Parque da Mônica – a epopéia (I)

I – A Viagem

Antes de mais nada, é INDISPENSÁVEL dizer que FOI divertido. Apesar de minha usual rabugice, o que se tornará evidente no decorrer do texto, posso afirmar – para tranquilidade dos envolvidos – que realmente foi divertido. Não repetiria a dose, ao menos não nesses moldes… Mas tudo a seu tempo…

Já há algumas semanas tínhamos combinado, Dona Patroa e um casal de amigos, que levaríamos nossos pimpolhos à Cidade da Criança, em São Paulo. Ficou marcado para o dia 29 (sábado último). Como todo mundo já estava meio curto de grana, seria uma boa opção, pois o ingresso lá é baratinho, faríamos uma piquenique (vulga “farofa”) e as crianças com certeza se divertiriam (três nossos e dois deles). De quebra convidamos mais um amigo (pai solteiro) para levar também seu bambino, pois havia espaço no carro.

Na véspera eu e a Dona Patroa ainda tivemos uma séria conversa se realmente iríamos ou não (grana curta, já disse), se eu não iria ficar chateado (leia-se “emburrado”), etc. Chegamos à conclusão que sim, deveríamos ir, afinal as crianças passaram as férias praticamente inteiras dentro de casa e, oras bolas, “mais vale um gosto que dinheiro no bolso”!

E eis que chegou o sábado. Amanheceu chuvoso. Isso, em tese, estragaria os planos, pois trata-se de um parque a céu aberto. Adiamos um pouco a saída, pra ver se o tempo melhorava. Apesar do frio e a umidade, naquele momento não estava chovendo, de modo que mantivemos os planos. Saímos de casa por volta de dez da manhã, pois ainda tínhamos que passar em alguns lugares e comprar algumas coisas.

Ficamos de encontrar o casal num ponto da Via Dutra para dar início à epopéia (vamos chamá-los de “Paulo” e “Andréa”), momento no qual transferiríamos para seu carro o pai solteiro separado e seu filhote (vamos chamá-lo de “Evandro”). Apesar de não estar chovendo o céu continuava negro, e nuvens cumulus nimbus de milhões de toneladas pairavam num lúgubre agouro do que nos aguardava.

Logo ao cumprimentá-los, Paulo disse: “E aí? Pronto para um P.I.?” (Programa de Índio).

“Ôpa!” – eu disse.

Eu deveria ter percebido os sinais…

Como eu NUNCA dirigi na Capital, fui na cola deles. Logo ao entrar na estrada (às onze horas), me lembrei de um recente post da Ju, quando foi ao aeroporto e seu filho começou a contar quanto tempo iria levar pra chegar.

Rimos um bocado.

Passados alguns minutos, meu filho mais velho me pergunta:

– Paiê, o que vem depois de cento e noventa e nove?

Com um pequeno solavanco na boca do estômago, respondi. E continuei respondendo até que atingisse o número mil, quando, ao perceber que ainda faltava muito pra chegar (dessa vez me lembrei do Burro, em Shrek 2), ele resolveu deixar de lado a contagem.

Cerca de uma hora e tanto depois, pouco antes de chegar à cidade de São Paulo, voltou a chover torrencialmente. Ainda assim permanecemos firmes em nosso propósito de chegar à Cidade da Criança. Mas, com um tempo daqueles, não teria jeito – em determinado ponto paramos e resolvemos rever os planos. Precisaríamos ir a um local que fosse coberto, pelo que optou-se pelo Parque da Mônica.

Como eu não tinha nem idéia de local ou distância, limitei-me a dizer: “Tãotáintão”…

A Capital paulista é algo que ao mesmo tempo me causa encanto e temor. Acho suas construções magníficas, em especial aquelas antigas, da virada do século passado. Certos bairros têm uma característica bucólica, quase de cidade do interior. Outros lembram verdadeiros cortiços, travestidos de miséria e sujeira. Isso sem falar nas grandes e modernas obras arquitetônicas, bem ao estilo do século XXI. Hoje, mais do que nunca, posso falar com certa propriedade, pois, com certeza, devemos ter passado por TODOS os bairros de São Paulo!

É bom lembrar que desde meu acidente, devido ao rompimento de parte dos ligamentos em meu joelho esquerdo, minha perna ficou meio prejudicada. Como acharam que ainda não era hora de sacrificar o equino que vos escreve, passei a me conformar que doravante o frio e esforços repetitivos passariam a deixar esse joelho dolorido. Ah, sim, perna esquerda é a do pedal da embreagem…

Pois bem. No meio do caminho (sim, do NOVO caminho) passamos a seguir por atalhos, ruas paralelas, subidas, descidas, viadutos, o escambau! Tentando sempre ficar logo atrás do carro do Paulo, pois se eu me perdesse NUNCA mais eu conseguiria voltar pra casa. Isso valeu até alguns buzinaços que tomei na orelha, porque simplesmente não podia perdê-los de vista. Em dado momento, no alto de um viaduto, vendo que ele sinalizou uma entrada à direita, acabei fechando violentamente um carro que estava a meu lado. Foi quando minha esposa falou:

– Parabéns, amor. Já está dirigindo como os nativos…

Mais tarde fiquei sabendo que o Paulo e o Evandro se perguntaram se eu estaria muito bravo lá atrás. Olharam para meu carro e todos os vidros estavam embaçados. Chegaram à conclusão que devia ser eu, bufando.

Cerca de duas horas depois de nossa saída, parados num semáforo, o Paulo colocou meio corpo pra fora e gritou: “Já estamos chegando! É logo ali!”. Maldito. Eu devia saber que estava mentindo…

Até então ele vinha dirigindo com calma, sempre de olho no retrovisor, sinalizando todas as curvas e viradas, preocupado se eu estaria ali, logo atrás. Num determinado momento passou a dirigir com mais desenvoltura, senhor de si, nem seta estava dando mais. Falei pra Dona Patroa:

– Ah! Agora devemos estar perto, mesmo! Parece que o Paulo se familiarizou com o caminho. Isso é que nem cachorro perdigueiro, que quando pega o rastro do bicho, desembesta a correr…

De fato. Pouco depois chegamos nas nababescas instalações do Shopping Eldorado, onde está localizado o Parque da Mônica. Cansados, com fome, a bunda parecendo uma pizza de cinco queijos e o joelho latejando, estacionamos no piso G2 (somente vim a saber disso mais tarde).

Continua…

0 thoughts on “Parque da Mônica – a epopéia (I)

  1. Primeiramente, preciso retificar a terminologia “pai solteiro” carinhosamente utilizada pelo meu amigo, pois na verdade sou um “PAI SEPARADO” eis que meu pimpolho é fruto de um relacionamento de cerca de 07 anos, que embora “informal”(não casamos efetivamente) seguiu os trâmites de um casamento normal.

    Até a título de justiça e para que tire de uma vez da minha cabeça esta inicial de uma Ação Indenizatória que me acompanha desde sábado a noite, bom de ressaltar que meu nobre amigo, gentilmente ME CONVIDOU na sexta-feria a noite (22:00 para ser mais exato) para participar juntamente com meu filho Vinicius do inesquecível passeio, hoje objeto de seus comentários. Ou seja, juro que ele não apontou uma arma na minha cabeça – EU FUI PORQUE EU QUIS.

    Eu sei, eu sei… já deveria ter previsto.. Shopping.. último final-de-semana de férias, o tempo ruim… o bolso vazio, mas foi divertido. Nada que não se deva fazer no máximo uma vez na vida.

    Até o próximo comentário…

  2. Repito: não gostaria de esperar até o próximo capítulo para saber como foi a odisseia que enfrentaram neste final de semana, mas acredito que deva ter sido muuuuiiiiitooooo legal, pois a carinha de vocês estão muito felizes para uma segunda-feira chuvosa como esta.

    A propósito Evdro: SIM, EU LI o comentário do Adauto a respeito de “fotos tiradas no escorregador”, e acredito que ele não vá se negar a mostrá-las para mim, para a Sheila, para o Bicarato, para o André, para a Andréa, para o Marcelo, para o sr. Antonio, e para todos os demais coleguinhas… rsrsrs

  3. Bem, cabe pontuar que em nenhum momento estivemos perdidos. O périplo que vivenciamos deveu-se ao fato de “o determinado ponto” acima comentado ter sido já próximo de S. Bernardo (onde fica a Cidade da Criança). Dali para a Rebouças, embora distante, nem teria demorado tanto, não fosse o trânsito naquele dia chuvoso. Confesso que no nosso carro estávamos nos divertindo bastante, imaginando os diálogos e os xingamentos que não estariam emanando daquele carro atrás do nosso… O comentário acerca do “bufão” foi da Andréa e do Evandro. Eu apenas me limitei a dizer que não enxergava a sua cara porque ela estava totalmente FECHADA. Ah! A Andréa leu o seu post e riu muito. Inclusive deu-me a idéia de, na próxima vez, quando efetivamente formos à Cidade da Criança (…muito em breve, não?), amarrar uma corda ligando os nossos carros (…como não pensamos nisto antes?). E não se esqueça: ser pai é PAIdecer no paraíso!!! Aguardo a continuação da saga! Já imaginava que ela não passaria incólume por aqui. Abs.

  4. Olha… Se não estivemos perdidos, pôxa, vocês me enganaram direitinho! Mas continuemos com MINHA versão da história (passível de complementações e adequações conforme vá sendo escrita)…

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