Google Reader será descontinuado

Li essa lá no Tecnoblog:

Péssima notícia para quem era heavy-user do Google Reader. Mesmo depois de todas as modificações que o Google realizou nele em favor do Google+, o serviço será oficialmente encerrado no dia 1º de julho.

A informação veio direto do blog do Google Reader, em um post publicado hoje [ontem]. Com um texto curto e sem dar maiores explicações, a equipe avisa que o serviço sairá do ar, já que o uso diminuiu muito ao longo dos anos, e não valia mais a pena mantê-lo. “Como uma empresa, estamos destinando toda a nossa energia a menos produtos. Achamos que esse tipo de foco gerará uma melhor experiência de usuário”, diz o post.

Todos os usuários da ferramenta têm até o dia 1º de julho para encontrar uma alternativa e se mudar. Nesse dia, o plugue dos servidores será finalmente retirado da tomada, e quem não fez backup de tudo e migrou para outro serviço, perderá tudo. Simples assim.

O Google Reader era uma ótima ferramenta para leitura de feeds RSS e outros recursos, um grande facilitador na tarefa diária de procurar informações ou simplesmente ver imagens engraçadas. Do ponto de vista técnico, é fácil de entender o motivo do encerramento (dificilmente um serviço como esse é rentável), mas ainda assim ele vai deixar saudades em muitos usuários.

O backup do seu Google Reader pode ser feito pelo Google Takeout. Aguardem, em breve, uma matéria do Tecnoblog com alternativas ao Google Reader.

De minha parte não encontrei (ainda) uma nova ferramenta para utilização online. Por isso, ao menos nesse meio tempo, resolvi utilizar o RSS Owl – por três motivos: primeiro, porque é gratuito; segundo, possui versões tanto para Windows quanto Linux e mesmo outros sistemas; terceiro, é portável (posso instalar no meu pendrive e executá-lo onde estiver); e quarto – last but not least – seu símbolo é uma simpática corujinha!

Só pra lembrar: em Hogwarts as notícias sempre eram trazidas por corujas…

Enfim, baixei, instalei e – surpresa! – ele já possui opção de importar toda a configuração diretamente do Google Reader!

Aliás, já fica a dica: o visual no mesmo estilo do agonizante Reader é o Newspaper. Caso queira, basta selecioná-lo acessando a barra de ferramentas View -> Layout -> Newspaper.

Altamente customizável (sim, sei que tem gente que detesta essa palavra), já começou bem, essa avezinha…

A casa

Rubem Braga

Outro dia eu estava folheando uma revista de arquitetura. Como são bonitas essas casas modernas; o risco é ousado às vezes lindo, as salas são claras, parecem jardins com teto, o arquiteto faz escultura em cimento armado e a gente vive dentro da escultura e da paisagem.

Um amigo meu quis reformar seu apartamento e chamou um arquiteto novo.

O rapaz disse: “vamos tirar essa parede e também aquela; você ficará com uma sala ampla e cheia de luz. Esta porta podemos arrancar; para que porta aqui? Esta outra parede vamos substituir por vidro; a casa ficará mais clara e mais alegre.” E meu amigo tinha um ar feliz.

Eu estava bebendo a um canto, e fiquei em silêncio. Pensei nas casinhas que vira na revista e na reforma que meu amigo ia fazer em seu velho apartamento. E cheguei à conclusão de que estou velho mesmo.

Porque a casa que eu não tenho, eu a quero cercada de muros altos, e quero as paredes bem grossas e quero muitas paredes, e dentro da casa muitas portas com trincos e trancas; e um quarto bem escuro para esconder meus segredos e outro para esconder minha solidão.

Pode haver uma janela alta de onde eu veja o céu e o mar, mas deve haver um canto bem sossegado onde eu possa ficar sozinho, quieto, pensando minhas coisas, um canto sossegado onde um dia eu possa morrer.

A mocidade pode viver nessas alegres barracadas de cimento, nós precisamos de sólidas fortalezas; a casa deve ser antes de tudo o asilo inviolável do cidadão triste; onde ele possa bradar, sem medo nem vergonha, o nome de sua amada (…) – certo de que ninguém ouvirá; casa é o lugar de andar nu de corpo e de alma, e sítio para falar sozinho.

Onde eu, que não sei desenhar, possa levar dias tentando traçar na parede o perfil da minha amada, sem que ninguém veja e sorria; onde eu, que não sei fazer versos, possa improvisar canções em alta voz para o meu amor; onde eu, que não tenho crença, possa rezar a divindades ocultas, que são apenas minhas.

Casa deve ser a preparação para o segredo maior do túmulo.