Zetética para todos

E eis que ocorre a primeira baixa na eterna batalha dos casais…

Sim, pois não se iludam! Por mais que não queiramos – e de fato não queremos – todo e qualquer casal (qual parte do “todo e qualquer casal” você não entendeu?) vive um diuturno conflito de personalidades, cada qual procurando sobrepujar as artes e manhas de seu cônjuge. Estratégias são traçadas, planos são elaborados, linhas de comportamento são delimitadas. É a guerra que se deflagra!

Não, não estou sendo pessimista (como de costume). Estou sendo realista (é o que todo pessimista diz).

Particularmente eu pensava ter superado essa fase já há anos, mas, recentemente, acabei virando meu grande e curioso olho clínico para mim mesmo – e acabei constatando que não sou diferente de qualquer outra pessoa, independente do tempo de relacionamento que tenham tido. Ou seja, não há que se falar em “fase”. Essa situação é contínua e constante.

Aliás, não há como se esperar coisa distinta do ser humano. Somos seres individuais, com experiências próprias que determinaram um crescimento e desenvolvimento próprio. A vida conjugal faz com que constantemente reavaliemos nossas necessidades, objetivos, desejos e obrigações – em prol um do outro, numa contínua busca de serenidade no relacionamento. Ora, colocar dois indivíduos (frise-se a palavra “indivíduos”) confinados num mesmo ambiente rotineiro é o mesmo que submetê-los ao cozimento em uma panela de pressão. Em fogo brando. E sem água.

E é pra isso que existe a válvula de escape.

Não na panela, na vida.

Tá bom, na panela também…

Mas voltemos ao assunto. Em primeiro lugar não há que se confundir válvula de escape com escapismo. Fugir do problema não vai fazer com que ele se resolva por si só. A válvula de escape à qual me refiro, bem dentro de uma filosofia zen-budista, é a eterna busca do caminho do meio. Já que o confronto é inevitável – e é – o negócio é minimizar seus efeitos. A vida conjugal não nos torna uma terceira pessoa, constituída das duas anteriores. Continuamos com toda a carga íntima de nossa experiência pessoal, de nossas virtudes e de nossos defeitos (frise-se a palavra “defeitos”), carga essa que cada cônjuge se dispôs a ajudar a carregar tanto a sua própria quanto a de seu parceiro.

Mas, às vezes, a carga pesa.

E é justamente nesse momento que devemos ter percepção suficiente para aliviar a carga de nossa cara-metade. E isso não significa necessariamente assumir seus problemas, mas simplesmente dar o estímulo necessário, o empurrão, a palavra de carinho e de consolo que se faz necessária naquele momento.

É abdicar de seus próprios anseios em busca da realização dos anseios do outro. Mas, cuidado! Uma constante abdicação implica numa neutralização do seu próprio eu. E isso também desequilibra a balança. Aquilo que chamo de caminho do meio é impossível de ser trilhado em linha reta: como no andar trôpego do ébrio, sempre vamos um pouco pra lá e um pouco pra cá, às vezes um pouco demais para cada lado, mas numa busca de se manter no caminho.

Equilíbrio. Acho que talvez seja essa a palavra que resume a necessidade dos casais. Uma eterna busca de equilíbrio. E esse equilíbrio só se faz possível com abdicações e imposições mútuas, mas aliado a uma constante análise de se não estamos a exigir ou ceder demais.

Ou seja, é tentar trilhar sempre o caminho do meio.

Hm? A baixa à qual me referi? Não, não se preocupem. Creio que eu e a Dona Patroa vamos muito bem, obrigado. Continuo amando-a de paixão. Quem sofreu um revés foi o mais novo membro da família, o recém-adquirido Opala. Não quer pegar de jeito nenhum. Particularmente suspeito de alguma sujeira no carburador, ou, ainda, da bomba de combustível.

Mas a carinha dela ao me ajudar a empurrar o carro (sim, ela teve que me ajudar a empurrar o Titanic para dentro da garagem), exprimia um misto de ódio e triunfo que, provavelmente, significava o seguinte:

“Bem que eu te disse…”

Navegando por águas perigosas

E então, cerca de quinze dias depois, finalmente parece que o ano de 2007 está começando a engrenar…

Passado aquele tradicional e famoso “chacoalhão” turbulento de virada de ano, uma saudável rotina começa a se fazer presente, trazendo-me calmamente de volta à realidade. Coisas de taurino, eu acho. O ano começou já complicado, pois um tio que sempre me foi muito caro faleceu justamente na madrugada do “Dia de Ano”. Dos doze filhos de minha avó, onde meu pai é o mais velho, Tio Jorge era o oitavo. Foi embora com apenas 54 anos. Coisas desse tipo dão uma quebrada no ânimo de qualquer um. Aí embaixo tem uma foto dele com minha outra tia (irmã dele), Pedrina.

Mas, para definitivamente tentar começar o ano com pé direito (entretanto para desespero absoluto da Dona Patroa), eis que comprei outro carro. Pr’aqueles que ainda se lembram, o finado Marajó – carinhosamente conhecido por “Rabecão” – teve que ser vendido pra saldar dívidas necessárias. Indesejadas, mas ainda assim necessárias.

Mas onde estávamos? Ah, sim. O carro. Primeiramente devo lembrá-los que os recursos financeiros familiares continuam sendo escassos, principalmente para aquisição de veículos, digamos, um pouco mais novos. Isso significa que, qualquer que seja a aquisição, vai demandar de um tempinho sob meus parcos cuidados mecânicos para que fique em plena forma. Segundamente, tenho 1,90m de altura. Ou seja, sim, sou grandalhão. Terceiramente, levando em conta as considerações anteriores, nada mais justo que comprar um carro “a altura” de tais necessidades.

Resumo da ópera: trata-se de um Opala 1979 !

As condições gerais do carro estão meio (muito) trash, mas com tempo e paciência vou colocá-lo em dia. De imediato devo apenas resolver um probleminha de uma chave de fenda segurando o vidro do passageiro, assim como do banco do motorista, que está apoiado em um pedaço de concreto…

O resto a gente vai arrumando devagarzinho.

Espero que a Dona Patroa volte a falar comigo ainda este ano…

Segue uma foto de um Opala do mesmo tipo (não, não é o meu), só pra terem uma idéia do tamanho da criança.

Natal e Ano Novo

Em resposta a uma mensagem que encaminhamos ontem (que, diga-se de passagem, foi criada pela Dona Patroa e adaptada por mim), recebi da amiga Elenara o seguinte verso como retribuição:

Espelho, amigo verdadeiro,
Tu refletes as minhas rugas,
Os meus cabelos brancos,
Os meus olhos míopes e cansados.
Espelho, amigo verdadeiro,
Mestre do realismo exato e minucioso,
Obrigado, obrigado!
Mas se fosses mágico,
Penetrarias até ao fundo desse homem triste,
Descobririas o menino que sustenta esse homem,
O menino que não quer morrer,
Que não morrerá senão comigo,
O menino que todos os anos na véspera do Natal
Pensa ainda em pôr os seus chinelinhos atrás da porta.

by Manuel bandeira

Ah, Natal…

Uma ótima época para deixarmos nossas intransigências de lado e buscarmos nossa verdadeira humanidade…

Desnecessidades

Tem certas coisas que são ditas mas são total e completamente desnecessárias. Conversa de hoje no café da manhã:

– Ah, amor, sabia que todos juntos temos seu peso?

(Pequena pausa dramática, enquanto eu tentava me desvencilhar do último gole de café que não queria mais descer.)

– Cumassim?

– Então. Eu peso 48. O mais velho 23. O do meio 18 e o caçulinha 11. Isso dá seus 100 quilos!

Do alto de meu 1,90m de altura (pequena e vã tentativa de justificar esse número), não me restou mais nada a dizer senão:

– Credo Mi. Que informação mais inútil. Pra que serve ficar coletando coisas desse tipo?

E, com um meio sorriso por trás de sua xícara de café, ela me respondeu com aqueles pequeninos olhos sapecas e brilhantes:

– Apenas estou tentando ficar à sua altura…

Pronto.

Criei (mais) um monstro.

Cordeiro em pele de Lobo?…

Ainda ontem recebi uma mensagem da amiga Elaine elogiando o post do último dia 18/10/06. Segundo ela, agora que voltou de férias (“Férias”? Que que é isso mesmo?), estava se atualizando do que havia ocorrido na blogosfera e deparou-se com a repercussão do dito post.

Fiquei encantado com suas palavras, mas… verdade seja dita: eu também não sou lá um anjo encarnado na Terra. Na realidade o que quero dizer é que foram anos de relacionamento(s) para chegar ao atual “estado da técnica”. Temos que constantemente nos lapidar de modo a estarmos melhores que ontem – mas ainda não tão bons quanto amanhã. Amo de paixão minha baixinha (vulgo Dona Patroa), mas ela também já teve – e ainda tem – que ter muuuuuuuita paciência com esse insubordinado que vos escreve.

Só pra exemplificar, transcrevo novamente um post de  12/10/05 (fato verídico!), no qual dá pra identificar bem quem a santa que ela é:

– ROOOONNCC…

– Bonito, hein?

– Hmm?

– A que horas o senhor chegou ontem?

– UAAHH… Umas onze, eu acho…

– Pois é. Custava ligar? Volta e meia o senhor me apronta uma dessas. Já parou pra pensar por um único momento que eu fico preocupada com você? E se tivesse acontecido alguma coisa? Se ia demorar e sabia que ia demorar então ao menos avisasse. Já perdi a conta de quantas vezes o senhor me aprontou uma dessas. Eu já devo ter direito a sair de casa sem deixar nenhum recado por pelo menos umas duzentas e cinquenta e seis vezes, você não…

– Oito…

– Quê?

– Oito.

– Como assim, “oito”?

– Duzentas e cinquenta e OITO vezes. Não seis.

– …

– Mi?

– VOCÊ. NÃO. TEM. JEITO ! ! !

– Mas te amo tanto…

– @#$%¨&*!!!!

Ah… L’amour…

Clark Gable & Vivien Leigh. Richard Gere & Julia Roberts. Patrick Swayze & Demi Moore. Antonio Banderas & Catherina Zeta Jones. James Stephens & Samantha. Bruce Willis & Cybill Shepherd (quem lembra da “Gata e o Rato”?). Neo & Trinity. Sr. Fantástico & Sue Storm. Fantasma e Diana Palmer. Clark Kent & Lois Lane (e antes mesmo disso, pra quem conhece quadrinhos – ou assiste SmallVille -, Lana Lang). “V” & Eve. Peter Parker & Mary Jane Watson.

Tudo bem que são apenas estórias, seriados, personagens e HQs. Tudo do mundo ficcional. Mas, se pensarmos em vida real, que estou bem acompanhado, ah, estou!