Nove-ponto-zero

Pois é.

Nove anos.

O tempo voa.

Parece que nosso casamento foi ainda ontem…

Sábado. Doze de Dezembro. Onze da manhã. Contrastava perfeitamente o vermelho do tapete estendido no verde do gramado de uma bela chácara. Dia razoavelmente quente, com uma fina garoa que não tinha certeza se caía ou não. A juíza de paz entrou na brincadeira e leu toda aquela documentação oficial pontuando com alguns espaços para entrada do noivo, da noiva, vinda das alianças, etc. Padre? Não. Só um pastor (não me lembro mais de qual religião) que viria dizer ecumenicamente algumas palavras. Até porque, por eu já ser divorciado e, segundo a igreja católica (assim, em minúsculas mesmo), condenado ao fogo do Inferno, padre não rolava. Mesmo assim o pastor se atrasou…

Casal casado, toca pra festa!

Bastou andar uns vinte metros e a casa grande da chácara já nos aguardava para um bom almoço. Era o antigo restaurante Coelho & Cabrito, que, àquela altura, pertencia às meninas outrora proprietárias daquele nosso barzinho favorito, o Kabala – a última notícia que tive é que elas abriram um restaurante na China! Dá pra acreditar? Já saiu até matéria na veja sobre isso.

Recebemos um por um por um por um, e foi todo mundo se acomodando naquele ranchão enorme com mata por todos os lados até onde os olhos podiam enxergar. Não demorou muito, o pastor chegou, pediu uns minutinhos de atenção a todos (que já haviam começado a se servir) e disse suas palavras e pediu a bênção do Senhor.

Isso rendeu aquele ótimo comentário do amigo, compadre e copoanheiro Luisinho (é, o Luís Henrique): “O melhor casamento que eu já fui foi o do Adauto e da Mieko. O único em que, enquanto o padre estava falando, eu podia ficar lá, sentadão, ouvindo, e ainda com um copo de cerveja na mão!”

Naquele dia vimos bastante gente que, há muito, não encontrávamos. Alguns sequer voltamos a ver desde então. Rimos bastante. Divertimo-nos bastante. Não vou cometer a heresia de tentar lembrar o nome de quem foi, pois COM CERTEZA vou esquecer alguém. Mas não posso deixar de lembrar que, já no fim da festa, quando quase todo mundo tinha ido embora, o pessoal já limpando as dependências da chácara, ainda ficamos eu, você, o Benê (ainda com bigode), a Márcia e o Maurício, todos ali sentados e tomando cerveja até quando pudemos…

Nove anos.

Tanta coisa já aconteceu…

Já moramos no litoral, lá em São Sebastião (a uns cinquenta metros da praia, lembra?), você veio trabalhar no fórum local, nasceu nosso filho, mudamos de casa, trocamos de carro, nasceu nosso filho, mudamos para um apartamento, fechei o escritório, nasceu nosso filho, mudamos de casa de novo, e por aí afora…

Passamos por altos e baixos. Poucas e boas. Fases boas e fases ruins. Mas TODO casamento é assim. Tem hora que a gente quer ficar o tempo todo um do lado do outro. Tem hora que dá vontade de sair correndo e gritando.

Mas tudo passa.

Com certeza novas situações virão. Novos empreendimentos. Novas dívidas. Novas encrencas. Novas brigas. Novas pazes. Novas renovações inovarão as novidades novamente.

E assim o mundo gira, o círculo se fecha e o amor se renova.

Independentemente de tudo isso, e recorrendo ao mais antigo dos clichês (correndo o sério risco de ser tão brega quanto piegas), posso afirmar categoricamente que estou pronto a enfrentar o que vier, desde que com você, pois quero envelhecer ao seu lado…

Te amo, Mi.