Como dar banho em seu gato

  (E dá certo, viu?…)

1. Abra as duas tampas do vaso e coloque duas colheres de sopa de xampu para animais.

2. Pegue o gato e acalme-o enquanto você o carrega para o banheiro.

3. Surpreenda o gato com um movimento rápido, e coloque-o no vaso e feche ambas as tampas. É possível que você tenha que sentar no vaso para que o gato não o abra, tentando sair.

4. O gato vai se agitar e fazer muitas ondas. Não se importe com o barulho que vem do vaso, porque esta é a parte mais importante no processo de limpeza.

5. Puxe a descarga umas três ou quatro vezes. Isso faz com que se complete o processo, em seguida do enxágue necessário.

6. Peça para que alguém abra a porta da casa. Também não deixe ninguém entre o banheiro e a porta aberta.

7. Coloque-se atrás do vaso o máximo possível, e rapidamente abra as duas tampas do vaso.

8. O gato irá sair correndo do vaso, voará pelo banheiro até chegar fora da casa, onde ele se secará naturalmente.

9. Tanto o vaso sanitário como o gato estarão limpinhos e cheirosos!

Cordialmente,

O Cachorro

Idoso

  (Será que consigo?)

Idoso é a pessoa que tem muita idade; velha é a pessoa que perdeu a jovialidade. A idade causa degeneração das células; a velhice causa degeneração do espírito. Por isso, nem todo o idoso é velho e há velho que nem chegou a ser idoso.

O mesmo ocorre com as coisas: há coisas que são idosas (antigas) e há coisas que são velhas. Um vaso da dinastia Ming (1368-1644) pode ser uma antiguidade, uma relíquia que não tem preço; um outro, de apenas cinquenta anos ou menos, pode ser um vaso velho a ser relegado a um depósito. Você é idoso quando pergunta se vale a pena; você é velho quando sem pensar responde que não.

Você é idoso quando ainda aprende; você é velho quando já nem ensina. Você é idoso quanto pratica esportes ou de alguma forma se exercita; você é velho quando apenas descansa. Você é idoso quanto ainda sente amor; você é velho quando só sente ciúmes e possessividade. Você é idoso quando o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida; você é velho quando todos os dias parecem o último da longa jornada.

Você é idoso quando seu calendário tem amanhãs; você é velho quando seu calendário só tem ontens. Idosa é a pessoa que tem tido a felicidade de viver uma longa vida produtiva, de ter adquirido uma grande experiência; ela é uma porta entre o passado e o futuro e é no presente que os dois se encontram. O velho é aquele que tem carregado o peso dos anos; que em vez de transmitir experiência às gerações vindouras transmite pessimismo e a desilusão. Para ele, não existe ponte entre passado e presente, pois lá existe um fosso que o separa do presente, pelo apego ao passado.

O idoso se renova a cada dia que começa; o velho se acaba a cada noite que termina, pois enquanto o idoso tem os olhos postos no horizonte, de onde o sol desponta e a esperança se ilumina, o velho tem sua miopia voltada para os tempos que passaram. O idoso tem planos; o velho tem saudades.

O idoso se moderniza, dialoga com a juventude, procura compreender os novos tempos; o velho se emperra no seu tempo, se fecha em sua ostra e recusa a modernidade. O idoso leva uma vida ativa, plena de projetos e prenhe de esperança. Para ele, o tempo passa rápido e a velhice nunca chega. O velho cochila no vazio de sua vidinha e suas horas se arrastam, destituídas de sentido. As rugas do idoso são bonitas porque foram marcadas pelo sorriso; as rugas do velho são feias, porque foram vincadas pela amargura.

Em suma, o idoso e o velho são duas pessoas que até podem ter, no cartório, a mesma idade cronológica. Mas o que têm são idades diferentes no coração.

JORGE JOSÉ DE JESUS RICARDO – 69 ANOS
Vencedor do 1º Congresso Literário para a Terceira Idade

Pepinos…

  (Cuidar de plantas nunca foi meu forte. Prefiro deixá-las viver…)

E eis que o pequeno petiz, sabe-se lá como, conseguiu um punhado de sementes de pepino…

Plantou-as.

Em sua casa mesmo, ao pé doutra árvore.

Com zelo, cuidou bem da planta que surgia.

Sua mãe, quando percebeu que a árvore era tomada por toda uma rama que por ela subia e terminava com vistosos e saudáveis pepinos em suas pontas, chamou-lhe a atenção:

– Mas o que é isso? Como você me planta isso bem aqui? Pode tratar de dar um jeito nisso tudo, entendeu bem?

Ele não teve dúvidas.

Fez um belo cartaz e colocou-o na porta de sua casa:

“Vendo pepinos sem agrotóxico. R$2,00 cada.”

Vendo aquilo – e já achando graça – sua mãe ainda tentou argumentar que aquele valor era muito alto, que nesse preço deveria ser então por quilo e não por unidade.

Ele mostrou-se irredutível.

Tinha certeza da saúde de sua colheita.

E não é que o pequeno teimoso realmente conseguiu vender todos?…