Armas foram feitas para matar

Élida Ramirez

Tânia era uma tia para mim. Foi morta pelo irmão esquizofrênico que usou uma pistola com silenciador. Rodrigo, irmão mais novo de um amigo, tinha 19 anos quando foi atingido por uma bala no peito disparada por um militar que fazia bico em uma festa universitária. Edma fazia minhas unhas e sumiu. O corpo foi achado em um lote vago, cheio de tiros. Nos três casos, armas legalizadas e ilegais. Que cumpriram o papel do armamento: matar. Fico pensando que se fosse uma faca, talvez, os atos violentos não tivessem sido fatais. Conjecturas de quem perdeu afetos. Antes dessas mortes, já era contrária à política do armamento. A discussão sobre o tema gera polêmica há décadas no Brasil. A falta de consenso vai desde o copo sujo aqui perto de casa aos especialistas. E, para mim, a informação parcial desencontrada e o uso político do assunto são tão perigosos quanto ter um revólver no travesseiro em uma casa cheia de crianças.

O uso de arma, suas consequências e simbolismos desde sempre conferiram ao assunto o troféu de abacaxi histórico. Por que tanto bafafá em relação ao assunto? Pois desde a criação da pólvora na China até os fuzis e metralhadoras mais potentes de hoje, as armas cumprem a mesma função: tirar a vida das pessoas. Não vim aqui para convencer ninguém pois as redes sociais já estão lotadas de opiniões de todo tipo. Mas proponho reflexões. A violência não acontece porque estou desarmada. Ela é conjuntura de fatores socioeconômicos. Portanto, ter revólver só ajuda a matar mais.

Muito dirão: “ah, se o estado não me protege 100%, tenho direito a fazê-lo”. De fato. Se a função da arma é matar e é liberado a civis a ter em seus lares, indiretamente é dada a licença para atirar. Rejeito veementemente a noção infantil, rasa e preconceituosa que anda circulando por aí de cidadão do bem. A falta de dinheiro não é a única responsável pelo crime. Meu pai passou fome e nunca tirou um centavo de ninguém. Jamais mataria. Reconheçamos, a conjuntura interfere. E justificar assassinatos de supostos bandidos com o argumento da autoproteção é optar pelo conformismo imediatista, primitivo e perigoso do “olho por olho, dente por dente”.

A solução de problemas por meio da morte não pode ser naturalizada. Quando cobria crimes, como jornalista, tratava o morto informalmente como “presunto”. O maior desrespeito. É que estava tão imersa naqueles cenários de assassinatos, que o corpo era sempre mais um. Horrível e vergonhoso. Reconheci, assumi e saí daquilo. E, olha, sou bastante sensível. Gente, não tem jeito. Mesmo que permitam possuir armas. E hajam brechas, entendimentos, circunstâncias jurídicas atenuantes de homicídios garantindo a absolvição. Quem mata nunca deixará de ter sido autor da morte de alguém. Eu não conseguiria conviver com esse peso.

“Redes sociais formaram geração de pessoas inseguras”, diz criador do Orkut

Juliana Carpanez

Orkut Buyukkokten é um sujeito que parece gostar de se conectar com pessoas. Na entrevista ao UOL, na cafeteria de um hotel em São Paulo na terça-feira (3), o criador da plataforma que levava seu nome conversou por quase uma hora, olho no olho, sem encostar uma única vez no celular. Quem dos seus amigos altamente ligados em tecnologia faz isso?

Na sessão de fotos, mesmo com hora marcada para outro compromisso, topou fazer poses e trocar de roupa a pedido do fotógrafo. Conhecido por suas camisas exóticas, subiu duas vezes até seu quarto no hotel para variar o look. Apenas quando terminado o dever, pegou o celular e postou no Instagram com apenas 882 seguidores, as imagens que sua assessora havia feito durante a sessão de fotos para o UOL (a tal foto da foto). Em seus stories, esse registro apareceu numa sequência do evento de marketing digital Digitalks 2018 e de muita comida – fartos buffets, amendoim, pudim, pão de café e caipirinha estavam na lista.

No encontro, conversou sobre como as redes sociais prejudicam as pessoas e mostrou como acha que dá para melhorar esse cenário – aqui aproveitou para divulgar sua nova rede, Hello, lançada no Brasil há um ano. Também contou que viu as fake news se aproximando, negou ter lucrado com a criação do Orkut, revelou usar o Tinder e se declarou para o Brasil, que visita pela segunda vez, agora para uma série de palestras. Só se mostrou reservado quando questionado sobre a idade, que prefere não revelar.

Cientista da computação formado em Stanford (EUA), ele deixou o Google em 2014, mesmo ano em que a rede social Orkut foi extinta. Antes disso, Orkut já havia parado de trabalhar em sua plataforma para virar gerente de produto da gigante de tecnologia. Hoje ele mora em San Francisco (Califórnia, EUA), onde disse dedicar seu tempo ao Hello e aos amigos. Seu dinheiro vem dos investidores que apostam neste novo projeto.

Antes de apresentar os principais trechos da entrevista, com as respostas editadas para melhor compreensão, duas curiosidades. Primeira: o turco Orkut fala Orkut.com para referir-se à rede social (e diferenciá-la de seu nome). Segunda: o plano inicial era chamar essa plataforma de Eden. Como a palavra não estava mais disponível para registro de domínio, os chefões do Google decidiram usar Orkut.

UOL – Você é importante para o Brasil, pelo fato de tanta gente ter usado sua rede social. Quanto o Brasil é importante para você?

Orkut Buyukkokten – Vim para o Brasil em 2009, quando conheci as pessoas, a cultura, a comunidade. Fiquei encantado em como todos eram amigáveis, receptivos, apaixonados, cheios de vida. Eu já tinha essa impressão por causa dos brasileiros com quem eu trabalhava no Orkut.com.

Chegamos a ter cerca de 70% dos internautas brasileiros no Orkut, criando momentos mágicos: essas pessoas fizeram amigos, se casaram, encontraram melhores empregos. Queremos trazer de volta todos esses valores e essas conexões autênticas com o Hello.

UOL – Como você quer fazer isso? As outras redes também começaram com propostas parecidas, mas de alguma forma as pessoas acabam transformando a maneira de usá-las.

Orkut – As redes sociais são hoje especialmente desenvolvidas para as pessoas se promoverem: essas plataformas ganham dinheiro quando você mostra interesse no que as outras pessoas exibem. Os algoritmos e feeds de notícia são otimizados para aumentar o engajamento e os minutos gastos nesses serviços, criando valor para os anunciantes, os cocriadores de conteúdo, as marcas e os acionistas. Não são desenvolvidos para aumentar a felicidade humana.

O que acaba acontecendo é que estamos mais atentos à vida das pessoas do que nunca: vemos seus casamentos fabulosos, as férias sem fim de nossos amigos, jantares incríveis, gente de aparência maravilhosa. Criamos assim uma geração insegura, que olha para esses feeds de notícias e acha que nunca poderá se comparar aos outros, nunca poderá fazer o bastante, nunca poderá ser o bastante.

Então além das expectativas de nossas famílias, amigos, vizinhos, temos hoje toda essa ansiedade que vem das redes sociais ao nos compararmos com os outros. Temos uma sociedade que é realmente insegura, ansiosa, deprimida, estressada, infeliz e solitária. E as redes sociais têm um papel nisso. Elas não aumentam a felicidade, não melhoram a qualidade de vida. Elas a torna pior.

Se usarmos a tecnologia da maneira certa, ela pode abrir portas, nos conectar mais, servir às comunidades. Vimos isso acontecendo nos bons tempos do Orkut.com. Hoje as redes sociais não criam engajamentos autênticos, as pessoas pararam de mostrar quem realmente são. Elas compartilham o que pensam que os outros querem ver.

Como resultado, nossa vida é repleta de cascatas de momentos falsos perfeitamente orquestrados. Paramos de nos arriscar, de ser genuínos, criando paredes que nos protegem dos outros. Não nos conectamos, não criamos intimidade, não somos vulneráveis.

UOL – E como você pretende fazer diferente?

Orkut É preciso desenvolver uma plataforma na qual os usuários sejam os campeões, eles devem vir sempre em primeiro lugar. A interação com as pessoas precisa ser divertida, precisa haver um engajamento autêntico. E a forma mais natural de nos conectarmos uns com os outros na vida real é com as comunidades: eram elas as características mais populares no Orkut.com.

Além disso, existe uma combinação de tecnologia, de algoritmos, de aprendizado das máquinas. É possível fazer as iniciativas positivas suprimirem o que não é bom. Para postar anonimamente no Hello, por exemplo, temos um sistema de monetização. Então a pessoa pode falar sobre política ou sexualidade sem se expor. Mas, como é preciso pagar por isso, ela nunca usará o anonimato para praticar bullying ou espalhar o ódio. Trata-se de uma forma de equilibrar o ecossistema e melhorar a experiência do usuário.

UOL – Quando você começou a perceber os impactos ruins das redes sociais?

Orkut – Vi esses primeiros sinais no meu próprio feed de notícias. Um amigo havia postado uma foto feliz em um piquenique com sua mulher, quando eu sabia que eles estavam se separando. Não era um momento real, era um momento falso. Vejo isso o tempo todo.

Vejo pessoas gravando vídeos em um show, não vivendo aquela experiência. Recentemente, na Europa, fui a uma balada e tinha três jovens sentados que estavam o tempo todo olhando seus telefones. Eles não se falavam e só foram dançar para gravar um vídeo.

É preciso olhar nos olhos e para o coração das pessoas. Mas estamos olhando para o smartphone, o que é uma violência contra a humanidade. Somos humanos, não máquinas.

UOL – Você percebeu esses primeiros sinais já no Orkut?

Orkut – Não, foi depois. O Orkut tinha um sistema muito diferente, em que o engajamento acontecia principalmente nos scraps. As pessoas colocavam lá as mensagens para elas mesmas ou para seus amigos. Era mais autêntico: não tinha um feed de notícias que mostrava todo esse conteúdo patrocinado.

Isso é outra coisa que está acontecendo hoje. Tem muito conteúdo que as pessoas postam em benefício próprio e não conseguimos mais distinguir o que é real daquilo que não é. Você vê como isso pode influenciar a política, tem as fake news. As coisas foram se tornando mais superficiais, mais falsas, e assim foi possível ver as fake news chegando.

Olhamos o feed e compartilhamos coisas falsas, mas não acreditamos naquelas que são reais. É muito triste isso.

UOL – O Orkut também teve um final ruim, depois de muitas denúncias de crimes e mau uso.

Orkut – Esse tipo de uso indevido e ilegal realmente vai acontecer, porque são as mesmas pessoas na vida real e no online. Acontece em todas as plataformas, isso eu posso garantir para você. Qualquer serviço que conecta as pessoas, que permite a comunicação, será usado também para fins maliciosos.

UOL – Existe um movimento contrário às redes sociais que denuncia a forma descontrolada como usamos essas ferramentas. Qual sua opinião sobre isso?

Orkut – O problema não é usar muito seu telefone, nem as redes sociais. O problema é usar serviços que o deixam infeliz e, no topo dessa lista, estão coisas como “Candy Crush”, Facebook, Grindr. Acredito do fundo do meu coração que a tecnologia pode estar ligada à felicidade, se você gastar tempo conectado a pessoas e conteúdo de uma maneira significativa.

Não quero falar especificamente do Facebook nem do Instagram. Vou falar do Tinder, Happn, esses aplicativos para encontrar parceiros.

Estou solteiro há dois anos [Orkut teve um longo relacionamento com Derek Holbrook] e, quando interajo com pessoas no Tinder, o que vejo é desespero, solidão, insegurança. As pessoas se esqueceram como se comunicar umas com as outras, como ser respeitosas. Aplicativos como o Tinder tornam as relações descartáveis, você julga alguém em um segundo considerando apenas sua foto. É muito cruel para a sociedade, para a humanidade.

Ghosting virou uma palavra de dicionário. É quando você começa a falar com alguém e depois desaparece. Trata-se de uma das coisas mais cruéis, emocionalmente, que você pode fazer com outro humano, pois é muito doloroso. E quem pratica o ghosting são os mais inseguros, aqueles com mais problemas. Isso tudo me aterroriza e por isso estou tão motivado a criar um ambiente de conexões significativas para as pessoas

UOL – Voltando ao Orkut, você ganhou dinheiro com o site?

Orkut – Desenvolvi esse projeto dentro do Google [na política de 20% do tempo livre] e, quando você é contratado, tudo o que faz é daquela empresa. Então era um produto do Google. Tinha até um rumor que eu ganhava US$ 0,10 por cada scrap postado, mas era um rumor [risos].

A princípio eu era a única pessoa que trabalhava no projeto: eu era o engenheiro, o designer, o gerente de produto e até mexia nos servidores. Quando estava tudo pronto para o lançamento, em uma reunião com [o então CEO] Eric Schmidt e [a então diretora] Marissa Mayer, eles sugeriram usarmos o nome Orkut.com. Isso porque eu era o único funcionário, tinha aquele domínio registrado e era uma palavra de cinco letras, fácil de identificar. No último minuto, decidiram lançar como Orkut.com.

UOL – Como era o outro nome?

Orkut – O nome interno do projeto era Eden, que significa paraíso, um lugar incrível para as pessoas estarem juntas. Mas o domínio não estava disponível e não tínhamos tempo suficiente para comprá-lo.

UOL – Ficou triste com o fechamento?

Orkut – Sim, foi um momento muito triste para mim. Tínhamos uma comunidade com mais de 300 milhões de pessoas, ele as aproximou. Foi triste para mim e para todos. Mas vi isso como o fim de um capítulo, e o Hello como o começo de outro. É uma continuação, uma espécie de sucessor espiritual do Orkut.

Teve vários momentos mágicos que me tocaram. Meu melhor amigo conheceu a mulher no Orkut e pediu que eu fosse padrinho de seu filho.

Hoje, em uma palestra, eu contei como me sentia excluído: nasci na Turquia, cresci na Alemanha, muitas vezes eu não me encaixava. Ou porque era um programador nerd, porque era baixo, porque tinha sotaque, porque era gay. E depois da palestra uma pessoa veio até mim e contou que, quando era mais novo, seus amigos e sua família não sabiam que ele era gay. Mas, por causa do Orkut, ele podia se conectar com outras pessoas que o aceitavam e isso o ajudou.

Essas histórias me tocam, é quando sinto que fiz a diferença na vida das pessoas.

UOL – Os brasileiros dominaram o Orkut. Isso de alguma forma foi negativo para o site?

Orkut – A comunidade cresceu muito rápido e, logo depois de lançarmos, tivemos problemas com os servidores. Havia muitos atrasos, perda de conexão: tinha até aquela mensagem engraçada do “bad, bad service. No donut for you“. Com isso perdemos nossa base de usuários nos Estados Unidos, mas no Brasil ela crescia, crescia, crescia. É difícil dizer se os brasileiros tinham mais paciência ou se estavam acostumados com conexões lentas: na época, muitos usavam cybercafés [o que inclui LAN houses] e conexão discada.

Conseguimos resolver esse problema com os servidores em um ano e chegamos a ter cerca de 70% de todos os internautas brasileiros na plataforma. O Brasil foi incrível para o Orkut.

Maurício de Sousa, seus filhos e personagens

Todos que conhecem os quadrinhos da Turma da Mônica já sabem de cor e salteado que Maurício de Sousa baseou sua personagem principal em sua própria filha. Mas vocês sabiam que existem vários outros personagens também inspirados nos (vários) outros filhos do Maurício? Pois é. Confiram a listagem:

Marcelinho – Nos quadrinhos, Marcelinho é um garoto de 7, 8 anos. Na vida real, Marcelo Pereira de Sousa tem 19. É o caçula de Mauricio de Sousa e também foi o último a ser incorporado à Turma. O personagem tem mania de ser certinho, não gosta de desperdícios e sabe ser econômico.

Vanda e Valéria – As gêmeas idênticas foram baseadas nas filhas Vanda Signorelli e Sousa e Valéria Signorelli e Sousa, também gêmeas, hoje com 46 anos. As personagens entraram para a Turma da Mônica somente na fase jovem. Estão sempre juntas, mas têm opiniões divergentes nas histórias.

Professor Spada / Dr. Spam – Para criar o personagem duplo, o cartunista usou duas referências: seu filho Maurício Spada e Sousa, 45 anos, e o conto “O médico e o monstro”, de Robert Louis Stevenson. Nas historinhas, o Prof. Spada dá aulas de informática para a turma. Quando nervoso, se trarnsforma no alterego Dr. Spam, que quer dominar o mundo através dos computadores.

Marina – A filha Marina Takeda e Sousa, 31 anos, é Marina também nos quadrinhos. O talento para desenhar é o aspecto principal da personagem. Sua primeira aparição nos gibis foi em 1994.

Nimbus – As características do personagem surgiram da curiosidade que Mauro Takeda e Sousa, 30 anos, tem por meteorologia, clima e tempo. Nimbus também faz mágicas para a turma. Ele foi criado em 1994, mesmo ano que Marina.

Do Contra – Do Contra é irmão de Nimbus nos gibis, eles foram criados juntos. O rapazinho foi inspirado em Maurício Takeda e Sousa, hoje com 28 anos. O personagem, como o nome revela, gosta de fazer as coisas de maneira diferente, como comer iogurte e catchup “porque sim”.

Maria Cebolinha – Nos quadrinhos a filha mais velha de Mauricio se tornou um bebê. Mariângela Spada e Sousa, 57 anos, foi inspiração para Maria Cebolinha, a irmã de cerca de dez meses do Cebolinha. A primeira aparição dela foi nas tiras do Maurício em 1963, sendo que a história de seu nascimento foi contada em “Bem-Vinda Maria Cebolinha”, de 2001. A personagem é o centro das atenções da família.

Magali – Magali, a melhor amiga de Mônica, foi criada em janeiro de 1964 e inspirada em uma das irmãs da Mônica real: Magali Spada e Sousa, 55 anos. Quando criança, ela comia uma melancia inteira, sem cerimônia. O apetite e a meiguice da filha se tornaram as principais características da personagem.

Mônica – Criada em 1963, a personagem Mônica foi inspirada em Mônica Spada e Sousa, 56 anos, filha de Mauricio. Na época da criação ela demonstrava uma personalidade forte e o cartunista transferiu as características da filha de forma caricata. Afinal a menina é conhecida por se irritar ao ser chamada de gorducha, dentuça e baixinha.

   

Os 100 livros que mudaram a história, segundo a BBC

A BBC Cultura pediu a especialistas de 35 países que indicassem cinco narrativas ficcionais que abalaram o curso da história. Ao todo, 108 escritores, pesquisadores, jornalistas, críticos e tradutores foram ouvidos. Os livros e as histórias mais mencionados por eles foram reunidos em uma lista. Além de obras clássicas da literatura universal, foram lembrados contos folclóricos e poemas. De acordo com o veículo, não se trata de uma lista definitiva, apenas de um ponto inicial de um diálogo sobre o porquê de algumas narrativas perdurarem ao longo dos séculos. Alguns destaques da seleção são “Odisseia” (Séc. 8 a.C.), de Homero, que ocupa a primeira colocação; “A Cabana do Pai Tomás” (1852), de Harriet Beecher Stowe, em segundo lugar; e “Frankenstein” (1818), de Mary Shelley, na terceira posição.

1 — Odisseia (Séc. 8 a.C.), Homero
2 — A Cabana do Pai Tomás (1852), Harriet Beecher Stowe
3 — Frankenstein (1818), Mary Shelley
4 — 1984 (1949), George Orwell
5 — O Mundo se Despedaça (1958), Chinua Achebe
6 — As Mil e Uma Noites (Séc. 8 ao 18), vários autores
7 — Dom Quixote (1605-1615), Miguel de Cervantes
8 — Hamlet (1603), William Shakespeare
9 — Cem Anos de Solidão (1967), Gabriel García Márquez
10 — Ilíada (Séc. 8 a.C), Homero
11 — Amada (1987), Toni Morrison
12 — A Divina Comédia (1308-1320), Dante Alighieri
13 — Romeu e Julieta (1597), William Shakespeare
14 — Epopeia de Gilgamesh (Séc. 22 a.C ao séc.10 a.C.), autor desconhecido
15 — Série Harry Potter (1997-2007), JK Rowling
16 — O Conto da Aia (1985), Margaret Atwood
17 — Ulysses (1922), James Joyce
18 — A Revolução dos Bichos (1945), George Orwell
19 — Jane Eyre (1847), Charlotte Brontë
20 — Madame Bovary (1856), Gustave Flaubert
21 — Romance dos Três Reinos (1321-1323), Luo Guanzhong
22 — Jornada ao Oeste (1592), Wu Cheng’en
23 — Crime e Castigo (1866), Fyodor Dostoyevksy
24 — Orgulho e Preconceito (1813), Jane Austen
25 — Margem da Água (1589), Shi Nai’an
26 — Guerra e Paz (1865-1867), Lev Tolstoy
27 — O Sol é Para Todos (1960), Harper Lee
28 — Vasto Mar de Sargaços (1966), Jean Rhys
29 — Fábulas de Esopo (séc.620 a.C. ao séc.680 a.C.), Esopo
30 — Cândido, ou O Otimismo (1759), Voltaire
31 — Medeia (431 a.C.), Eurípides
32 — Mahabharata (séc. 4 a.C.), Vyasa
33 — Rei Lear (1608), William Shakespeare
34 — Genji Monogatari (1021), Murasaki Shikibu
35 — Os Sofrimentos do Jovem Werther (1774), Johann Wolfgang von Goethe
36 — O Processo (1925), Franz Kafka
37 — Em Busca do Tempo Perdido (1913-1927), Marcel Proust
38 — Morro dos Ventos Uivantes (1847), Emily Brontë
39 — Homem Invisível (1952), Ralph Ellison
40 — Moby Dick (1851), Herman Melville
41 — Seus Olhos Viam Deus (1937), Zora Neale Hurston
42 — Ao Farol (1927), Virginia Woolf
43 — A Verdadeira História de AQ (1921-1922), Lu Xun
44 — Alice no País das Maravilhas (1865), Lewis Carroll
45 — Anna Kariênina (1873-1877), Lev Tolstói
46 — Coração das Trevas (1899), Joseph Conrad
47 — Monkey Grip (1977), Helen Garner
48 — Mrs Dalloway (1925), Virginia Woolf
49 — Édipo Rei (429 a.C.), Sófocles
50 — A Metamorfose (1915), Franz Kafka
51 — Oresteia (séc.5 a.C.), Ésquilo
52 — Cinderela (autor e data desconhecidos)
53 — Uivo e Outros Poemas (1956), Allen Ginsberg
54 — Os Miseráveis (1862), Victor Hugo
55 — Middlemarch (1871-1872), George Eliot
56 — Pedro Páramo (1955), Juan Rulfo
57 — Amantes Borboletas (autor e data desconhecidos)
58 — Os Contos de Cantuária (1387), Geoffrey Chaucer
59 — Panchatantra (300 a.C.), Vishnu Sharma
60 — Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Machado de Assis
61 — Primavera da Srta. Jean Brodie (1961), Muriel Spark
62 — The Ragged-Trousered Philanthropists (1914), Robert Tressell
63 — Canção de Lawino (1966), Okot p’Bitek
64 — O Carnê Dourado (1962), Doris Lessing
65 — Os Filhos da Meia-Noite (1981), Salman Rushdie
66 — Nervous Conditions (1988), Tsitsi Dangarembga
67 — O Pequeno Príncipe (1943), Antoine de Saint-Exupéry
68 — O Mestre e Margarida (1967), Mikhail Bulgakov
69 — Ramáiana (Séc.11 a.C.), Valmiki
70 — Antígona (441 a.C.), Sófocles
71 — Drácula (1897), Bram Stoker
72 — A Mão Esquerda da Escuridão (1969), Ursula K. Le Guin
73 — Um Conto de Natal (1843), Charles Dickens
74 — América (1980), Raúl Otero Reiche
75 — Diante da Lei (1915), Franz Kafka
76 — Children of Gebelawi (1967), Naguib Mahfouz
77 — Il Canzoniere (1374), Petrarca
78 — Kebra Nagast (1322), Vários autores
79 — Mulherzinhas (1868-1869), Louisa May Alcott
80 — Metamorfoses (8 d.C.), Ovídio
81 — Omeros (1990), Derek Walcott
82 — Um Dia na Vida de Ivan Denisovich (1962), Alexander Soljenítsin
83 — Orlando: Uma biografia (1928), Virginia Woolf
84 — A Serpente e o Arco-íris (lenda indígena australiana, data e autor desconhecidos)
85 — Foi Apenas um Sonho (1961), Richard Yates
86 — Robinson Crusoé (1719), Daniel Defoe
87 — Canção de Mim Mesmo (1855), Walt Whitman
88 — As Aventuras de Huckleberry Finn (1884), Mark Twain
89 — As Aventuras de Tom Sawyer (1876), Mark Twain
90 — O Aleph (1945), Jorge Luis Borges,
91 — O Camponês Eloquente (história egípcia antiga, data e autor desconhecidos)
92 — A Roupa Nova do Rei (1837), Hans Christian Andersen
93 — A Selva (1906), Upton Sinclair
94 — The Khamriyyat (séc.9), Abu Nuwas,
95 — Marcha de Radetzky (1932), Joseph Roth
96 — O Corvo (1845), Edgar Allan Poe
97 — Os Versos Satânicos (1988), Salman Rushdie
98 — A História Secreta (1992) Donna Tartt
99 — Um dia de Neve (1962), Ezra Jack Keats
100 — Toba Tek Singh (1955), Saadat Hasan Manto

(Relação roubartilhada lá da Revista Bula)

Receita de Primavera

Pegue alguns passarinhos
de todos os tamanhos…
Escolha os bem ruidosos
e junte às borboletas.
Mas não guarde nem faça nada…
Pegue sem segurar,
capture com o olhar.
Separe umas formiguinhas
e abelhas pequenininhas.
Adquira piados,
coaxos e zunidos.
Ouça de olhos fechados
e alma escancarada.
Despeje alguns sorrisos,
uma ou outra gargalhada.
Aqueça o sol por primazia
até dourar o coração.
Assopre uma brisa fresca
e reserve muitas cores
(despreze o cinza).
Salpique pétalas de flores e espera…
Já, já está pronta a Primavera!

Rossana Masiero