookmaker”. Dele disse Jorge Amado: “Mais que um pseudônimo, o Barão de Itararé foi um personagem vivo e atuante, uma espécie de Dom Quixote nacional, malandro, generoso, e gozador, a lutar contra as mazelas e os malfeitos”.
(Extraído de “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé”, Editora Record – Rio de Janeiro, 1985, coletânea organizada por Afonso Félix de Souza).
De resto, um bom Ano Novo para todos. Que os sentimentos e as atitudes que tomamos nas primeiras horas deste novo ano nos acompanhem em todo seu decorrer!
Ah, tomara!…