Relacionamentos

Relacionamentos são coisas estranhas. MUITO estranhas…

Já conheci muitos casais na minha vida. Gente de tudo quanto é tipo. Pessoas carinhosas, pessoas enérgicas, déspotas, submissos, ignorantes, esclarecidos, mandões, enfim, uma variedade tão grande de situações quanto é dado à própria índole do ser humano, mas dentro de um único relacionamento.

E, dentro dessa ampla variedade, não consigo entender o que faz com que duas pessoas continuem juntas mesmo depois de todos os sinais de que aquilo não vai dar certo NUNCA. Vejam bem, não estou falando somente do descompasso do relacionamento entre duas pessoas, mas também da própria atitude individual de cada um frente a esse descompasso. Aliás, atitude essa que usualmente leva à fatídica situação da traição.

Sou um cara bastante antiquado e dentre minhas convicções tenho que um relacionamento monogâmico é a postura correta a ser tomada. Sempre. Não, não estou condenando ninguém, pois cada um sabe muito bem o que o(a) levou à situação pessoal que eventualmente esteja vivendo. Essa postura diz respeito à minha maneira de ser e somente isso. Compreendo (no sentido racional da coisa) os motivos que levam alguém a tomar uma medida dessas mas não entendo (no sentido emocional da coisa) o porquê de continuarem juntos mesmo depois que a coisa já descambou.

Não que ninguém não mereça uma segunda chance (ou terceira, ou quarta…) – muito pelo contrário! Como advogado na minha curta carreira até agora tive a oportunidade de, pelo menos em três situações, separar o casal perante a justiça e depois ter que intervir novamente para reconciliá-los. É uma situação bastante gratificante.

E, independentemente dessas “questões traiçoeiras”, vejo pessoas que se anulam em relacionamentos. Que se submetem em prol dos filhos, do marido, da esposa, da situação financeira, da família, dos amigos, sei lá. Mas suportam uma situação insuportável em nome de manter as aparências. Também não entendo isso.

Particularmente acho que um relacionamento, ainda que somente de duas pessoas, isto é, sem filhos, por si só já constitui o que chamaríamos de “família”. Cada qual saiu de sua casa e resolveu criar um terceiro núcleo, indepedente dos anteriores. Lembro-me da minha infância, quando vivia enfiado dentro da igreja (sim, em determina época este humilde escriba quase resolveu ir para o seminário, mas isso é uma outra história), um trecho de uma música de um certo Padre Zezinho sempre me encantava. Era da música “Utopia”, mais ou menos assim: “O tempo passa e eu vejo a maravilha de se ter uma família enquanto muitos não a têm; agora falam do desquite, do divórcio, o amor virou consórcio – compromisso de ninguém”.

Onde pretendo chegar com esse lenga-lenga? Também não sei. Acho que só dar uma desabafada mesmo. Muitos relacionamentos por perto estão abalados (ou, no mínimo, estremecidos) e isso acabou por captar minha atenção. Quis apenas expressar minha opinião (ou talvez a falta dela) neste nosso espaço. Não quero, nem pretendo, julgar ninguém mas simplesmente fazer com que pensemos sobre o assunto.

Sim, “pensemos”. Nós. Eu e Dona Patroa também temos nossos perrengues de quando em quando. Aliás, qualquer casal NO MUNDO os têm. Mas, mesmo assim, vamos muito bem, obrigado. Entretanto, é da índole do ser humano ser único, distinto, diferente pela própria natureza. Já vi gente que considera uma aberração o que chamo de “família”, pois a priori o ser humano deveria ficar sozinho. Discordo desse ponto de vista. Constituir uma família (ainda que só de dois) implica em cessões e obrigações mútuas. E controladas. Se um cede demais ou obriga demais, aí a coisa começa a ficar complicada. Ou seja, é a eterna busca do equilíbrio.

Heh… Como sempre digo, a gente ensina melhor aquilo que mais precisa aprender…

Por fim, como não para de zumbizar na minha mente uma antiga música do Raul Seixas (qual não é?), eis aqui um trecho da letra de “Diamante de Mendigo”, que retrata razoavelmente bem essas histórias sobre as quais falei:

Eu tive que perder minha família
Para perceber o benefício que ela me proporcionava
É triste aceitar esse engano
Quando já se esgotaram as
possibilidades
E agora sofro as atitudes que tomei
Por acreditar em verdades ignorantes
Que na época tomei acreditando
Numa moda passageira
Que se foi tal qual fumaça
Não respeitei o sacrifício
Que custa para construir
A fortaleza que se chama família
Acabamos no fim perdendo a
quem nos ama
Só por que o jornaleiro da esquina
Falou que é otário aquele que confia
E é tão difícil confiar em alguém
Quando a gente aceita se mentir, se mentir
Somente conhecendo a beleza da união
É que a gente tem a força
Para não, não se enganar
Eu que me achava um diamante
Nas mãos de mendigos
Só pelo medo de não sê-lo

Conto de Fadas Moderno (com final feliz)

Não tem como não reproduzir por aqui. Pinçado lá do Eu sei, mas esqueci… essa história serve para nos mostrar que mesmo numa era pseudo-globalizada a Rede se presta para fins jamais imaginados por seus criadores. Desejo, sinceramente, felicidade à Fabi. Segue o texto na íntegra, com direito ao comentário da autora no final.

Era uma vez…

Estava em casa entediada e sozinha como sempre ficava nos finais de semana. Lembrou de um antigo amor. Fechou os olhos e viu aqueles olhos escuros, aquele sorriso meigo… Deu um riso saudoso e num momento “não tenho nada a perder” fez uma busca por ele no skype. Achou… Ele tinha um blog também.

Nossa, há quantos anos não via aquele rosto? Fez as contas e concluiu: 14 anos! Putz conheceu pessoas que no ano seguinte, não lembrava o que tinha feito ou falado. Mas ele era diferente.

Lembrou da primeira vez que o viu. Tinha 11 anos de idade e numa bela tarde, da janela do seu quarto olhou pra direita. Avistou debruçado numa janela, o menino mais lindo que já tinha visto na vida, entediado, olhando pra ela. E gostou.

E assim ficaram por alguns anos. Todos os dias, às vezes noites à dentro. Olhando um pro outro, timidamente. Quando esbarravam pelas ruas, evitam a troca de olhares. Mas na janela sonhavam um com o outro.

O tempo passou, os caminhos os separaram. Ela casou, teve uma filha, separou. Ele serviu ao exército e foi ser músico.

Alguns anos depois, ela o vê entrando numa loja de departamentos. Sem pensar, entra atrás dele. Precisava vê-lo novamente. Fingia que procurava cds, mas na verdade observava seu primeiro amor detalhadamente. Tanto tempo e ele continuava lindo. Ele a notou também.

Aproximaram-se e conversaram pela primeira vez. Trocaram telefones e saíram.

E algo mágico aconteceu. Ele foi o primeiro amor dela, e ela dele, e como os apaixonados são complicados um não sabia do interesse real do outro até aquele dia. E namoraram. E terminaram… Coisas da vida.

Seguiram novamente por caminhos diferentes. Ele casou. Ela também. Ela teve mais duas filhas. Ele foi morar fora. E alguns anos se passaram até aquele momento em que ela lia os textos dele, via suas fotos e percebia que ele estava exatamente igual. E ela também porque, mesmo depois de tantos anos, as mãos suavam, a barriga gelava.

Fez um simples comentário no blog dele. Algo dizia que ela deveria dar essa oportunidade pra ela, pra ele, pra aquela história da infância. Foi dormir cedo, encerrou mais um dia sem graça e sozinha. Já estava se acostumando a viver assim, tinha aceitado.

Acordou, ferveu a água, fez um chá. Verificou seus e-mails e quase teve um troço quando viu um e-mail dele. Começou a ler e se deparou com a declaração de amor mais bonita que já tinha recebido em sua vida. Se emocionou com o que lia, voltou no tempo, custou a acreditar que aquilo era possível. Ele a amava, nunca tinha deixado de pensar nela, se arrependia pelo rompimento. Mas, tantos anos haviam passado…

Respondeu o e-mail e correspondeu a essa paixão. E depois disso recebeu vários e-mails por dia, com as declarações de amor que nem nas suas maiores utopias pensou em receber. E foi ao encontro dele.

E escuta todos os dias dele o mesmo pedido: Casa comigo?

E responde todos os dias pra ele: É o que eu mais quero.

E vivem felizes e viverão assim para sempre.

Queridos amigos, essa é mais uma história da minha vida como todas aqui publicadas. Como perceberam tô organizando e cuidando da minha vida da forma mais feliz que consigo.

Passei meses felizes com o blog, conversar com vocês muitas vezes foi a melhor coisa que fiz no dia. Mas agora, minha vida entrou nos eixos, tenho outras prioridades, adaptações, modificações pra dar conta. Não acho justo deixar vocês sem explicações. Prefiro terminar nossa história assim, com esse sentimento. Mas eu volto, num outro momento com outras histórias. Terminar pra poder começar.

E encerro com esse capítulo da minha história. Com um final feliz. Digno dos contos de fadas modernos que já escrevi e sempre acreditei.

Obrigada pelo carinho que sempre recebi aqui.

A gente se vê por aí.

Você conhece seu amor?

Perolazinha extraída lá do blog da Fernanda Barreto, em nem tão transitiva e direta assim… , num post de 14/01/08:

Sempre fico tensa com discussões amorosas. Dedos em riste apontam a incapacidade que temos de nos perceber humanos, míseros. Esta tendência rasa em enxergar o outro como um ser encerrado e estanque. Você mudou, acusa o homem. Quem mudou foi você, rebate a mulher.

(…) 

Crer que conhecemos alguém é supor que o mundo é inerte. A verdade é subjetiva – e os que não concordam com isso reforçam essa ideia.

Combatendo o stress

Como evitar dissabores, discordâncias, desentendimentos e afins com a Dona Patroa em dia de organização de festa de criança em casa, em apenas duas lições:

Lição nº 1: acorde cedo e execute – por si só – todas as tarefas dignas do macho-alfa-dominante (pelo menos é o que você acredita) que lhe seriam delegadas no decorrer do dia pela Dona Patroa (coisas altamente técnicas e essenciais, tais como empurrar sofás, trocar xaxim da samambaia de lugar, prender as cachorrinhas no fundo, etc).

Lição nº 2: saia de casa e só volte momentos antes da festa, com tempo suficiente para um bom banho.

Para sucesso da empreitada é importantíssimo não manter contato visual com a Dona Patroa entre o desenvolvimento de uma lição e outra. Basta seguir esses passos simples e eficazes que – garanto – tudo correrá dentro da mais tranquila normalidade e você não estará sujeito a nenhuma intempérie no decorrer do dia, dado o grau de ansiedade dela para que tudo dê certo na festinha do pimpolho.

É LÓGICO que a besta que vos escreve jamais conseguiu fazer isso.

Nove-ponto-zero

Pois é.

Nove anos.

O tempo voa.

Parece que nosso casamento foi ainda ontem…

Sábado. Doze de Dezembro. Onze da manhã. Contrastava perfeitamente o vermelho do tapete estendido no verde do gramado de uma bela chácara. Dia razoavelmente quente, com uma fina garoa que não tinha certeza se caía ou não. A juíza de paz entrou na brincadeira e leu toda aquela documentação oficial pontuando com alguns espaços para entrada do noivo, da noiva, vinda das alianças, etc. Padre? Não. Só um pastor (não me lembro mais de qual religião) que viria dizer ecumenicamente algumas palavras. Até porque, por eu já ser divorciado e, segundo a igreja católica (assim, em minúsculas mesmo), condenado ao fogo do Inferno, padre não rolava. Mesmo assim o pastor se atrasou…

Casal casado, toca pra festa!

Bastou andar uns vinte metros e a casa grande da chácara já nos aguardava para um bom almoço. Era o antigo restaurante Coelho & Cabrito, que, àquela altura, pertencia às meninas outrora proprietárias daquele nosso barzinho favorito, o Kabala – a última notícia que tive é que elas abriram um restaurante na China! Dá pra acreditar? Já saiu até matéria na veja sobre isso.

Recebemos um por um por um por um, e foi todo mundo se acomodando naquele ranchão enorme com mata por todos os lados até onde os olhos podiam enxergar. Não demorou muito, o pastor chegou, pediu uns minutinhos de atenção a todos (que já haviam começado a se servir) e disse suas palavras e pediu a bênção do Senhor.

Isso rendeu aquele ótimo comentário do amigo, compadre e copoanheiro Luisinho (é, o Luís Henrique): “O melhor casamento que eu já fui foi o do Adauto e da Mieko. O único em que, enquanto o padre estava falando, eu podia ficar lá, sentadão, ouvindo, e ainda com um copo de cerveja na mão!”

Naquele dia vimos bastante gente que, há muito, não encontrávamos. Alguns sequer voltamos a ver desde então. Rimos bastante. Divertimo-nos bastante. Não vou cometer a heresia de tentar lembrar o nome de quem foi, pois COM CERTEZA vou esquecer alguém. Mas não posso deixar de lembrar que, já no fim da festa, quando quase todo mundo tinha ido embora, o pessoal já limpando as dependências da chácara, ainda ficamos eu, você, o Benê (ainda com bigode), a Márcia e o Maurício, todos ali sentados e tomando cerveja até quando pudemos…

Nove anos.

Tanta coisa já aconteceu…

Já moramos no litoral, lá em São Sebastião (a uns cinquenta metros da praia, lembra?), você veio trabalhar no fórum local, nasceu nosso filho, mudamos de casa, trocamos de carro, nasceu nosso filho, mudamos para um apartamento, fechei o escritório, nasceu nosso filho, mudamos de casa de novo, e por aí afora…

Passamos por altos e baixos. Poucas e boas. Fases boas e fases ruins. Mas TODO casamento é assim. Tem hora que a gente quer ficar o tempo todo um do lado do outro. Tem hora que dá vontade de sair correndo e gritando.

Mas tudo passa.

Com certeza novas situações virão. Novos empreendimentos. Novas dívidas. Novas encrencas. Novas brigas. Novas pazes. Novas renovações inovarão as novidades novamente.

E assim o mundo gira, o círculo se fecha e o amor se renova.

Independentemente de tudo isso, e recorrendo ao mais antigo dos clichês (correndo o sério risco de ser tão brega quanto piegas), posso afirmar categoricamente que estou pronto a enfrentar o que vier, desde que com você, pois quero envelhecer ao seu lado…

Te amo, Mi.

Sonho de uma noite de verão

– Uaahhh… Bom dia amor!

– …

– Amor? Lindinha? Você tá legal?

– Humpf!

– Que é que há? Você não está passando bem?

– Ainda estou com raiva.

– Raiva? Por que messs?

– PORQUE TIVE O MAIOR QUEBRA PAU COM VOCÊ!

(PERIGO! PERIGO! Ativando modo defensivo. Analisando ambiente em busca de pistas. Processamento paralelo. Rastrear memória. Recapitular últimas doze horas. Fato: ingestão de bebida alcoólica na noite anterior. Questão: suficiente para ocasionar perda de memória? Fato: resposta negativa. Questão: discussão durante algum ataque de sonambulismo? Referência cruzada: sonambulismo = sonho. Conclusão lógica: sonho. Cancelar rastreamento. Suspender análise de ambiente. Processamento final: ela sonhou que teve uma briga. Desativando modo defensivo. Reassumindo funções. Tempo decorrido: 1,4 seg.)

– Ahhh… Você sonhou com isso né?

– É!

– E por que mesmo você brigou com este pobre coitado que vos fala?

– Porque o SENHOR estava numa BOATE dançando com um monte de VAGABUNDAS e com uma CALCINHA PRETA NA CABEÇA!!!

– Huá! Huá! Huá! Huá!

– E para de rir! Ainda tô brava com você!

– Amor… Justo eu, que jamais pus os pés numa boate? Pelo menos você pegou o endereço para futura referência?…

– Seu…

– AI! Isso doeu!

– É pra você aprender!

– Mas eu não fiz nada!

– Eu deveria me divorciar de você por uma dessas…

– Dá pra pelo menos esperar eu TRAIR de verdade antes de uma atitude assim drástica?

– Seu…

– AI! Isso também doeu!

– Xarope!

– …

– …

– Môr?

– O quê?

– Tá mais calma?

– Ah… tô. Desculpa. É que foi um sonho tão real que não tinha como não acordar com raiva.

– Tudo bem, eu entendo.

– Mesmo?

– Mesmo.

– Que bom…

– Só mais uma última perguntinha. Pode?

– Claro.

– A calcinha. Você disse que era preta. Mas você lembra dos detalhes?

– Era de rendinhas…

– VIXE! Então a coisa deve ter sido boa MESMO!

– ORA, SEU…

– AAAAAIIIIÊÊÊÊÊ!!!!!

Formigas levam o fumo; eu, o vinagre

“Jamais discutas, pois perderás.”

Essa deveria ser uma recomendação expressa em toda e qualquer cerimônia de casamento. Dirigida aos homens, é claro.

Tudo começou porque caí na BESTEIRA INOMINÁVEL de falar – durante o preparo de uma salada – que “Péraê, péraê, vinagre não. Prefiro sem”.

Foi o suficiente.

Ela até deixou uma porçãozinha à parte da salada para mim – sob meus próprios protestos, depois que percebi o tamanho da bobagem que havia feito.

Tivesse tudo acabado aí, maravilha.

Jamais eu voltaria a cometer essa gafe de novo.

Mas não.

Mais tarde, enquanto eu estava na garagem, ela me perguntou lá do alto das escadas: “Benhê! Posso pegar um cigarro seu?”

– Cuméquié? – perguntei, incrédulo.

– É que preciso fazer um preparado pra matar ou espantar essas formigas pequenininhas. E um dos ingredientes é o fumo de um cigarro. Afinal você sabe o quanto esse negócio é venenoso…

Tive que concordar, resignado, com essa última parte. Era o lado bruxa Morgana dela que, de quando em quando, aflora. Cedi, de bom grado o “ingrediente” para sua poção natureba e voltei aos meus afazeres funilariais.

Final do dia. O guerreiro, cansado, exausto, mas certo e feliz de seu dever cumprido, sobe as escadas lenta e compassadamente de volta ao seu lar, à sua toca, ao seu ninho de conforto.

Mas, eis que depara-se com uma cena inusitada: todos os móveis meio que afastados, as cadeiras sobre a mesa (tal qual num bar que já houvesse fechado), nenhum brinquedo espalhado pelo chão.

Antes mesmo que pudesse raciocinar e concluir logicamente sobre a “operação limpeza” que passou por ali, veio o cheiro.

Não surgiu de algum lugar específico, mas de toda parte, simultaneamente. Atingiu-me como uma bomba. Aquele conhecido odor agridoce, que faz coçar o fundo da parte de cima das narinas e imediatamente enche a boca com seu sabor, causando um imediato arrepio de compreensão.

“Vinagre!”

Ela estava em nosso quarto, distraída, enxugando nosso menor pequerrucho após o banho.

– Amôoor…

– Oi?

– Me diz uma coisa, tô sentindo um cheiro meio diferente… O que é?

– Ah! É aquele preparado pras formigas!

– Não era para suas plantas, lá fora?

– É que tinham alguns pontinhos de formigueiro aqui dentro de casa também.

– Ahn… Entendi… Só por curiosidade: vai VINAGRE nesse coiso?

– Sim!

Seus olhinhos nipônicos estavam brilhantes e um sorriso bailava, teimoso, em seus lábios.

– Pôxa! Só porque eu não quis vinagre na hora do almoço?

– Imagiiiiiiina… É que faz parte da receita…

A essas alturas já não procurava mais disfarçar o sorriso.

Pro bem das formigas, espero que elas tenham desaparecido.

Ôôôô boca maldita!