O que “dá um post”?

Outro dia a Ana Téjo falou, ainda que indiretamente, sobre isso. Foi através de um vídeo do Youtube – o qual demorei um bocado pra assistir, pois no trabalho esse acesso é bloqueado…

Mas, ainda assim, ei-lo aqui:

 
A idéia sobre esse post ficou meio que martelando em minha cabeça depois de uma conversa ontem com a Dona Patroa, quando, pela tricentésima quinquagésima oitava vez, eu tentava convencê-la a escrever um post de vez em quando. “Mas eu escrevo”, ela disse. Expliquei-lhe que não estava falando dos comentários, mas sim de algum texto mesmo, completo, de sua autoria, esse sim a ser aberto a comentários, afinal ela tem tanta experiência – tanto pessoal quanto profissional -, idéias de vanguarda, posicionamentos técnicos, sensibilidade a questões jurídicas e sociais, dentre inúmeras outras qualidades, que seria um desperdício não compartilhar isso com outrem.

Não sei se a convenci. “Falta tempo”, diz ela sempre. Mas acho que ficou plantada uma sementinha…

Mas isso também nos leva à questão seguinte: afinal de contas, o que “dá um post”?

Comentar sobre as matérias, posicionamentos, idéias e mesmo comentários de outros blogueiros de plantão dá um post.

Compartilhar ideias criativas, interessantes, diferentes ou exóticas encontradas nos meandros da Internet ou até em revistas impressas dá um post.

Comentar notícias do mundo afora dá um post.

Idéias que ficam martelando dentro da cabeça, suplicando pela liberdade, querendo se manifestar no mundo físico, bem, isso dá um post.

Situações do dia a dia, quer sejam corriqueiras, quer sejam estapafúrdias, dá um post.

Ligar para um departamento da Prefeitura e eles informarem que não é daquele departamento, mas da Prefeitura, dá um post.

Pegar um dos chefes de mais alto escalão, que é totalmente introvertido, caladão mesmo, e obrigá-lo a fazer um discurso de abertura num evento, dá um post. Sacaneá-lo colocando nesse discurso apenas palavras complexas de mais de dez sílabas também dá um post…

Falar sobre o caboclo que passou na rua com uma bicicleta de carga, carregando o filho (com a maior cara de alegre) em lugar da carga, dá um post.

Descrever como seria a troca de dois garçons pentelhos por uma única garçonete simpática, dá um post.

Falar sobre a “norinha”, a linda menininha filha de um casal de amigos, donos de um restaurante, dá um post.

Contar as travessuras, disparates, bagunças, encrencas, manhas, sacadas, e outros reveses mais dos próprios filhos, meu, isso dá muitos e muitos posts!

Enfim, já deu pra perceber que qualquer coisa dá um post. Basta escrever e lançar ao léu. Que comente quem quiser comentar, pois nem sempre é possível ser interessante, mas, numa sacada ou outra, às vezes é possível que saiam algumas pérolas. Nesse sentido considero-me um mero escrevinhador (seria muita petulância utilizar a palavra “escritor”), que vem teimosamente exercitando sua vontade de algum dia se tornar algo próximo a um cronista.

E, como já disse meu amigo Bicarato, o maior dom do cronista é a sua própria percepção da realidade que o cerca, aliada à sua capacidade de passar isso adiante, fazendo-se entender por seus leitores.

E não é exatamente essa a intenção de qualquer um que se aventure a escrever e disponibilizar um texto ao público?

Só falta convencer a Dona Patroa disso…

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