Definição de crônica

Já faz alguns dias que estou querendo escrever sobre essa Lua linda e maravilhosa que vem nos brindando com sua brilhante face nessas últimas noites quentes… Mas passou o momento… Foi um fato que me fez querer escrever, também, sobre poesia num contexto metafórico, mas também esse momento ficou pra trás…

A famosa e recorrente correria do dia-a-dia sempre atropela meus pequenos projetos. Via de regra consigo elaborá-los somente quando estou in itinere, ou seja, transitando de carro de um lado para outro. É lógico que assim que chego a meu destino a maior parte de minhas idéias simplesmente desaparece, como no despertar de um sonho logo pela manhã, pois o trabalho e as obrigações profissionais me chamam de volta à realidade.

Contudo lendo o novo suplemento de informática do Estadão – gentilmente fornecido pelo excelentíssimo senhor doutor advogado de direito jurídico Nelson Jr. – conheci a coluna de Ricardo Anderáos, que trouxe uma excepcional definição de crônica, de autoria de Eça de Queiróz, publicada no “Distrito de Évora” em 6 de janeiro de 1867:

A crónica é como que a conversa íntima, indolente, desleixada, do jornal com os que lêem: conta mil coisas, sem sistema, sem nexo; espalha-se livremente pela natureza, pela vida, pela literatura, pela cidade; fala das festas, dos bailes, dos teatros, das modas, dos enfeites, fala de tudo, baixinho, como se faz ao serão, ao braseiro, ou ainda de verão, no campo, quando o ar está triste. Ela sabe anedotas, segredos, histórias de amores, crimes terríveis; espreita porque não lhe fica mal espreitar.

Olha para tudo, umas vezes maliciosamente, como faz a lua, outras alegre e robustamente, como faz o sol; a crónica tem uma doidice jovial, tem um estouvaento delicioso: confunde tudo, tristezas e facécias, enterros e actores ambulantes, um poema moderno e o pé da imperatriz da China; ela conta tudo o que pode interessar pelo espírito, pela beleza, pela mocidade; ela não tem opiniões, não sabe o resto do jornal; está aqui, nas suas colunas, cantando, rindo, palrando; não tem a voz grossa da política, nem a voz indolente do poeta, nem a voz doutoral do crítico; tem uma pequena voz serena, leve e clara, com que conta aos seus amigos tudo o que andou ouvindo, perguntando, esmiuçando.

Ora, passado mais de um século e guardadas as devidas proporções, esta seria uma perfeita definição para os blogs atuais que pululam na Rede. Aliás, de se destacar alguns de bastante interesse:

http://www.letsvamos.com/letsblogar;

http://www.pensarenlouquece.com; e

http://puragoiaba.wunderblogs.com.

0 thoughts on “Definição de crônica

  1. Yassin, sinceramente não sei. Quando tenho alguma dúvida nesse sentido costumo usar o bom e velho Google… Normalmente funciona! Quanto à definição de crônica, bem, sob o meu ponto de vista essa do post aí de cima é perfeita

  2. Adriana, se é para seu “trabalho de língua portuguesa” ou coisa assemelhada, esqueça. A Internet está todinha aí, à sua disposição, para pesquisa. Mas não pense que “aprender” é igual a “recortar-e-colar”, ok? Sobretudo perseverança e paciência são as qualidades de um bom escritor.

    [ ]s!

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