E você? Cospe ou engole?

E então aquela mocinha, toda correta e ordeira, doutora adêvogada de direito jurídico, bailarina de passos e palavras, gente boa a toda prova – e até vegetariana, vê se pode? – eis que no seu usual horário de almoço, como de praxe foi até a casa de sua mãe, ali pertinho do trabalho mesmo.

Ninguém em casa, não tem problema. Vai, mexe, fuça, arruma suas coisinhas, seus temperos e por aí afora. Prato pronto, almoço feito, fome saciada.

E essa sede, meu Deus?

Fuça mais um pouco e, na geladeira, uma garrafa com um providencial suco de uva. Sim, ela estava atrás de suco de uva mesmo, e não, não tô sendo sarcástico fazendo de conta que estaria falando de vinho. Era suco de uva que ela queria. Que coisa!

Bem, onde estávamos? Ah, sim: a garrafa.

Baixou um copo do armário – meio copinho já estaria de bom tamanho – serviu-se e guardou novamente a garrafa na geladeira. Meio copinho, geladinho, daqueles que numa golada você se sacia.

E assim o fez.

E depois que o fez, já não soube o que fez!

– Oi?

Aquilo tinha gosto de qualquer coisa, MENOS de suco de uva. Afinal de contas o que era aquilo? Até que era gostoso, mas definitivamente não era o que ela esperava. Sim, até estava geladinho, mas também meio ardidinho. E por que ela não conseguia entender que gosto era aquele? E por que seu raciocínio estava meio lento? E por que o chão estava meio inclinado? E por que as paredes teimavam em não ficar paradas?

– Oi, filha!

– Mãe?

– Sim?

– Me diz uma coisa, mãe: sabe aquela garrafa ali na geladeira?

– Ah, sim, ficou bom, né?

– Mãe, o que era aquilo? O que é que ficou bom?

– Ah, filha, então, eu mesma que fiz. Talvez tenha ficado um pouquinho forte, mas ainda melhoro na próxima.

– MÃE. O. QUE. ERA. AQUILO?

– Ué, não é óbvio? Licor de Jabuticaba.

– OI?

– Uma delícia, né, filha?

E ela, toda mocinha, não se sentindo lá nem muito correta nem muito ordeira, doutora embriagada de direito jurídico, tropicando entre passos e palavras, por mais gente boa que fosse, estava totalmente tontinha – vê se pode? Só com meio copinho?

Bem, como toda mulher que se preza, do alto de seu salto, o negócio era enfrentar a situação e, zureta ou não, voltar para o trabalho. Quieta no seu canto, cuidando de seus processos e prazos, já, já que aquilo passava e tudo certo.

Aliás, pensando bem, no máximo, a pior coisa que poderia lhe acontecer naquele momento seria somente encontrar com seu chefe…

Uai? Que foi? Tá procurando o quê ainda? Já acabou.

Vai dizer que foi por causa do título deste texto?

Êitcha que não é nada disso não!

Esse aqui continua sendo um blog de família, tá bão?

Cambada de hereges…

Mas nem é preciso falar o que ela fez, né?

Aliás, só pra constar: adivinhem quem é que sou o chefe dela? E, óbvio, quem foi que ela encontrou ainda na rua, antes mesmo de voltar para o trabalho?… 😀

História de uma multa

E então o caboclo, sabe-se lá por quais motivos, precisou transportar a moto de um lugar para outro.

Fez o de praxe: tirou a máquina da garagem, trancou tudo, deu partida, aguardou um tempinho pra esquentar (sim, ele sempre foi cuidadoso), colocou o capacete, afivelou, refez o trajeto mentalmente, engatou a primeira e foi.

Mas não foi longe – na realidade bem ali perto. Isso porque o transporte ia ser feito usando o reboque de um amigo. Chegou, deu uma buzinadinha, foi atendido – o carro e reboque já estavam na rua – colocou uma prancha, subiu com a moto, prendeu-a de modo bem firme, desceu do reboque, agradeceu o amigo, pegou a chave, ligou o carro, engatou a primeira e foi.

Um dia até fresco num bairro tranquilo, abriu a janela, cotovelo apoiado, um olho na rua, outro no retrovisor e seguiu seu caminho…

Mas a cada semáforo percebeu que as pessoas invariavelmente apontavam em sua direção e algumas até mesmo riam. Esquisito aquilo. Olhou pra trás: a moto estava bem firme lá no reboque. Paciência. Gente esquisita, essa. Continou seu caminho.

De repente – já viu de longe – um comando lá na frente. “Tudo bem”, pensou consigo mesmo. “Toda documentação está em ordem, tanto do carro, quanto da moto e até mesmo do reboque. Se me pararem vão perder seu tempo comigo.”

E não é que mandaram que parasse?

Sorriu, deu uma acenadinha, reduziu a marcha, ligou a seta, encostou o carro, puxou o freio de mão, desligou o motor, abriu a porta, desceu, já meteu a mão no bolso, tirou a carteira, puxou os documentos e, ali na rua mesmo, dirigiu-se ao guarda.

– Documentos, né? Tá tudo aqui, ó: os do carro, da moto, do reboque, minha habilitação…

– Meu senhor, está tudo bem?

– Uai, tá sim.

– O senhor tem certeza?

– Claro que tenho certeza. Que coisa! Olha, se o senhor puder já conferir os documentos e me liberar, é que eu tô meio com pressa, sabe?

– Meu senhor, por favor venha aqui para a calçada. Precisamos conversar.

– Seu guarda, não estou entendendo. O que é que tá pegando? Por que é que o senhor está me tratando assim?

– O senhor tem certeza que não sabe?

– Claro! Não estou entendendo nada!

– Olha, quando vi o senhor vindo já achei esquisito. Por isso que pedi pra que encostasse o veículo. Agora que o senhor desceu e está aqui conversando comigo, estou achando muito mais estranho ainda. Por favor, insisto, venha aqui para a calçada.

– Seu guarda, faça o favor de explicar o que é que está acontecendo!

– Então vamos fazer o seguinte: primeiro, acalme-se. Agora, se o senhor fizer o favor de tirar esse capacete então poderemos conversar com calma, tá certo?

Só então, só daí, já morrendo de vergonha, foi que ele percebeu o que realmente estava acontecendo desde o momento que saiu de casa…

Quié?

Vocês estão achando que tudo isso é invenção, é?

Bem, com multas como essa abaixo, já dá pra perceber que não…

Clique na imagem para ampliar!

Máquina de digitação

Não.

Vocês não leram errado.

É isso mesmo: “máquina de digitação”…

Explico: em casa temos uma boa e velha máquina de datilografia, da época ainda em que a Dona Patroa, adolescente, começara a aprender como funcionava aquele confuso mundo de teclas que, mais tarde, fariam parte do seu dia a dia enquanto escrevente no Fórum. Mas isso já é uma outra história…

Pois bem, essa máquina “viajou” um bocado. Ficou um bom tempo com as sobrinhas dela, lá pela década de noventa, mais tarde voltou aos nossos cuidados – quando mandei fazer uma bela duma revisão na coitada – permaneceu um outro bom tempo no meu escritório, e, desde então, vem passando de um filhote para outro. O mais velho já teve sua vez, o do meio cuidou dela por um longo período e agora chegou a vez do caçulinha, com seus dez anos, tomar conta dessa senhora.

E eis que ontem, ao chegar em casa, desfrutando um bocadinho de minha costumeira solidão, enquanto tomava uma breja, o filhote me veio na correria e me entregou seu primeiro “produto”…

Clique na imagem para ampliar!

E caso não tenham conseguido visualizar, segue, na íntegra:

HISTORIA I

Introdução…

Agora que ganhei a maquina de digitação (que parece que tem uns 60 anos) tenho que treinar a minha digitação como o Erik fez, também né.

Bem continuando escrevo isto porque eu tou treinando e anunciando que ganhei esta maquina empoirada por dentro e tambem ja fiz uns 4 ou 5 erros…

E isso é tudo fim

Ass: Jean Yuji.

O que me faz lembrar que, apesar da clareza do raciocínio, preciso cobrar mais desse moleque acerca de acentuação e pontuação…

Ah, e aqui temos a nossoa boa e velha “máquina de digitação” – que não, não tem uns 60 anos!

Clique na imagem para ampliar!

Emenda à Inicial: Aliás, uma ótima lembrança da amiga virtual, Cláudia Baioco, que, a respeito da máquina, me veio com essa: “que imprime enquanto a gente digita, o máximo da modernidade!”