E o que fazer num feriado prolongado? De minha parte tive que acertar algumas pendências da vida profissional, bem como resolvi também colocar parte da leitura em dia. Assim, pude ler (na verdade dar uma passada crítica d’olhos) cerca de 4.000 mensagens pendentes das listas de discussão de genealogia das quais participo. Também rendeu uma pequena (até que enfim!) atualização do site, especificamente no link O BUCÉFALO, onde coloquei mais algumas dicas para quem gosta de escrever.
E, com tanta leitura, obtive algumas pérolas de curiosidades, que nunca interessam a ninguém, mas que me ajudam a manter o título de “Príncipe da Cultura Inútil” – entendo que a coroa ainda é do meu amigo e recém-pai, Sylvio…
1. Genealogia de verdade
Para os bantos (ou mesmo não-bantos, como os iorubas da Nigéria que ocuparam a Bahia), a linhagem é tudo – os ancestrais perduram nos vivos e a reencarnação ocorre no clã, o avô reencarnado no filho e nos netos – até quando ainda vivo.
2. Índio, de bobo, não tem nada
Entender a linha dos índios e adaptar conceitos para promover o cristianismo nos trópicos não foi suficiente para os jesuítas portugueses e espanhóis serem assimilados. Encontraram muita resistência pela frente. Eles precisavam procurar os detalhes, as nuances e as expressões que evidenciassem a superioridade católica. Nem sempre conseguiam.
Uma manhã os caciques dos charruas procuraram o missionário de plantão para dizer que não queriam nada com um Deus que “vê tudo e sabe tudo o que nós fazemos”. E foram embora, deixando o jesuíta com cara de bobo. Com sincera surpresa e muitas risadas, os índios da fronteira do Brasil com o Paraguai se deram conta de que estavam fadados ao inferno, quando foram os brancos que mataram Jesus Cristo. O crime não era deles, afinal. E quando alguns tupis e guaranis descobriam que, após a morte, os portugueses e os espanhóis também iriam para o céu, perdiam o interesse na ressurreição. Não queriam tal companhia por toda a eternidade.
3. Guinada de 180 graus
O termo “abrigo” significava “estar exposto ao sol” nos tempos do imperador Nero, o exato oposto do sentido atual dado à palavra. O termo vem de apricare (aquecer ao sol), que por sua vez gerou apricus (exposto ao sol para retirar a umidade). Com o tempo, a idéia deslizou para o sentido mais específico de “pôr em lugar seguro” e, por fim, o de “agasalhar, proteger”.
4. Língua Brasílica
O Brasil tem cerca de 180 línguas nativas que ainda são usadas. Já foram mais de 1.200 no século 16. O tupi reinava nos primeiros séculos de Brasil. Deu a primeira unidade nacional até o século 17. Numericamente inferior e tendo de relacionar-se e tocar negócios com os índios, o colonizador passou a usar tupi, mas ao seu modo. Os invasores europeus passaram a usar um dialeto prático para a comunicação imediata, misto de português e tupi, o tupinambá, língua geral, brasílica ou nheengatu. No século 17, acredita-se que só dois de cada cinco moradores da cidade de São Paulo falassem português. Em meados do século 18 só um terço da população usava o português e todos eram bilíngues.
Colaboração pro seu *Bucéfalo*:
http://www.alfarrabio.org/index.php?itemid=848
Já é bem velhinho, mas não deixa de ser bacaninha.
🙂
Já foi pra conta, meu amigo. Já foi pra conta…