Erik

Erik Masayukhi Miura Andrade.

Há exatos onze anos, às 20h46min do dia 20 de dezembro de 2001, com 3,010kg e 48cm, você chegou.

De todos você foi o mais gordinho (não, não se preocupe, não vou colocar “aquela” foto…) e o que mais participou das reinações de seu irmão mais velho.

Quando menor você sempre foi de riso fácil – na verdade, um verdadeiro saquinho de risadas! – não precisava muito para lhe arrancar uma gargalhada!

Bastava chamar seu nome e você já sorria…

Aliás, se olharmos para trás é curioso ver como os mesmos amiguinhos de tantos anos continuam na sua vida até hoje.

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E assim você foi crescendo, sempre cercado de amor e dedicação – o que não te fazia menos lambeta do que já é!

E que também, é lógico, fazia suas próprias reinações!

Mas é curioso como agora, nessa sua pré-adolescência, você ficou mais sério. Mais rapazinho. Mas circunspecto. Não que não seja feliz ou não se divirta. Mas parece que você gosta um tanto desse seu “ar intelectual”…

Apesar de tudo, continua lá dentro sendo a criança maravilhosa que sempre foi. Basta saber qual botão apertar que aquele seu sorriso gostoso, aquela risada fácil estão sempre por ali só esperando pra sair!

Enfim, meu filho. Hoje é seu aniversário. Te amo – e muito. É impossível mensurar esse tipo de sentimento. Mas se o fosse, saiba que, literalmente, quebraria as escalas.

Parabéns!

Paris

Já viram um pêssego?

Não, não estou falando de pêssegos em calda – em que pese serem uma delícia quando acompanhados de creme de leite…

Estou falando do fruto. Já pegaram um? Experimentaram a textura de seu exterior? Se sim, sabem que é uma coisa assim aveludada. Uma aspereza suave, uma delicadeza que encanta e não fere.

Vamos tentar melhorar. Ao menos para os insensíveis homens que de vez em quando frequentam este nosso cantinho virtual. Noite. Baile. Um clima ligeiramente frio, daqueles de se vestir bem e ficar num quentinho aconchegante. Ela vem, usando um vestido preto. Veludo. A orquestra começa a tocar uma música suave e você a tira para dançar. Pousa sua mão em seu quadril, deslizando até as costas, no limite do decote. Sente a textura do tecido aveludado, tanto áspero quanto suave ao mesmo tempo… Percebeu?

Bem, já viajei demais na maionese pra quem queria falar de OUTRA coisa.

Evocar essa lembrança tátil do que seria algo aveludado foi com a simples intenção de comparar essa sensação com aquilo que sinto ao ouvir a voz de Yael Naim, 34 anos, uma cantora e compositora franco-israelita de origem tunisiana. Sua voz é assim: aveludada. E encantadora. Somente ouvindo pra compreender. Então desfrutem um bocadinho dessa maviosa voz com essa música saborosíssima chamada Paris.

 
Ah! Só pra constar: foi dica da Bruna Caram

Aos corinthianos de plantão

Ok.

Rendo-me.

Ao menos desta vez.

Todos sabem que sou total e completamente ateu… em termos de futebol.

Não me incomodo e não me importo com jogos e finais de campeonato. Mas pela quantidade de foguetório que tá pipocando aí fora, não tem como não perceber que o tal do Corinthians ganhou o Mundial de Clubes do tal do Chelsea no jogo lá em Yokohama, no Japão.

O que, pela internacionalidade do jogo, me fez pensar o quanto os torcedores – fanáticos ou não – vão aporrinhar todo o resto DO MUNDO com o famoso bordão de que “Deus é brasileiro”.

O que, por sua vez, me fez lembrar de uma charge (tudo sempre me faz lembrar de uma charge!), desta vez do Ziraldo, acerca daquele infeliz adesivo que a gente sempre vê grudado nos carros por aí afora…

Apesar de tudo, vamos combinar: não tinha como deixar de colocar essa…

Casórios modernos

(Aviso aos Navegantes: os gnomos revisores/censores que vivem nas entranhas deste blog classificaram este post como altamente herege e sarcástico. Se você for do tipo que fica indignado com coisas desse tipo, então pare agora e aguarde algum próximo texto não tão carregado. Pode voltar à sua leitura de Pollyana Moça, aos seus afazeres normais ou seja lá o que for que pessoas como você costumam fazer. Não diga que não avisei.)

Resolveu continuar, hein? Além de herege, curioso…

Pois bem. Disaôje (como dizia minha Bisa) fomos a um casamento. A filha mais velha de um antigo amigo de uma outra vida. Literalmente, a vi nascer – o que comprova que eu estou mais pra curva de pra lá de Marrakesh, mas não ainda do Cabo da Boa Esperança.

Bem, enfim. Fomos ao casamento. Lugarzinho longe mas bem agradável: um clube, no campo, com muita mata, muito verde, muita estrada, muita chuva, etc. A noiva atrasou somente uma hora, o que está dentro dos padrões internacionais aceitos pela ABNT e homologado pela ONU para eventos de igual porte e estilo. Chegou, com a habitual pompa e circunstância (sempre adorei esse termo) que lhe é peculiar, foi adentrando o recinto, toda sorridente, até engatar no braço do noivo de uma maneira tal que, estou certo, nunca mais deve largar.

Até aí estava tudo indo muito bem.

Então ouvimos uma voz chamando a atenção de toda a congregação. Ou melhor, dos convidados. De imediato a Dona Patroa ressaltou que o pastor tinha uma voz muito feminina. “Será que talvez não seja porque ele é uma mulher?” Perguntei-lhe. Ela foi obrigada a concordar comigo. E olha que já é a segunda vez neste semestre! É sempre bom pro ego quando a gente usualmente tem razão…

Bem, os noivos posicionados, eis que ela começa a preleção. E de uma maneira inusitada! Agradeceu a presença de todos e ressaltou que ainda estava faltando alguém muito importante. Seriam os avós de algum deles, perguntei para mim mesmo. Mas não. Ela continuou: “Convido a adentrar este recinto aquele que está faltando nesta reunião, alguém muito importante e que não poderia faltar! Convido ao Todo Poderoso para que entre por este corredor, por este tapete, e venha nos abençoar a todos! Vamos, Senhor, pode vir! Venha, Senhor!” Automaticamente todos olharam pra trás, pelo tapete, pelo corredor, pela porta afora. Juro que quase fui. Já me imaginei ali, entrando, a passos largos, um falso sorriso constrangido, acenando para todos, piscadelas para as moçoilas, o escambau. Mas algo me disse que era melhor me conter. Talvez o olhar de fúria da Dona Patroa quando me propus a isso. E, assim, me contive.

Dali em diante ela passou a hora seguinte (eu disse “hora”? pareceu bem mais…) pregando, na minha opinião, toda e qualquer idéia relacionada a casamento que lhe viesse na cabeça. Nem pouco, nem menos. Professores de cursos de oratória de todo esse lado do estado devem ter passado mal com a energia emanada da tamanha falta de coesão, métrica e foco demonstrada em tão pouco tempo (eu disse “pouco”?).

Aliás, ela não estava sozinha, não! O gentil cavalheiro que pairava ao lado da distinta também era pastor! E ela, já nas primeiras palavras, ressaltou que estava ali presente juntamente com o pastor sei-lá-o-nome-do-caboclo. Ainda que ele não abrisse a boca um momento sequer. “Deve ser alguma espécie de pastor-estagiário”, pensei comigo mesmo.

Como se já não bastasse, após tudo isso, ela ainda me soltou a seguinte frase: “Tô percebendo, pela carinha de vocês, que já deve estar na hora de trocar as alianças!” Putz, eu também já estava percebendo! Juro! Eu e as demais 1.469 pessoas do salão. Mas esse ainda não foi o ponto. O ponto foi quando da surreal sequência:

– Vamos lá, então, gente, vamos ver o que ele responde! E daí, o que você responde?

– Siiiiiiiiiiimmm! (Brincadeira, não foi assim não, foi muito mais sério que isso. O que não altera em nada o desfecho.)

– Ele disse sim! ELE DISSE SIM! Gente, ai que chique!

“Ai que chique”? Em quantos missais vocês já ouviram isso, hein? Não contente, logo na sequência, quando da noiva, ela me soltou:

– Ah! Ela TAMBÉM disse sim! Gente, ai que ma-ra-vi-lha!

É sério. Olhei para os lados para dar uma conferida onde a gente estava. Em qual centro fomos parar. Não, somente a noiva estava de branco, então não podia ser algum outro onde a Hebe tivesse baixado ali e reencarnado para dar o ar de sua graça, presença e pieguice. Aquilo era DELA mesmo… Mas ainda teríamos mais! Logo após os votos dos noivos um para o outro – coisa bonita, que nem aqueles dos filmes (por mais curtos que tenham sidos) – ela deu uns dois passos para trás, quase caiu, olhou para os nubentes e com aquele sorriso puro e franco de um filme de terror, soltou mais essa, no melhor estilo Sazón:

– Ai, gente, olha como o amor é lindo!

Ok, sei que eu estava com o meu sarcasmo em mode on e carregado com a bateria até no talo, mas foi complicado estar ali, viu, gente? As sequências seguintes foram acompanhadas externamente por meu semblante sereno e dedicado a uma cerimônia do porte, mas internamente eu, irônico que sou, só aguardava a próxima tirada para soltar das minhas – ainda que somente em pensamento. Me sentia fazendo escárnio num programa de auditório. Cruel, eu sei, mas este sou eu, que fazer? Vamos lá:

“Agora vamos consagrar as alianças, mergulhando-as no no azeite.” Por quê? Senão não entra? Tudo bem que os noivos parecem estar meio gordinhos, mas não me parece que seja pra tanto…

“Olha, gente, como ela está tremendo de emoção!” Emoção? Com aqueles ombros de fora, o vento que está fazendo e a chuva que está caindo? Ela está é com frio, caramba!

“E vocês deverão lembrar que o homem é a cabeça do casal.” Hah! Piada pronta! Não conhecem? Então tá. De fato o homem é a cabeça do casal; mas a mulher é o pescoço: vira a cabeça pra onde quiser!

Bem, foram tantas tiradas que acho que não vai dar pra lembrar de todas. Dentre outras, vamos combinar que não é lá muito comum alguém, ainda que seja uma pastora em suas orações, referir-se ao Senhor ora pelo respeitoso termo “Deus Altíssimo Onipotente”, ora pelo intimista e quase infantil “Papai”. Ao menos não numa cerimônia de casamento…

Mas ainda teríamos a homenagem final. Uma dançarina. Não, cambada de hereges! Não ESSE tipo de dançarina! Não tinha nenhum dos costumeiros sete véus nela. Se bem que, dada a performance e a silhueta, talvez tenha sido até bom… Mas o que de fato aconteceu é que uma moçoila, vestida com o que eu achei ser uma espécie de túnica, desenvolveu toda uma performance ao som da mais apurada e decibelística música gospel que o momento pedia. Pedia? Bem, manjam aquelas pessoas que dançam “interpretando” a música? Então. Dava até para ver os lábios se movendo em conjunto… Ainda bem que Jennifer Beals (aquela, do filme Flashdance) não estava por ali pra ver aquilo…

Bem, finalmente fomos para as orações finais. E, é lógico, desta vez em conjunto com a platéia a congregação os convidados.

“Quem é a noiva de Jesus?” Nessa hora fui sumariamente aquietado com um bom chute na canela e não tive oportunidade de tecer nenhum comentário sobre Madalena, enquanto que os demais respondiam “é a Igreja!”

“Agora vamos pedir a Deus que nos dê direção!” Mais piada pronta, ao menos na minha cabeça. Não teve como não lembrar de uma tirinha do Laerte – esta aqui.

“E agora o beijo! O pessoal tá esperando o beijinho de vocês! Vamos lá! Não, não valeu! De novo! Ainda não valeu! De novo! Não vale-eu! De novo! Ai, geeeeente, que liiiiindo!!!”

Agora acho que já sei o porquê de o buffet não ter deixado talheres nas mesas. Facas, pulsos, pensamentos suicidas… Com tudo isso já deu pra imaginar, né?

Mas enfim, após os cumprimentos à noiva – que sim, estava linda – e ao noivo – que estava muito bem apessoado (jamais me ouvirão chamar um ser masculino de “lindo”) – o ponto alto de tudo isso ainda estava por vir e eu não tinha sequer me tocado.

Bem, não foi difícil para vocês perceberem que estávamos num casamento evangélico, certo?

AH – HA! Exatamente!

Isso mesmo.

Absolutamente nem uma gota de álcool!

De novo.

Bodas de Marfim

Antes de mais nada, vamos esclarecer: o termo “bodas” vem do latim. Significa promessa – no caso, os votos matrimoniais, feitos no dia do casamento. Assim, a cada ano que passa, comemoramos o aniversário de bodas, o aniversário daquela promessa feita um para o outro. Em sua origem comemorava-se apenas a de Prata (25 anos) e a de Ouro (50 anos), mas com o tempo foram surgindo outras simbologias para os demais anos.

E, conforme a tradição, as bodas de quatorze anos são representadas pelo marfim.

Marfim é uma substância dura, branca e opaca. É a massa do dente e dos caninos de animais como elefantes, hipopótamos, morsas, mamutes, etc. Possui altíssimo valor comercial.

Bodas de Marfim…

Quatorze anos…

Sete mais sete…

Eu e você…

Um sete de lá, outro de cá.

Sete são os dias da semana, sete são as cores do arco-íris, sete são as notas musicais, sete saias usavam as mulheres de Nazaré, sete são os véus da dança, sete são as maravilhas da antiguidade, sete são os pecados capitais, sete são as virtudes, sete são os deuses da felicidade, sete são os céus, sete cabeças possuía a hidra, sete são as léguas do conto, a sete chaves guardamos nossos segredos, a sétima onda é sempre a maior e a mais forte, em sete dias o mundo foi criado…

Sete é um número mágico e afortunado.

Um sete de lá, outro de cá.

Quatorze anos.

Magia dobrada, força acumulada.

Há exatos quatorze anos cruzávamos o tapete vermelho para nossas bodas. Como testemunhas, um vasto gramado era nosso piso, a própria natureza, em conjunto com nossos amigos e parentes, formavam nossa catedral e tínhamos ainda o céu e as nuvens como teto fulgurante.

Feliz aniversário, Mi.

E como já me foi dito há mais de quatorze anos, por uma pessoa mais sábia que eu, “A vida dá muitas voltas… O importante é não se perder nelas, continuar sempre, recomeçar e nunca pensar que é um obstáculo, são apenas… etapas de nossas vidas – e ela é bela, digo, e repito sempre! Pois encarar tudo com otimismo não deve ser um esforço e sim um hábito, pois o humilde sabe sempre identificar e reconhecer seus próprios erros, aprender e seguir caminho, avante, passos à frente… Às vezes não temos coragem suficiente, mas devemos ter coragem para juntar coragem e ir à luta.”

Amo você.

Simples assim.

E eis um pouquinho de quatorze anos em quatorze momentos antes dos quatorze anos:

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E eis um único momento que faz valer todos os quatorze anos passados, futuros e muito mais:

Ah, e por fim: a “pessoa sábia” a qual me referi é você mesma. Aquelas foram palavras extraídas diretamente de um texto com o qual você me presenteou quando do início de nossa história…

😀

Niemeyer e o Banhado

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Foi quando acabou a fase dos prefeitos nomeados em São José e o primeiro eleito foi Joaquim Bevilacqua. Havia várias correntes na cidade que tentavam responder a pergunta: o que fazer com o Banhado?

Alguns achavam que deveria ser construído um parque aquático, outros uma Disneylândia. A favela se expandia, embora ali não fosse local para habitação, devido ao solo turfoso.

Chamaram, então, Oscar Niemeyer e sua equipe. Ao chegar, o arquiteto ficou por muitos minutos olhando a paisagem. Depois, atravessou a rua e juntou-se ao grupo. Então o prefeito perguntou: “Que devemos fazer com o Banhado?”

A resposta foi simples e objetiva: “A natureza demorou milhares de anos para fazer esta magnífica paisagem. Como e porque destruí-la?”. O grande mestre da arquietetura reconheceu que nem ele era capaz de ofuscar essa obra divina.

Ciro Bondesan dos Santos