Spider-Man!

Spider-Man!

Pr’aqueles que esperavam algum informe meio que jurídico… Lamento, mas “não trabalhamos com finais-de-semana…” 🙂

Porém assistimos filmes nos finais-de-semana! E assim, vamos dar uma rápida pincelada sobre a bola da vez: Homem-Aranha 2. Novamente este velho adolescente teve oportunidade de ir até o cinema pra se desligar um pouco da realidade. E olhe… Recomendo veementemente o filme! Mesmo aqueles que não gostam de ficção, super-heróis, ou coisas do gênero, tenho certeza que vão se deliciar.

Acontece que, de todos os super-heróis que conheço (e não são poucos), o Homem-Aranha é justamente o que mais atrai seus leitores, pois trata-se de apenas um ser humano (guardadas as devidas proporções) como qualquer outro, precisando de trabalho, com contas a pagar, aluguéis vencidos, paixões (quase) impossíveis, etc, etc, etc…

E é esse enfoque que dá tom ao filme. Peter Parker se defronta com a dualidade acerca do que seria mais importante para sua vida: o homem ou o herói. Há até uma certa cumplicidade com o personagem na medida em que conseguimos identificar nosso dia-a-dia com seus problemas, seja na área das finanças ou na do coração.

Isso, é lógico, sem falar nos efeitos especiais! O filme possui uma estória que se sustenta por si mesma, sendo, na minha opinião, uma trama mais bem estruturada que a do primeiro filme. Ou seja, os efeitos fazem parte do filme, não são o filme. Os braços mecânicos do vilão, Dr. Octtopus, são pra lá de realistas (qualquer semelhança com a animação de Matrix não é mera coincidência), as cenas com o Homem-Aranha se balançando pelos prédios estão beeeem melhores, e as tomadas de luta são simplesmente de tirar o fôlego. Inclusive a luta que ocorre sobre o trem pode acabar se tornando uma daquelas cenas antológicas do cinema.

Mas, como nem tudo são flores, vamos a alguns comentários um pouco mais ácidos…

Tobey Maguire continua com aquela indescritível cara de “Hein?” na maior parte do filme (exceto quando está de máscara)… Aliás, pelo menos por duas vezes, na cena do salto sobre o telhado e na frente do trem, ele conseguiu realmente fazer as caretas mais espetaculares que já vi alguém fazer num filme! 😀 Ainda assim, como já foi até dito na própria revista Wizzard desse mês, ele tem tudo pra “encarnar” definitivamente o papel do Homem-Aranha, a exemplo do que já ocorreu na história do cinema com relação a Christopher Reeve e o personagem Super-Homem.

Kirsten Dunst é uma incógnita pra mim… Em determinadas cenas ela possui uma beleza etérea, com uma aura ao seu redor que a torna linda. Já em outros ela se assemelha mais a uma junkie recém-saída de alguma clínica. Mas, no global, ela cumpre bem o papel de Mary Jane Watson. E para aqueles que queiram compará-la a alguma Lois Lane da vida, que seria a eterna mocinha em apuros, a estória foi tão bem construída que é fácil de acreditar que ela simplesmente estava no lugar errado na hora errada.

Alfred Molina, pra mim, foi quem quase roubou o filme. Se não o fez foi porque o conjunto da obra foi muito bem construído. A última vez que vi algo nesse sentido foi em Batman (o primeiro filme), que, na minha opinião, deveria ter se chamado “The Joker” – uma vez que Jack Nicholson deu um show de atuação (em detrimento do inverossímel Batman encarnado por Michael Keaton). No filme Homem-Aranha a primeira impressão (errônea) que se tem é: “puxa, mas esse caro gordo e de cara esquisita é que vai ser o vilão?” Preparem-se para uma surpresa, pois a atuação dele foi MUITO boa. É lógico que não vou contar os meandros da estória, mas saibam que ele simplesmente deu um show à parte, fazendo uma espécie de Dr. Jeckil & Mr. Hide (mas sem maquiagem), pois, no final, seu personagem não é necessariamente mau, apenas uma vítima das circunstâncias.

Existem ainda outros detalhes que fogem à maioria dos mortais, a não ser os aficcionados em quadrinhos, como os ganchos construídos para novos filmes e, pelo menos, outros três vilões que fizeram sua primeira aparíção nessa sequência…

Mas isso já é outra história…

Shrek 2

SHREK 2

Bem, meninos e meninas… Eis que fui assistir Shrek 2… Ter assistido o primeiro filme ajuda, mas não é imprescindível para plena compreensão do segundo, pois, digamos, ele tem “vida própria”.

Cinema pra mim SEMPRE foi um mundo meio que encantado, uma outra dimensão em que você entra e se desliga TOTALMENTE da vida mundana que corre lá fora. É o único lugar que consigo realmente relaxar, me deixando levar plenamente pelo filme que estiver assistindo. Não importa se lá fora é dia ou é noite, se chove ou se faz sol, se o mundo passa por uma crise ou se os impostos aumentaram. Tudo que interessa é ouvir uma boa estória, sem interrupções, torcendo, rindo, chorando, se emocionando, pulando ou se afundando na poltrona, com o indispensável hiper-mega-ultra-super saquinho de pipocas e sempre desejando que o filme fosse mais longo do que realmente é…

E como cinéfilo amador que sou, mais apaixonado pelas estórias que pelas técnicas, não poderia deixar de comentar um pouquinho do filme aqui neste espaço. Pra início de conversa, vou contar o final do filme: e eles viveram felizes para sempre… (DÃÃÃÃ!) He, he, isso é meio óbvio, pois é o tipo de conto que já nos leva a esse final. Mas, como qualquer boa estória, o que interessa não é necessariamente seu fim (e às vezes nem mesmo a própria estória), mas sim a MANEIRA de se contar essa estória. E eu diria que isso foi muito bem feito no caso de Shrek. Por exemplo, apesar de, por vezes, ser meio que previsível, guarda uma interessante surpresa sobre a origem da Princesa Fiona.

Esse segundo filme continua com uma boa dose de humor, porém não tão negro quanto no primeiro. Não chega a ser politicamente correto, porém é um pouco mais comedido no geral. Em suma, começa com a Lua de Mel de Shrek e Fiona, sendo que eles terão de ir ao reino dos pais da princesa, onde passarão por apuros até a consagração do verdadeiro amor que sentem um pelo outro. Com relação aos contos de fadas, a grande maioria está lá citada, desde Pinóquio até a Bela Adormecida, passando por Chapéuzinho Vermelho e os Três Porquinhos, fora outros não tão conhecidos em terras tupiniquins.

A maior parte da estória se desenrola no reino dos pais da Princesa Fiona, que vivem “in a far far away kingdom”, sendo que esse reino – Far Far Away – parece bem ser uma cópia da cidade de Hollywood, onde as mansões dos artistas ricos e famosos são ocupadas pelas princesas e grandes personagens dos contos de fadas.

Mas uma das coisas que encantam no filme é identificar as referências que faz a cenas, músicas, situações e personagens diversos das revistas, tv e cinema. Pude claramente identificar algumas dessas referências, desconfiando de outras, e suspeitando que existem muitas mais que não consegui enxergar.

Vou citar alguns exemplos que lembro de cabeça – e vamos ver, tanto para aqueles que já assistiram o filme como para aqueles que não o fizeram, se foram/serão capazes de reconhecer essas referências: música do seriado Hawai 5.0; cena do filme Homem-Aranha (1), onde a Mary Jane dá o primeiro (e único) beijo no aracnídeo; a já antológica cena dependurada de Missão Impossível; comentários sarcásticos do Garfield; postura cavalheiresca do Zorro (com direito a sotaque), no filme com Anthony Hopkins e Antonio Banderas; James Bond, numa cena de praia com Ursula Andrews; os campos floridos da Noviça Rebelde; Ghostbusters, quando Gozzer, The Gozzerian, arrasa a cidade; as cenas de transformação do desenho A Bela e a Fera; os móveis animados do mesmo desenho; diversas músicas dos anos 70 e 80; drive-thru do MacDonalds; cenas de perseguição e prisão da Polícia Norte-Americana; a também antológica cena do banho em Flashdance; Indiana Jones, quando recupera seu chapéu em uma armadilha no segundo de seus três filmes; o anel com letras de fogo de Senhor dos Anéis… e, tenho certeza, outras que ou não tive a capacidade de perceber, ou estava por demais ocupado gargalhando em alto e bom tom… 😀

Existe, também, uma cena de uma fábrica que me lembra (se bem que não acho que tenha se inspirado nisso) dos anões verdes (Woompa Loompa?) da Fantástica Fábrica de Chocolates de Mr. Wonka, com aquele ator que nunca lembro o nome e fez, dentre outros, A Dama de Vermelho e The Young Frankenstein (seria Gene Wilder?)

Aliás, assistir o filme no idioma da terrinha do Tio Sam tem lá suas vantagens, pois o Eddie Murphy continua impagável como o burrico, e temos ainda a canastrice pomposa da dublagem de Antonio Banderas como o Gato de Botas. Isso fora os trocadilhos infames…

E pra quem sentiu a falta do dragão, ou melhor, da “dragoa”, da primeira película… não se preocupem, pois ela chega com uma divertida surpresa APÓS a exibição de parte dos créditos finais do filme.

Enfim, mesmo pr’aqueles que não são lá muito chegados nesse gênero, não deixem de assistir, pois é diversão na certa. Agora basta aguardar as estréias de Homem-Aranha 2, de Garfield e (pasmem) Thunderbirds!