Às vezes tenho vontade de escrever muita coisa sobre algum tema – mas no final das contas acabo é escrevendo algumas coisas sobre muitos temas…
Já o mestre jedi Sergio Leo tem o dom! Consegue pegar alguns temas pesados que seriam pra lá de áridos e com sua verve crítica aguçada brinca com o texto, deixando-o leve e interessante…
Um ótimo exemplo é o que leva o nome “Ah, os tapa-olhos da ideologia“. Uma palhinha:
“É lugar comum na cobertura jornalística acusar o governo de irresponsabilidade fiscal, sinônimo para gasto irresponsável. E há uma tese baseada na teoria econômica que, como toda tese simples, é fácil de entender e equivocada. Reza a teoria que gastos em capital, investimentos, são bons, porque geram capacidade produtiva, aumentam a eficiência da economia; e gastos correntes, gastos com pessoal e material, por exemplo, são ruins porque não podem ser comprimidos quando a crise aperta.
Parece sensato, mas, levada a ferro e fogo essa tese significaria que gastar aumentando o salário pífio dos professores e médicos é uma besteira e o melhor seria jogar bilhões na construção de um hospital sem equipamentos e de uma estrada para atender ao eleitorado de um vereador picareta.”
“Coisa normal, às vezes uma conta pode crescer em termos nominais, mas na prática, cair em, comparação ao que importa, ao tamanho da economia, por exemplo. Mas a matéria falava que o crescimento no superávit, em termos absolutos, em reais, foi só “ligeiramente”. Aí danou-se.
Adjetivo e advérbio em jornal, só se for muito bem explicado. E se alguém tentasse explicar esse ligeiramente, sairia ligeiramente desmoralizado.”
“O leitor comum _ e boa parte dos editores, temo eu _ lê os números sem checá-los, influenciado pelos adjetivos e advérbios. (…)”
Mas não fiquem só nessas referências. Leiam o texto na íntegra – pois vale a pena! Tá bem aqui.
Creio que o Copoanheiro também vai gostar (se é que já não leu antes)…