Engravatando

Outro dia meu filhote mais velho, já do alto de seus oito anos um contumaz leitor de gibis, enquanto eu me preparava para sair e tinha minha usual sessão de engravatamento, veio me contar que havia lido recentemente uma estorinha que falava de gravatas. Contou com detalhes e achei curioso. Pedi que achasse a revistinha para que eu pudesse dar uma olhada.

Ele não só achou como também já aproveitei e copiei para compartilhar com vocês.

Heh… Na verdade conheço MUITA gente que precisaria de um Cebolinha para seu dia-a-dia…

Qual é a música?

Ctrl-C & Ctrl-V lá do site do Gastón:

Queria saber em que parte do nosso cérebro fica o ipod. Sim, vai lá nos livros de anatomia, você vai ver que seu cérebro é composto de córtex, cerebelo, tronco encefálico, hipotálomo, glândula pituitária e ipod nano.

Caramba, então de onde raios vem aquelas músicas que grudam na minha cabeça?

Só pode ter um ipod nano. Ou então o Maestro Zezinho mora dentro dos meus neurônios. Será?

Esses dias eu tenho passado horas cantando duas músicas em especial*. Sempre os mesmos trechos que se repetem incessantemente no pensamento. E, claro, as vezes escapam pela boca. Meu ipod da cachola tá com o botão repeat acionado. E quebrado.

O mais legal é que a pirataria também rola solta nos ipods cerebrais. Experimenta cantar alto a sua música grudenta pra ver se todo mundo que tá em volta também não fica com ela na cabeça? Pois é conexão Wi-Fi. Ruim é quando alguém te passa uma música brega. Porque essas não há cristo que apague. Aí você é obrigado a ficar ouvindo porcaria o dia todo.

Não tem jeito. Música, idéia e gente, quando dá pra ser boa, lota o HD. Andei fazendo uma bela limpeza. Cansei de umas músicas, botei em prática minhas idéias e deletei um monte de gente que não presta.

Sempre bom abrir espaço na memória pra coisas novas.

*Hard Rain (Shout out Louds) e Match Box (The Kooks)

Cadastro Nacional de Adoção

Uma boa medida. Espero sinceramente que não se perca na usual burrocracia e que efetivamente funcione. De se destacar que uma medida dessas só se torna possível em função do atual estado da técnica em que chegamos com relação à tecnologia da informação. A notícia completa, que peguei pelo Clipping da AASP, pode ser lida aqui.

Um passo contra a burocracia e a falta de informação sobre crianças que esperam ser adotadas e adultos que pretendem adotá-las será dado na próxima terça-feira com o lançamento do Cadastro Nacional de Adoção, o primeiro banco de dados sobre o assunto do País.

O cadastro pretende reunir, em seis meses, informações completas sobre os pretendentes de um lado e de outro. Uma das principais vantagens da iniciativa é unificar as listas e evitar que elas fiquem restritas às comarcas, que em geral abrangem um município ou região, como acontece atualmente.

Com o cadastro, idealizado e coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os candidatos a pais não precisarão mais fazer inscrições separadas em cada comarca onde gostariam de avançar no processo de adoção. Os interessados em adotar uma criança de qualquer ponto do País poderão encontrar um filho no outro extremo com a consulta ao cadastro que será feita pelos juízes da Infância e da Adolescência.

Perigoso meliante

Direto do blog da amiga virtual Cláudia:

Minha amiga tem um amigo cujo pai já está mais que gagá. Eles moram no interior e todo o bairro já o conhece e sabe que ele se perde, então quando um vizinho o vê sozinho na rua, trata logo de recolher e levar de volta pra casa.

Um dia, um policial o encontrou, levou para a delegacia e de lá ligou para o filho ir buscá-lo.

O filho chega na delegacia e encontra o pai sentado na cadeira, cabisbaixo. Ele chama pelo pai que, ao ouvir a voz do filho, levanta a cabeça e olha pra ele surpreso:

– ô, meu filho! pegaram ocê também????

* A categoria escolhida é essa mesmo – é que nossos “velhinhos” muitas vezes podem dar MUITO mais trabalho que nossas crianças…

Boteco’s Bar

Mais uma vez, copiado descaradamente do site do jornalista e copoanheiro Bicarato, que postou lá outro dia. Eu diria que esse texto é e-xa-ta-men-te a minha cara… Afinal, adoro um Boteco’s Bar!

Bar ruim é lindo, bicho

Antonio Prata

Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso frequento bares meio ruins. Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de cento e cinquenta anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de cento e cinquenta anos, mas tudo bem.)

No bar ruim que ando frequentando ultimamente o proletariado atende por Betão – é o garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas, acreditando resolver aí quinhentos anos de história.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar “amigos” do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura.

– Ô Betão, traz mais uma pra a gente – eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte dessa coisa linda que é o Brasil.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte dessa coisa linda que é o Brasil, por isso vamos a bares ruins, que têm mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gâteau e não tem frango à passarinho ou carne-de-sol com macaxeira, que são os pratos tradicionais da nossa cozinha. Se bem que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gâteau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, gostamos do Brasil, mas muito bem diagramado. Não é qualquer Brasil. Assim como não é qualquer bar ruim. Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne-de-sol, uma lágrima imediatamente desponta em nossos olhos, meio de canto, meio escondida. Quando um de nós, meio intelectual, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum outro dos meio intelectuais, meio de esquerda, frequenta, não nos contemos: ligamos pra turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim.

O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo frequentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias mais ou menos gostosas. Até que uma hora sai na Vejinha como ponto frequentado por artistas, cineastas e universitários e, um belo dia, a gente chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio intelectual nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas, cineastas e, principalmente, universitárias mais ou menos gostosas. Aí a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó. Porque nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que frequentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes de tocar na MTV. Nós gostamos dos pobres que estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevette e chinelo Rider. Esse pobre não, a gente gosta do pobre autêntico, do Brasil autêntico. E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.

Os donos dos bares ruins que a gente frequenta se dividem em dois tipos: os que entendem a gente e os que não entendem. Os que entendem percebem qual é a nossa, mantêm o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinho de bacalhau no cardápio e aumentam cinquenta por cento o preço de tudo. (Eles sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somos meio bem de vida e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato.) Os donos que não entendem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som estéreo tocando reggae. Aí eles se dão mal, porque a gente odeia isso, a gente gosta, como já disse algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão Brasil, tão raiz.

Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda em nosso país. A cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelos Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gâteau pelos quatro cantos do globo. Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda que, como eu, por questões ideológicas, preferem frango à passarinho e carne-de-sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca, mas é como se diz lá no Nordeste, e nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o Nordeste é muito mais autêntico que o Sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é bem mais assim Câmara Cascudo, saca?).

– Ô Betão, vê uma cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?

Brega Jurídico

Essa veio lá do blog Pepe ponto rede, que escreveu um post bem bacana sobre o que considera Brega Jurídico. Lembro-me que já comentei algo sobre isso por aqui… Em seu texto o autor destacou que “o brega é visceralmente democrático, não é próprio de nenhuma tribo específica da República dos Bacharéis, ele contagia todo mundo: juízes, promotores, advogados, funcionários judiciários, estudantes, estagiários e até peritos”.

Um de seus sintomas, para tentar um falso ar de neutralidade, é a larga utilização da fonte Times New Roman e, ainda da Courier New. Heh… Conheço alguns sujeitos que só se utilizam dessas (ainda bem que estou na Arial)…

E, após, num segundo post, o autor revelou que muita, mas muita gente mesmo, escreveu – ou até mesmo ligou – para reclamar contar que não sabiam que eram bregas. E é onde conclui: “Brega é pensar que sabe mais do que os outros; brega, enfim, é não ter cuidado com a sensibilidade alheia, inclusive com a sensibilidade linguística. Tentando arrancar, assim, a nossa carapuça, brega somos todos nós e essa nossa linguagem judiciária, que ricocheteia, perdida, entre a retórica e a equidade, sem saber por onde escapulir.”

E, lá em seu site (onde constam os devidos créditos), ele se incumbiu de fazer um dicionariozinho do brega jurídico, onde já constam as seguintes colaborações:

– A duas
– A uma
– Achega pretoriana
– Aresto Doméstico
– Arqui-sabido
– Autarquia ancilar
– Caderno Probatório
– Consideração postrema
– Consonar-se
– Contérminos Hieráticos
– Dar ensanchas
– Denota-se
– Desabrochar da operação cognitiva
– Digesto Obreiro
– Douto Louvado
– Em ressunta
– Entendimento turmário
– Entranhas Meritórias
– Ergástulo Público
– Escólio
– Exordial
– Frontear
– Grassar controvérsias
– Indigitado
– Juiz Autóctone
– Juiz de Piso
– Lado outro
– Matéria Abojada
– Meritíssima Vara
– Nada obstante
– Oferecer armês ao assuntado
– Ombrear
– Operador do direito
– Perfunctório
– Perlustrar os autos
– Peça Atrial
– Peça de Arranque
– Peça Gênese
– Peça Incoativa
– Peça Increpatória
– Peça Ovo
– Peça Primeva
– Peça Prodrômica
– Peça Pórtico
– Peça Umbilical
– Peça Vestibular
– Plano zetético
– Preexcelso Paracleto
– Pronunciamento Fósmeo
– Recurso Prepóstero
– Remédio heróico
– Renhidas porfias
– Repositório Adjetivo
– Sentença guerreada
– Sentença Vergastada
– Serôdio
– Sodalício
– Supedâneo
– Trazer à liça
– Tudo joeirado
– Ventre dos autos

Assim, se você usa ou já usou algumas das expressões acima, saiba que pode tranquilamente se considerar um integrante do mundo do Brega Jurídico.

Particularmente percebi que eu uso um monte… Merda!

Pena literária

Não sei se a convivência tem transformado o amigo e copoanheiro Bica de jornalista em juridicausista ou tem me transformado de juridicausista em jornalista… Mas o que acontece é que ultimamente estamos até que bem sintonizados!

Essa vai na íntegra, direto lá do Alfarrábio:

Mário Azevedo Jambo — só sei que é juiz federal, lá no Rio Grande do Norte, mas já virei fã do cara. Já que a gente tá acostumado a meter o pau nos juízes & cia, taí um exemplo bacana. Direto da Folha:

Por que obras de Guimarães Rosa e Graciliano Ramos?

Jambo – O Judiciário não pode ficar na mesmice. O que percebo é que essas pessoas acabam voltando [ao crime]. Temos que criar mecanismos que permitam uma reflexão aos acusados. E por que as obras? Elas têm vínculo com o crime em si. Eles não são pobres. Nada como ler um “Vidas Secas” para perceber o que é vida dura.

Explicando: sob o título *Juiz solta hackers, mas exige que leiam obras clássicas* (hackers ou crackers? a imprensa nunca vai aprender), a reportagem conta que o juiz concedeu liberdade provisória pra três acusados de roubar senhas pela internet. Só que os carinhas vão ter que ler e resumir, de próprio punho, dois clássicos a cada três meses. E, de cara, o juiz mandou eles lerem nada menos que *A hora e a vez de Augusto Matraga*, do Guimarães Rosa, e *Vidas Secas*, do Graciliano Ramos.

Paulo Henrique da Cunha Vieira, 22, Ruan Tales Silva de Oliveira, 23, e Raul Bezerra de Arruda Júnior, 30, foram liberados no dia 17, após nove meses presos por envolvimento na Operação Colossus, da Polícia Federal.