Palavras inócuas ao vento

Dessa eu tive notícias lá no Sérgio Amadeu. A justiça eleitoral do Rio de Janeiro exigiu que o candidato Gabeira mande que os blogueiros retirem de seus sites os banners que declarem apoio à sua candidatura.

Gente, será que a “justiça” não consegue perceber o absurdo dessa exigência?

É como você chegar numa passeata e – sem microfone – pedir silêncio àqueles que bradam seu apoio. Caramba, muitas vezes numa simples reunião de poucas pessoas à mesa sequer conseguimos consenso para que nos ouçam!

Que se dirá então de “pedir silêncio” ao mais anárquico instrumento jamais inventado pelo ser humano? Sim, estamos falando da Internet, caótica em sua própria essência e natureza.

Ou seja, ainda que o Gabeira queira (e não acho realmente que assim o seja), simplesmente é humanamente inviável dar cumprimento a tal “exigência”.

Aliás, como muito bem colocado lá pelo Sérgio, “Em vez de incentivar o espírito deliberacionista, a discussão política sobre as melhores alternativas para os governos, a Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro age contra o direito de opinião e o uso público da razão. (…) Estão extrapolando suas funções judiciárias. Estão querendo limitar o uso da esfera pública interconectada.”

Se quiserem saber mais sobre o porquê disso tudo, então leiam o que escrevi aqui no blog sobre a Internet e as eleições municipais.

Emenda à Inicial: No momento em que acabei de publicar este post, enquanto paralelamente lia as notícias dos RSS da vida, fiquei sabendo lá pelo Direito e Trabalho que o blog do Pedro Dória foi um dos afetados pela decisão da justiça. Absurdo dos absurdos. Como bem disseram (ambos) isso cerceia tanto as garantias constitucionais de liberdade de pensamento e de sua expressão como também as prerrogativas relativas à liberdade de imprensa. Me sinto indignado. E acabo repensando um pouco o título desse post – será que seriam tão inócuas assim essas absurdas palavras da justiça?…

PS.: Só pra esclarecer. No decorrer do texto escrevi a palavra “justiça” assim mesmo, propositalmente com letra minúscula. Não é por falta de respeito. Apenas entendo que tais atitudes não são compatíveis com a Justiça à qual sirvo…

Ceumar na Fecap

Excelente dica do amigo e colega de trabalho Marcos Caetano (vulgo “Marquinhos”) acerca do show que acontece de hoje até domingo. Trata-se da Ceumar, cuja musicalidade e letras de suas canções encantam tanto quanto a maviosa voz que possui (não, não escrevi errado, é maviosa mesmo).

gravação de cd ao vivo com músicas inéditas
participação de yaniel matos e sérgio pererê

29, 30, 31 de maio e 1º de junho de 2008
quinta, sexta e sábado, às 21h. domingo, às 19h
teatro fecap | avenida liberdade 532 liberdade | tel. 11.3272.2222

www.teatrofecap.com.br
www.myspace.com/ceumar
www.circusproducoes.com.br

Pena que não poderei ir…

:'(

Atendimento pessoal: só on-line

Publicado no site da Ins-pirada sob o título de “Como?”, o texto a seguir mostra claramente os absurdos da vida real, tendo como artista coadjuvante a Internet – usualmente utilizada pelas empresas para ter um “quê de modernidade” mas sem na realidade sequer saber o que estão fazendo…

(senha, espera, espera, espera)
– Bom dia. Identifiquei no site de vocês ontem uma vaga adequada ao meu perfil profissional. Gostaria de obter mais informações.
– Você já tem cadastro?
– Sim, inclusive me candidatei à vaga pelo site.
– Ih… não adianta. Peraí.
– Como?
– Péra – (rabisca, rabisca, rabisca) – Se você tiver acesso à internet você manda seu currículo para esse e-mail aqui.
– Mas a candidatura pelo site não funciona?
– Funciona, mas os analistas nunca olham.
– Como?

(outra senha, espera, espera e espera mais um pouco)
– Vi no site de vocês que há uma vaga para analista de RH. Gostaria de obter mais informações.
– Preenche essa ficha.
– Não, quer dizer, tudo bem. Mas poderia me passar mais informações? Quais são os pré-requisitos, porte da empresa…
– Depois que você preencher a ficha.
– Como?
– Tem cadeira vaga ali ó.
(suspiro, preenche, preenche, preenche)
– Prontinho. Você poderia me passar mais detalhes sobre a vaga agora?
– Isso só com o analista.
– Como? (10, 09, 08… )
– Ele tá atrasado. Se quiser pode sentar e esperar.
(outro suspiro, mais espera, espera, espera)
– Luciana Pi-viii-os-pa??
– Sim?
– O analista chegou e mandou dizer que essa vaga não serve para você.
– Como?
– É. Ele disse que sua pretensão está muuuuuito acima (balança a cabeça e estala a língua duas vezes). Estão pagando R$700,00.
– R$700,00 para uma vaga de analista?
– É.
– A-na-lis-ta?
– É.
– R$700,00?
– É.
– Só por curiosidade. A quanto tempo essa vaga está aberta?
– (tecla, tecla, tecla) 4 meses.
– Ceeerto…

( sem senha – oba – fila quilométrica, espera em pé, espera em pé, espera em pé)
– Bom dia. Tentei cadastrar meu currículo ontem, mas infelizmente não consegui. Por isso resolvi vir pessoalmente.
– Trouxe carteira de trabalho?
– Puxa, infelizmente não. De que informações você precisa?
– Datas de admissão e demissão.
– Bom, nesse caso, mesmo que eu estivesse com ela não ia lhe ajudar, pois não trabalho registrada há alguns anos.
– Então não posso fazer o cadastro.
– Como?
– Sem a carteira só dá para fazer pelo site .
– Aqui eu não posso fazer o cadastro sem carteira de trabalho, mas no site eu posso?
– É… (confusa). Puxa que coisa idiota, não? Próximo.

Filosofia Linux avança… na mecânica???

Ainda que o tema estivesse mais voltado lá para o Opala Adventure Projeto 676, achei melhor deixá-lo por aqui…

Existe um tipo de sistema de injeção eletrônica programável que pode ser instalado nos automóveis – principalmente nos mais antigos – visando melhorar seu desempenho e economia. Ainda que existam no mercado alguns kits prontos (e caríssimos), esse da MegaSquirt parte de uma premissa diferente.

Como foi dito pelo opaleiro Jean Carlo lá na lista do Opala.com:

A Megasquirt é uma injeção programável e de projeto “aberto”, o intuito não é lucro e sim a colaboração de várias pessoas experientes no assunto para desenvolver um produto de otima qualidade a um preço acessivel.

digamos assim, é o Linux das IE programaveis, todo mundo sabe que existe, todo mundo diz que é bom, mas todo mundo acaba usando a cara e fácil de operar =D

Bem, já é um começo…

Infidelidade virtual

Essa veio do clipping do Migalhas:

Ex-marido infiel vai pagar indenização por danos morais porque cometeu “infidelidade virtual

Um ex-marido infiel foi condenado a pagar indenização por danos morais no valor de R$ 20.000,00 porque manteve relacionamento com outra mulher durante a vigência do casamento. A traição foi comprovada por meio de e-mails trocados entre o acusado e sua amante. A sentença é da 2ª Vara Cível de Brasília.

Para o juiz, o adultério foi demonstrado pela troca de fantasias eróticas – sexo virtual – entre o casal. A situação ficou ainda mais grave porque, nessas ocasiões, o ex-marido fazia comentários jocosos sobre o desempenho sexual da ex-esposa, afirmando que ela seria uma pessoa “fria” na cama.

Se a traição, por si só, já causa abalo psicológico ao cônjuge traído, tenho que a honra subjetiva da autora foi muito mais agredida, em saber que seu marido, além de traí-la, não a respeitava, fazendo comentários difamatórios quanto à sua vida íntima, perante sua amante”, afirma o magistrado.

As provas foram colhidas pela própria ex-esposa, que descobriu os e-mails arquivados no computador da família. Ela entrou na Justiça com pedido de indenização por danos morais, alegando ofensa à sua honra subjetiva e violação de seu direito à privacidade. Acrescenta que precisou passar por tratamento psicológico, pois acreditava que o marido havia abandonado a família devido a uma crise existencial. Diz que jamais desconfiou da traição.

Em sua defesa, o ex-marido alegou invasão de privacidade e pediu a desconsideração dos e-mails como prova da infidelidade. Afirma que não difamou a ex-esposa e que ela mesma denegria sua imagem ao mostrar as correspondências às outras pessoas.

Ao analisar a questão, o magistrado desconsiderou a alegação de quebra de sigilo. Para ele, não houve invasão de privacidade porque os e-mails estavam gravados no computador de uso da família e a ex-esposa tinha acesso à senha do acusado. “Simples arquivos não estão resguardados pelo sigilo conferido às correspondências”, conclui. Da decisão, cabe recurso de apelação para a segunda instância do TJ/DF.

Nº do processo: 2005.01.1.118170-3.

Legislando através de súmulas vinculantes

Interessantes comentários do dr. Jorge acerca da tal da súmula vinculante, lá no blog Direito e Trabalho. Essa história vai meio que ao encontro com a minha opinião sobre essa questão de outros órgãos legislarem, como já disse antes por aqui…

Ao que pude apreender a maior preocupação que existe no dito pensamento liberal e que diz respeito às decisões judiciais é, principalmente, em decorrência do sistema da Civil Law, no qual os juízes têm uma margem muito grande para decidir, ao contrário do que ocorre na Common Law, no qual os precedentes tem força vinculante.

(…)

É provável que se acredite que as súmulas vinculantes que começam a ser editadas pelo STF seriam a solução deste mal. No meu entender, no entanto é apenas mais uma patologia. Admitir que um órgão do Poder Judiciário emita súmulas estabelecendo o que acredita ser o conteúdo das leis existentes é outorgar a outro órgão o poder de legislar, inclusive à revelia do poder constituído para tanto.

Rio das Cobras

E eis que neste final de semana fomos parar no sítio do avô de uma amiga, a uma meia hora de carro do Centro de São José. Apesar de não saber exatamente onde era, fui reconhecendo todo o caminho que fizemos – por onde passei muito no decorrer de minha infância. No final das contas a casa ficava numa antiga estradinha que eu tinha por referência ser o caminho que levava ao Rio das Cobras.

Churrasquinho daqui, cervejinha dali, na beira da represa, um dia lindo e todos foram dar uma volta pelas imediações – menos o vagaba do Jamanta que vos escreve, é lógico.

Passearam bastante – enquanto fiquei pilotando a churrasqueira – e voltaram meio que cansados. Menos as crianças, óbvio! Cinco moleques ao todo. Meus três filhotes, o filho dessa nossa amiga, mais o filho de seu namorado. As idades variando entre quatro (meu caçula) e nove anos (meu mais velho).

E eu ali, na varanda, cuidando de alguns bifes na grelha e justamente o caçula resolve subir um barranco que fica do lado da casa.

– Onde você vai, filhote?

– Vou falar com a mamãe.

– Mas a mamãe não está aí não. Está lá dentro. É melhor descer, tá bom?

– Ah, tá. Vou dar a volta, então.

E lá se foi ele com seu passinho lépido, segurando uma pequena vara – provavelmente uma espada em sua cabecinha infantil. De repente parou.

– Paiê! Olha só! Uma cobra!

– Hm?

Fui ver. A uns vinte centímetros de distância, bem em seu inevitável caminho, despontava o corpo de uma cobra de uns 40cm, talvez meio metro, descendo pelo barranco. Até com certa tranquilidade fui ali do lado, peguei o pequerrucho no colo e chamei as outras crianças para ver a “cobrinha”.

Nesse meio tempo ela assumiu a posição de bote. Aí deu pra ver bem sua cabeça triangular (característica de cobras venenosas) e recomendei distância a todas as crianças, ainda assim explicando o que era uma cobra, o que comia, o que ela devereia estar fazendo por ali, etc.

– Paiê, que barulhinho é esse?

– Hein? Ah, é o guizo na ponta do rabinho da cobra.

Era uma cascavel.

Bem, resumo da ópera: a Dona Patroa queria que o bichinho fosse sumariamente executado. Munido mais de consciência ecológica que de bom senso propriamente dito, eu e o eterno amigo e copoanheiro Evandro resolvemos remover o ofídio das proximidades da casa. Aliás foi dele a excelente idéia de arranjar um pedaço de cano, para onde conseguimos conduzir a danada – ainda que sob veementes protestos e botes nos pedaços de pau que usamos na tarefa.

E assim ela foi atirada a uma distância bem segura da casa.

Só depois é que caiu a ficha.

Se não fosse a tagarelice e o senso de curiosidade do pequenino, ele poderia ter sido facilmente picado por aquela cascavel – eu disse cascavel – sendo que estávamos a quilômetros e quilômetros de qualquer centro urbano e da possibilidade de eventual ajuda.

E depois os ateus da vida vêm me dizer que “Deus é uma ficção”?

Pro inferno todos eles!

Deus não só existe, como ainda estava sentado ali do ladinho da cobra e ainda deve ter dado uma cutucada (talvez com uma piscadela) para que o filhote parasse e observasse a cascavel, talvez já sabendo que sua primeira reação seria me chamar para explicar o que era aquilo.

Daí o porquê prefiro deixar as religiões de lado e ficar num constante bate-papo direto com o Homem! Que, aliás, é bom de prosa. Basta saber escutar…

Valeu Deus!