Não. Eu não sou nenhum torcedor fanático. Muito pelo contrário: eu não sou torcedor de espécie nenhuma. Se tem uma coisa pela qua eu jamais consegui desenvolver interesse em minha vida é o futebol. Mesmo nos meus tempos de infância eu só jogava por obrigação – nas famosas aulas de “educação física” – e ainda assim era justamente aquele garoto que ficava por último na hora da divisão dos times.
– Tudo bem. O Adauto é de vocês. Vamos jogar.
– Péraê! O nosso time já tá completo e o seu ainda tá faltando um!
– Não tem problema, a gente vai desfalcado mesmo. Vamos jogar.
– De jeito nenhum! Até porque o professor não vai deixar…
– (Bosta.) Tá, tá, tá. Adautô! Você vai no gol, hein? E vê se não faz bobagem!
E lá ia o garoto de ossos fortes para o gol. Tá bom, tá bom. Gordo, mesmo. E eu era uma assumidade nessa posição: conseguia desviar DE absolutamente todas as bolas!
Enfim, como eu disse, jamais me interessei por futebol. E o Campeonato Brasileiro, então? Eu mal sei o nome de meia dúzia de times – ainda assim por repetição do que ouço no trabalho. Nomes de jogadores? De jeito nenhum! Aliás, segundo a Dona Patroa, essa minha característica foi um dos “pontos positivos” quando começamos a namorar. Até hoje não tive coragem de perguntar quais seriam os negativos…
Essa introdução serve somente para deixar bem claro que não sou uma pessoa lá muito qualificada para falar de futebol. Mesmo assim, vamos lá!
Bem, época de Copa é época de Copa. E… Putz, pelo menos eu consigo assistir um jogo até o fim. Acho que a última Copa que assisti e realmente gostei foi a de oitenta e dois. E pronto. Dali em diante achei tudo muita papagaiada. “Mas e o Tetra? E o Penta?” Grande coisa. Entendo que não necessariamente o nosso time foi o melhor, mas o menos pior.
Mas, particularmente, gostei do jogo entre Brasil e Japão – e já aviso aqueles que me conhecem que não foi pelo fato de que minha esposa é sansei (segunda geração de uma família japonesa fora do Japão). Mas o time brasileiro parece que despertou. Conhecem aquele boneco chamado João-Bobo? A visão que eu tinha nos jogos anteriores era a de que haviam onze no campo. Mas nesse jogo eles desceram da plataforma e despertaram para a vida.
Lamento sinceramente que o Japão tenha perdido com uma diferença tão grande. Não, não queria que ganhassem – afinal ainda sou brasileiro – mas que ficassem com um placar mais equilibrado. Ao menos eles tiveram o gostinho de abrir o placar do jogo contra uma seleção que não tinha levado nenhum gol até agora. E mais: abriram o placar contra o BRASIL! Vocês não têm noção da idolatria que existe naquele país com relação ao nosso futebol…
Bem, perder já era esperado; tanto é, que o Zico se preocupou somente com o ataque – a defesa que se lasque! Certo ele. Tudo bem que já bombardeamos os croatas e fizemos churrasquinho de canguru. Mas sinto sinceramente pela batalha com o samurai.
E, por final, ainda continuo achando intragável essa rasgação de seda em cima do “Ronaldo – o Felômeno”. Tá, ele marcou dois gols, quebrou o paradigma, agora vai, etc, etc, etc. Mesmo assim ainda acho que tem gente muito melhor que o gordo para se colocar em campo. Mas, fazer o quê? Acho que o contrato dele deve determinar a presença do bicho por lá.
Pra mim continua a campanha do meu amigo Paulo (devidamente plagiada pelo Macaco Simão): “Tira o redondo do quadrado!”
Adauto, conforme-se: eu também era o goleiro nos jogos da infância…
abraço.
Boisé… Mas creio que o “não gostar” de futebol não era só por isso, não. Nunca foi minha praia mesmo…