Tempus edax rerum

O fim-de-semana foi conturbado, mas divertido. Juntamos o que foi possível da família para comemorar o aniversário do “Seo” Bento, vulgo meu pai, primogênito de doze, que fez nada mais nada menos que sete-ponto-zero. Mas com um corpinho de sessenta. E uma cabeça de cinquenta. Fora a língua afiada de quarenta…

E hoje, quem diria? Comemoro também meu próprio aniversário. Três-ponto-oito. Mas com um corpinho de três-ponto-oito mesmo… O cabelo grisalho já dá um certo charme de maturidade (que um dia, quem sabe, ainda terei) e, ainda que não tenha ficado mais inteligente… bem, é como diz aquele velho ditado: “O diabo não é sábio porque é diabo. É sábio porque é velho.” E haja sabedoria!

Já vi dias mais felizes, por certo. Assim como mais tristes, também. O de hoje foi pontuado por uma enxurrada de ligações, e-mails, torpedos e cumprimentos orkutísticos, inclusive de gente que há muito, mas há muito tempo mesmo eu não via.

É muito bom se sentir querido.

E nos últimos dias reencontrei não só amigos mas também parentes adoráveis, que, com seu carinho, fizeram que a distância de muitos anos desde nossa última conversa fosse reduzida como se tivesse sido um bate-papo do dia anterior. E isso também foi muito bom.

Quiçá os próximos anos também sejam assim.

O peso do mundo ainda paira nas costas, mas o coro de vozes de todos esses amigos e parentes demonstra que é possível compartilhar até mesmo esse fardo.

E você, que está lendo esses devaneios de um velho fóssil como eu, quer seja um leitor voluntário ou involuntário, arremessado aqui por algum link obscuro, meu muito obrigado. Ainda que eu jamais venha a saber que algum dia tenha lido estas parcas linhas, é a necessidade de falar, de colocar pra fora, de dividir com você o pouco de experiência que tenho, é tudo isso e muito mais, que me faz continuar com essas garatujas…

De fato, tempus est optimus judex rerum omnium!

E tenho dito!

Ciganos na genealogia

Essa foi encaminhada para uma das listas de discussão genealógica das quais participo, a GenealBR, pelo amigo Aristóteles. Refere-se à tentativa de identificação de antepassados ciganos (gitanos) por parte de um listeiro argentino. Totalmente insólita a certidão que obteve. Segue, no original:

Da. Elena:

Un amigo mío encontró en una parroquia guipuzcoana durante el siglo XVIII, el bautismo de un hijo de gitanos.

Como todos sabemos, los vascos eran obsesos por indicar en las actas parroquiales, la naturaleza y la casa solar originaria de los cuatro abuelos del neófito.

En este caso, el cura anota: ‘… de abuelos desconocidos y condición gitanos, naturales y originarios de ninguna parte‘ (!).

Hernán Carlos LUX-WURM CENTURIÓN

Buenos Aires, R.Argentina.

Judiciário, o Poder mais atrasado

Segue, na íntegra, um artigo de Fernando Rodrigues, publicado por esses dias no jornal, o qual recebi através do excelente clipping montado pelo pessoal da Secretaria de Comunicação lá de onde trabalho…

A história se repete. A polícia prende e a Justiça solta. Juízes suspeitos de estarem na roubalheira descoberta pela Operação Hurricane foram soltos no fim de semana. Outros pobres diabos continuarão presos. Um magistrado do Superior Tribunal de Justiça nem sequer foi incomodado, embora os indícios contra ele sejam similares aos dos demais implicados. Na injustiça brasileira, alguns vão para a cadeia. Outros pedem licença médica, caso do citado magistrado do STJ.

O Poder Judiciário terá certamente uma argumentação técnica para justificar o relaxamento das prisões dos magistrados. Mas tal comportamento só reforça a percepção crescente sobre a inoperância daquele que é o mais hermético dos Poderes da República. Se os brasileiros têm hoje uma péssima imagem do Congresso, é porque esse Poder abriu-se como nenhum outro ao escrutínio popular. Suas CPIs são transmitidas ao vivo.

As vísceras da corrupção de alguns deputados e senadores ficam expostas à luz do Sol. Por extensão, o Poder Executivo também acaba tendo de se submeter a algum tipo de análise pública, ainda que em menor intensidade. No longo prazo, após um razoável período de expiação, o Congresso e o Executivo vão se beneficiar da exposição pública. Muitos acabam se salvando nas CPIs, é verdade, mas sucumbem nas urnas, como foi o caso de dezenas de congressistas sanguessugas. O sistema se autodepura. A democracia evolui.

Já do Judiciário pouco se sabe. Além de um comportamento quase imperial, os magistrados são econômicos nas suas ações para banir corruptos de seu meio.

Generalizar é impróprio, por óbvio. Mas o Judiciário corre o risco de perder o respeito da população. Seria uma contribuição desastrosa dos juízes para atrasar, ainda mais, o desenvolvimento do país.

Descarboidratando

Pois é. Não é que funciona mesmo essa tal de “Dieta do Carboidrato”?

Particularmente nunca fiz dieta na minha vida. Tá, uma vez eu QUASE fiz. Tinham uns tais de triglicérides um tanto quanto zoneados no meu organismo, o que também estavam deixando o colesterol meio cabreiro. Aí eu recebi do doutor (não se enganem, era um cardiologista) uma dieta para seguir à risca pra colocar ordem na casa.

Fui até onde deu. O perrengue é que nada podia. Tudo era proibido. E entre ficar comendo talos de folhas de alface (não me lembro bem, acho que isso podia – mas não tenho certeza) ou voltar à minha sanidade mental, fiquei com a segunda opção. Já comentei sobre isso lá no antigo site, bem aqui, em 18/JAN/2006. Era a validação, na prática, de uma das Leis Garfieldianas – “uma dieta é feita de insossos”.

Mas acabei de comprovar empiricamente que essa Lei pode ser quebrada.

Essa “Dieta do Carboidrato” – assim mesmo, com letras maiúsculas em sinal de respeito – consiste em suprimir drasticamente a cota de carboidratos de seu organismo, forçando-o a consumir as reservas. Não me perguntem como funciona, se quiserem informações detalhadas procurem uma nutricionista ou na Internet – o que for mais barato… Nessa Dieta também existem várias proibições (mas nada muito drástico) – dentre elas a cerveja.

Mas, vejam só, taurino como sou resolvi que a quantidade de eventuais carboidratos cervejerianos deveriam ser insuficientes para afetar a dieta. E EU ESTAVA CERTO!!!

É lógico que não estamos falando daquelas tardes inteiras regadas a cerveja num churrasco, mas sim de uma ou outra eventual cervejota pra aliviar a tensão do dia a dia. Questão medicinal, até.

O único porém para quem se aventurar nessa Dieta é que ela demanda de, basicamente, duas coisas: força de vontade – para não cair em tentação, e um posterior autocontrole – para não encher a pança com tudo que venha a frente após chegar ao peso desejado.

E o peso desejado, no meu caso, é justamente aquele que permita jamais voltar a ocorrer algo como o que aconteceu com minha cama, como eu disse antes, bem aqui.

Ah, a propósito – e especialmente para você, meu amigo Paulo – vale informar que até o momento já perdi um pouco mais de meia arroba

Classe média?

Numa excelente sequência de matérias que saiu na última Carta Capital (nº 440, de 18/04/2007), selecionei um trechinho que me chamou a atenção da matéria de João Marcelo Erthal, p.12-13, referente ao ensino no Brasil:

A armadilha do ensino privado, à qual a classe média se vê atada e sem perspectiva de alívio, começou a ser construída nos anos 60, em decorrência de uma necessidade de ampliação da rede pública de ensino para abarcar as classes mais populares e formar trabalhadores para a indústria. ‘Nos anos 50, os maus alunos é que iam para a escola particular, por não conseguirem acompanhar o ensino público. Era uma educação da elite para a elite, e o pobre simplesmente não participava’, conta a pesquisadora e professora de literatura Regina Zilberman.

A partir dos anos 60, começa a expansão da rede de ensino e a população excluída da educação começa a ser atendida. Permanece, no entanto, a baixa qualidade, que leva as famílias em melhor condição financeira a recorrer às particulares. ‘Essa valorização do ensino privado fica mais evidente nos anos 80 e 90, com o refinamento das escolas de primeiro e segundo graus, que passam a se apresentar como passaportes para a universidade. Hoje, espremida pelas altas mensalidades e extremamente dependente da escola particular, grande parte da classe média não tem mais como arcar com o custo. Ou seja, essa parcela da sociedade apostou no desenvolvimento de um sistema de educação que ela própria não tem mais condição de acompanhar’, analisa Regina Zilberman.

E eu aqui, que não estava lá nos anos sessenta, não apostei em coisa alguma, segurando os carnês das escolas de meus filhos, e com uma saudaaaaaade dos anos cinquenta…

Dias para lembrança

Às vezes não tem jeito. Velhos fósseis como eu ficam com alguma música martelando na cabeça e que ninguém mais NO MUNDO conhece…

São lembranças de músicas, cheiros, lugares e outras mais que às vezes nos inundam a memória e meio que nos transportam para outras épocas e outras situações. Na maior parte das vezes, pelo menos dez anos separam a realidade da fantasia. Às vezes um pouco mais, às vezes um pouco menos.

Hoje, por exemplo, uma das que me assaltaram de pronto veio lá dos profícuos anos oitenta. O nome do conjunto? “Sempre Livre”. A música? Uma baladinha gostosa e descompromissada chamada “Esse seu jeito sexy de ser”