Perguntar pra quem?

Deu lá no IOB Jurídico: O Poder Judiciário precisa aumentar os investimentos em tecnologia, em procedimentos eletrônicos, na unificação dos seus sistemas e na qualificação profissional dos seus servidores como medida prioritária e imediata. Essa é a principal conclusão de uma pesquisa de opinião, realizada em janeiro de 2010, que ouviu ministros do governo federal, secretários, juízes, deputados, senadores, e representantes de instituições públicas e privadas e da sociedade civil.

Legal.

Essa pesquisa, que possui o pomposo nome de Cenários Prospectivos do Poder Judiciário, tem por objetivo dar elementos para elaboração de uma estratégia de atuação de longo prazo no Poder Judiciário, e  foi desenvolvida pelo Departamento de Gestão Estratégica (DGE) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com o apoio da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Bom.

Dos mais de 37 mil questionários enviados para integrantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além do Ministério Público, advogados e representantes de empresas privadas, quase 5% foram repondidos (o que dá aproximadamente umas 1.800 respostas). Essa “taxa de retorno” foi considerada alta pelos técnicos do CNJ e da FGV…

Brincou, né?

Será que alguém, em algum momento de todo esse devaneio tecnológico, lembrou de perguntar aos próprios servidores da Justiça sobre o que eles acham? Ou qual seria a opinião deles sobre esse assunto?

Tenho certeza absoluta que a “taxa de retorno” teria sido bem maior…

Como preparar uma caipirinha

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( Publicado originalmente no blog etílico Copoanheiros… )

Adauto de Andrade

Transcrevo a “receita” diretamente da fonte: lá do Deitando o gato na grelha

Existem dez milhões de receitas de caipirinha, todas elas envolvendo limão, açúcar, gelo e cana. Mas sempre se inventa uma boiolage pra se poder dizer: “A minha caipirinha é a mais foda do mundo”. E sempre é, porque a caipirinha é um goró muito bom e fica boa de qualquer jeito. Vou, portanto, lhes contar como faço a minha própria dose de alegria.

Pra um copo razoável, daquele que cabe uma lata de cerveja inteira, use um limão e meio. Pense que o fato de deixar meio limão inutilizado servirá como estímulo para que prepare outra caipirinha posteriormente. Vai por mim.

Corte o limão na metade. Sem descascar nem nada. No máximo, lave o limão. Mas só quando houver alguma mulher por perto, elas detestam quando a gente não lava os vegetais. Ok, corte cada metade do limão novamente na metade. Pensando comigo, você tem 4 pedaços de limão. Bacana, não perca a concentração, corte cada pedaço na metade. Juntando com a outra metade de limão, você deve ter 12 pedacinhos de limão no seu copo. Foda-se a matemática, vai cortando e mete tudo no copo, porque essa batida é feita pra ajudar a gente a PERDER as contas.

Sugiro que não descasque o limão, por dois motivos: o primeiro, é a considerável economia de tempo e recursos que seriam dispensados descascando. E o outro, o mais legal: Pegue um pedaço de casca de limão, e esprema, como se fosse uma espinha. CUIDADO COM O OLHO. Caso contrário, não poderá mais ler este blog, nem ler mais nada. E eu perderei um leitor, coisa que muito me dói na alma e no coração. Bom, espremendo a casca, você notará que ela espirra um líquido, muito cheiroso e meio amargo. É ele que faz uma caipirinha batuta.

O segundo passo é jogar açúcar. Ponha açúcar de monte. Muito, até cobrir todo o limão. Vai por mim, não fica doce demais por conta do suquinho amargo da casca.

Antes de encher de cachaça, pegue o socador e amasse. Faça uma maçaroca daquilo lá. O atrito do açúcar com a casca do limão faz o mesmo efeito que a sua espremida. Com a diferença que o suco amargo e cheiroso se mistura com o caldo do limão e com o açúcar (pelo teclado brasileiro, dá um puta trabalho escrever açúcar, já percebeu? Tou quase escrevendo assucar).

Tá bem amassado, a parada toda virou um caldo? Então encha de cachaça. Ou vodka, embora eu prefira a caipirinha de pinga. Sem a viadage de tirar os pedaços de limão de dentro do copo. Deixa todo mundo lá. A vantagem é que você pode ir completando só com pinga e misturando depois. Pensa pelo lado prático, companheiro.

Agora mexe bem, muito bem. Sem aquela frescurada de meter um copo em cima do outro e bla bla bla. Isso é coisa de barman, e a gente aqui faz goró, e não drinkezinho. Mete uma colher lá dentro, mexe, dá uma lambida na colher e manda pra pia (a colher, não a caipirinha). Lambeu, tá gostoso?

Só jogar ali umas pedras de gelo e correr pro abraço.

PS: De novo, este post não tem fotos porque a minha prima não devolveu a minha máquina. Vanessa, terceira semana e nada???

Tecnologia e aprendizado: uma falácia?

No bom e velho estilo recortar-e-colar, compartilho com meus quase quatro leitores a sempre lúcida opinião do Jarbas, esse grande amigo botequeiro virtual

Tecnologia: dependência e fatalidade

Preocupa-me um discurso entusiasmado de educadores sugerindo que o uso de tecnologias é um fatalidade. A cadeia argumentiva é mais ou menos a seguinte:

1. as novas tecnologias são maravilhosas;

2. abrem horizontes para assimilação de mais informação e conhecimento;

3. crianças e jovens usam-nas naturalmente;

4. o uso delas é preferível a qualquer outra alternativa;

5.  velhas tecnologias morrerão fatalmente;

6. professores precisam utilizá-las;

7. elas devem estar disponíveis o tempo todo nas escolas;

8. quem não usa tecnologia em educação é atrasado.

Minha descrição parece caricata. Não acho. Eu até poderia carregar um pouco mais nas tintas, pois os tecnófilos rezam sempre um credo tecnológico mais ortodoxo que o credo de Nicéia.

Hoje, caiu uma ficha importante sobre consequências da fé inabalável dos tecnófilos. Percebi “on the spur of the moment” que a tecnofilia resulta em aceitação de depedência e em declarações de fatalidade. Isso é contraditório, uma vez que a maior parte do educadores entusiasmados com artefatos tecnológicos são, consciente ou inconscientemente, escolanovistas. E um dos principais itens da fé da Escola Nova é o de que o aluno deve ser o centro de toda a prática educacional.

E onde está a contradição? Ela está num modo de ver as novas tecnologias como invenções científicas e de engenharia portadoras de progresso. Este último lhes é inerente. Ou seja, quem as usa é progressista, quem não as usa ou sugere moratórias para alguns usos é retrógado. Assim, uma vez que as tecnologias são ontologicamente boas, é preciso a elas se converter e proceder de acordo com o que ditam. Isso não é novo. Donald Norman, que já foi vice-presidente de pesquisas da Apple e da HP, chama a nossa atenção para o bordão da Feira de Chicago de 1933:

A ciência descobre, a indústria aplica, os homens se adaptam.

Já nos idos da primeira metade do século passado, a idéia de submissão do humano a conveniências de engenharia (tecnológicas) era um must. Norman, importante cientista no campo das ciências da informação e do conhecimento, denuncia isso. A tecnofilia coloca a tecnologia no centro do palco. O papel dos humanos neste drama é o de submissos personagens que fazem tudo o que o personagem principal determina. Em poucas palavras: no mundo da fé tecnófila as ferrramentas são mais importantes que os seres humanos. Em educação isto significa deslocar o aluno para papel secundário de usuário de tecnologias. O discurso continua escolanovistas, mas a prática nega o ideário inaugurado por Rousseau e concretizado por Dewey.

Alguém dirá que a centralidade do humano se resolverá colocando ferramentas a serviço de seus criadores. Mas esse caminho voluntarista nada muda. A  prioridade continua a ser de máquinas e sistemas. O que é preciso é reconceber a tecnologia a partir de sua gestação. Isso implica em ferramentas bastante diferentes das ferramentas às quais devemos nos adaptar.

Como não posso me estender demais num post, resolvi colocar em Páginas, neste Boteco, um texto de Donald Norman sobre o assunto. Interessados poderão acessá-lo com uma clicada aqui.

Xadrez etílico

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( Publicado originalmente no blog etílico Copoanheiros… )

Adauto de Andrade

( Publicado no Legal em 28/03/2008 )

E aumentando a variedade dos tipos de tabuleiros e peças que podem deixar jogos de xadrez ainda mais interessantes, como eu já havia mostrado antes, segue agora o “xadrez etílico”. Não é necessariamente original, pois lembro-me bem de ter visto um tabuleiro bem similar – mas, no caso, de damas – num dos episódios de M.A.S.H. – A sátira da guerra (não, não sou velho, sou “clássico”).