Segue uma pequena colaboração do amigo e filósofo de plantão, Evandro:
Perguntais-me como me tornei louco. Perguntais-me como me tornei louco.
Aconteceu assim:
Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando:
– Ladrões, ladrões, malditos ladrões!
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim. E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou:
– É um louco!
Olhei para cima para vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez minha face nua. Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei:
– Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!
Assim me tornei louco. E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: e a segurança de não ser compreendido, pois aquele desigual que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.
Autor: Gibran Khalil Gibran
Na verdade este texto, como tantos outros de autoria do sábio e artista Khalil Gibran, caiu sobre minh’alma como verdadeiro bálsamo consolador. Este, particularmente demonstra de forma muito especial e em poucas palavras, como que a libertação e manifestação do Espírito (sem as máscaras humanas) pode parecer num primeiro momento uma grande e insuperável perda, pois se trata de um rompimento irreversível e solitário, tal qual o parto.
Quando abri meu email hoje de manhã, através de um grupo de discussões que participo (no site – http://www.cuidardoser.com.br – vale a pena mesmo conferir) encontrei este texto… mas o interessante é que era justamente o que eu precisava, pois em razão de recentíssimas críticas recebidas pelos meus mais amados, fiquei desde ontem deveras incomodado em realmente estar “assutando” as pessoas… pude reconsiderar atitudes e com a ajuda desta Verbalização (embora digital), unir o fato de que na verdade quem se assusta não é a Essência, mas sim os diversos personagens que inspirados cada qual com a máscara de seu momento, obscurece Aquela parte em nós que entende e sabe, que considera a eternidade do tempo, mas mormente permanece muito tempo aprisionado .
Que me resta comentar? Não disse que ele era o nosso filósofo de plantão?…
putz.. legal..
tem muita gente q precisa perder essas mascaras viu…
esses ladroes estam faltando aqui onde moro…
tem muita gente mascarada aqui..
perto da gente sorriem..
mas longe amaldiçoam..
gostei do seu texto.. é bem realista..
bjos
Pois é, Selene. Concordo em gênero, número e grau – e essa presença de “mascarados” infelizmente é uma constante onde quer que a gente vá.
Mas que fique claro: o texto não é meu – é de Khalil Gibran, compartilhado pelo amigo e copoanheiro Evandro (autor do comentário anterior) e que também tem seu próprigo blog, o Ins-Pirado.