Música da semana (que passou)

Eis um vídeo pinçado diretamente da performática década de oitenta: Balls to the wall, com a banda alemã Accept.

O porquê dessa música?

Confiram a letra.

Vocês vão entender.

Too many slaves in this world
Die by torture and pain
Too many people do not see
They’re killing themselves – going insane

Too many people do not know
Bondage is over the human race
They believe slaves always lose
And this fear keeps them down

Watch the damned (God bless ya)
They’re gonna break their chains (Hey)
No, you can’t stop them (God bless ya)
They’re coming to get you
And then you’ll get your

Balls to the wall, man
Balls to the wall
You’ll get your balls to the wall, man
Balls to the wall – balls to the wall

You may screw their brains
You may sacrifice them, too
You may mortify their flesh
You may rape them all

One day the tortured stand up
And revolt against the evil
They make you drink your blood
And tear yourself to pieces

You better watch the damned (God bless ya)
They’re gonna break their chains (Hey)
No, you can’t stop them (God bless ya)
They’re coming to get you
And then you’ll get your

Balls to the wall, man
Balls to the wall
You’ll get your balls to the wall, man
Balls to the wall – balls to the wall

Come on man, let’s stand up all over the world
Let’s plug a bomb in everyone’s arse
If they don’t keep us alive – we’re gonna fight for the right

Build a wall with the bodies of the dead – and you’re saved
Make the world scared – come on, show me the sign of victory
Sign of victory – sign of victory

You better watch the damned (God bless ya)
They’re gonna break their chains (Hey)
No, you can’t stop them (God bless ya)
They’re coming to get you
And then you’ll get your

Balls to the wall, man
Balls to the wall
Balls to the wall, man
Balls to the wall
You get your
Balls to the wall, man

Fogo cruzado

Meados da década de oitenta.

(Sim, aquela mesma, a década perdida, que ninguém sabe direito onde é que foi parar, mas na qual eu – posso garantir! – estava lá…)

Éramos um bando de adolescentes meio malucos, com os mais variados tipos imagináveis, mas que tínhamos uma coisa mais ou menos em comum: curtir a vida. O Jarbas (cujo nome não era Jarbas – acho que era Ronaldo – mas que assim o chamávamos por ser o único a ter um carro e nos levar a todos pra cima e pra baixo), que nem era tão adolescente assim, possuía uma invejável coleção de LPs. Sim, “LPs”. Ou “Long Play”. Aquelas coisas grandes, pretas e redondas, feitas de um tipo de plástico chamado “vinil”, e que mal chegava a ter doze músicas distribuídas por seus dois lados. Isso mesmo, caríssima geração MP3: o mundo tecnológico era jurássico e, ainda assim, conseguíamos sobreviver!

Mas, para variar, estou variando.

Acontece que foi através do Jarbas (ou Ronaldo) que conheci uma banda chamada Scorpions. É lógico que, com o ciúme que tinha de seus discos, ele se limitou a gravar uma fita para mim – que, inclusive, devo ter até hoje. Sim, também já fazíamos pirataria antes mesmo de ser cunhado tal conceito…

Mas o negócio é que, por conta dessa fita, acabei por me aproximar de uma menina naqueles idos tempos de colégio. Bem, na verdade, foi ela quem se aproximou de mim… Aliás, mais na verdade, na verdade, ainda, foi porque uma amiga dela estava interessada em mim e não tinha a desenvoltura suficiente (leia-se “cara de pau”) de chegar até este hoje ancião que vos tecla. Garotão, boa pinta, cabeludo, metaleiro e que – pasmem! – estudava contabilidade. Até hoje eu não sei muito bem o que é que fui fazer lá – mas, ao menos, passei a dominar o chamado “método das partilhas dobradas”…

E lá sigo eu, variando de novo.

Voltemos ao causo.

Pra encurtar um pouco a história, acontece é que acabei por me interessar mesmo foi por aquela mocinha japonesa toda solícita (e que não, não era a excelentíssima senhora, amada, idolatrada, salve, salve, Dona Patroa de hoje). E tivemos lá nosso namorico – que não era namoro só para a amiga dela não saber, nem se chatear – e que nem durou muito, pois em pouco tempo eu sairia daquela escola para novas guinadas na minha vida. Nesse meio tempo, entre uma e outra, fiquei lá eu no meio daquele fogo cruzado.

E o que todo esse relato desconexo tem a ver uma coisa com outra? Bem, essa mocinha, escorpiana do dia quinze de novembro, levadíssima da breca, tinha um lindo escorpiãozinho tatuado, digamos assim, quase sobre o coração. E conversa vai, conversa vem, acabei por apresentar-lhe aquela velha fita (na época, novíssima) do Scorpions. E ela até que gostou muito. E, por sua vez, apresentou-me o tal do escorpiãozinho.

Mas isso já é outra história…

Bem, e tudo isso por quê? Simplesmente porque hoje ouvi novamente uma das músicas que mais gostava daquela fita. E não, não era o comercialíssimo hit de então Still loving you, que arrebatou tantos suspiros e romances naquela época. Estou falando é de Crossfire – uma música com um ritmo de bateria totalmente envolvente e com uma guitarra com riffs de sonoridade desafiadora.

Podem conferir dando o costumeiro play no botãozinho aí embaixo:

Scorpions – Crossfire

 
Hm?

Ainda querem saber sobre minha caríssima escorpiana?

Nunca mais a vi.

Ainda correspondemo-nos por algum tempo quando ela foi para o Japão, mas depois simplesmente desapareceu.

Aliás, por “corresponder”, entenda-se bem, significa que naquela época enviávamos cartas – aquela coisa de escrever num papel, colocar no envelope, colar um selo e levar até o correio. Creio que talvez vocês já devam ter lido sobre isso em algum livro de história…

😉

Amor é amor

Oxímoro…

A pergunta que desde já não quer calar é: “por que começar um texto sobre amor, palavra tão sonoramente fértil, com outra de uma esterilidade auditiva extrema, como oxímoro?”

A pergunta em si já encerra a resposta…

Oxímoro é uma figura de retórica em que se combinam numa mesma expressão elementos linguísticos semanticamente opostos. Como exemplos, conforme se dê a construção de um texto, poderíamos ter as expressões “estridente silêncio”, “futuro arcaico”, “falsamente verdadeiro”, “simpatia assustadora”, “sofisticada simplicidade” e tantas outras mais.

A palavra oxímoro é formada de dois termos gregos” oxýs, que significa “agudo”, “penetrante”, “inteligente”, “que compreende rapidamente”, e morós, que quer dizer “tolo”, “estúpido”, “sem inteligência”.

Como se vê – e essa eu aprendi hoje – o vocábulo é formado de dois elementos contraditórios, o que significa que a própria palavra “oxímoro” é um oxímoro…

E cadê o amor?

Está neste soneto de Camões a seguir, um excelente exemplo poético totalmente carregado de oxímoros, que começa e se encerra em si mesmo:


Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
um nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É um querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?


Familiares os versos?

Sim, vocês já ouviram isso antes (ao menos aqueles tão “clássicos” quanto este que vos tecla…) em Monte Castelo, música do Legião Urbana lá do final dos anos oitenta.

Então basta aumentar o som e clicar no play aí embaixo!