São Thomé das Letras – A Viagem (I)

“Caminhante: não há caminho – o caminho se faz caminhando.”
Ataualpa

I – Preparativos

Não lembro ao certo como o convite surgiu. Só tenho certeza que deve ter sido numa mesa de bar.

– E aí? Vamos pra São Tomé?

– Das Letras?

– De onde mais?

Dei uma longa tragada em meu cigarro e pensei um pouco sobre o assunto. Um feriadão se aproximando, uma oportunidade de fazer algo diferente com a criançada, levar a Dona Patroa a um lugar que ela ainda não conhecia e – por que não? – tentar resgatar um pouco de mim mesmo que parece ter ficado naquele lugar quando estive lá, já tem quase uns vinte anos.

– Legal. Só vou ver com a Dona Patroa e depois a gente se fala.

Tenho certeza absoluta que já era essa a resposta esperada pelo Evandro, autor do convite, copoanheiro eventual e parceiro em desventuras no geral. Sabem, é algo como aquele caboclo que está na mesa do bar – normalmente no mais divertido da festa -, levanta-se e diz algo como “vou até tal lugar e, qualquer coisa, eu volto”. Não adianta protestar ou argumentar. Esse não volta mais. E a resposta que eu dei soou exatamente nesse tom. E eu tinha consciência disso.

Mesmo assim, no final de semana seguinte, conversei com minha amada, idolatrada, salve, salve, Dona Patroa. E ela topou.

Na mesma hora liguei e avisei que iríamos.

E a comoção geral tomou conta da platéia naquele momento…

Os dias seguintes foram, digamos, interessantes. Um meio que preparativo – mas sem preparativos. Tá, na prática a semana se resumiu num feriado maluco – o Dia do Servidor Público – que, em alguns lugares foi adiantado para segunda-feira, em outros foi comemorado no dia mesmo, na quarta-feira, e, em ainda outros, ficou para sexta-feira. E como Murphy é um velho sacana, é lógico que eu e a Dona Patroa tivemos nossos feriados escalados para dias diferentes: ela na quarta e eu na sexta.

Mesmo assim, zuzo bem.

Ela aproveitou a quarta para fazer as compras do que fosse necessário para viagem. Ou seja, zilhares de lanchinhos, frutas, água, refri, etc. O mínimo indispensável para manter calmos os três filhotes – de cinco, sete e dez anos – pelas horas a fio que passariam dentro do carro.

Mas, e na prática, como fazer?

Bem, sendo ela funcionária pública estadual, com direito à chamada licença abonada – uma vez a cada mês, ou bimestre ou a cada seis meses, sei lá – e considerando que em mais de dez anos de serviços prestados nunca utilizou essa prerrogativa, não foi sem surpresa de sua chefe que ela pleiteou esse direito para a sexta seguinte.

E por que na sexta? Bem, como o feriado não seria geral para todos na sexta, mas sim na segunda seguinte (Finados), então seria o melhor dia de pegar a estrada para ir, com um movimento, no máximo, médio, e deixar para voltar no domingo, praticamente sem movimento, enquanto que todo o resto do mundo deixaria para voltar na segunda.

Parecia o plano perfeito.

Já na véspera, quinta-feira, ao combinar com o Evandro o caminho pelo qual iríamos, propus o circuito das águas, pois passei por aquela estrada há uns cinco anos e me pareceu confortável o suficiente para prosseguir até São Tomé. Ele iria propor a SP-50 (também conhecida como estrada para Monteiro Lobato), mas concordou comigo. Avisou que sua irmã e mãe também iriam, em carro próprio. Combinamos um ponto qualquer na Dutra para nos encontrarmos.

Masssss…

Conversando com a Dona Patroa chegamos à conclusão que o “divertido” não seria a viagem propriamente dita, mas sim o “viajar” em si. Daí que um caminho, digamos, mais bucólico, deveria ser bem mais interessante.

Falei com o Evandro novamente e recombinamos o ponto de encontro. Já aí não tive como não vislumbrar alguns acordes do Raul: “eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. Bons auspícios, em se tratando de São Tomé das Letras…

Como eu havia deixado a viatura para alguns ajustes mechânicos, fui gentilmente levado para o serviço pela Dona Patroa. Aliás chegaram inclusive a me perguntar se eu não iria para lá com o Opalão.

– Não. Por mais que eu queira – e eu quero – ainda não confio nele.

– Como assim?

– É que, para mim, todo carro novo que a gente pega – ainda mais sendo velho – passa por um período de adaptação. Eu tenho que pegar confiança nele. Saber que ele não vai me deixar na mão, conhecer seus macetes, manias, cacoetes e birras. Só então daria para encarar uma viagem dessas.

– É, mas isso não é só com carro velho não, carro novo também…

Enfim, ao encerrar o expediente na quinta, após um merecido choppinho com o copoanheiro Bicarato – que, infelizmente, por motivos trabalhísticos não pode se juntar à nossa caravana – a Dona Patroa foi me pegar com as crianças. Deixei a tropa em casa para acabar de arrumar as malas e parti para providências de praxe antes de qualquer viagem. Amortecedores, freios e pneus já eram novos, substituídos há cerca de três meses. Então foi questão de trocar óleo, completar água, calibrar pneus (inclusive o estepe), trocar o extintor vencido há dois anos, completar o tanque e tomar três latinhas nesse processo.

Tudo pronto.

Chegando em casa acabei de fazer também as minhas malas, separei uma muda de roupas para viagem, colocamos tudo no carro – inclusive pensando na logística de acesso aos mantimentos, remédios, blusas, etc.

Celulares carregados e baterias da câmera fotográfica completas.

Algum dinheiro em espécie disponível na carteira.

Tudo preparado.

Heh…

E pensar que, nas minhas viagens de antigamente, o máximo que eu me preocuparia seria em deixar uma graninha à parte para eventualmente pegar o busão de volta caso não conseguisse carona. De resto era carregar o mínimo de peso indispensável para não passar nenhum perrengue. Ou seja, máxima eficiência com mínimo esforço.

Com tudo encaminhado, ansiedade da criançada devidamente controlada e despertadores a postos bastava aguardar o raiar do dia 30 de outubro para a grande viagem.

Mal sabíamos o que nos aguardava.

Continua?

Isabel Pedrosa

Este é o testamento de Isabel Pedrosa, mãe de Maria de Nazaré – tendo sido esta última casada com José Garcia.


 TESTAMENTO de ISABEL PEDROSA

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 | Arquivado no Museu Regional de São João del Rei - Caixa 101        |
 | Transcrito por: Edriana Aparecida Nolasco                          |
 | Transcrito em :                                                    |
 | Solicitante   : Regina Junqueira                                   |
 | Objetivo      : Dados Genealógicos                                 |
 | Testadora     : ISABEL PEDROSA                                     |
 | Testamenteiro : MANOEL DA COSTA SILVA                              |
 | Local         : São João del Rei                                   |
 | Número de folhas originais: 58                                     |
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 - FL.003 -

 Testamento

 Eu Isabel Pedrosa, moradora na minha fazenda da Freguesia  das  Lavras
 estando em meu perfeito juízo e em avançada idade e  por  isso  com  o
 temor da morte faço este meu Testamento pela maneira seguinte:

 Peço e rogo em primeiro lugar a  meu  filho  Manoel  da  Costa  queira
 aceitar este meu testamento para cumprir as suas disposições e ser meu
 Testamenteiro, e em segundo lugar a meu filho Antonio da Costa (...).

 Declaro e instituo por meus legítimos herdeiros aos filhos  que  tenho
 de um e outro matrimônio;  pois  fui  primeiramente  casada  com  José
 Rodrigues, depois e por morte deste com João da  Costa  Guimarães  dos
 quais me ficaram os filhos que declarei nos Inventários que se fizeram
 proximamente pelo Juízo de Órfãos desta vila.

 Declaro que por meu falecimento meu corpo será envolto com o Hábito de
 Nossa Senhora do Carmo (...).

 (........)

 Deixo de esmola a minha filha Ana da  Silva,  viúva  de  Francisco  de
 Oliveira e sendo morta a seus filhos, a quantia de vinte mil réis.

 Deixo de esmola a Maria da Conceição, órfã de José Gonçalves,  a  qual
 vive em companhia de meu filho Manoel, a quantia de vinte mil réis.

 (........)

 Todos os mais remanescentes de minha terça é minha vontade a  desfrute
 como coisa sua e na sua falta a filhos ou filhas  do  dito  meu  filho
 Manoel da Costa, o que assim a este  deixo  em  remuneração  da  minha
 paciência e amor com que tão fielmente me tem  acompanhado  e  a  quem
 tanto devo a conservação e aumento de minha casa obrando em  tudo  com
 público desinteresse.

 (........)

 (...) e por não saber ler nem escrever roguei ao Doutor José Gonçalves
 Gomes que este por mim fizesse e a meu rogo assinasse (...).

 Vila de São João del Rei, aos 08 de Janeiro de 1812

 Isabel Pedrosa

 
 - FL.004/VERSO -

 Abertura

 Certifico que falecendo da vida presente Dona Isabel Pedrosa, aos sete
 dias do mês de Abril de  mil  oitocentos  e  treze  (...)  moradora  e
 aplicada nas Lavras do Funil (...).
 
 - FL.006 -

 Procuração

 Procurador Nomeado: Capitão Luís Antonio da Silva Rodarte

 Local: Ribeirão de São João

 Data: 30-04-1813

 Que Faz: Manoel da Costa Silva (filho da Testadora).

Diogo Garcia

Pai de José Garcia, recentemente visto.


 TESTAMENTO de DIOGO GARCIA

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 | Arquivado no Museu Regional de São João del Rei - Caixa 55         |
 | Transcrito por: Edriana Aparecida Nolasco                          |
 | Transcrito em :                                                    |
 | Solicitante   :                                                    |
 | Objetivo      : Dados Genealógicos                                 |
 | Testador      : DIOGO GARCIA                                       |
 | Testamenteiro :                                                    |
 | Testamento redigido na Fazenda Rio Grande,  na  casa  do  testador |
 | em 23/MAR/1762                                                     |
 | Abertura      : 16/ABR/1762                                        |
 | Número de folhas originais:                                        |
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 - FL.262 -

 Em nome da Santíssima Trindade, Padre  Filho  e  Espírito  Santo  três
 pessoas distintas e um só Deus verdadeiro.

 Saibam quantos este  Instrumento  Testamento  virem  como  no  Ano  do
 Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e sessenta e
 dois anos, aos vinte e três dias do mês de Março  do  dito  ano  nesta
 minha Fazenda do Rio Grande donde eu Diogo Garcia sou morador  estando
 em meu perfeito juízo e entendimento que Deus Nosso Senhor foi servido
 dar-me e doente em minha cama com uma grande enfermidade e temendo  me
 a morte e desejando por minha alma no  caminho  da  salvação  por  não
 saber o que o mesmo Senhor  de  mim  disporá  e  quando  será  servido
 levar-me para si faço este meu Testamento da forma seguinte:

 Primeiramente encomendo minha alma a Santíssima Trindade que a criou e
 rogo ao Eterno Padre que pela morte de Seu Unigênito  Filho  a  queira
 receber assim como recebeu a  Sua  estando  para  expirar  na  Sagrada
 Árvore da Cruz, a meu Senhor Jesus Cristo peço que  assim  como  neste
 mundo me remiu com o seu precioso sangue me  de  na  outra  vida  seus
 divinos merecimentos para merecer a Salvação, ao Divino Espírito Santo
 queira lumiar minha alma com sua Divina Luz para que saia  desta  vida
 na visão de seu Divino amor, a Virgem Maria  Mãe  de  Deus  e  Senhora
 Nossa no juízo particular queira ser  minha  advogada  e  intercessora
 diante de seu Divino Filho, ao Arcanjo São Miguel e a todos os  Santos
 e Santas da corte do Céu, particularmente ao anjo da minha Guarda  aos
 Santos do meu nome cabidas minhas especiais devoções rogo  sejam  meus
 intercessores quando minha alma desde mundo partir para que  vá  gozar
 da bem aventurança para que foi criada porque como verdadeiro  cristão
 protesto viver e morrer na Santa  Igreja  Romana  em  cuja  fé  espero
 salvar a minha alma não  pelos  meus  merecimentos  mas  pela  Sagrada
 Paixão do Unigênito Filho de Deus.

 Declaro que sou natural e batizado na Freguesia de Nossa  Senhora  das
 Angústias da Vila da ..... Ilha do Fayal do Bispado  de  Angra,  filho
 legítimo de Matheus Luiz e de sua mulher Ana Garcia, já defuntos.

 Sou casado com Julia Maria  da  Caridade  de  quem  tenho  havido  por
 matrimônio os filhos seguintes; Ana Maria do Nascimento;  Elena  Maria
 do Espírito Santo; Julia Maria; Catarina Maria do Espirito Santo; João
 Luiz Gonçalves todos casados – assim mais solteiros os seguintes: José
 Garcia; Diogo Garcia; Tereza; Madalena;  Manoel;  Antonio;  Francisca;
 Mateus; os quais instituo meus legítimos herdeiros nas duas partes  de
 meus bens como declaração porém que as sobreditas cinco  filhas  e  um
 filho casados se acham dotados de três mil cruzados cada um  livre  de
 vestuários e algumas alfaias mais e para complemento dos  ditos  dotes
 só resta dever a minha filha Catarina Maria do Espírito  Santo  mulher
 de Gregório José Álvares cento e quinze mil réis e a  meu  filho  João
 Luiz Gonçalves só lhe tenho dado umas terras  que  partem  com  o  meu
 genro Domingos Villela e com os herdeiros de Francisco  Martins  cujas
 terras lhe dei em quatrocentos mil réis e dois negros  em  duzentos  e
 oitenta mil réis e sete éguas a sete oitavas cada uma e  doze  cabeças
 de gado vacum a preço de quatro oitavas cada uma  cinco  foices  novas
 por seis oitavas e quatro os quais referidos bens importam  oitocentos
 e três mil e novecentos réis e se lhe inteirará o resto que falta para
 o compito dos três mil cruzados e querendo os  ditos  meus  filhos  ou
 filhas dotados entrar a herdar meus bens entraram também a colação com
 seus dotes menos a minha primeira filha Ana que também foi  dotada  na
 dita quantia de três mil cruzados em um sitio que lhes dei na  paragem
 chamada Cajuru no dito valor de três mil cruzados porque  no  caso  de
 que exceda esta quantia a  igualdade  das  legitimas  dos  ditos  meus
 filhos se lhe preencherá o excesso pelos  bens  da  minha  terça  pela
 preferência que tem da primeira dotada.

 Peço a minha mulher Julia Maria da Caridade em primeiro  lugar  queira
 por serviço de Deus e por me fazer mercê ser minha  testamenteira,  em
 segundo lugar a meu genro o Senhor Alferes Manoel Pereira  do  Amaral,
 em terceiro lugar a meu filho José Garcia em quarto lugar ao Senhor da
 Mesa da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora  do  Carmo  da  dita
 Vila de São João de El Rei a todos e a cada um de per si peço  queiram
 aceitar este meu testamento e correrem com as disposições dele.

 Declaro que sou Irmão Professo na Venerável Ordem  Terceira  de  Nossa
 Senhora do Carmo da dita Vila de São João de el Rei e  se  lhe  pagará
 tudo o que ao tempo do meu falecimento constar eu lhe seja  devedor  e
 lhe peço acompanhe meu corpo a sepultura podendo ser. Declaro que  sou
 Irmão da Irmandade do Santíssimo Sacramento e das Almas  da  Freguesia
 de Nossa Senhora do Pilar da  dita  Vila  e  se  lhe  pagará  por  meu
 falecimento o que constar ser eu devedor e  podendo  ser  acompanharão
 meu corpo a sepultura.

 Ordeno que meu corpo seja  sepultado  na  Capela  da  Venerável  Ordem
 Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo da dita Vila de  São  João
 envolto no Habito da Religião Carmelita e não havendo em o meu próprio
 de terceiro  e  me  acompanhará  o  meu  Reverendo  Parocho  com  mais
 dezesseis sacerdotes os quais todos dirão Missa de corpo presente pela
 minha alma e assim mais dirão Missa de corpo presente  todos  os  mais
 sacerdotes que se acharem na dita Vila no dia de meu enterro e de tudo
 se lhes pagará a esmola costumada e tambem se levará em  conta  o  meu
 Testamenteiro toda a cera que se gastar no meu funeral e sendo o  caso
 que se não possam celebrar as missas no dia do meu enterro  por  algum
 justo impedimento se celebrarão no dia seguinte e se porá um rol em  a
 Capela da dita Venerável Ordem em o qual se  assinarão  os  reverendos
 Sacerdotes porque sempre quero que  se  celebrem  as  Missas  na  dita
 capela.

 Ordeno que no dia terceiro, sétimo e trinta do meu enterro  se  mandem
 celebrar Missas por minha alma por sufrágio de  esmola  cada  um  ....
 cruzado de ouro e peço  aos  Senhores  Reverendos  Sacerdotes  queiram
 rezar um responso por minha alma pelo amor de Deus advirto que  o  dia
 terceiro se contara do dia em que meu corpo apresentado na Igreja.

 Ordeno se mandem celebrar pela minha  alma  duzentas  missas  a  saber
 cinquenta por meu pai e cinquenta por minha mãe mais  cinquenta  pelas
 almas da minha maior obrigação  e  outras  cinquenta  pelas  almas  do
 purgatório todas estas referidas Missas serão ditas na mesma freguesia
 de esmola cada uma de meia oitava de ouro, tudo por modo de sufrágio.

 Ordeno que se mandem celebrar mais cento e sessenta missas nesta  dita
 Vila de esmola cada uma de meia oitava de ouro.

 Declaro que os bens que eu possuo são uma Escritura em  que  se  acham
 declarados todos os bens do casal pela qual fiz venda  deles  a  minha
 mulher Julia Maria da caridade pela quantia de cinquenta  e  três  mil
 cruzados cuja escritura se acha na nota do Tabelião da  dita  Vila  de
 São João e pagamentos iguais do dia de meu  falecimento  em  diante  e
 como da dita escritura consta, só me pertence a metade por pertencer a
 outra metade a dita minha mulher e  da  minha  meação  pertencem  duas
 partes a meus filhos  e  legítimos  herdeiros,  só  me  fica  livre  a
 disposição da quantia que pertence a minha  terça  que  são  oito  mil
 cruzados e trezentos e trinta e três mil réis  salvo  erro  dos  quais
 mando se cumpram e satisfaçam os  legados  já  declarados  e  por  sua
 alternativa se satisfarão os que  abaixo  vou  declarando  seguindo  a
 primazia na forma que se vão descrevendo os seguintes:

 Deixo a Irmandade do dito Santíssimo Sacramento da Vila  de  São  João
 del Rei  cem mil reis por esmola. A Venerável Ordem Terceira de  Nossa
 Senhora do Monte do Carmo da mesma duzentos e  quarenta  mil  reis.  A
 Irmandade das Almas da dita Vila cem mil réis,  para  a  redenção  dos
 cativos cinquenta mil reis se entregarão a seu respectivo  Procurador,
 tudo por esmola e pelo amor de Deus.

 Deixo para as obras da Capela de São Miguel do cajuru da Freguesia  da
 Vila de São João cinquenta mil réis. Para as obras da capela Madre  de
 Deus da dita Freguesia outros cinquenta mil réis.  Para  as  obras  da
 Capela do Divino Espírito Santo  das  Carrancas  sita  na  Fazenda  de
 Manoel Machado de Toledo outros cinquenta mil reis tudo de esmola.

 Deixo a meu filho Diogo  Garcia  trezentos  mil  reis  por  esmola  em
 atenção aos bons serviços que me tem feito.

 Deixo a três dos meus filhos que se ordenarem de ordem sacras  a  cada
 um deles trezentos mil reis e sendo caso nenhum  deles  ou  algum  não
 ordene se repartirá a dita quantia do legado deixada pelos meus filhos
 e filhas que de prezente se acham solteiros, isto se estenderá somente
 dos legados  ou  legado  daquele  meu  filho  ou  filhos  que  não  se
 ordenarem.

 Deixo a meu testamenteiro trezentos mil reis pelo trabalho que  há  de
 ter com minha testamentária e não será obrigado  a  dar  contas  senão
 passados quinze anos e caso no dito tempo não lhe  seja  fácil  dar  a
 tudo inteiro cumprimento  requererá  ao  Juiz  da  conta  e  este  lhe
 concederá mais o tempo que lhe parecer conveniente.

 Declaro que o que devo constará por créditos assinados por mim algumas
 dividas mais deverei das quais não tenha passado obrigações e quero se
 pague tudo  que  constar  eu  seja  devedor  sem  nenhuma  diligências
 judiciais mais que o juramento das partes sendo pessoas de reconhecida
 verdade e sã consciência e sendo o caso que hajam  algumas  custas  se
 façam da minha fazenda por não gravar meus credores.

 Declaro que o que se me deve estará pelo que minha mulher inventariar.

 Declaro que depois de  pagas  as  minhas  dividas  se  meus  bens  não
 chegarem para inteiro cumprimento do  que  determino  se  rateará  por
 todos a respeito exceto  a deixa a meu Testamenteiro porque  esta  lhe
 deixo em razão do seu trabalho.

 Declaro que deixo uma carta fechada escrita a  meu  testamenteiro  que
 aceitar esta Testamentária o qual encarrego sobre  sua  consciência  o
 cumprimento e execução do conteúdo dela que  quero  valha  como  parte
 deste Testamento e não será obrigado meu testamenteiro  a  dar  contas
 judicialmente do que nela determino mas tão somente a  jurar  em  como
 tem em conjunto o que nela ordeno.

 E de todo o resto que de minha terça sobrar se houverem bens  que  bem
 bastem para o que determino de todo  o  remanescente  de  minha  terça
 nomeio e instituo minha alma herdeira universal  e  meu  testamenteiro
 disporá tudo em missas pela minha alma e  pelas  almas  do  Purgatório
 cujas missas se mandarão na mesma Capela de Nossa Senhora do Monte  do
 Carmo da dita Vila pela esmola costumada.

 Declaro e deixo que minha ultima vontade é irrevogável que a  legítima
 que pertencer e tocar a meus herdeiros meus  filhos  incumbo  e  deixo
 recomendado  as  entregue  a  meu  testamenteiro   e   lhe   encarrego
 administração  das  legítimas  dos  ditos  meus  filhos  para  que  as
 administre e arrecade e depois as entregue aos  preditos  meus  filhos
 ou a seus procuradores, usando nesta  parte  da  faculdade  que  me  é
 permitida no capitulo  vinte  e  três  do  Regimento  dos  defuntos  e
 ausentes e ainda pela resolução de Sua Magestade de quatro de Dezembro
 de mil setecentos e cinqüenta, por cuja observância da  procura  agora
 nas residências dos ditos Provedores dos  ditos  defuntos  e  ausentes
 cuja ordeno se acha registrada em Vila Rica.

 E para darem expedimento a tudo aqui declarado torno a pedir  a  minha
 mulher Julia Maria da Caridade e mais senhores em  o  principio  deste
 declarados queiram aceitar serem  meus  Testamenteiros  benfeitores  e
 administradores de meus bens  e  tutores  de  meus  filhos  menores  e
 curadores de seus bens para lhos arrecadarem e administrarem, venderem
 em praça e fora dela,  cobrarem  arrecadarem  entregarem  e  remeterem
 tanto pela parte de meus filhos como legatários para o que os hei  por
 abonados e lhes faço sessão e traspasso de todo o domínio que em  meus
 bens tenho como se em minha vida lhos entregasse, e lhes concedo todos
 os poderes que em direito posso e missão concedidos.

 E por ser esta a minha ultima vontade de modo que tenho dito fiz  este
 meu testamento e quero valha como Testamento Codecilio para o que peço
 e  rogo  as  Justiças  de  Sua  Magestade  que   Deus   guarde   assim
 Eclesiásticas como seculares que em tudo façam guardar e cumprir  como
 nele se contem e declara ou como em  direito  melhor  lugar  haja  com
 todas  as  clausulas  que  por  Direito  para  sua  validade  lhe  são
 necessárias que todas aqui hei por expressas e declaradas como  se  de
 cada uma fizesse expressa e declarada menção pelo qual  revogo  e  hei
 por revogado outro qualquer Testamento que antes haja feito por  estar
 este conforme a minha última vontade do modo que o ditei e por firmeza
 dos que pedi e roguei ao  Ajudante  João  Cosme  Vieira  que  este  me
 fizesse e comigo assinasse como testemunha e  me  assinei  com  o  meu
 sinal costumado que é uma cruz feita pela minha própria mão

 Eu o fiz a rogo do Testador em dito li co.... acima.

 Declaro mais que a carta de que acima faço  menção  fica  sendo  parte
 deste Testamento e só o testamenteiro que este meu Testamento  aceitar
 a poderá abrir e  para  cumprimento  do  nele  disposto  haverá  a  si
 duzentos e um mil réis dos quais se lhe não pedirá contas  como  acima
 determino em dito (ilegível)

 Diogo + Garcia

 João Cosme Vieira

José Garcia

Com este inventário, segue a linha de ascendência de Manoel Joaquim de Santana, marido de Venância Constância de Andrade, que é por onde haverá a ligação da família com as legendárias Três Ilhoas…


 INVENTÁRIO e TESTAMENTO de JOSÉ GARCIA

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 | Arquivado no Museu Regional de São João del Rei - Caixa 364        |
 | Transcrito por: Edriana Aparecida Nolasco                          |
 | Transcrito em :                                                    |
 | Solicitante   : Regina Junqueira                                   |
 | Objetivo      : Dados Genealógicos                                 |
 | Inventariado  : JOSÉ GARCIA                                        |
 | Inventariante : MARIA DE NAZARÉ                                    |
 | Local         : São João del Rei                                   |
 | Abertura      : 03/12/1803                                         |
 | Número de páginas: 72                                              |
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 - FL.001 -

 Inventário dos bens que ficaram por falecimento de José Garcia de quem
 é Inventariante a viúva Dona Maria de Nazaré.

 Data: 23-12-1803

 Local: Vila de São João del Rei, Paragem chamada o Rio Grande em casas
 de vivenda de Dona Maria de Nazaré.

 - FL.001/VERSO - 

 Declaração

 (...) declarou que o dito seu marido havia falecido da  vida  presente
 no dia três do corrente mês de Dezembro do ano  de  mil  oitocentos  e
 três com o seu solene testamento (...)

 - FL.002 -

 Filhos

 01- Capitão Diogo Garcia, casado com Dona Rita Felicia de Andrade.

 02- José Garcia Rodrigues, de idade de vinte e oito anos.

 03- Manoel Joaquim de Santa Ana, casado  com  Venância  Constancia  de
 Andrade

 04- Antonio Joaquim de Andrade, casado com Maria Francisca.

 05- Maria Custódia, de idade de dezoito anos.

 06- Domingos, de idade de quinze anos.

 - FL.006/VERSO -

 Bens de Raiz

 - uma fazenda em que mora a Inventariante no Rio Grande que se compõem
 de campos, matos virgens, capoeiras, suas vertentes e logradouros, com
 casas de vivenda, cozinha, paiol, casas de queijo, moinho e engenho de
 farinha e uma casa de passageiros tudo coberto de telha, com muros  de
 pedras com várias plantas, senzalas cobertas de capim, uma  Ermida  de
 Nossa Senhora do Carmo, com todos os seus ornamentos que parte a  dita
 fazenda por uma banda com terras de Francisco Tavares e da outra parte
 com terras de Antonio  Afonso  Correa  e  pela  outra  com  terras  de
 Jerônimo de  Andrade  e  pela  outra  com  o  Tenente  Manoel  Joaquim
 5:400$000

 Monte Mor  11:066$676

 - FL.033 -

 Auto de Contas

 Data: 27-10-1814

 Local: Vila de São João del Rei

 Tutor: José Carlos da Silva

 Do Órfão:

 (...) o órfão Domingos se acha no estado de solteiro  e  em  idade  de
 vinte e seis anos vivendo com toda a moderação em companhia dele Tutor
 e sua mãe, aplicando-se ao serviço da roça.

 - FL.007 -

 Testamento

 Eu José Garcia por me achar molesto e de idade  avançada  mas  em  meu
 perfeito juízo e por não saber o dia e hora em que Deus me  chamará  à
 contas faço o meu Testamento pela forma seguinte:

 Declaro que sou natural desta Freguesia da Vila de São João  del  Rei,
 filho  legítimo  de  Diogo  Garcia  e  Julia  Maria  da  Caridade,  já
 falecidos, da Comarca do Rio das Mortes, Bispado de Mariana.

 Declaro que sou casado com Maria de Nazaré de  cujo  matrimônio  tenho
 filhos que são: Diogo, Manoel, José, Antonio,  Domingos  e  Maria,  os
 quais todos declaro nomeio e  instituo  meus  legítimos  e  universais
 herdeiros nas partes dos bens que me tocam.

 Declaro e nomeio por meus Testamenteiros em  primeiro  lugar  a  minha
 mulher Maria de Nazaré, em segundo lugar a meu filho o  Capitão  Diogo
 Garcia de Andrade  e  em  terceiro  lugar  a  meu  filho  José  Garcia
 Rodrigues (...).

 (...........)

 (...) por não poder escrever pedi e roguei ao Padre Antonio  Francisco
 Pena Forte este por mim fizesse e eu somente me assinei.

 Rio Grande, 03 de Janeiro de 1803

 José Garcia

 - FL.008/VERSO -

 Abertura

 Aos três dias do mês de Dezembro de 1803 faleceu José  Garcia  morador
 no Rio Grande (...).

Angela Ribeira de Moraes

Filha de André do Vale Ribeiro e Tereza de Morais.


 INVENTÁRIO e TESTAMENTO de ÂNGELA RIBEIRA DE MORAES

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 | Arquivado no Museu Regional de São João del Rei - Caixa 165        |
 | Transcrito por: Flávio Marcos dos Passos                           |
 | Transcrito em :                                                    |
 | Solicitante   :                                                    |
 | Objetivo      : Dados Genealógicos                                 |
 | Inventariada  : ÂNGELA RIBEIRA DE MORAES                           |
 | Inventariante : JOSÉ JOAQUIM GOMES BRANQUINHO                      |
 | Testamento redigido na Paragem do Rio Grande, em  casa  de  Manoel |
 | Marinho de Moura em 14/OUT/1755                                    |
 | Abertura      : 14/SET/1763                                        |
 | Número de folhas originais: 15                                     |
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 - FL.001/VERSO -

 ...declarou que a dita  sua  mãe  falecera  em  nove  de  Junho  deste
 presente ano, com seu solene Testamento...

 FILHO: José Joaquim Gomes Branquinho de idade de  vinte  e  três  anos
 pouco mais ou menos

 ESCRAVOS: 11

 MONTE MOR: 1:232$140

 TESTAMENTO

 Em nome da Santíssima Trindade Pai filho e Espírito Santo

 Saibam  quantos  este  público  instrumento  virem  como  no  Ano   de
 Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e  cincoenta
 e cinco aos quatorze dias do mês de Outubro do dito ano nesta vila  de
 São João del Rei eu Ângela Ribeira de Moraes estando em  meu  perfeito
 juízo e entendimento...

 Rogo a meu filho José Joaquim Gomes Branquinho sendo de capacidade  ou
 idade competente seja meu testamenteiro em segundo lugar a  meu  irmão
 Antonio do Vale Ribeiro e em terceiro lugar a mesa da Venerável  Ordem
 terceira de Nossa Senhora do Carmo desta vila que por serviço de  Deus
 e por me fazerem mercê queiram ser meus testamenteiros...

 (...)

 Declaro que sou natural da Freguesia  desta  vila  filha  legítima  do
 Capitão André do Vale Ribeiro e de Tereza de Moraes, já defuntos e sou
 viúva de José Gomes Branquinho de quem tive o dito José Joaquim que  é
 meu legítimo herdeiro...

 Deixo a Maria mulatinha filha de Rosa que foi minha  escrava  quarenta
 oitavas de ouro por esmola e caso  seja  casada  por  meu  falecimento
 neste caso lhe não deixo nada por ser minha intenção ajudá-la.

 Instituo na terça parte dos meus bens a minha alma por herdeira...

 ...por ser esta minha ultima vontade pedi a Domingos Alves Fontes  que
 este me escrevesse e como testemunha assinasse e por eu não saber  ler
 nem escrever pedi a José da Silva  Guimarães  que  por  este  por  mim
 assinasse...

Ana Josefa de Souza

Filha de André Martins Ferreira e Maria de Souza Monteira.


 INVENTÁRIO de ANA JOSEFA DE SOUZA

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 | Arquivado no Museu Regional de São João del Rei - Caixa 264        |
 | Transcrito por: Flávio Marcos dos Passos                           |
 | Transcrito em : OUT/2002                                           |
 | Solicitante   : Regina Moraes Junqueira                            |
 | Objetivo      : Dados Genealógicos                                 |
 | Inventariada  : ANA JOSEFA DE SOUZA                                |
 |                 (viúva de Francisco José Teixeira)                 |
 | Inventariante : FRANCISCO JOSÉ TEIXEIRA (FILHO)                    |
 | Inventário aberto na Fazenda das Ilhas, Freguesia de Nossa Senhora |
 | da Conceição da Barra em 14/MAI/1808                               |
 | Número de folhas originais:                                        |
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 - FL.001/VERSO -

 ...declarou haver falecido sua mãe em o dia vinte e tres de Janeiro do
 corrente ano, sem testamento...

 - FL.002 -

 FILHOS:

 1. Dona ANA ESMÉRIA DE SOUZA casada com o Capitão MANUEL DA COSTA RIOS 
 2. Dona JOSEFA DE SOUZA MONTEIRO casada com o Capitão MANOEL  FERREIRA
    LEITE     
 3. Capitão FRANCISCO JOSÉ TEIXEIRA, casado 
 4. Dona MARIA DE SOUZA casada com o Tenente JOSÉ JOAQUIM TEIXEIRA     
 5. Alferes JOAQUIM JOSÉ TEIXEIRA, solteiro de 25 anos 
 6. Alferes JOSÉ JOAQUIM TEIXEIRA solteiro de 23 anos 
 7. Capitão ANTONIO JOSÈ TEIXEIRA, falecido, casado que  foi  com  Dona
    JOSEFA JOAQUINA DA SILVA MOURA 

 - FL.002 -

 NETOS FILHOS DE ANTONIO

 1. FRANCISCO falecido 
 2. Dona ANA de idade de 6 anos 
 3. Dona CÂNDIDA de idade de 2 anos 

 - FL.003/VERSO -

 ESCRAVOS: 14

 - FL.003/VERSO -

 DIVIDA ATIVA

 01. Capitão MANOEL MARTINS FERREIRA                            373$627 
 02. Alferes DOMINGOS MONTEIRO LOPES                            336$748 
 03. Dona INÁCIA APOLONIA DE SOUZA                               50$000 
 04. MIGUEL RODRIGUES LOUREIRO                                   60$000 
 05. Guarda Mor ANTONIO MOREIRA DE VASCONCELOS                  357$037 
 06. CAPITÃO FELIX MARTINS FERREIRA                             876$949 
 07. ANTONIO LUIZ DE SOUZA                                      334$307 
 08. Alferes FRANCISCO JOSÉ DE SOUZA                             54$000 
 09. MANOEL VIEIRA DA SILVA                                     108$000 
 10. ANA CLAUDIA DE SÂO BERNARDO                                 24$000 
 11. ANTONIO JOSÉ GONÇALVES                                     215$000 
 12. JOÃO COELHO DE MELO                                        200$000 
 13. Reverendo   ANTONIO   MONTEIRO   e   Dona   MARIANA    DE    SOUZA
     MONTEIRA                                                   908$532 
 14. Tenente MANOEL ANTONIO TEIXEIRA                          4:197$523 
 15. Capitão  FRANCISCO  JOSÉ   TEIXEIRA   e   Capitão   ANTONIO   JOSÉ
     TEIXEIRA                                                12:520$000 
 16. Alferes JOAQUIM JOSÉ TEIXEIRA e seu irmão o Alferes  JOSÉ  JOAQUIM
     TEIXEIRA                                                 6:959$120 
 17. Capitão MANOEL DA COSTA RIOS                               338$218 
 18. Capitão ANTONIO DIAS RAPOSO                                631$893 
 19. Capitão MANOEL FERREIRA LEITE                            3:330$018

 - FL.004 -

 DOTE 

 Declarou mais ele inventariante haver a falecida sua mãe dado em  dote
 a herdeira Dona ANA ESMÉRIA DE SOUZA, casada com o Capitão  MANOEL  DA
 COSTA RIOS em dinheiro a quantia de um conto e seiscentos mil réis.  E
 assim mais uma escrava por nome Maria, doente, a quantia de sessenta e
 cinco mil réis. E assim mais Eufrazia, mulata, de idade de sete anos a
 quantia de setenta e cinco mil réis. E assim mais Justina, crioula, de
 idade de sete anos a quantia de sessenta mil réis.  E  assim  mais  em
 vacas a quantia de doze mil réis. (total:1:812$800)

 OBS : foram dotados também :

 JOSEFA DE SOUZA 
 ANTONIO JOSÉ TEIXEIRA 
 FRANCISCO JOSÉ TEIXEIRA 
 JOSÉ JOAQUIM     
 JOAQUIM JOSÉ