O passo mais difícil

Uma vez que a documentação do carro parecia estar toda em ordem, restaria saber se iria dar negócio. Afinal de contas a moto ainda não tinha sido vista pela outra parte…

Aproveitei o horário de almoço e lá fui eu. Coisa de uns vinte, sei lá, trinta quilômetros depois, o caboclo estava dando uma olhada, botando defeito (faz parte de qualquer compra e venda), avaliando, pensando e… pronto! Concordou. Só tinha que perguntar para o primo dele, verdadeiro dono do carro, lá em Minas, se ele aceitava.

– Bem, tá certo. Mesmo assim, antes de bater o martelo, ainda falta eu verificar mais um detalhe importantíssimo. Mais tardar amanhã eu te ligo para informar, certo? Enquanto isso você vai vendo o resto dessa parada lá com seu primo.

Já em casa, à noitinha, criançada brincando, eu e a Dona Patroa na varanda, olhando para uma verdejante mata que tem em frente de casa, tomando um vinhozinho tinto, contei-lhe (com muita calma, sem pressa – quase que com indiferença) sobre o que pretendia.

Para minha supresa ela fez lá suas considerações, perguntou se realmente valeria a pena, se eu não conseguiria vender a moto por um preço melhor, e por aí afora.

Expliquei-lhe os perrengues de um mercado aquecido e com crédito, onde a oferta está bem maior que a demanda, e que um modelo meio que básico de moto não teria lá muita competitividade para venda num ambiente desses.

Por fim, ela acabou concordando. Até mais rápido do que eu previa. O passo mais difícil estava dado! Sua última frase foi a seguinte:

– Então tá. Tudo bem. Mas me diga só mais uma coisa: você tem certeza do que está fazendo?

Para seu espanto, ri com vontade. Gargalhei mesmo.

– Que é que foi, seu louco? Que graça é essa?

Respondi-lhe:

– Sabe o que é, amor? Se não me falha a memória, a última vez que você fez essa pergunta para mim já tem mais de dez anos. Foi no dia em que eu te pedi em namoro…

Checando a documentação

Antes mesmo de enfrentar contar para Dona Patroa sobre minhas intenções sobre uma possível permuta da moto por outro Opala, convém dar uma checada na documentação, certo?

Peguei o número do Renavam, o número do chassi e o número do motor do carro. Sim, pois segundo a Tabela de Identificação por Chassi cujo link está aí do lado (santo Shibunga, Batman!), o motor de seis cilindros não é o original desse carro.

Aliás, falando no Shibunga, já contei outro dia que entrei para uma lista de discussão cujos integrantes são todos “Opaleiros”. Muito bom, um pessoal bem alto astral, e com dicas e sugestões excelentes para os marinheiros de primeira viagem (como eu). Caso alguém se interesse, basta clicar aqui.

Mas voltemos ao assunto. Apesar do carro ter sido licenciado em Minas Gerais, com um pouco de paciência e fuçando com calma na Internet, foi possível puxar a “capivara” dele. Pra resumir: recém-licenciado, sem multas, sem reservas, todas as taxas e impostos pagos.

Como fiquei com uma pulguinha atrás da orelha por causa dessa história do motor não ser original, resolvi dar uma checada na legislação pertinente (para quem ainda não sabia, eu sou advogado).

Desse modo encontrei a Resolução nº 001, de 2 de janeiro de 2008, emitida pelo DETRAN/SP e que “Dispõe sobre a regularização e o registro da numeração dos motores dos veículos registrados, ou a serem registrados, no âmbito do Departamento Estadual de Trânsito e dá outras providências”.

Para quem quiser a íntegra da resolução basta jogar uma meia dúzia ou menos de palavras de referência no Google que ela já aparece. Entretanto, não sei se por maldade ou não, nem sempre o Anexo está presente. E é exatamente esse o “pulo do gato”…

Mas não se incomodem. Como eu sou um cara Legal, eis aqui o tal do anexo, na íntegra (lembrando que, quando de seu preenchimento, deverá ser reconhecida a firma de quem assina):

DECLARAÇÃO

Eu,…………………………………………….., portador da carteira de identidade nº………………………, expedida por……………………., CPF nº ……………………….., residente na rua/av. …………………, no município de …………………….., Estado …………………….., de acordo com o disposto nos incisos II do art. 4º, III do art. 6º e II do art. 10 da Resolução CONTRAN nº 250/07, declaro que assumo a responsabilidade pela procedência lícita do motor nº……………………………., o qual consta no veículo de minha propriedade, marca/modelo …………………., placa ………………, chassi………………………………….

Declaro, ainda, serem verdadeiras as informações supracitadas, sujeitando-me às cominações dispostas no art. 299 do Código Penal.

……………………………, ………. de …………. de……… .

………………………………………………………..
ASSINATURA

(firma reconhecida por autenticidade)

Outro Opala???

Pois é.

Como se já não bastasse a dor de cabeça com UM Opala, cá estou eu pensando – seriamente – em arranjar OUTRO Opala…

Pra não perder o costume passei lá naquela feirinha de sempre que acontece todos os domingos e só se acha carros pra lá de velhos.

E, como já é do conhecimento até do Reino Mineral, apesar do Opalão que estou reformando, minha vontade sempre foi a de colocar uma alma de seis cilindros nele. E eis que, nessa feira, eu não acho um 76 com motorzão de seis cilindros?

Judiado, por certo, mas ainda assim com o motor funcionando bem. Aliás, nem tão judiado quanto estava o meu quando o peguei… Fora isso, boa parte das peças poderiam ser aproveitadas no 79…

O que me chamou a atenção foi o fato de que o caboclinho (lá de Minas Gerais) topa uma troca “pau-a-pau” numa moto. E como tenho uma moto que vale aproximadamente o preço que ele está pedindo no carro… Bem, é questão de juntar a fome com a vontade de comer!

Tá certo que ele estava pedindo R$6.000,00 no carro e eu dei uma trucada dizendo que a moto vale R$5.000,00 e se quisesse fazer um rolo direto poderia dar esquema.

Na verdade o preço de tabela da moto aponta para uns R$4.500,00 – isso sem contar que todo mundo NO MUNDO está vendendo motos agora. Com o crédito facilitado e prestações a perder de vista o povo prefere pegar uma zero que uma usada. O que nos levaria , na realidade, a uns quatro contos bem pagos.

Perguntei pro meu pai, vulgo Seo Bento, o que ele achava. Nas palavras do índio véio ele simplesmente disse que eu estaria procurando MAIS sarna pra me coçar. Mas sou taurino e teimoso. Não me convenci.

Bem, ainda assim, a proposta está feita.

O difícil vai ser convencer a Dona Patroa – de novo!

Aguardemos…

Grupo Opala.com

Hoje me inscrevi num grupo de discussões chamado “Opala.com”, o qual encontrei lá pelo Google. Centenas de opaleiros das mais variadas regiões prontos a discutir sobre tudo que interessa (ou não) do mundo opalístico.

Então fica a regra de ouro para qualquer um que queira participar de qualquer grupo de discussão sobre qualquer tema: FIQUE NA SUA. Pelo menos no começo. Questão de “netiqueta”. Ouvir bastante, tentar saber quem é quem, e, quando finalmente tiver alguma coisa relevante para perguntar, fazê-lo com cordialidade e educação. Sem esquecer de AGRADECER depois.

Esse é o básico.

O resto se aprende com o tempo…

Museu do Automóvel de Ubatuba

E eis que nesse final de semana, com a Dona Patroa e a criançada de férias, desci para o litoral para me encontrar com a tropa toda, lá na casa de minha tia, em Ubatuba, SP.

Praia, cerveja, bate-papo, cerveja, mar, cerveja, ou seja, o normal numa praia qualquer. Sem contar a cerveja…

Mas com a criançada a tiracolo um programa, digamos, mais “cultural” se fazia necessário. Desse modo fomos ao já famoso Aquário de Ubatuba. Quando da entrada, de brinde já recebemos mais dois ingressos: um para a exposição dos répteis, logo ali do lado, e outro para o Museu do Automóvel.

– CUMASSIM??? Tem algum museu de carros antigos por aqui?

Me explicaram que sim – e era ali pertinho!

Bão, opaleiro que é opaleiro, gosta tanto do cheiro da ferrugem quanto do brilho de um carro bem restaurado. Aí a criança que se esconde dentro de mim (tá, vamos lá, não se esconde taaaaaanto assim) falou bem mais alto.

Para quem gosta, sinceramente, vale a pena.

O espaço é pequeno mas o acervo é bem variado. Foram dezenas de fotos, das quais escolhi apenas algumas para esta nossa vitrine virtual. Destaco a curiosidade de um pequenino Fiat vermelhinho, bem como a imponência do Impala, uma espécie de “avô” do Opala. Mais para o final temos uma lista de vários museus no Brasil (fiquei com preguiça de copiar, então fotografei) e só lamento que a foto que tirei de um pôster lá da parede não tenha ficado muito boa. Estava a uma distância considerável e com o movimento do povo não consegui me aproximar muito. E zoom à distância sem apoio é phowwdas

Mesmo assim as duas últimas fotos estão em 800 x 600, para que possam ampliar e tentar ver melhor os detalhes.

Mais links *

Dei uma incrementada boa na seção Peças e Acessórios aí do lado. Muitos links obtidos diretamente nas páginas do Orkut, o que nos remete a um agradecimento direto ao João Araújo – valeu, cara! Destaque para a Jocar, onde futuramente vou conseguir as calhas, já que as minhas encontram-se destroçadas. Ainda não me convenci a comprar os retrovisores originais (ou no estilo deles), pois ainda os acho MUITO caros. A CM Racing tem boas dicas sobre a utilização do álcool e do gás nos carros, fora seu forte – que é o sistema de ignição. Já no Giba escapamentos o que mais me chamou a atenção foi a construção e apresentação do site – numa escala de 0 a 10, leva 11!

* Esse post é meio “atemporal” na nossa cronologia…

Menos um opaleiro…

Luto.

Hoje não temos piadas, nem gracejos e nem reformas.

Faleceu o vice-prefeito de Jacareí, SP, o engenheiro Davi Lino. Tudo o que eu poderia dizer acerca desse fato já o fiz diretamente na minha página principal do site – o Legal – como podem conferir bem aqui.

Mas, neste espaço, entendo que é cabível, senão necessário, falar de uma outra faceta desse caboclo: o de apaixonado por Opalas.

Não que ele tivesse um (pelo menos atualmente), mas era um admirador desse tipo de carro.

Como sei?

Através de um episódio acontecido lá no estacionamento da Prefeitura, já há muitos meses.

Não fazia muito tempo que eu havia comprado o meu Opala, mas já tinha começado a “depená-lo”. Na verdade ele estava somente com o banco do motorista e mais nada. Todo o resto eu já havia tirado: outros bancos, carpete, tapetes, painéis, laterais, etc. Só deixei os tapetes de borracha para encobrir os buracos. No mais, o assoalho encontrava-se na pura lata. Pelo menos nas partes onde não haviam furos…

Eu estava usando o carro em função das chuvas (meu outro veículo é uma moto) e essa desventura pode ser lida com calma bem aqui.

Mas voltemos à história. Já era tarde – umas nove horas – e este velho guerreiro, cansado, abatido, depois de um cansativo dia de trabalho, estava saindo com seu carro do estacionamento da Prefeitura. Em frente à garagem privativa do Prefeito, lá estava o Davi, conversando com já não me lembro mais quem. Liguei o carro, manobrei, e estava me dirigindo à saída, quando o Davi veio caminhando devagar para meu lado fazendo sinal para diminuir a velocidade, para ir parando.

“Cacete!” – pensei eu. “Já discuti com ele o dia inteiro, o que será que vem agora? Sobre qual licitação ou contrato ele ainda vai querer discutir aqui na saída? Será que esse cara não pára NUNCA de trabalhar?”

– Fala, Davi!

– Bichão, hein?

– Cuméquié?

– O Opalão. Quatro ou seis canecos?

– Quatro…

– Maquinão. Sempre gostei muito desse carro.

– É, mas esse ainda tá bem baleado – e levantei um dos tapetes de borracha para que ele visse os furos do assoalho.

– Que nada! Isso aí é só pra circular o ar! O que interessa é que o carro tá bem, tá andando!

Despedimo-nos e fui embora com uma interrogação na cabeça do tamanho de uma semana. Era tão difícil quanto raro ver aquele sujeito sendo simpático com alguém. Isso deixou uma boa impressão em mim. “Ele não pode ser tão ruim assim”, pensei eu.

Com o passar dos meses vim a conhecê-lo melhor e até mesmo admirar sua energia, sua postura, sua constante preocupação com o bem-estar do Município. Preocupação esta tão grande, tão intensa, que lhe custou a própria vida.

O mundo dos Opalas perde um de seus admiradores.

Adeus Davi.