Navegando por águas perigosas

E então, cerca de quinze dias depois, finalmente parece que o ano de 2007 está começando a engrenar…

Passado aquele tradicional e famoso “chacoalhão” turbulento de virada de ano, uma saudável rotina começa a se fazer presente, trazendo-me calmamente de volta à realidade. Coisas de taurino, eu acho. O ano começou já complicado, pois um tio que sempre me foi muito caro faleceu justamente na madrugada do “Dia de Ano”. Dos doze filhos de minha avó, onde meu pai é o mais velho, Tio Jorge era o oitavo. Foi embora com apenas 54 anos. Coisas desse tipo dão uma quebrada no ânimo de qualquer um. Aí embaixo tem uma foto dele com minha outra tia (irmã dele), Pedrina.

Mas, para definitivamente tentar começar o ano com pé direito (entretanto para desespero absoluto da Dona Patroa), eis que comprei outro carro. Pr’aqueles que ainda se lembram, o finado Marajó – carinhosamente conhecido por “Rabecão” – teve que ser vendido pra saldar dívidas necessárias. Indesejadas, mas ainda assim necessárias.

Mas onde estávamos? Ah, sim. O carro. Primeiramente devo lembrá-los que os recursos financeiros familiares continuam sendo escassos, principalmente para aquisição de veículos, digamos, um pouco mais novos. Isso significa que, qualquer que seja a aquisição, vai demandar de um tempinho sob meus parcos cuidados mecânicos para que fique em plena forma. Segundamente, tenho 1,90m de altura. Ou seja, sim, sou grandalhão. Terceiramente, levando em conta as considerações anteriores, nada mais justo que comprar um carro “a altura” de tais necessidades.

Resumo da ópera: trata-se de um Opala 1979 !

As condições gerais do carro estão meio (muito) trash, mas com tempo e paciência vou colocá-lo em dia. De imediato devo apenas resolver um probleminha de uma chave de fenda segurando o vidro do passageiro, assim como do banco do motorista, que está apoiado em um pedaço de concreto…

O resto a gente vai arrumando devagarzinho.

Espero que a Dona Patroa volte a falar comigo ainda este ano…

Segue uma foto de um Opala do mesmo tipo (não, não é o meu), só pra terem uma idéia do tamanho da criança.

Natal e Ano Novo

Em resposta a uma mensagem que encaminhamos ontem (que, diga-se de passagem, foi criada pela Dona Patroa e adaptada por mim), recebi da amiga Elenara o seguinte verso como retribuição:

Espelho, amigo verdadeiro,
Tu refletes as minhas rugas,
Os meus cabelos brancos,
Os meus olhos míopes e cansados.
Espelho, amigo verdadeiro,
Mestre do realismo exato e minucioso,
Obrigado, obrigado!
Mas se fosses mágico,
Penetrarias até ao fundo desse homem triste,
Descobririas o menino que sustenta esse homem,
O menino que não quer morrer,
Que não morrerá senão comigo,
O menino que todos os anos na véspera do Natal
Pensa ainda em pôr os seus chinelinhos atrás da porta.

by Manuel bandeira

Ah, Natal…

Uma ótima época para deixarmos nossas intransigências de lado e buscarmos nossa verdadeira humanidade…

Desnecessidades

Tem certas coisas que são ditas mas são total e completamente desnecessárias. Conversa de hoje no café da manhã:

– Ah, amor, sabia que todos juntos temos seu peso?

(Pequena pausa dramática, enquanto eu tentava me desvencilhar do último gole de café que não queria mais descer.)

– Cumassim?

– Então. Eu peso 48. O mais velho 23. O do meio 18 e o caçulinha 11. Isso dá seus 100 quilos!

Do alto de meu 1,90m de altura (pequena e vã tentativa de justificar esse número), não me restou mais nada a dizer senão:

– Credo Mi. Que informação mais inútil. Pra que serve ficar coletando coisas desse tipo?

E, com um meio sorriso por trás de sua xícara de café, ela me respondeu com aqueles pequeninos olhos sapecas e brilhantes:

– Apenas estou tentando ficar à sua altura…

Pronto.

Criei (mais) um monstro.

Cordeiro em pele de Lobo?…

Ainda ontem recebi uma mensagem da amiga Elaine elogiando o post do último dia 18/10/06. Segundo ela, agora que voltou de férias (“Férias”? Que que é isso mesmo?), estava se atualizando do que havia ocorrido na blogosfera e deparou-se com a repercussão do dito post.

Fiquei encantado com suas palavras, mas… verdade seja dita: eu também não sou lá um anjo encarnado na Terra. Na realidade o que quero dizer é que foram anos de relacionamento(s) para chegar ao atual “estado da técnica”. Temos que constantemente nos lapidar de modo a estarmos melhores que ontem – mas ainda não tão bons quanto amanhã. Amo de paixão minha baixinha (vulgo Dona Patroa), mas ela também já teve – e ainda tem – que ter muuuuuuuita paciência com esse insubordinado que vos escreve.

Só pra exemplificar, transcrevo novamente um post de  12/10/05 (fato verídico!), no qual dá pra identificar bem quem a santa que ela é:

– ROOOONNCC…

– Bonito, hein?

– Hmm?

– A que horas o senhor chegou ontem?

– UAAHH… Umas onze, eu acho…

– Pois é. Custava ligar? Volta e meia o senhor me apronta uma dessas. Já parou pra pensar por um único momento que eu fico preocupada com você? E se tivesse acontecido alguma coisa? Se ia demorar e sabia que ia demorar então ao menos avisasse. Já perdi a conta de quantas vezes o senhor me aprontou uma dessas. Eu já devo ter direito a sair de casa sem deixar nenhum recado por pelo menos umas duzentas e cinquenta e seis vezes, você não…

– Oito…

– Quê?

– Oito.

– Como assim, “oito”?

– Duzentas e cinquenta e OITO vezes. Não seis.

– …

– Mi?

– VOCÊ. NÃO. TEM. JEITO ! ! !

– Mas te amo tanto…

– @#$%¨&*!!!!

Ah… L’amour…

Clark Gable & Vivien Leigh. Richard Gere & Julia Roberts. Patrick Swayze & Demi Moore. Antonio Banderas & Catherina Zeta Jones. James Stephens & Samantha. Bruce Willis & Cybill Shepherd (quem lembra da “Gata e o Rato”?). Neo & Trinity. Sr. Fantástico & Sue Storm. Fantasma e Diana Palmer. Clark Kent & Lois Lane (e antes mesmo disso, pra quem conhece quadrinhos – ou assiste SmallVille -, Lana Lang). “V” & Eve. Peter Parker & Mary Jane Watson.

Tudo bem que são apenas estórias, seriados, personagens e HQs. Tudo do mundo ficcional. Mas, se pensarmos em vida real, que estou bem acompanhado, ah, estou!

“Sometimes love is too big to be told”

Ontem, após (mais) um cansativo dia de trabalho, e também após a Dona Patroa ter voltado de uma reunião na escola dos filhotes, já lá pelas oito da noite, estávamos todos largados nos sofás, assistindo um filme pra relaxar – Asterix e Cleópatra.

De repente, não mais que de repente, lá do meu canto comecei a admirar aquela mulher que estava ali sentada abraçadinha com nosso filhote do meio, compenetrada na estória que se desenrolava na telinha. Pensei no tempo em que já estamos juntos, como éramos antes, como estamos agora. Constatei a felicidade da mera existência de nossos três filhos. Verifiquei o quanto mudamos nesse meio tempo, às vezes engordamos, às vezes emagrecemos, os cabelos ficaram (mais) brancos e algumas linhas surgiram em nossos rostos.

E, ainda assim, uma onda avassaladora, aconchegante e quente invadiu o meu coração e meu deu a certeza absoluta de que estou no lugar certo na hora certa e com a pessoa certa. Eu a amo de uma forma tão absoluta que não há como expressar em simples palavras.

E então, já tendo decorrido uma noite inteira de sono, sentado agora aqui no computador e repassando as mensagens, notícias e causos dos blogs alheios, encontro um post no É o seguinte… Tá bem? acerca da beleza da mulher madura e mais uma pequena história sobre o encanto de se conversar com os olhos nos olhos. O que já me deixou feliz, pois não só corroborou meus sentimentos da noite anterior como ainda me acresceu uma pontinha de orgulho (pois só sei conversar olhando diretamente nos olhos de alguém)…

Mas o que me deixou mais feliz foi um post no Fala, Lala!, que nada mais foi que o título do presente: “sometimes love is too big to be told”. Comecei a tecer naquele site um comentário acerca do que considero a diferença entre paixão e amor, como um dilacera e outro é perene, etc, etc, etc.

De repente parei. Percebi o tamanho da idiotice que estava fazendo. Se alguém está feliz com seus sentimentos, que importa o nome que se dê? Se é paixão, amor, tesão, seja lá o que for – não importa! Basta estar feliz. Como eu estava ontem à noite, ao admirar minha querida, linda, amada, idolatrada, salve, salve esposa.

E lembrar disso me trouxe aquele sentimento de volta.

E com esse sentimento aqui, palpitando, terei um dia bem melhor.

Pois é. Bastou resgatar um breve momento que já havia esmaecido após uma noite de sono.

Obrigado Lala!