Sessão de cinema

Magneto

E então fomos assistir o filme X-Men.

Na realidade tínhamos ido assistir o filme Código da Vinci, mas como eu esqueci de descontar meia hora do horário de início real do filme, e como a Dona Patroa é quem estava dirigindo, é LÓGICO que chegamos cinco minutos após o início e não haviam mais entradas…

Mas, numa mui especial deferência, ela concordou em assistir ao outro filme. Aliás, foi ela mesma quem sugeriu! Até porque os momentos nos quais podemos nos dar o deleite de pegar um cineminha são raros. Nessa vida de trabalho, correria e três petizes em casa, não sobra muito tempo para conciliar com os horários de filmes.

Ambos gostamos do filme – mas eu, particularmente, mais. Bem, tudo que diz respeito aos quadrinhos normalmente me empolgam (mal posso esperar o novo filme do Superman). Aliás, se você ainda não assistiu o filme e pretende assistir, pode parar por aqui, pois não só vou tecer alguns comentários, como talvez também conte o final.

Eu avisei…

Além dos sempre espetaculares efeitos especiais, esse filme cuida bem da trama. Seu pano de fundo nada mais é do que uma discussão ética entre o certo, o errado e o necessário. Como diz o ditado: “o poder por si só já corrompe, mas o poder absoluto corrompe absolutamente”.

Falando em efeitos especiais, a sequência da ponte é simplesmente deslumbrante. Com seus poderes Magneto levanta uma ponte pênsil inteira, para posicioná-la, juntamente com seu exército, sobre a ilha que pretende invadir. Bem, existem outras sequências igualmente muito boas, como a da “Sala de Perigo”. Trata-se uma sala de treinamento – sempre presente nas revistas – onde os mutantes podem utilizar seus poderes à vontade em simulações de combate. O que chama a atenção é que o treinamento deles está sendo feito através de uma luta contra um robô gigante, exatamente como os Caçadores que existem nos quadrinhos. A cena do lago, quando a Fênix ressurge, também é muito boa, e temos ainda a do garoto com asas, e, deixe-me ver… bem, é melhor eu ficar quieto, senão não vai sobrar muito filme para assistir.

Uma das primeiras cenas do filme é uma aula que o Professor Xavier está ministrando para alguns alunos. Aconselho a prestar atenção em seu discurso, pois é daí que sairá um dos questionamentos finais do filme.

Alguns dos costumeiros personagens saem de tela de vez, enquanto que outros retornam. A cisma entre Magneto e Xavier extravasa definitivamente o campo acadêmico e passa para uma guerra de fato, num mundo que já reconhece que os mutantes são uma realidade com a qual devem conviver. Apesar da crueldade por vezes demonstrada, não consigo deixar de gostar do personagem Magneto, pois, bem lá no fundo, possui bom coração. Aliás, os maiores questionamentos éticos partiram dele.

E outro ponto a destacar: o quanto alguém pode amar outra pessoa? Alguns diriam que até com a própria vida. Tá. Mas você seria capaz de amar tanto alguém ao custo da própria vida dela? Ser tão apaixonado que conseguiria deixar de lado o desejo de ter sempre presente o ser amado, de amar tanto ao ponto de sacrificar seu próprio egoísmo pelo bem dela? No filme isso segue uma linha crescente até seu clímax (ou deveria dizer anti-clímax?)…

Enfim, é um bom filme. Em especial gostei mais do primeiro, pelo clima de novidade, por trazer para a tela personagens até então existentes somente nos quadrinhos. Já o segundo foi um espetáculo para os olhos e serviu para dar mais coesão à escola do Professor Xavier. Uma última dica: além da ponta solta que deixaram na última cena do filme, que envolve o Magneto, aguarde até o final dos letreiros. Existe mais uma pequenina sequência que fecha o filme com chave de ouro, e abre novas possibilidades…

Bem que eu disse!

Eu sei que parece mais frase de velho gagá (se bem que não estou longe disso) – ou então daquela lambretinha do antigo desenho Carangos e Motocas – mas… bem que eu disse!

Sempre alerto com o cuidado que devemos tomar com esses textos da Internet. Luís Fernando Veríssimo costuma ser a vítima preferida – já vi sua assinatura até em mensagem religiosa! Há não muito tempo eu recebi um subscrito por ninguém menos que Carlos Drummond de Andrade. Detalhe: o texto era de 2005. Psicografado, talvez?

Mas, sinceramente, do Millôr eu não sabia. Inclusive eu mesmo já repassei por aí o texto a que se refere com sua assinatura (acho que até aqui no site também). Essa entrevista foi dada na revista Língua Portuguesa nº 1:

LP – É atribuído a você um texto que circula na Internet, uma apologia ao palavrão. Terem acreditado que se tratava de um texto de sua autoria o ofendeu em que medida?

Millôr – É a pior coisa pegarem um texto que não é seu, que você escreveria melhor, e atribuir a você. Já escrevi muito sobre palavrão, e não para fazer gracinha. Em 1978, quando fiz a tradução de A Volta ao Lar, do Harold Pinter, O Globo vei em cima, dizendo que eu inseri palavrões para torná-la picante. Escrevi um artigo enorme contestando. Tudo que penso sobre o assunto está lá. Não preciso fazer gracinha com a questão. Mas Internet é terra de ninguém. Não fiquei ofendido, nem fui lá reclamar. Isso me mata de tédio.

Uma hora dessas vou ver se ainda acho esse texto sobre palavrões (o verdadeiro) a que ele se referiu…