Para onde vai a música?

Segue uma cópia na íntegra do post lá do Lente do Zé. Esse texto não só reflete muito meu próprio modo de pensar como também trouxe um certo saudosismo, pois me identifiquei pacas com cada uma das etapas descritas…

Ontem estava conversando com um amigo músico sobre o atual estágio do CD, depois que as facilidades tecnólogicas possibilitaram um aumento sem limites na oferta de músicas, seja via lojas, internet ou pirataria.

Ele me dizia que comprou um pirata com a obra completa da banda inglesa Queen em MP3, incluindo gravações raras, por – imaginem – R$ 4,00!

Hoje, um aparelho relativamente barato de tocar MP3 consegue armazenar quase 400 músicas, que você muda a hora que quiser, com muita facilidade.

Na internet, tem de tudo, basta um mínimo de conhecimento técnico e um micro razoável.

Vários artistas em início de carreira, que prensam seu CD, estão dando os mesmos de graça, só pra poder ter ouvintes.

E aí, divagávamos sobre o que estaria acontecendo na cabeça do público consumidor, diante de oferta tão abundante de músicas.

Alguém tem dúvidas? Sim, claro: tudo o que é doce demais, enjoa. Minha teoria é que a percepção das pessoas as leva à conclusão de que tem tanta música em oferta que não se deve mais pagar por ela… Se a faixa que elas querem custa alguma coisa, tudo bem: escutam uma outra, de graça. No final, dá no mesmo… até porque sempre tem uma chamada no celular, um papo no MSN ou e-mail, que são mais prioritários.

Lembro-me de um passado longínquo, quando só tinha determinada música quem havia ido à loja comprar o LP, ou o compacto. Aquelas faixas eram um verdadeiro tesouro, as pessoas se reuniam pra ouvi-las.

Um pouco mais pra frente, era aquela febre de pedir discos emprestados pra gravar em cassete, mas não era todo mundo que tinha um bom aparelho, e as fitas boas eram caras.

Depois, já trabalhando, boa parte do salário ficava nas lojas de discos, não víamos a hora de chegar em casa, abrir as capas, ler os encartes e, claro, ouvir as músicas – por horas a fio.

Quando surgiu o CD também foi legal: um produto nobre, bonito, com mais qualidade, bom de se colecionar. Ter uma prateleira cheia em casa dava orgulho e era símbolo de status.

No entanto, junto com os primeiros copiadores de CD, começou a decadência da música. Seja em casa ou no pirata, copiar – de graça – virou sinônimo de esperteza. Na paralela, o processo de banalização via aumento de oferta se tornou irreversível, passando pela facilidade de se gravar discos em estúdios caseiros até chegar na dupla MP3 & banda larga, que transformou música gravada em algo abundante, pra dizer o mínimo.

Não sei se tem volta. Todo mundo tem uma teoria a respeito; uns acham que está mais democrático, que muito artista bom passa a ter chance, que a música tem que ser mais barata mesmo.

Outros, como eu e meu amigo músico, acham difícil que a garotada “plugada” de hoje ache tempo para saborear boa música, nos moldes antigos. Como se apegar a determinada canção que está num i-Pod em meio a milhares de outras?

Ninguém mais tem ouvido livre pra tanta coisa.

E não é só na música, não. As salas de cinema – salvo os blckbusters com alto investimento de mídia – já se ressentem da fuga do público; os aparelhos de TVs já perdem para para os computadores na preferência dos consumidores; e os jornais e revistas impressos, estes não duram mais uma – no máximo duas – décadas.

Sim, a invasão tecnológica é boa, veio pra ficar e certamente vai salvar o planeta. Na ciência, medicina, meio-ambiente, combate ao crime, relações interpessoais à distância, négocios e comércio em geral. Enfim, um monte de coisa melhorou e ainda vai melhorar mais, felizmente.

Pra arte, cultura e entrenimento, no entanto, sinto que o efeito foi contrário.

Espero estar errado.

Embaixador Asterix

E já que estávamos falando de quadrinhos, segue uma notícia interessante enviada pelo amigo e copoanheiro Bicarato: o personagem Asterix ganhou o título de embaixador oficial em Defesa das Crianças. Como meu francês é péssimo e os tradutores automáticos são sofríveis (ainda que do francês para o inglês), mais do mesmo pode ser lido no próprio site, clicando aqui.

É, gente.

É o virtual tomando forma no mundo real…

Cinematográficas

Cena 1: Alta noite. Fria. Família dorme sossegada. Uma chuva fina cai lá fora.

De repente, o marido acorda. Acha que ouviu um barulho. Não sabe identificar exatamente o quê, mas tem certeza que ouviu algum tipo de barulho. Talvez uma espécie de clique, seguido de um lento arrastar. Perscruta a escuridão com o olhar, mas nada consegue enxergar naquele negrume. Apura os ouvidos, mas, fora os pequeninos barulhos normais da noite, tudo está em silêncio. Resolve voltar a dormir. O sono vem chegando, lentamente. Naquele exato momento, equilibrado entre o dormir e o acordar, novamente ouve um barulho. Desta vez bem mais próximo. No mesmo quarto. Seu cérebro despertou, mas o resto do corpo não – está envolto numa estranha e confortável torpeza. Seu coração dá um solavanco quando sente algo frio que lenta e inexoravelmente começa a avançar sob as cobertas, bem do seu lado direito. Não consegue raciocinar com clareza. Não consegue que o corpo responda. O coração, acelerado, ameaça romper o peito a cada batida. E aquela massa fria vem subindo até parar na altura de sua cintura. E daí vem a pergunta:

– Paiê, posso ficar aqui?

E então, com um terno sorriso, todo aquele cenário digno de Vincent Price desaba. Ele puxa o filho nº 2 até a cabecinha se aninhar em seu ombro, envolve-o bem com as cobertas e aconchegando-o com um forte abraço responde:

– Claro, filho. Claro…

Cena 2: Praça. Começo da noite. Bairro residencial. Frio. A esposa, com as crianças dentro do carro, espera o marido voltar da casa do sogro, do outro lado da rua, onde foi pegar alguns documentos.

E então o filho nº 1, taurino, do alto de seus oito anos, declara:

– Mãiê! Tô com sede.

– Ah, filho, agora não tem água.

– Mas tô com sede!

– Olha só, a garrafinha tá vazia. Não tem nem um pouquinho de água. Daqui a pouco a gente chega em casa e você toma água, tá bem?

– Não tá não. Eu tô com sede.

A mãe suspira. Sabe que é uma batalha que está fadada a perder. Olha a sua volta e vê um a casa de um dos vizinhos com a porta aberta, ali mesmo na praça. Chama-o, conversa um pouco, pede um copo d’água. Ele se propõe a encher a garrafinha. Ela agradece. Volta para o carro.

– Toma, filho. Sua água.

– Essa água eu não quero não.

– CUMÉQUIÉ???

– Eu é que não vou tomar essa água. Não sei de onde veio.

– Filho, é água, simplesmente água. Aquele senhor foi gentil e até encheu a garrafinha. Vê se toma essa água e sossega.

– Não.

– Ah, filho! Larga mão de ser fresco!

– Fresco não. Sistemático.

Classificados

COMPRO falcão, gavião, carcará, ou qualquer outro tipo de ave falconídea. Licenciamento junto ao IBAMA deve estar regular. Necessário que seja treinada especialmente para caçar pombos, ainda que estejam dentro da área de serviço de uma casa. Pago bem.

VENDO linda gata preta, de olhos verdes, com cerca de dez anos de idade e que atende (?) pelo simpático nome de “Lua”. Animal dócil e carinhoso, chegando inclusive a dividir sua própria ração com aves diversas (pardais, pombos, etc). Também estudo doação.

Lobo Solitário – o fim da saga

Foram dois anos e meio de publicações. Vinte e oito volumes. Mas, tudo que é bom, um dia acaba. E a saga do Lobo Solitário também chegou ao fim. Com um final doloroso e surpreendente, digno de uma obra-prima dos mangás. Ainda sinto uma pontada de tristeza quando me lembro dos detalhes da estória, afinal não tem como não ler e não se envolver com os detalhes, o sofrimento, as alegrias e a firmeza de caráter dos personagens.

Dentro em breve volto a falar disso por aqui – com detalhes.

Afinal, ainda estou me recuperando das emoções.

Internet: Fraude x Estelionato

Notícia que me foi enviada pelo amigo de longa data, Alexssandro (vulgo “pequeno gafanhoto”), copiada e colada lá do site do STJ – Superior Tribunal de Justiça. Além do cunho internetístico, o interessante é a definição simples e direta acerca da diferença entre fraude e estelionato.

Movimentação não autorizada de conta via internet pode configurar fraude

Transferência de valores via internet não autorizada pelo titular da conta configura furto mediante fraude. Com essa conclusão, o ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou a competência do Juízo Federal de Mafra (SC), para apurar o inquérito policial que investiga a transferência, via internet, de valores sem a autorização do titular da conta.

O conflito de competência foi suscitado pelo juiz federal de Mafra que entendeu que o recurso compete ao juiz federal da 5ª Vara da Seção Judiciária do Estado de Goiás (GO).

O juiz da 5ª Vara Seção Judiciária do Estado de Goiás declinou de sua competência por entender que o delito de furto ocorre no exato instante em que a quantia é retirada da esfera de vigilância da vítima e o agente consegue ter sua posse tranquila, ainda que por curto espaço de tempo.

Ao decidir, o ministro Felix Fischer, relator do caso, destacou uma matéria idêntica apreciada pela Terceira Seção do STJ. Segundo o precedente, o furto mediante fraude não pode ser confundido com estelionato. No furto, a fraude é utilizada para burlar a vigilância da vítima, para lhe tirar a atenção. No estelionato, a fraude objetiva obter consentimento da vítima, iludi-la para que entregue voluntariamente o bem. O ministro destacou, ainda, que, no caso, o agente valeu-se da fraude eletrônica via internet para subtrair valores da conta-corrente do titular.