Nesses nossos tempos em que o discurso midiático tem deixado muito a desejar (aliás a revista Língua Portuguesa deste mês tem um ótimo artigo sobre isso), segue um texto bastante interessante, descaradamente copiado lá do Blog do João David:
A Verdade Nua caminhou pela rua um dia.
As pessoas viraram o olhar para outro lado.
A Parábola chegou, adornada e bem vestida.
As pessoas a saudaram com alegria.
A Verdade Nua sentou-se solitária, triste e despida.
“Por que você está tão triste?” – perguntou a Parábola.
A Verdade Nua respondeu: “Não sou mais bem-vinda.
Ninguém quer me ver. Eles me expulsam de suas portas.”
“É difícil olhar para a Verdade Nua” — comentou a Parábola.
“Deixa-me vesti-la um pouco. Certamente, você será bem recebida”.
A Parábola vestiu a Verdade Nua com um vestido fino feito de narrativa, com metáforas, uma prosa incisiva e enredos cheios de inspiração.
Com riso e lágrimas e aventura a se revelar, juntas elas começaram a desfiar uma estória.
As pessoas abriram suas portas e serviram a elas o que havia de melhor.
A Verdade Nua vestida de estória era uma convidada muito bem-vinda.
(Conto judaico, readaptado por Heather Forest)
Todavia, porém, entretanto… a Verdade verdadeira, deixou de ser nua, para calcar na ilusão humana uma vaga hipótese de um dia, quem sabe, ser desvestida e aceita, sem máscaras, sem roupas – doa a quem doer.
Só que essa aceitabilidade está mais para quem recebe do que para quem oferta. Ou seja, não tem como a Verdade Nua ser sujeito ativo nessa situação. Daí a IMprobabilidade de que esse dia chegue…