O Bicarato que não era Bicarato

Quebra-cabeças.

Definitivamente, eu gosto desse tipo de desafio.

E, pior, aventureiro genealogista que sou, os quebra-cabeças que me atraem são aqueles que dizem respeito ao misterioso passado das famílias. De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? Qual o porquê desse desgraçado calor insuportável?

Enfim, como já costuma dizer a amiga virtual Regina Cascão, sempre estou na busca dos “meus mortinhos”…

Mas minha curiosidade extrapola minha família! Basta eu ouvir um nome diferente e já fico pensando de onde é que veio, qual sua história, como se formou.

E com o amigo e copoanheiro Bicarato não foi diferente. Paulo Henrique de Almeida Bicarato. Sim, um nome de família com todo jeitão de ser italiano, mas de onde? Ninguém nunca descobriu. E resolvi assumir esse desafio já tem um bom tempo – mas as correrias do dia a dia sempre foram deixando essa pesquisa para trás. Até agora.

Tudo (re)começou quando o Bica me encaminhou a transcrição da certidão de nascimento de seu avô, Bento, nascido em 09/10/1913. Filho de Giovanni Bicarato e Colomba Muscini. A notícia é que esse Giovanni quem teria vindo da Itália para trabalhar no Brasil.

Mas o raio é que esse nome, “Bicarato”, teimava em se esconder em todas as pesquisas que fiz, pois jamais encontrei qualquer referência genealógica fora do contexto da própria família no Brasil. Daí resolvi ir atrás das ilações sobre a grafia errada do nome – coisa muito comum na virada do século, quando a grande maioria dos imigrantes aportou neste nosso país. Poderia ser Bicaratto, Biccarato, Bigarato, ou qualquer outra coisa do tipo. Mas a luz no fim do túnel começou a surgir quando, das pesquisas detetivescas de meu amigo, cogitou-se a possibilidade de, de repente, ter existido alguém cujo nome seria B. Carato e daí, da corruptela da escrita e da pronúncia, ter surgido o atual Bicarato. Idéia interessante a ser explorada, até porque existem vários núcleos de famílias Carato na Itália.

Resolvi tentar essa hipótese através de uma busca no acervo digital do Museu da Imigração. Lancei o nome Carato, apertei a tecla Enter e cruzei os dedos. De cara surgiram 37 ocorrências espalhadas por várias páginas e justamente num dia em que a conexão estava péssima! Paciência. A busca retornou a parte final do nome de várias famílias, além de Carato, tais como Boscarato, Macarato, Zacarato e por aí afora.

Fui pacientemente avançando, página por página, já sem esperanças mas ainda munido da minha habitual teimosia. Espera, carrega página, consulta nome a nome, nada; espera mais um pouco, carrega nova página, consulta, nada… E assim foi indo. Quando cheguei na última página, passando pelos nomes, justamente no penúltimo registro, lá estava ele: Giovanni! Seria ele mesmo? Fui conferir a cidade de destino: conferia. Fui conferir se, nos membros da família que vieram com ele, estaria o nome de sua mulher: também conferia! Só podia ser ele!

Mas o mais curioso e a revelação do dia foi outra: Ele não era um Bicarato, mas sim um RICARATO!

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Como esse negócio de escrita antiga é complicado, ainda fiquei com uma pulguinha atrás da orelha com a grafia utilizada. Aquilo seria mesmo um “R”? Poderia, na prática, se tratar de muitas outras letras… Mas a essa altura do campeonato, feliz com minha “descoberta”, mais que prontamente comuniquei a alvissareira notícia ao amigo e copoanheiro! Juntos, explorando um pouco mais, ele percebeu o nome do navio em que viajou seu antepassado: “Re Umberto”. Lembrei-me que poderia constar seu nome na lista de passageiros e lá fomos explorar. Sucesso!

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Apesar de ter sido ticado bem em cima da primeira letra, vendo a letra de baixo, nitidamente um “B”, não tem como confundir. Aquilo é um “R”!

Enfim, mais algumas peças foram encontradas nesse quebra-cabeças familiar que é o nome Bicarato. Dali teremos condições de explorar novas alternativas, audaciosamente indo onde nenhum Bicarato jamais esteve! Os becos sem saída continuam, pois o nome Ricarato, na Itália, parece ser tão misterioso quanto sua versão brasileira.

Mas tempo ao tempo, paciência e perseverança. Tenho certeza que ainda vou encontrar mais alguma coisa por aí afora.

Agora, a pergunta que não quer calar: devo notificar todos os atuais membros da família Bicarato para que providenciem a alteração de seus nomes para a correta forma Ricarato?…
 
 

Dilma demite São Pedro

Roubartilhado daqui

ALVORADA – A presidenta Dilma Rousseff resolveu interceder junto às esferas celestes para acabar de vez com as chuvas de verão. “São Pedro está fazendo uso político desse aguaceiro. Todo ano é a mesma coisa”, argumentou ao receber Deus Pai em seu gabinete. O Todo-Poderoso redargüiu com tergiversações. Insatisfeita com a resposta, a presidenta mirou-O nos olhos e sapecou: “Meu Querido, você fez tudo em seis dias, sem licitação. Se a mídia fuçar, vai achar uma ONG nessa História”. Sem alternativa, o Supremo Arquiteto demitiu São Pedro.

Em fração de segundos, o PMDB apresentou sete candidatos ao cargo. “São Pedro só estava na função desde o Big Bang. Nessa época, Sarney já acumulava duas concessões de TV e trinta anos de vida pública. Não nos falta experiência para assumir a regulação das chuvas, trovoadas e ventanias”, discursou Michel Temer.

Esperançosos com a perspectiva de controlar a precipitação nacional, a bancada peemedebista do sertão nordestino já começou a empregar recursos não contabilizados para adquirir largas extensões de terra onde, segundo relatório confidencial, será construído o complexo hoteleiro que servirá às Cataratas de Quixeramobim, cujo volume de água será três vezes maior do que as Cataratas de Iguaçu.

Ao final do dia, assessores próximos à presidenta confidenciaram que Dilma pretende intervir na logística de atendimento de Santo Expedito. “As causas urgentes já foram atendidas com mais rapidez”, disse contrafeita a colaboradores. A partir de fevereiro, quem fizer um pedido e não for atendido em no máximo quatro horas poderá se queixar a São Longuinho, mediante o preenchimento de um DARF em três vias.
 
 

Ex-noivo pagará indenização por casamento cancelado

Não, você não leu errado. É isso mesmo.

Não entrando no mérito da questão, o interessante é o porquê foi negado o dano moral!

Quando a gente pensa que já viu de tudo…

Acórdão da 7ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, registrado no último dia 12, manteve sentença da Comarca de Rio Claro para condenar um homem a pagar indenização por danos materiais à ex-noiva, para ressarcimento dos gastos com preparativos do casamento que foi cancelado. O valor é de aproximadamente R$1.800,00. A autora também pretendia receber indenização por danos morais sob o argumento de que descobriu uma traição cinco meses antes do casamento, motivo do rompimento da relação. A turma julgadora, no entanto, negou o pedido.

O relator do recurso, desembargador Rômolo Russo, ressaltou em seu voto que realmente houve abalo emocional por parte da autora, mas essa sensação não é indenizável no status jurídico. “Nosso ordenamento não positiva o dever jurídico de fidelidade entre noivos ou namorados. Tal previsão restringe-se ao casamento civil (artigo 1.566, inciso I, do Código Civil). A conduta do apelante, portanto, não configura ato ilícito que acarretasse diretamente indenização por dano moral.” E também afirma: “É inegável que houvera a quebra abrupta nas expectativas da autora. No entanto, essa decepção, tristeza e sensação de vazio é fato da vida que se restringe à seara exclusiva da quadra moral e, portanto, não ingressa na ciência jurídica. Por isso, mesmo reconhecendo-se certa perturbação na paz da apelada, tal não é indenizável em moeda corrente”.
 
 

Por uns bytes de memória…

Muito boa esta estória do Gus Morais. Em parte me fez lembrar de minha própria trajetória! Tenho certeza que muita gente não vai sequer entender as diversas (e românticas) referências contidas nestes quadrinhos – principalmente as mais antigas…

Mas, garanto-lhes: só sei que foi assim! 😉

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Outras Modernidades: OMO

Tem umas histórias que eu descubro meio que sem querer e depois fico não me aguentando enquanto não contar por aqui…

Sempre fiquei meio encafifado de onde vinha a marca “OMO”. O porquê, raios, deram um nome tão esquisito a um detergente em pó? Tá, a “palavra” em si tem lá suas vantagens publicitárias, é curta, fácil de guardar, etc, etc, etc. Mas o comichão persistia. Até agora.

Muito bem. A marca OMO foi registrada na Inglaterra, no longínquo ano de 1908, pela Lever Brothers. O produto, então, era apenas um amaciante de roupas que, mais tarde, lá pelos idos de 1909, daria lugar a um sabão em pó para limpeza de tecidos brancos. Seu nome era a abreviatura de Old Mother Owl (velha mãe coruja), uma espécie de representação do zelo materno e da sabedoria.

Ou seja, a “palavra” OMO era simplesmente um acrônimo com as primeiras letras da referência da “velha mãe coruja”… Tanto o é, que ali no desenho dá pra ver que os olhos e o bico formam “OMO”. Ah, esses publicitários de antigamente…

Já em 1954, o OMO foi relançado em uma nova versão, detergente em pó. Esse sofisticado e novo conceito de detergente em pó, artigo elaborado com matérias-primas sintéticas e capaz de atingir resultados de limpeza muito mais eficientes do que o tradicional, conquistou as donas de casa inglesas e, na sequência, também as européias. Afinal era muito mais prático trocar uma barra de sabão em pedra por uma caixa de detergente em pó!

O produto foi oficialmente lançado no Brasil em 1957, após uma longa e misteriosa campanha com chamadas de rádio – principal mídia da época – e nos jornais, que estampavam em suas páginas a intrigante pergunta: “Mas como? Omo?”. Vocês estão percebendo como essa palavrinha esquisita já vinha encafifando as pessoas há muito tempo?

Só que, por não fazer sentido na língua portuguesa, a imagem da coruja nunca foi utilizada no país. “Onde Omo cai a sujeira sai” foi o slogan com que os brasileiros foram apresentados ao OMO. A maior novidade por aqui era a cor azul do pó, pois foi levado em conta o hábito brasileiro de utilizar anil para realçar o branco das roupas…

Já na década de 80, o OMO foi mais uma vez relançado com nova fórmula e embalagem. O principal diferencial era a fragrância selecionada entre sugestões das maiores perfumarias do mundo. As campanhas baseadas em “depoimentos reais” de donas de casa procuravam destacar que, mesmo com preço mais elevado em relação a outras marcas, OMO era vantajoso pelo melhor rendimento e desempenho. Ah, tá.

Enfim, essa popularidade conquistada em mais de 50 anos de mercado brasileiro é devida, em grande parte, pelos seus muito bem bolados slogans (particularmente só lembro do primeiro):

“Omo faz, Omo mostra.”

“Porque não há aprendizado sem manchas.” (2000)

“Sujeira não escolhe cor.” (2006)

“Porque se sujar faz bem.” (2007)