Todos os Olhos

Sabe aquelas situações em que você acaba explodindo de dar risada? Às vezes nem é nada tão engraçado assim, mas – sei lá por qual conjunção de motivos – a gente acha determinada coisa de tal forma hilária que não consegue se segurar e ri, ri, ri, ri até doer o estômago e lágrimas saírem dos olhos. Hoje aconteceu isso comigo. Estava lendo uma matéria de autoria de Tiago Cordeiro na revista Superinteressante (out/2006) sobre a censura na época da ditadura militar, onde se contava como os artistas faziam para burlar o crivo dos censores. A pérola que me fez ter esse ataque de riso eu transcrevo abaixo…

No caso da música, a censura podia cortar não só letras, mas também as capas. (…) Naquele mesmo ano (1973), Tom Zé lançava o disco Todos os Olhos. Depois de discutir com o poeta Décio Pignatari a melhor imagem para a situação política e cultural do Brasil naquele momento, os dois tiveram uma idéia: fotografar um ânus com uma bola de gude presa a ele, de forma que o resultado final parecesse um olho. Os militares caíram na artimanha e a capa foi liberada. Só 20 anos depois o cantor revelou a origem da imagem.

Halloween com Saci!

Dentro do rol de temas que aguçam minha curiosidade, juntamente com o tema “história”, sou também um fissurado em estórias, contos, lendas, causos, e folclore em geral. Recentemente ganhei do amigo Bicarato (sempre ele!) um livro chamado O que se conta daqui… Nas palavras das autoras, Érica Turci e Tatiana Baruel, trata-se de um reencontro com o fascinante imaginário do jacareiense, através dos “causos” da cidade, num livro que mistura fatos verídicos e ficção, personagens históricos e seres sobrenaturais.

Fiquei surpreso ao ver causos ali contados – como o do “corpo seco” – que eu mesmo ouvia de minha bisa quando era pequeno. O que para mim comprova que toda essa região está definitivamente ligada com o sul de Minas, e também com a herança cultural deixada pelos bandeirantes que por aqui passaram.

Ainda assim é curioso que, mesmo com tanta riqueza cultural, a molecada de hoje (leia-se crianças e adolescentes) tenham mais afinidade com o norte-americano halloween que com as tradições da terrinha…

Apesar da bem-humorada figura ali de cima, tenho que esclarecer que não, não sou adepto da xenofobia, até porque tem muita coisa divertida e interessante além do nosso próprio quintal. Porém sou da opinião que há espaço para todos – afinal de contas que mal faria para as escolas e outras entidades, ao comemorar o Dia de Todos-os-Santos, fazer uma saudável mescla de ambas (ou mais) culturas? Creio que, culturalmente falando, somente teríamos a ganhar com isso! Ademais o folclore é (e realmente deve ser) dinâmico, ou seja, não temos que nos prender somente em tradições estáticas do passado: elas devem evoluir como todo o restante do mundo. É saudável e recomendável que guardemos suas raízes e origens, mas não podemos manter nossas tradições estagnadas.

Tem gente que já percebeu isso e vem fazendo o possível para demarcar esse território. Por exemplo: pra grande alegria da turma da SOSACI – Sociedade dos Observadores de Saci, temos que foi oficialmente criado o Dia do Saci. Segundo a Wikipedia:

O Dia do Saci é um evento criado pelo governo do Brasil em 2005, de caráter nacional, elaborado pelo então líder do governo Aldo Rebelo (PCdoB – SP) e Ângela Guadagnin (PT – SP) com o objetivo de resgatar figuras do folclore brasileiro, em contraposição ao “Dia das Bruxas”, ou “Halloween”, da tradição cultural dos Estados Unidos da América. Por isso é celebrado em 31 de Outubro. Anteriormente, o projeto de lei já havia sido aprovado na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo e na Câmara Municipal de São Paulo.

E, só por curiosidade, também segundo a Wikipedia, o Halloween – chamado de “Dia das Bruxas” nestas terras tupiniquins – tem suas remotas origens nas tradições celtas, quando se comemorava o fim do verão. Entre o pôr-do-sol do dia 31 de outubro e o amanhecer de 1º de novembro, ocorria a noite sagrada, ou seja, a Hallow Evening, palavra que através dos tempos deve ter sido deturpada para Hallowe’en, e, finalmente, Halloween.

Enfim, particularmente acho que há espaço pra todos. Afinal trata-se do imaginário popular, ou seja, do folclore, do saber do povo – do inglês folk (povo) e lore (saber) – que, repito, deve ser dinâmico.

De minha parte, juntamente com os filhotes, nesse feriado quero ver se consigo ir até São Luiz do Paraitinga pra tentar encontrar algum saci…

Mundo em miniatura

Não sei ao certo, mas parece que é amanhã mesmo (12/09) que inaugura um museu de miniaturas em São Paulo, Capital. Vi a notícia no Jornal da Band e achei MUITO interessante. As maquetes são de uma perfeição fora de série, e abrangem tanto obras modernas, como o Museu do Ipiranga (acho que esse mudou de nome…), quanto da antiguidade, como as Sete Maravilhas do Mundo.

Mais detalhes em http://www.littleworld.com.br/ .

Entendendo a ressaca

“Jingle Bells, Jingle Bells…”

Vamos a alguns importantes esclarecimentos de ordem puramente técnica, que recebi outro dia por e-mail:

ENTENDENDO A RESSACA – SEJA UM BEBUM BEM INFORMADO

1. O que acontece com o corpo?

Conhece a história do “bateu, levou”? Ressaca é isso. Uma resposta do organismo a uma agressão que sofreu. Funciona assim: o corpo gasta glicose para metabolizar o álcool. Glicose é açúcar, açúcar é energia. Resultado: a gente fica fraco e sonolento. O excesso de álcool também inflama o aparelho digestivo, faz a cabeça doer, provoca náuseas, vômitos e aumenta a sensibilidade à luz. Enfim, ressaca só não dá pereba.

2. Por que a dor de cabeça é insuportável?

O álcool desidrata o corpo, do dedão do pé ao cérebro. Da seguinte maneira: o etanol inibe a produção do hormônio antidiurético, e a gente faz muito mais xixi. Engoliu cuspe, pronto: é hora de ir ao banheiro. Portanto, a cabeça dói porque os neurônios sentem sede, literalmente.

3. Isso mata ou só é chato pra burro?

A menos que você queira se jogar do 76º andar, ressaca não mata. Todos os sintomas desaparecem em 24 horas. Mas alto lá: se você ficar de ressaca todo dia, também pode acabar com gastrite, pancreatite, cirrose … Aí, sim, não vai durar muito…

4. Por que a ressaca só aparece no dia seguinte?

Porque é durante o sono que o corpo do bebum trabalha para absorver todo aquele álcool que ele botou para dentro. De manhã, com o serviço feito, é hora de disparar os sintomas desagradáveis.

5. Qual a diferença entre ressaca e coma alcoólico?

A quantidade de etanol que o camarada bebeu. Até determinado ponto, ele vai sentir dor de cabeça, vomitar, se arrepender e depois fica tudo bem. Além desse ponto, a taxa de açúcar no sangue cai drasticamente; o coração pode parar de bater devido à inibição que o álcool produz nos centros nervosos do cérebro responsáveis pelos batimentos; o camarada perde a consciência. Resumindo: é encrenca da grossa.

ANTES DA FARRA – A PREPARAÇÃO

6. Beber de barriga vazia é pior?

Muito pior. Ter comida na pança significa que o etanol não estará sozinho na corrida da digestão. O organismo vai dividir as energias entre as duas tarefas, e isso tornará mais lenta a entrada do álcool na corrente sanguínea.

7. Mas comer o quê? Chuchu, rabada, macarrão?

De preferência, alimentos ricos em sal e gordura. Castanha, amendoim, queijo e, para extrapolar, salaminho. O sal e a gordura estimulam a secreção de substâncias estomacais que protegem o estômago do álcool.

8. Tomar uma colher de azeite antes de enfiar o pé na jaca, ajuda?

Azeite também é gordura, portanto ajuda. Então pegue a sua colher de azeite, despeje-a num prato, adicione sal e mergulhe pedaços de pão na mistura. Isso mesmo, igualzinho ao que você faz com o couvert do restaurante.

9. A propaganda diz para tomar um Engov antes e outro depois. Não pode ser dois depois?

Até pode. Um ou dois antes é que não adianta nada. Ainda não inventaram remédio que previne contra a ressaca. Tudo o que existe apenas dribla os sintomas. O Engov tem hidróxido de alumínio, que alivia os males digestivos; tem AAS, que é um analgésico; e tem cafeína, que contrai os vasos sanguíneos dilatados pelo álcool e, assim, diminui o mal-estar.

10. Me disseram que a ressaca de vinho é a pior de todas. Confere?

Não. As bebidas com teor alcoólico mais alto – destilados (uísque, vodca, pinga) – é que provocam maior estrago. Elas são absorvidas mais rapidamente pelo corpo. Por dedução lógica, os fermentados (vinho, cerveja) fazem menos mal, certo? Cuidado: tudo gira em torno da quantidade.

DURANTE O PORRE – CONTROLANDO OS RISCOS

11. Então, o que eu faço para acordar legal amanhã?

O truque é simples e eficiente: intercale um copo d’água entre dois de birita. A água é o verdadeiro santo remédio anti-ressaca. Ela reidrata, dilui o álcool e facilita o trabalho dos rins e do fígado. Sem dizer que também empanturra. Numa pança cheia d’água cabe menos pinga. Trocar a água por suco ou refrigerante também pode. Essas bebidas são ricas em carboidratos, que viram energia e ajudam a metabolizar o álcool.

12. O camarada que fuma enquanto enche o caneco vai ter uma ressaca mais branda?

Pelo contrário, álcool e fumo formam uma dobradinha mais perigosa do que Caniggia e Maradona na Copa de 90. Quanto mais nicotina, menos oxigênio no sangue e mais rápido se dá o processo de intoxicação.

O DIA SEGUINTE – PLANOS DE CONTIGÊNCIA

13. Danou-se. Acordei de ressaca. Por que o gosto de corrimão de escada na boca?

Por causa da desidratação. A boca fica seca e o paladar capta o sabor ácido das substâncias que o estômago despeja para processar o álcool.

14. O que é melhor comer nessa hora?

Alimentos de fácil digestão para não estressar ainda mais o organismo, já detonado pelo esforço de processar o álcool. Os campeões: frutas, para reidratar e repor as vitaminas, e pão, batata e massas, para obter glicose rapidamente e fornecer energia ao corpo.

15. Correr para a academia e malhar feito um louco ajuda?

Falou, Superman… O pobre-diabo do manguaceiro não tem forças nem para ir ao banheiro, quem dera para correr na esteira. E, para fazer exercício, o corpo precisa de glicose – a mesma que está sendo usada na recuperação pós-pé na jaca. Vai querer dividir?

16. Já sei, vou continuar bebendo…

Esse é o truque do alcoólatra. Ele “rebate” a ressaca com outro porre. Funcionar, funciona, porque se cu de bêbado não tem dono, até parece que ele vai perceber que está de ressaca. Se essa é a sua saída, procure os Alcoólicos Anônimos.

17. O que eu faço pro meu quarto parar de rodar?

Repouso. Mantenha a luz apagada, cortinas fechadas e fique deitado. A ressaca aumenta a sensibilidade à luz. Aproveite o momento introspectivo para fazer a mais clássica das promessas: “Nunca mais vou botar uma gota de álcool na boca”. Ressaca que se preze sempre tem que terminar com uma baboseira dessas…

Tirinha do dia:
Desventuras de Hugo...

Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro

Gente, dia desses fui até o Rio de Janeiro, Capital, para distribuir uma ação no Fórum Central, grudado com o TJ. Sinceramente, já fui pra muito lugar, mas nunca na minha vida vi uma concentração tão grande de advogado por metro quadrado como lá…

Já na entrada, me senti num aeroporto, pois são três entradas distintas: uma para funcionários, e duas para os demais mortais, sendo que destas uma somente para quem estiver portando pastas ou bolsas. Por quê? Detector de metais, ora… Com direito a esteira e raio-x em tempo real – aliás, é divertido dar uma olhada pelos monitores na quantidade de coisas que o povo leva dentro de uma bolsa!

De resto, guardadas as devidas proporções, todo o resto é como nos fóruns comuns. Guardadas as devidas proporções porque tudo aquilo é MUITO grande. De imediato lembrei-me de uma estória do Asterix, “Os Doze Trabalhos” se não me falha a memória, onde uma das tarefas “impossíveis” era conseguir um documento numa repartição pública. Mas com a habitual paciência e persistência, levei apenas a metade de um dia para conseguir recolher a guia e protocolar a Inicial.

Aliás, uma senhora de uma guia, pois, além das taxas habituais cobradas aqui no Estado de São Paulo existem outras, tendo me chamado a atenção dos 10% que vão para a CAARJ e que o percentual para distribuição é de 2% calculado sobre o valor da causa MAIS os honorários sucumbenciais indicados. Estranho para mim, pois a determinação final dessa verba é ato discricionário do juiz. Mas, fazer o quê? “Em Roma, como os Romanos”…

Encerrada a via sacra, e após mais algumas horas de estrada, fizemos uma parada obrigatória no recém-inaugurado bar do Melhado (o Zé Paulo, não o Luís). Chama-se “Azenda” e fica na altura do número 2222 da Andrômeda, aqui em São José dos Campos. Além de encontrar praticamente todos os tipos de cerveja, inclusive a comemorada Serramar, preferida do Melhado (o Luís, não o Zé Paulo) é indispensável experimentar a batata suíça, exclusividade do Melhado (o filho do Zé Paulo, nenhum dos outros dois).